quarta-feira, 24 de maio de 2023

Tentativa inevitável de travessia

quarta-feira, maio 24, 2023 4
Imagem por Kostina, via Pexels.

descoberta tátil
desequilíbrio corporal  
— face idêntica a uma das avós —
sabores na casa da tia
bolhas de sabão

vento no rosto ao descer a ladeira de patins
sol com o vô na calçada
tartaruga que caminha vagarosa
letras esparsas

primeiro beijo
primeiro show
uma nota baixa
— garrancho, rascunho ou mal-entendido? —
muitas notas altas
saque que não passava da metade da quadra
professor racista
professoras mães
um poema
¿hablas español?

descoberta da autora favorita
desilusão amorosa
primeiro emprego
desilusão amorosa
segundo emprego
coração verdadeiramente estilhaçado
escrita de um livro
what’s goin’ on?

cruzar fronteiras
adotar um gato
ser leoa
adotar outro gato
mais um passo
enfrentar o mundo

erguer a cabeça
— jogo de equilíbrio —
reaprender a amar
— sobretudo a si mesma —
caminhar em busca de sonhos para não esquecer

[toda ferida exposta um dia se cicatriza]


Este poema foi escrito a partir da proposta do Desafio Criativo para o mês de maio de 2023, cujo tema é Leão: Para não esquecer. O Desafio Criativo é organizado todos os anos pelo Projeto Escrita Criativa, que está desde 2015 reunindo na internet pessoas que amam escrever. Para saber mais e participar, acesse www.projetoescritacriativa.com.

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domingo, 21 de maio de 2023

{Receita} Tricotando a Blusa Cacto do Amor

domingo, maio 21, 2023 6
Vem tricotar comigo!


Sabe aquele projeto que tinha tudo para dar errado, mas deu certo?! Pois bem, é justamente uma história assim que eu vim contar aqui hoje. Quem me lê há algum tempo sabe que eu voltei a tricotar. Como disse no post sobre o casaco que fiz, aprendi a fazer isso na infância, mas nunca havia tentado fazer peças que não fossem cachecóis. Depois de ter tecido o casaco, resolvi tentar algo mais difícil. Por que não uma blusa?!

Antes de começar 

Obrigada pela ideia, Harry! hehehe

Navegando no Pinterest, vi a foto acima do Harry Styles e pensei um "tá aí o meu próximo projeto". O problema era que eu não sabia como ler gráficos ou se conseguiria fazer algo com desenhos, já que nunca tinha feito antes. Mandei a imagem para a Claudinha, uma amiga querida que é muito habilidosa com artes manuais, e só de bater ela me disse como era a receita.

Na hora de comprar a lã, achei que esse tom mostarda ficaria apagado em mim. Mirei na cor terracota, acertei no marsala. A mesma coisa aconteceu com o verde, que era para ser mais vívido e veio mais apagado. Como comprei a lã pela internet, aconteceu de a cor da foto não ser como a cor real, mas elas continuaram combinando, e eu resolvi não desanimar. 

Look do dia do chá revelação do bebê da minha prima.


Tecendo

Acabei me confundindo na hora de fazer o gráfico original. Ao invés de ficar uma fileirinha de coração, uma de cacto e outra de coração, ficou cacto, cacto diferente, coração. No fim, gostei do resultado e não desmanchei o que tinha feito.

Meu objetivo era fazer uma blusa oversized, como a original. Talvez essa tenha sido a única coisa que, de fato, fato tenha acontecido. Por conta disso, acabei desmanchando as mangas e refazendo, porque eu tinha feito o corpo grande e as mangas estreitas. Tinha ficado estranho. Ao refazê-las, o resultado ficou como eu imaginei! :)

Material

  • Eu usei dois pares de agulhas retas, um de 6mm e outro de 10mm;
  • 11 novelos de lã Urbano da Círculo: 10 da cor picante (marsala), código 3986, e 1 da cor verde (militar), código 5718;
  • 1 tesoura;
  • 1 agulha de tapeçaria.

Para quem entende de lãs, as informações do fio Urbano são:
  • Fio Urbano Círculo Tex 909
  • Contém: 100 gramas = 110 metros
  • Composição: 80% Acrílico / 20% Poliamida

Minha receita

Para quem quiser tentar: não é difícil, porém é um pouco trabalhoso. Se você souber fazer os dois pontos básicos do tricô (o ponto tricô e o meia), não é impossível. Uma dica importante é: na hora de fazer os desenhos (trabalhar com a segunda cor), solte bastante o fio atrás, porque ele tem uma tendência a ficar apertadinho. Eu sou uma pessoa que sabe o básico do básico no tricô e consegui. Então, você consegue também.

