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quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Carta manifesto da minha recusa

quarta-feira, agosto 04, 2021 14
Foto por Huyen Pham, via Unsplash.


do mesmo modo que você me rejeitou,
eu meu recuso.
me recuso focar nos problemas,
na falta do desejo,
nas discussões do dia a dia.
me recuso pensar
que foi na nossa convivência que eu desejei
e parei de desejar
a maternidade,
que você levou um pedaço grande
que ainda me faz falta no peito
— e que sempre fará.
me recuso, mesmo sabendo
que fui eu que deixei que você levasse esse pedaço,
que a responsabilidade é toda minha.
a maior de todas as recusas, contudo,
é a de permanecer observando
a sua vida de longe enquanto digo que nada acontece por aqui.
isso, meu caro, não é verdade
e não tem porque ser.
meu coração nunca vai deixar de ser inocente e sonhador.
sempre haverá dias em que o amor transbordará.
isso é da minha natureza, e eu a preservo com força
mesmo que signifique perder vez ou outra.
posso ter demorado
— meu ritmo sempre foi distinto —
contudo, saí do fundo do poço e ainda respiro.
meu corpo letárgico passa bem e sonha.
ele deseja todos os toque que você rejeitou,
todas as declarações que você não fez.
meus pulmões se enchem recolhendo mais oxigênio
e meus olhos, tão míopes, se readaptam à claridade.
a superfície é colorida,
eu aceito que ela me envolva.
eu sonho, desejo e mereço.
o sentimento do mundo brota no meu peito:
me rompo e me abro para ele,
porque cada célula de mim é feita de esperança,
de uma esperança apaixonada, dessas que fazem os olhos brilharem
e as palavras se atropelarem de tanta empolgação.
eu sou minha essência e nada no mundo
— muito menos a dor que você me causou —
vai me roubar isso.
meus joelhos se ralaram com a queda,
no meu corpo ainda restaram cicatrizes,
entretanto, essas marcas são exatamente o que elas são.
elas não me definem.

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domingo, 21 de fevereiro de 2021

Clichê

domingo, fevereiro 21, 2021 10
Foto por Alec Krum, via Unsplash.


Mais uma madrugada em que acordo com uma imagem na cabeça. Estamos ali, nós dois. Eu passando um café fresquinho com seu aroma tão característico percorrendo todos os cômodos. Você deitado no sofá lendo. 

Pego a minha xícara e, sem palavra alguma, me sento no chão. O sol entra por entre as cortinas para se despedir de mais um dia que termina. Não faz nem muito calor, nem muito frio, mas os pássaros cantam. É primavera, e os sabiás alimentam os seus filhotes. 

Não dizemos nada. O jazz toca baixinho na vitrola alguma música instrumental. Com uma mão você continua lendo o seu livro. Com a outra, me faz um cafuné. Eu sorrio. De algum modo finalmente entendo o que o Gil diz quando canta: “a paz invadiu o meu coração". 

Tomo um gole do café, enquanto penso que eu não preciso de muito para ser feliz. Dou graças aos céus que você também não.

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terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Como foi o seu dia?

terça-feira, fevereiro 16, 2021 14
Foto do entardecer de 15 de fevereiro de 2021.


Sou alguém que ama compartilhar. Não digo apenas sobre o que sei — algo intrínseco da minha profissão de professora —, mas sim o que sinto, o que vivo, as miudezas da vida.

A partilha mais bonita responde ao como foi o seu dia?. Quando essa pergunta vem da alma, sua resposta é uma declaração de amor, de amizade, de troca. Quando a resposta é sincera, a reciprocidade é entrega à relação que está ali estabelecida — seja ela do tipo que for.

Algumas pessoas veem isso como "dar satisfação". Já eu gosto de pensar que  esse pequeno ritual estabelece vínculo. Não somos obrigados à nada, e justamente por não sermos, que perguntar ou responder a um como foi o seu dia? se torna um gesto de carinho. Em uma sociedade em que tudo é aparente e quase nada é profundo, em que as pessoas estão sempre dispostas a falar, mas nunca a ouvir, se importar de verdade é uma bandeira verde para a construção de laços duradouros.

Virginiana que sou, acabo implementando esse cuidado na rotina com facilidade. Quando me conecto a novas pessoas e sinto que elas são importantes, quando as velhas amizades se tornam cada dia mais fundamentais, com o meu pequeno núcleo familiar. Gosto da rotina de entender como as pessoas ao meu redor estão e de saber se posso ajudá-las a tornar o dia delas nem que seja um pouquinho melhor, um pouquinho mais feliz.

Contudo nem sempre isso é recíproco. Às vezes o cuidar vem com rejeição. Às vezes acompanhar o Big Brother é mais interessante do que perguntar como eu estou ou me sinto. Às vezes é furar a rotina do falar todos os dias por um motivo qualquer. Às vezes é o jeito distraído de quem só pensa em si mesmo. Às vezes, eu não tenho o mesmo grau de importância que essas pessoas têm para mim. Acontece. Tudo na vida é aprendizado (e algumas rejeições são livramento. Doem, mas no final sempre nos levam por melhores caminhos).

Tenho para mim a ideia de que são os pequenos gestos os que mais importam. O como foi o seu dia? é uma minúscula porta que permite que outras pequenas gentilezas entrem na relação — seja ela de que natureza for —, para estabelecer algo maior e mais bonito. E o que é o viver se não justamente construir e fortalecer laços com quem é importante para nós?

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terça-feira, 17 de novembro de 2020

Entre estar certa e não viver, preferi decidir

terça-feira, novembro 17, 2020 10
Foto por Annie Spratt, via Unsplash.

Ele sabia que era o meu aniversário. Ele sabia que não gosto de festas, mas gosto de estar com os amigos, e que estar com os amigos é estar em festa. Ele sabia que 2020 seria mais difícil, sem poder aglomerar. Ele sabia que eu amo o silêncio tanto quanto a gargalhada que ecoa descompromissada, depois que meus ouvidos ouvem uma piada sem graça.