Demorei mais ou menos um mês para fazer esta peça (tecendo um pouquinho toda noite). 

A minha receita foi feita em 4 partes (costas, frente e cada uma das mangas) foi feita deste jeito:

Costas:

Coloquei 91 pontos na agulha reta nº6 e teci o ponto barra 1 por 1 (um tricô e um meia) por 13 carreiras. Depois, troquei para a agulha nº10 e comecei a tecer o ponto malha (ponto meia do lado direito e ponto tricô, no avesso). Fiz isso por 6 carreiras. Na sétima (do lado direito), comecei o desenho, tecendo:
  • 1 ponto em vinho, 1 ponto em verde, 3 pontos em vinhos, 1 ponto em verde. Fui assim até o fim da carreira e voltei seguindo a mesma ordem. Ou seja, fiz o direito e o avesso (2 carreiras);
  • 1 ponto em verde e outro em vinho até o fim (avesso e direito);
  • 2 carreiras vinho (avesso e direito);
  • 1 vinho, 1 verde, 3 vinhos e 1 verde até o fim, avesso e direito;
  • 3 verdes e um vinho (avesso e direito);
  • 1 vinho, 1 verde, 3 vinhos, 1 verde até o fim, avesso e direito (2 carreiras);
  • 1 carreira de ponto meia em vinho (direito), sem nada em verde;
  • 1 vinho, 1 verde, 3 vinhos, 1 verde até o fim (avesso);
  • 1 verde e 1 vinho até o final (direito).
Depois, teci tudo em vinho, até a peça atingir 66 cm (contando desde o início da base).

Frente:


Parte da frente: aqui, havia tecido um obro, faltava o outro.


Fiz o mesmo procedimento das costas, na frente até a peça atingir 54cm (contando desde o início da base). Depois, arrematei 11 pontos centrais (equivalentes a 9 cm). Sobre as diminuições:

  • Diminuição no ombro direito = fiz dois pontos juntos no fim da carreira do lado direito (não diminuir do lado avesso), por 4 vezes. Depois tricotei até atingir a altura do tamanho das costas (66 cm desde a base).
  • Diminuição do ombro esquerdo = fiz dois pontos juntos no início da carreira do lado direito (não diminuir do lado avesso), por 4 vezes. Depois tricotei até atingir a altura do tamanho das costas (66 cm desde a base).
Os dois ombros finalizados.


Mangas: 

Fiz duas peças iguais. Para a montagem, teci 31 pontos. Fiz barra 1 por 1 por 13 carreiras. Depois, fiz 6 carreiras de ponto malha (meia no direito + tricô no avesso) de aumento, da seguinte forma:

Ponto barra 1 por 1, de uma das mangas.


  • aumentei 4 pontos no início e 4 no final da primeira carreira da primeira fila (após a barra, no direito);
  • teci a segunda carreira sem aumento;
  • aumentei 2 pontos no início e 2 no final da terceira carreira; 
  • teci a quarta carreira sem aumento;
  • aumentei 1 no início e outro no fim da 5ª carreira;
  • teci a sexta carreira sem aumento. No fim dela, tinha 45 pontos.
  • aumentei 2 pontos na sétima fileira e nela comecei a fazer o desenho, do mesmo modo que fiz na frente e nas costas.

Depois de terminado o desenho.

Depois, teci até ter 32cm. Na frente (direito), aumentei mais 3 pontos no início e no final da carreira. Por fim, teci mais 24cm até ter aproximadamente 50 cm desde a base.

Golas e costuras:

Momento da costura.

Costurei um dos ombros, fiz o levantamento dos pontos e o arremate da gola conforme as videoaulas da Bianca Schultz abaixo:




Depois costurei as mangas e fechei as laterais. 

Resultado

Tirei essa foto na hora em que fiz o último arremate.
Dá para ver o quanto eu estava feliz!


No fim, a blusa não ficou igual a do Harry, mas eu amei demais o resultado! Além de bonita e confortável, ela é super quentinha (o que ajudou demais com esse frio todo que anda fazendo!). Como sempre tem acontecido, o tricô tem me ensinado que sair da rota pode ser bom e, sobretudo divertido. 😉


Se você fizer também, me marca nas redes sociais. Vou ficar feliz de ver a sua peça. Se tiver alguma dúvida, basta perguntar aqui nos comentários. :)
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quarta-feira, 17 de maio de 2023

Sobre ter uma lista de pessoas que nos fazem felizes

quarta-feira, maio 17, 2023 13
Foto feita por mim.