Mesmo tendo tirado o lembrete do Facebook, ele sabia que aquele era o meu dia. Ele viu a minha publicação nas redes sociais. Ele viu as mensagens que os meus amigos me deixaram. Ele sabia que o meu aniversário é um dia especial para mim. Mas e eu? Eu sou especial para ele?

Silêncio. 
Fim de dia. Agora só na próxima volta ao redor do sol. Estará ele aqui? Ou melhor, estarei eu aqui para ele?

Meses depois, o inverso se deu. Eu sabia que ele adora aniversários, mas finge que detesta. Eu sabia que ele daria uma de esquecido, de rotineiro, de "é só mais um dia qualquer". De fato, para mim era mesmo mais um dia entre todos os outros do ano. E para ele era assim? 

Abri o WhatsApp e escrevi: "feliz aniversário, escorpiano. Feliz volta ao redor do sol". Pensei em dizer "meu escorpiano favorito", mas logo percebi que ele não era meu e estava longe - a anos luz! - do favoritismo. Por que enviaria a mensagem mesmo?!

Queria ter uma prova de que o capítulo estava encerrado e que sim, fiz algo pautado no bem, não no "dar o troco e não dizer nada". Aniversários são para ser lembrados e, voilà, lá estava eu me lembrando como uma boa virginiana sempre o faz.

Mais uma vez, silêncio.

Nem um oi, um "obrigado", ou um emoji sorrindo amarelo. Nada. Palavra alguma preenchendo o espaço e o tempo. Ausência que se materializará até o próximo aniversário?

Provavelmente sim, porque eu sei que eu não estarei mais ali.


O tema da blogagem coletiva de novembro de 2020 foi: coisas não ditas.
Para saber mais sobre o Projeto Escrita Criativaclique aqui.

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segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Carta a Paulo Mendes Campos

segunda-feira, janeiro 29, 2018 8
Paulo Mendes Campos / Reprodução.

Caro Paulo Mendes Campos,

Já amei e não fui correspondida. Muitas vezes. Arrisco dizer todas elas. Sim, em trinta anos amando, em nenhuma das vezes fui correspondida. É loucura ou azar – cada um dá um nome, você pode escolher o seu – mas, independentemente de como nomearmos, a solidão é um fato na minha vida.

A forma como lidar com isso oscila: ora estou bem, autossuficiente, uma diva em pleno poder; ora estou no fundo do poço, na carência excessiva, no caos e na dor de quem sofre por estar só e por sentir pena de si mesma. É oito ou oitenta. Não tem jeito.

Foi em uma noite dessas, em meio à uma dessas crises de desamor, que nos (re)encontramos: você e eu. Estava na pós-graduação, na aula de crônica; e, depois de muito falar sobre o Vinícius de Moraes, lá veio você, me dizer, com todas as letras, que o amor acaba.

Eu acho que já conhecia esse seu texto. Tinha lido na adolescência, em alguma aula sobre prosa poética do Ensino Médio. Passado que piscou como um flash, já que o objetivo daquela época era falar de tudo rapidinho para focar na dissertação argumentativa dos vestibulares. Te conheci na adolescência, mas só agora eu pude compreender a magnitude de uma frase tão singela quanto a que intitula o seu texto. “O amor acaba”. Três letras. Quanta sabedoria.

A aula da pós aconteceu em uma quinta-feira gelada de outono e retomava a questão da prosa poética. Eu cheguei ali, alheia a dor, achando que havia me blindado. Então, lá veio o professor, começando a te ler, com a voz a enchendo a sala e o sentidos de quem ouvia as suas palavras. Lá fui eu, me entregando, me inundando por você, pela dor do arrebatamento de saber que aquilo que eu sempre quis é tão frágil, tão volátil. Será que há alguma forma de não acabar com a esperança?

Eu sei, Paulo, que os tempos são outros. E é justamente isso que me assusta, me faz encolher quase em posição fetal, chorando por dentro. Se na sua geração — a que andava nas ruas, conversava nos bares e se reunia para discutir literatura, música e arte —, o amor já acabava de forma tão singela; você consegue imaginar na minha, em que as pessoas mal se olham, presas ao imediatismo das telas de um celular?

Quando o professor chegou ao fim do texto, estava com os olhos embargados e com um aperto incomum no peito. Precisava de um abraço, de um aconchego que só este amor, que um dia acaba, poderia me dar. Naquela noite, tentei chorar e não consegui.

Ainda não sei. Talvez, lá no fundo, eu não acredite que exista amor, mesmo querendo um... Talvez meu impulso seja duvidar de você, seja de lutar contra o fim do amor que acaba. Por que a vida é tão complicada, Paulo? Você já chegou a alguma conclusão sobre isso?

Certezas não tenho e por isso, me despeço.

Um beijo de quem se fechou na luta para não desistir,


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sábado, 7 de outubro de 2017

Desculpe, mas eu não entendi

sábado, outubro 07, 2017 24
Há momentos em que a vida nos dá pequenos tapas para que a gente volte a pensar sobre aquilo que quer esquecer.
Queria dizer que, depois de todos estes anos, eu entendi. Mas a verdade é que eu sou idiota a ponto de me perder nas infinitas desculpas, conjunturas sobre a sua partida. Eu sei que muitas vezes o sentimento não se explica, entretanto eu também sei que preciso de uma explicação. Talvez ter te guardado no limbo da memória não tenha sido a melhor estratégia para lidar com tudo o que ainda hoje me sufoca.

Quando o poeta me perguntou por que tudo havia terminado, fui evasiva. A verdade — que eu não quero admitir — é que eu não sei se devo acreditar na versão que me chegou. É duro pensar que, da noite para o dia, você estava escovando os dentes e percebeu que não gostava mais de mim.