Ontem fui preparar uma xícara de chá antes de dormir. Enquanto a música ecoava nos meus fones de ouvido, o insight veio: Paul McCartney é uma das pessoas que me faz feliz. Esta minha lista — uma das inúmeras que tenho mentalmente e por escrito — é extensa e aleatória: vai desde a minha irmã de coração até o ex-beatle, passando por pessoas do meu dia a dia a gênios que, provavelmente, nunca conhecerei frente a frente. 

Pessoas que me fazem feliz não são necessariamente pessoas que eu amo mais que tudo — embora, muitas vezes essas duas coisas casem. Não, essa lista em específico é composta por gente que acende a minha alma, que me estimula, que me apoia, que acredita em mim mesmo quando eu mesma não estou acreditando, que vibram quando eu realizo sonhos (e sim, há algumas pessoas que amo muito que não se encaixam nesses critérios). Pensar em alguém da lista de pessoas que me fazem feliz é sorrir automaticamente. 

Gosto desta lista porque me lembrar dessas pessoas no momento de caos é importante. Além de me acalmar, elas me servem de farol — são um porto seguro para me inspirar, para pedir um conselho, para ter como exemplo, para obter um lampejo. Elas são ótimas em pensar junto qual é o próximo passo, ao invés de jogar um balde de água fria no processo. São estrelas-guias na nossa jornada. 

Acho bonito que haja pessoas assim: que tomam para si essa postura, essa posição de fazer os outros felizes a partir de como se expressam no mundo. A princípio, eu penso em artistas com suas palavras, com suas músicas, com suas artes, com seus olhares — como disse, Paul me fez dançar sozinha, numa noite fria, enquanto preparava um chá —, mas há também pessoas comuns, que fazem da felicidade uma prática. Normalmente são elas que nos recebem com os olhos brilhando de entusiasmo mesmo que não exista um motivo especial para isso. Elas estão ali celebrando o fato de que estamos vivos, plenamente vivos! 

Pensar nessas pessoas muitas vezes pode parecer um pouco rota de fuga, uma tábua de salvação para os momentos complexos — às vezes, é mesmo! —; porém, mais do que isso, elas me dão aquela fagulha criativa de querer ser assim também: uma revolucionária que transforma o mundo através de pôr amor e gentileza nos lugares por onde passo. No fundo, talvez essa seja a nossa maior missão, o nosso maior propósito enquanto humanidade: ser felizes e inspirar os outros a serem felizes também. 

Olhar para essa lista de pessoas me ajuda também com outro ponto: me compreender. Isso porque é possível mapear o que me alimenta emocional e intelectualmente — que tipo de arte? Que tipo de relações? Qual é a qualidade disso tudo? — e avaliar a quantas eu ando. Houve tempo em que, mesmo sabendo que aquelas pessoas em específico não eram boas para mim, eu ainda as considerava na minha lista de pessoas que me fazem felizes. Nem preciso dizer que isso não foi saudável, preciso? No fundo, ter aquelas pessoas nessa lista falava mais sobre a minha como a minha autoestima andava baixa do que que qualquer outra coisa... 

Tudo isso pode parecer coisa besta, piegas, mas não é. Refletir sobre essas questões me faz pensar em outras fases da minha vida, em como tudo se transformou e continuará se transformando e no quanto eu não preciso lidar com a complexidade da jornada sozinha.

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domingo, 14 de maio de 2023

Gênese

domingo, maio 14, 2023 3
Imagem por Irina Iriser, via Pexels.

colho no fogo o material a ser talhado
me queimo por inteira
— fênix retornada —
dos encontros, a matéria-princípio:
luz, areia, mar, cosmos, fria-quentura

seguimos

muito e nada em frações de nanossegundos
disponibilidades que se desfazem e se renovam
no valor do vento, equilíbrio-oxigênio combustível das entranhas
e seus volumosos corpos de moléculas
— nem sempre tão poéticas ou contundentes —

seguimos

no alento destas ambidestras incertezas
frases ganham importância mesmo que não tenham sentido
— orações que outrem ouve e interpreta —
a visão da vasta vida e de seu parto
período composto por eternos recomeços
recomendados pelos cinco sentidos humanos
aprovados por mais outros dez ou quinze divinos
fé sendo confiança no reconhecimento da pureza

seguimos

na devoção há fome e dicionários de etimologias devorantes
me queimo por inteira já que sempre me disponho
nua corro vestida somente por vocábulos
significantes robustos de traduções e de significados
velhos descendentes de uma morte-vida latino-americana escancarada
potencial ponte, fonte fonética e frutífera
útero construindo gerúndios que se renovam e multiplicam

seguimos

num outono-inverno frio e poente
sou esculpida por vulnerabilidades sinceras
marcadas no tempo pelas ousadas páginas de telas e celuloses repletas de grafismos
rabiscos-rascunhos curiosamente curados de segredos sitiantes
conjunto que se lança em registros intergalácticos sem datações
metonímia de parte que é todo que se reparte

existo

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domingo, 7 de maio de 2023

Tarde de domingo

domingo, maio 07, 2023 2
Imagem por Pexels, via Pixabay.