A rejeição dói. A rejeição maltrata. A rejeição faz com que a minha cabeça pire pensando no que eu fiz de errado ao tentar ser eu mesma. Eu me despi, fui sincera, complicada e imperfeita. Isso é motivo para se deixar alguém? Para mim é motivo para amar em profundidade — e aqui me vejo errada mais uma vez, depositando em você a expectativa de agir como eu agiria.

O poeta diz que a gente tem que errar no começo, então tento não me culpar (amar aos 20 e poucos é amar no começo?). Tento focar no melhor de mim, mesmo sabendo que fui generosa sem ser egoísta e que por isso me esvaí enquanto nadava. Não cheguei ao mar. Dei tanto do que sentia que nada me sobrou. Faltou amor próprio. Nosso relacionamento acabou. Paciência.

Ou não? Não sei bem onde isso vai chegar e se fará algum sentido. Aliás, sentimentos têm sentido? Sempre que me pergunto isso, ouço como resposta a minha própria voz ecoando cada vez mais distante. Qual é o sentido na crescente falta de esperança?

Queria amar de novo. Sabe aquela coisa de ter aconchego, de dividir as angústias, de compartilhar as felicidades? Queria sonhar de novo. Seguir em frente em busca das pequenas grandes conquistas. Tropeço no pretérito imperfeito de um relacionamento desfeito, porque ainda não entendo o que é essa pedra no meio do meu passado (e ainda tenho dúvidas se você estaria disposto a me ajudar a compreender tudo isso).

Como eu lido? Procuro não pensar. Foi essa a resposta que dei sobre o nosso fim. O poeta diz que eu tenho que escavar as minhas chagas. Foi assim que ele te nomeou — Chagas — e não vejo palavra mais pertinente. Você segue impregnado, não como algo bonito, mas como uma marca feia e dolorosa. Resolvo seguir o conselho. Tento olhar de frente para a minha dor.

Talvez seja por isso que digito essas palavras, pode ser por isso que eu escancaro essa ferida — com uma pequena fé de que um dia nosso relacionamento tenha fim (para ambas as partes).

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sábado, 23 de setembro de 2017

Quando tudo volta

sábado, setembro 23, 2017 10
A vida é o cais que leva tudo para longe (e que às vezes traz tudo de volta, quando menos esperamos).
- Puerto Madero, Buenos Aires -

Amor,

fiquei aqui refletindo sobre como tudo poderia ter sido diferente. A verdade é que eu nunca pensei que nos reencontraríamos depois de tantos anos e que você estaria assim.

A vida é um troço muito doido e, muitas vezes, eu me sinto perdida e sozinha. Entretanto, os olhares que chegam das pessoas, com um misto de pena e de escárnio, não são nada comparados à dor que o seu olhar triste me causa. Nada.

Fico tentando entender como é viver em um corpo enclausurado em solidão. Como você aguenta viver sem ter alguém com quem possa contar? Como você conseguiu se isolar da frágil família que te restava e dos poucos amigos de infância? Minha vida de coração partido foi dura, entretanto não fui jogada ao abismo. Sempre tive meus ascendentes, meus irmãos que escolhi. Você lançou-se ao nada. Isso é desolante.

Depois de tudo o que aconteceu entre nós (e de tudo que deveria ter sido e não foi), meus amigos dizem que sou besta por voltar a falar contigo, por a voltar a confiar. O que eles não entendem é que eu não consigo deixar uma parte tão importante da minha vida no limbo. Não quero romances — apesar de te chamar de Amor —, o que quero é o sentimento sincero de uma amizade transparente. E eu sei que, ainda que você esteja nessas circunstâncias, você é capaz de atingir as minhas expectativas nesse quesito. O sofrimento nos amadurece, não?

Você sabe que eu acredito nas pessoas. Você sabe que eu jamais conseguiria desistir de você assim, de modo tão fácil. Seria muito simples te largar aí, usando como justificativa tudo o que você me fez. Poderia focar na dor, nos anos perdidos, na falta de consideração, na distância... Seria muito mais lógico, mas eu não sou assim. Nunca fui...

O fato é que, quando tudo volta, nós temos a oportunidade de seguir rumos diferentes das escolhas do passado. Quando tudo volta, a gente tem a chance de não deixar a nossa amizade ruir novamente. Quando tudo volta, a gente tem a chance de crescer. É com uma perspectiva otimista que eu quero olhar para tudo isso. De pessimista, já nos basta o restante do mundo.


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terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Transporte

terça-feira, janeiro 10, 2017 4
Qual é o próximo destino? 

O ônibus laranja que sai do centro se confunde com a linha verde do metrô, sentido Vila Prudente. Eles também poderiam ser o voo até Brasília ou a caminhada da escola até o shopping Santa Cruz. A brincadeira de pula-cela é mais uma a entrar na roda, assim como o chat que não deu em nada, lá do facebook. São tantos os lugares em que te busquei. São tantas as fórmulas! Os caminhos são inúmeros e a distância, gigantesca. Fora os desejos... Ah! O que fazer com os desejos?

O mundo é muito vasto; e eu, um ponto no nada. Não quero dar o braço a torcer de que tudo será assim para o sempre. Quero mesmo é quebrar o ciclo de mais um ano, mais uma busca por um destino sem direção em que te procuro. Dou de cara comigo mesma, as rugas surgindo dia após dia, em frente ao espelho. Apesar disso, o fio da esperança que resta me ajuda a manter a dignidade que faz com que minha cabeça continue erguida.

Nada é simples nesta vida. Me abri para cada um que chegou dizendo que era você e percebi que a cada partida minha casa se bagunçava. Os móveis revirados da saudade passaram a buscar um motivo simples que os livrassem da poeira da lembrança. Em consequência, isso me levou a um processo cíclico: quanto maior é a busca, maior a dúvida. E aí o paradoxo entra em cena, porque quanto maior a dúvida, mais mergulho dentro de mim mesma.

Se antes queria um transporte que me levasse até você, agora fico tranquila por permanecer aqui. 

(Afinal, alguém precisa se levantar e começar a faxina, não é mesmo?)

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segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Nice to meet you anyway (Reflexões sobre o amor VIII)

segunda-feira, dezembro 26, 2016 10
♫ And the sky opened up
With the soil of the sun
Dreaming of my true love ♪

As pessoas perguntam por que você, depois de tanto tempo. A verdade é que nem eu sei. Não sei de onde veio a vontade de conversar, de te ter por perto. O fato é que eu não sinto raiva. Não mais. Prefiro focar nas boas lembranças. Sabe, ontem estava lendo um texto que dizia que nem sempre a gente fica com o grande amor da nossa vida (e tudo bem). Me lembrei automaticamente de você. E me deu um certo conforto isso. Sempre nadei contra a corrente, não poderia ser diferente agora.

As coisas estão difíceis e tudo poderia ser bem pior se você não estivesse por aqui. Dizer isso é estranho, porque todo mundo sempre quer estar por cima, estar melhor, firme e forte quando volta a falar com alguém que nos fez sofrer. Entretanto, eu cansei de ser forte o tempo todo há tempos. Agora (e é bom frisar que é só agora, já que toda fase ruim se vai), estou em ruínas e quero ter a dignidade de assumir o meu chão, de viver o meu caos, para me reconstruir depois. Não me importo de estar aqui, frágil, quase desnuda em palavras, porque sei que isso vai me fortalecer, me dará asas para voar – e espero que você continue por perto para ver todo o meu esplendor.

Assim como não sei explicar o porquê do nosso contato, não sei dizer bem a necessidade dessas palavras. Pode ser que seja o Natal. Você, talvez mais do que qualquer outra pessoa, sabe o quanto esta data é a minha favorita na vida e tem a noção do quanto este ano foi duro. Pode ser que seja o destino. Realmente, aconteceu porque tinha que ser.

Minhas amigas se preocupam. Elas têm medo de você não ser honesto comigo. Elas viram o caos em que mergulhei quando você se foi da última vez. Eu entendo o ponto de vista de cada uma delas. Foram elas que me puxaram do fundo daquele poço, e o trabalho foi árduo. Sobre isso, sou sincera: se você se importa com esse buraco gigante no meu peito, não sei (esta é mais uma das minhas incertezas). Honestamente, continuo tão às cegas sobre os seus sentimentos quanto quando nos conhecemos. Só que agora tudo bem. Não preciso compreender exatamente o que se passa aí. Pessoas têm os seus mistérios, não é mesmo?

É que eu sou tagarela. Gosto de rasgar o peito e colocar tudo o que sinto para fora. Transformar a angústia em palavras, o amor em cartas, a felicidade em versos, o passamento aleatório em crônicas. Talvez, este seja o motivo real desses parágrafos mal escritos às 02h59, do dia 26 de dezembro de 2016. O silêncio esmurra, mas enquanto as palavras não forem para o papel, não há espaço na minha cabeça para ele na minha cabeça.

Confuso, não é? Eu sei. Pequenos reflexos de mim. Ainda bem que um dia tudo se ajeita (minha virginiana interior louca por organização vai encontrar uma saída para por ordem na casa). Então, não há motivos para preocupações. No mais, I wish you a Merry Christmas and a Happy New Year.

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quinta-feira, 7 de maio de 2015

{Reflexões sobre o amor} O que é o tal do amor próprio?

quinta-feira, maio 07, 2015 4
Quando sabemos o que sentimos, podemos alçar longos voos.


A melhor coisa é receber um elogio que reconhece o quanto você está bem consigo mesmo. Por trás de um "você está mais bonita, mais feliz" sincero há zilhões de significados. O fato é que o principal - ou o mais importante dele - relaciona-se ao amor próprio, que, diga-se de passagem, é o mais puro que existe.

Não sei exatamente se todo mundo é capaz de reconhecer e, sobretudo sentir, este tipo de amor. O amor próprio só ganha cargo de importância quando há auto-reflexão, quando quem o sente tenta ser uma pessoa melhor. Por sua vez, este processo - de crescimento e amadurecimento - às vezes é doloroso e introspectivo. Olhar para dentro não é fácil, ainda mais em um mundo em que quase tudo está disponível no google. Como ser? Como se reconhecer?

O amor próprio é o reconhecimento da mudança, do esforço por novos hábitos, do sorriso que luta para acontecer em meio à luta do dia a dia egoísta e estressado que temos ao nosso redor. Ele é semeado por nós, nascendo timidamente até que ganha força e floresce.

Ah! E quando floresce, o faz com vigor! Ele é vibrante e vicia: quanto mais nos amamos, mais queremos espalhar o amor ao nosso redor... Talvez seja daí que vem aquela famosa ideia bíblica de "amai uns aos outros como a si mesmo". Se nos amamos, multiplicamos o amor e, consequentemente, somos amados de volta.

Que tenhamos todos a preocupação de nos amar independentemente das nossas conquistas ou dos nossos fracassos. Que consigamos ser aquilo que sempre sonhamos, sem medo e sem ficarmos comparando a nossa grama com a do vizinho (na foto ela até pode ser mais verde, mas você não sabe se a cor é fruto de algum photoshop da vida). Que não tenhamos vergonha das nossas imperfeições. Que o amor por nós mesmos reine, pois assim sorriremos. A vida é um espelho, então fica o convite: vamos refletir o que há de mais belo em nós? 

O tema da blogagem de hoje foi proposto pelo Rotaroots. "O Rotaroots tem o objetivo de resgatar a época de ouro dos blogs pessoais, incentivando a produção de conteúdo criativo e autoral, sem ser clichê e principalmente, sem regras, blogando pela diversão e pelo amor".
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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Rotina (é mais fácil dizer do que fazer)

quinta-feira, dezembro 11, 2014 4
Imagem por Nana B. Ageyi - sob licença creative commons.

Os dias têm passado tão depressa, que eu mal consigo piscar. A noite chega, e o Sol rouba-lhe o lugar numa velocidade semelhante a da luz. Como assimilar tudo isso? Alguns anos se passaram desde que tudo acontecera, desde que meu coração foi partido em milhões de pedaços, desde que você se foi; contudo a memória continua vívida, rígida em sua árdua tarefa de não me deixar esquecer. "Aliás, esquecer para quê?", ela pergunta zombeteira, olhando-me diretamente nos olhos.

Esta vida solitária é extremamente dolorosa. Ignorar a sua ausência, fingir-me a forte, driblar toda a ausência é complicado. Se você já tentou parecer feliz quando tudo o que mais quer é ter um amor correspondido, sabe do que falo. A minha vontade é me isolar do mundo, cavar um buraco e só sair de lá quando você chegar para me abraçar, sorrir para mim sinceramente e dormir comigo de conchinha...

As pessoas ao meu redor costumam dizer que o Você do primeiro parágrafo é uma pessoa diferente do Você do segundo. Para Você, Senhor-Que-Me-Deixou, elas usam palavras duras, repreendem suas atitudes e lançam ao olvido exatamente tudo de bom que vivemos. Sabe, as pessoas são cruéis com Você, Senhor-Que-Me-Deixou, como se isto fosse apagar tudo - de bom e de ruim - que o meu coração grita a seu respeito. O abandono se cura com a raiva? Fico a meditar se este é realmente o remédio para a minha alma chorosa. Honestamente, não sei.

Quanto ao senhor do segundo parágrafo, o tratamento é mais amável. Elas falam sobre Você, Senhor-Que-Surgirá, como o salvador da minha vida amorosa frustrada, o príncipe dos filmes, solucionador de todos os problemas, curador de todas as feridas (há cura para a dor?). Por sua causa sou censurada. Como posso sorrir ao me lembrar de quem me deixou sem uma mísera justificativa e fechar a cara para alguém tão maravilhoso assim? Seria falta de esperança na sua chegada ou falta de fé na reconstrução do coração partido? Continuo sem respostas, embora saiba que é muito mais fácil dizer do que fazer. O discurso acontece conforme a nossa vontade, já o ato depende de tantas outras variáveis...

Talvez vocês sejam realmente pessoas diferentes. Quiçá, seja um só. Não consigo prever. Enquanto isso, minha rotina continua esperando por um milagre, por uma esperança. Sigo em uma espera que se mostra solitária, mas que – lá no seu íntimo – rejeita a solidão. Quem sabe um dia, num futuro não tão distante, o meu eu se transforme nem um “de repente, nós” de dedos entrelaçados que representem um amor tão eterno enquanto dure.

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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Reviravolta (Reflexões sobre o amor VII)

quarta-feira, novembro 06, 2013 16
O tempo muda todo mundo.

A situação é simples: você sumiu sem deixar traços, me deixou sem quaisquer vestígios, me bloqueou em tudo, não respondeu às minhas mensagens, não atendeu aos meus telefonemas nem deu sinal para as tentativas de contato. Você me esqueceu e agiu como se eu nunca tivesse cruzado o seu caminho. Você fez o trabalho sujo. 

Eu sofri, me rastejei, me humilhei. Fui a louca que sofreu pelo cafajeste. Chorei, me descabelei, inundei o ambiente de lágrimas e a alma de solidão. Fiz o meu papel de sofredora. Enquanto você seguia a sua vida, tudo me fazia lembrar o nosso farrapo de história: as músicas, os lugares, o clima, as comidas, até o sorriso do desconhecido que estava no mesmo vagão do metrô... Carreguei o peso do coração partido à marretadas...

Então, o tempo - que para você passou rápido e para mim se arrastou lentamente - passou. De uma hora para a outra eu comecei a perceber que a dor doía menos, que minha simplicidade chama atenção de quem me quer bem do que eu pensava, que eu posso caminhar sozinha, sem aquela dependência que antes sentia por você. A obsessão passou a ser raiva e a raiva se transformou em indiferença total. Já não me preocupa mais por onde ou com quem você está, se saudável, doente, casado, solteiro ou enrolado. Simplesmente, não me vejo mais com alguém como você. 

"Como tudo pode mudar tanto assim?" me pergunto enquanto rio por perceber que você - sim, você, o garanhão sem piedade - é quem procura ler tudo o que escrevo nas redes sociais... Mas que reviravolta das boas, não?!

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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Entrega (Reflexões sobre o amor VI)

quarta-feira, agosto 21, 2013 6

A entrega não acontece de uma hora para a outra. Ela é um processo lento que, quando vem à tona, não tem volta. Embora sejamos sinceros, sabemos que sempre há aquele pedaço que queremos preservar. Às vezes, esta parte se traduz em um sorriso; outras vezes, é silêncio... No meu caso, em palavras.

Preservo-me em meus escritos. Eles são difíceis de serem entregues a qualquer um. Este pedaço de mim é especial, e me dá medo de deixá-lo em suas mãos. Não que não confie em você, não confio em mim. Aonde os meus sentimentos podem me levar...

Meu coração palpita por não querer me perder prender de novo. Quero ser livre, porque a minha libertação de você é o que me convém. Depois dos diferentes rumos que nossas vidas tomaram, não há como voltar atrás. O que está feito, está feito. 

Definitivamente, a entrega não acontece de uma hora para a outra.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Insônia

segunda-feira, agosto 05, 2013 12

"Pense! Pense em tudo o que poderia ter sido se você tivesse seguido outros caminhos, outras verdades, outros desejos...". Foi com este pensamento latejando em sua mente que Júlia acordou às 3 da madrugada naquela segunda-feira fria de inverno. "O que teria sido, se as nossas escolhas nos tivessem feitos únicos?". Bem claro estava que sua vida seria diferente, mas... "Por que isso agora? Às 3 da da manhã? Durante o dia tudo está tão bem resolvido...".

Ela foi até a cozinha, bebeu um copo de água. Queria se livrar dos pensamentos do passado e vinha se esforçando para isso. Entretanto, qual é a fórmula para se livrar de um sentimento tão intrínseco? Já havia lutado tanto, tanto, que desistiu e passou apenas a tolerar aquele sobressalto que a despertava nos momentos mais impróprios.

Era tarde. A casa estava silenciosa, e todos dormiam tranquilamente. No silêncio ensurdecedor, Júlia voltou para cama com aquilo que lhe restava: a vontade de continuar e a dor do desamor - ela sabia que logo o sol brilharia... 

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Asas ou gaiolas (Reflexões sobre o amor V)

quarta-feira, dezembro 26, 2012 11

Certa vez Rubem Alves escreveu que há escolas que são asas e outras que são como gaiolas. Trago agora a mesma analogia para os relacionamentos.

Teoricamente, o amor foi feito para nos dar asas. Vivê-lo, portanto, é sentir-se livre, liberta, bela, sonhadora e saber que há alguém ao nosso lado nos apoiando e nos incentivando, sendo um degrau que nos impulsiona, não um muro que nos aprisiona.

Há, entretanto, um tipo de amor (que eu considero falso) que não dá asas. Ele prende em gaiolas. Este é daquele possessivo, que nos anula e nos priva dos nossos momentos com os amigos, do nosso tempo com nós mesmos. O amor-gaiola é ciumento, cria barreiras, nos impede de progredir, é exclusivo - já que exclui todos ao nosso redor; por fim, ele é sufocante.

Na escola, certa vez, fiz uma experiência simples: acendi uma vela e a cobri com um copo. A chama intensa ficou acesa por um tempo e depois se apagou. Acabou o oxigênio. Assim é o amor-gaiola: ele nos suga, nos sufoca, sucumbe e acaba.

Quando penso em meus relacionamentos anteriores, vejo que todos eles tiveram um pouco de gaiolas. Quando olho para o futuro, desejo um amor que me (nos) faça voar alto! Acompanhados seguiremos sem que nada nos aprisione!

terça-feira, 15 de maio de 2012

Greg, seu lindo! (Reflexões sobre o amor IV)

terça-feira, maio 15, 2012 0
Algumas pessoas não entendem bem o motivo de eu gostar tanto assim de Greg Behrendt, mesmo depois  (ou seria, principalmente depois) de terem lido a minha resenha apaixonada de Ele simplesmente não está a fim de você.

Hoje, tentarei esclarecer (de novo!) o porquê de tanto amor! *-*
Estava eu no facebook, quando vejo que Greg postou um link, junto com o comentário: Yep! She's the shit! (algo como: "Sim! Ela é a merda!"). Claro, fui ver...

Preciso dizer que praticamente me acabei em lágrimas?! Caí em uma postagem de um blog em que ele - mais uma vez - declara o seu amor por sua mulher, Amiira Ruotola-Behrendt. O texto é tão lindo, que me fez escrever este post.

E como não me contento, segue abaixo a tradução (só para vocês entenderem, o texto foi publicado em um blog em que Greg e Amiira escrevem sobre moda). Quem quiser ver o original, clique aqui.

Minha inspiração e minha mulher! 

A pessoa mais bem vestida que eu conheço vive na minha casa. Meu ídolo fashion, minha consultora de estilo e também, como costuma ser, o amor da minha vida. Eu realmente não entendo como ela faz isso. Ela é a pessoa mais elegante que eu conheço (e é assim sem o menor esforço). Eu moro com ela então eu vejo o que a faz ser assim, o que a faz sair pela porta. Ainda que a gente esteja indo para um big evento, ela se move pelo nosso **closet *compartilhado sem esforço. Ela está institivamente à frente das tendências, ainda que não seja obcecada por moda. Ela é sexy como o fogo, mas não fica querendo chamar a atenção – pelo menos não na maior parte do tempo. :) Ela veste roupas para a sua idade e ainda assim aparenta ser eternamente jovem. Ela consegue ser elegante a todo tempo, sem estar fora da coleção, e isso não fácil. As mulheres a amam e isso é um feito cada vez mais difícil. Sério, todos os lugares em que vamos, mulheres elegantes nos perguntam o que ela está vestindo. Ela trabalha com isso? Eu não diria que trabalha, mas como eu, ela é fã da arte de se vestir e adora um bom design. Roupas é uma oportunidade para ela. Uma oportunidade séria de ser, como ser mãe, ser escritora e ser mulher também o é. Então este é o segredo?! Ela respeita a si mesma, ela cuida de si e ela experimenta coisas. Ela também é casada. Esse último pode ser um exagero, mas eu posso dizer com certeza que eu seria a metade do homem que sou sem ela. Ela é, de verdade, a minha inspiração. Hoje eu quero celebrá-la, amanhã eu volto a falar sobre mim ;)

*Para a sua consternação.
**Sim, o mesmo armário em que a famosa tragédia Walking The Room foi gravada.

Entenderam agora?!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Reflexões sobre o amor III

segunda-feira, janeiro 03, 2011 2
Olá,
escrevo porque, ontem, após assistir a uma reportagem do Fantástico, lembrei-me dos textos que postei aqui ultimamente. Para quem não assistiu, o novo quadro - chamado O Cupido - conta histórias de casais que deram certo e, logo na sua estreia, tivemos uma história que comprova aquilo que disse em Reflexões sobre o amor e Reflexões sobre o amor II.

Segundo o site do programa:

Douglas viu Tatiana no metrô, puxou assunto no meio do vagão e pediu o telefone da jovem, mas ela deu o número errado. Mesmo assim, os dois se casaram, tiveram um filho e estão juntos até hoje.


Entenderam o que eu quis dizer? Não?
Ok, vou direto ao ponto: O Douglas estava a fim da Tatiana, logo, ELE se mexeu para ficar com ela. ELE a viu no metrô e ficou olhando para que ela retribuísse, ELE foi sentar ao lado dela, ELE pediu o número do telefone dela e ELE fez o contato. A Tatiana só precisou se mexer porque ela cometeu o pequeno equívoco de passar o número errado... se não, não teria precisado de ter feito absolutamente nada...
Vale ressaltar que a própria Tatiana revelou um dado que é um tanto relevante: Douglas gostou dela e se moveu por ela, em um dia em que ela nem estava tão arrumada assim... Outra coisa que chama a atenção é: ele NÃO usou a velha desculpa de "eu sou tímido" o abater.

Mais uma vez, lembro-me do Ovídio e do Greg dizendo que o homem sabe o que quer (ou melhor, quem ele quer), ele vai atrás!
Bem, é isso! Toda aquela teoria (que, para muita gente foi maluca), comprovada com fatos reais!

E, para quem quiser (re)ver a história do Douglas e da Tatiana, basta clicar aqui.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Reflexões sobre o amor II.

sábado, dezembro 25, 2010 1
Capa do livro
Começo este texto com uma assertiva: toda mulher deveria ler Ele simplesmente não está a fim de você – entenda os homens sem desculpa, escrito por Greg Behrendt* e Liz Tuccillo** (Já aviso: o livro é diferente do filme. O que vou dizer vale para o livro, ok?). Se eu tivesse que dizer algo sobre o Greg, diria: ele é o único homem confiável na face da Terra (se é que há algum que seja confiável!)! hehehe E se eu tivesse que dizer algo sobre a Liz, diria: ela representa aquilo que nós, mulheres, esperamos de um cara.
Liz Tuccillo
Sim, comecemos pela Liz. Ela, como toda mulher moderna, trabalha (tanto ela quanto o Greg eram roteiristas da série americana Sex and the city) tem uma vida financeira estável, é uma pessoa estudada, bem-sucedida e solteira! (Pois é, o drama feminino da solteirice - ? – não é vivido apenas por brasileiras!)
Liz traz no livro o ponto de vista da mulher moderna: aquela que faz de tudo para ter um cara – porque quer desesperadamente acabar com a solidão. Mas, como é difícil arrumar alguém que goste da gente de verdade, ela também mostra o nosso desespero de quando encontramos este alguém e queremos acreditar – a todo custo – que o que sentimos é correspondido...
Greg Behrendt
E é aí que entra o Greg. A princípio, Greg Behrendt é o destruidor de lares, o despedaçador de corações, o que acaba com os sonhos de pobres mulheres solteiras, independentes e carentes de uma necessidade de acabar com a solidão.
(Se tem uma coisa que tanto o Greg quanto a Liz sabem é que mulheres se apegam muito fácil às pessoas; mas que, para desapegar, a coisa complica... – podia ser tudo na mesma velocidade, não acham?!)
Quando o assunto é relacionamento, podemos ter claro algumas coisas que nunca mudam – ainda que o mundo mude –, são elas:
1. Mulher tem necessidade de explicação. Nós queremos nomear as coisas e entendê-las a fundo (como disse no texto anterior, somos microscópicas, por isso queremos saber cada detalhe!). Se estamos “saindo” com um cara, queremos saber EXATAMENTE o que ele sente por nós e como podemos nomear este “embrião” de relacionamento: estamos ficando, namorando, nos conhecendo, what the fu**** hell?! O mesmo acontece quando uma relação (seja ela qual for) está em estágio de decomposição ou simplesmente acaba. Queremos saber por que acabou, se havia alguma coisa que poderíamos ter feito etc etc etc...
2. Homens não pensam muito em explicação e nomes. Eles fazem aquilo que sentem – ou seria que o instinto manda? – portanto, eles querem curtir o momento. Não se preocupam tanto em saber se o “estamos saindo” é ficada, namoro ou só uma pegada casual. Eles querem mesmo é curtir AQUELE momento (certo eles, se fôssemos assim, teríamos preocupações a menos). E quando o que eles sentem acaba, eles simplesmente não ficam mais a fim. Não há uma necessidade de “por quês”, simplesmente acabou e ponto final.
O que complica tudo é o que o próprio Greg diz: os homens inventam as mais mirabolantes situações para se livrarem de uma mulher. Para eles é mais fácil isso do que simplesmente ser honesto e dizer “eu simplesmente não estou a fim de você”. Eu sei, ouvir isso é doloroso (e como é!). Dizer isso também não deve nada ser fácil. Mas eu prefiro uma frase dessa na lata, do que as trocentas desculpas mirabolantes. E sabe por quê?! Porque a cada desculpa mirabolante, todas – ou quase todas – as mulheres ficam criando desculpas mais mirabolantes ainda para acreditar que o parceiro (ou seria “ex-parceiro”?) AINDA está a fim. Pelo menos, se a gente ouve um “eu simplesmente não estou a fim de você”, fica tudo mais claro: caímos de uma vez, sofremos de uma vez e nos reerguemos de uma vez; para, então, partir para outra.
Ler os conselhos do Greg me fez repensar em muitas coisas. Mais importante do que isso, me fez não desistir. Eu nunca esperei um príncipe encantado – pelo contrário, sempre achei os sapos mais interessantes! – contudo, de uns tempos para cá, estava esquecendo do que sempre sonhei para minha vida. Um homem para estar comigo, tem que comungar do mesmo horizonte que eu; e eu, por muitas vez, estava abrindo mão desta comunhão.
Como os autores reforçam, nós, mulheres, temos que ter os NOSSOS CRITÉRIOS. E os caras com quem saímos devem estar dentro deles. Como somos seres únicos, cada uma de nós temos a nossa lista individual, com nossa característica. Rever esses critérios também é uma ação importante – afinal, a vida muda, nosso ponto de vista também, por que os critérios não mudariam?!
No livro, Greg e Liz sugerem 10 critérios – que eu, definitivamente, APROVO – e sugere que nós criemos mais 10 (eu já fiz os meus!). Acho justo. Temos que saber o que queremos não só no campo profissional, mas também no emocional, não é?! E, se ELE não estiver a fim da gente, vai ter quem esteja e nos trate como devemos ser tratadas (assim eu espero...). Se tem uma coisa que eu aprendi com o Greg é: se um cara está a fim de uma garota, ele vai até o fim do fim do mundo por ela! Afinal, “para que ficar num limbo de relacionamentos esquisitos, se pode mudar para um território que será, com toda certeza, muito melhor?”. Fica aí a dica! ;)

Ele simplesmente não está a fim de você – entenda os homens sem desculpa
Título original: He's just not that into you - the no-excuses truth to understanding guys
Autores: Greg Behrendt e Liz Tuccillo
Tradução: Alyda Christina Sauer
Editora: Rocco
174 páginas

*Para os que não leram o livro: o Greg é casado com a Amiira Ruotola-Behrendt, com quem escreveu Quando termina é porque acabou – juntando os caquinhos e dando a volta por cima. Para ler a entrevista que ele concedeu à Revista Veja na ocasião do lançamento de Quando termina é porque acabou, clique aqui.
Além de autor, Greg é comediante e toca numa banda de rock! Para acessar o seu site oficial (em inglês), confira aqui.

** Liz Tuccillo também é autora do romance intitulado Como ser solteira, lançado pela editora Record. Para ler a entrevista que ela concedeu à Revista Veja quando lançou Ele simplesmente não está a fim de você, clique aqui.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Reflexões sobre o amor

domingo, dezembro 19, 2010 1
Estátua de Ovídio em Constança/Tomis.
Começo este texto com uma assertiva: todo homem deveria ler A arte de Amar, do Ovídio. Se todos lessem esse livro, não teria que ouvir por tantas vezes a tão famosa pergunta: “Como entender as mulheres?”. Sim, sabe aquela história de que a sabedoria se encontra nas pessoas mais antigas?! Pois bem, Ovídio escreveu este livro alguns anos depois de Cristo, ainda na época do Império Romano.

Pois é, a fórmula está pronta há todos estes anos e por preguiça/desconhecimento, muitos dos homens não sabiam que os “seus problemas acabaram”.

Mas falemos sobre a obra: A arte de amar é um livrinho curto (você encontra as edições de bolso da LPM e da Martin Claret em qualquer banca de jornal - recomendo uma versão que tenha notas, pois elas ajudam a entender as refeências mitológicas), dividido em três partes – ou três livros.

O primeiro livro trata da arte da conquista. Para o autor, os homens são caçadores que devem conhecer bem a sua presa e o território em que esta presa vive para poder atingir o alvo com sucesso. Falando assim, parece uma visão bem machista, mas a verdade é que a forma com que Ovídio escreve mostra uma preocupação com o bem-estar da mulher. Um de seus argumentos está concentrado em agradá-la, vendo-a como um ser único. Neste ponto, acredito que não há mulher que discorde. Homens têm a fatídica mania de achar que todas as mulheres são iguais e que vão reagir da mesma forma. Acham que o fato de uma mulher ter respondido a um presente, a uma fala de uma forma, que todas serão assim. Mero engano. Mulheres são complexas demais para serem tratadas em massa. Na arte da conquista, o homem ganha pontos cada vez que ele percebe as nuances de quem quer conquistar (Sábio era o Ovídio que percebeu isso tão bem...).

O segundo livro trata sobre a manutenção da conquista, porque não basta só conquistar, tem que saber sustentar o relacionamento. Neste trecho, Ovídio ressalta a importância de um espírito culto. Não sei se é porque tenho este meu lado nerd – ou não – mas, concordo plenamente com ele. Como diz meu professor, Everaldo, a mulher se atrai por aquilo que ela ouve; o homem, pelo o que vê. Se um homem não tem um mínimo de cultura, não vai conseguir sustentar uma conversa – o que pode nos irritar profundamente – e, o que é pior, não vai entender o discurso da mulher. Agora lhes dou uma informação extra a tudo o que o Ovídio diz: nós, mulheres, na maior parte das vezes, dizemos as coisas nas entrelinhas. Sim, enquanto vocês, homens, são macroscópicos e já mandam as coisas na lata; nós pensamos em cada pormenor – temos uma visão microscópica – e mencionamos cada detalhe nas nossas conversas/atitudes. O problema é que, muitas das vezes, nós não explicitamos o que estamos mencionando... nós queremos que vocês percebam isso (e, na maior parte das vezes, vocês NÃO percebem).


O terceiro livro é para que nós, mulheres, saibamos como lidar com esta situação toda. O que me chama mais atenção para esta parte é o fato de o autor tratar homens e mulheres de forma igualitária. Para ele, tanto os homens quanto as mulheres sentem as mesmas vontades amorosas (com a diferença de que as mulheres sabem esconder melhor as suas necessidades – ou como eu diria, nós sabemos controlar melhor isso).


Este livro nos faz pensar em quais são as diferenças entre homens e mulheres – se é que elas existem de fato. Ultimamente fui questionada sobre a questão: mulher tradicional x mulher moderna. O que as mulheres de hoje querem de fato?! A mesma coisa que as mulheres do império romano queriam: alguém que se importe com elas. Por mais que grande parte de nós sejamos modernas e paguemos as nossas contas, nós queremos alguém quem nos convide pra sair, que diga o quanto gosta e se importa conosco. Neste ponto, somos tradicionais. Neste ponto, concordamos com a “caça” de que fala Ovídio.


Para finalizar, quero repetir aqui uma citação que já havia postado aqui, na época em que li este livro:

"Cabe ao varão começar, fazer as súplicas, e a ela acolhê-las. Queres tê-la? Pede. Ela espera por isso. Conta-lhe a causa, a origem do teu desejo. Era Júpiter quem abordava as heroínas lendárias suplicando-as; nenhuma foi provocá-lo, apesar do seu poder"
(Ovídio, poeta romano, em A arte de Amar)