Tento manter a calma enquanto espero. Talvez o que mais me irrite seja o barulho das vozes que não são minhas. Das vozes que não são nossas. Da ausência constante de conexão derradeira. Daquilo que me permita escutar. Sinto alívio quando o microfone é desligado, quando o celular é desligado, quando o falatório entra em suspensão. Observo o beijo silencioso. 

Gosto do escuro estático. Do relógio quebrado em que os ponteiros giram em um ritmo próprio. Das sinapses que levam pensamentos de um lado a outro. É possível ouvi-los em um domingo agitado na cidade? — Respiro. Uma, duas, três vezes. — O ar gelado me faz pôr o casaco de vó. Afeto. 

O que é afeto? O que é se relacionar? Onde mora profundidade? Listo os questionamentos que passam pela minha cabeça enquanto o blá blá blá ao lado é retomado e eu não consigo fazer o que me proponho. Um cara de 30 quer ser profundo quando não passa de um moleque. Penso que a moça de 27 sabe disso, mas finge que não sabe. Ele é só mais um exemplo de pessoas que querem parecer profundas quando são rasas, que desejam parecer descoladas quando tudo o que fazem é criticar outros modos de pensar. Por não se sentirem capazes, tomam outras formas de pensar como errado. E o que é o certo? Há algo certo? 

Encontros não passam disso: pequenos esbarrões em que lábios se tocam e línguas se entrelaçam. Não há tempo a perder, mas há algum ganho? Viver: o agora sem cultivo do futuro. O agora sem projeção temporal chega a algum lugar? Há desejos sem sonhos, mas não há sonhos sem desejos. 

corpo-casa.
casa-templo.
copo cheio.
natureza temporal.

Onde é que tudo isso mora?
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domingo, 30 de abril de 2023

Retrô mensal #18: abril/2023

domingo, abril 30, 2023 2
Imagem: towfiqu ahamed, via canva.

Sabe quando você tem a sensação de que o mês foi longo porque você fez muitas coisas? Pois bem, assim foi o meu abril. Em muitos casos, passei o tempo resolvendo algumas pendências e trabalhando no meu lado artístico, por assim dizer. Foi corrido, foi animado, foi bom. E por aí?

Retrô de boa:

  • Cheguei à semana 10 do Caminho do Artista (agora, faltam 2 e eu nem acredito!). A semana 9 foi especial porque é nela que a gente relê as páginas matinais. Foi intenso e divertido;
  • Finalmente mudei a identidade visual do blog e da loja para algo que tenha a minha cara;
  • Cozinhei mais vezes (adoro cozinhar e quase nunca faço isso). Inclusive, fiz a receita de bolo de fubá que está aqui no blog;
  • Replantei a orquídea que ganhei da Mari Maiante e, aparentemente, ela sobreviveu no vaso novo;
  • Vi a Ana Paula Xongani e a Gabi Oliveira pessoalmente numa fala que elas fizeram sobre mulheres na interseccionalidade. Foi muito poderoso e transformador ouvi-las;
  • Me encontrei com a Carol Vayda duas vezes no mesmo mês. Carol é minha irmã de coração, então estar com ela é estar em casa; 💚
  • Coloquei as vacinas das gatas em dia;
  • Comecei a fazer aquarela;
  • Algumas pessoas entraram em contato comigo para falar que terminaram de ler o Rasgos Dentro da Minha Própria Pele e o feedback foi tão bonito! (Você pode comprar o livro autografado clicando aqui).
  • Fiquei sabendo que o pessoal de Guaratinguetá criou um coletivo para fomentar literatura depois da minha fala lá na cidade. A Juliana, poeta que escreveu um poema durante a minha fala, me mandou uma DM me contando, e eu quase caio de costas! Se vocês quiserem conhecer mais do trabalho do coletivo ou for da região e quiser participar, segue no Instagram: @coletivobaoba.guaratingueta.
  • Marquei o sarau de outono para 12 de maio. Em breve o link estará disponível na agenda e no canal


Retrô para melhorar:

De novo, ainda, a minha imunidade. Está complicado e, confesso, odeio ir a médicos. Estou melhor do que estava em março, mas ainda não estou 100%. Agora, estou ansiosa para tomar a vacina bivalente da covid. Ainda não chegou na minha faixa etária aqui em São Paulo, mas chegando, estarei no postinho. Você já se vacinou com a bivalente?

No Algumas Observações:

Abril foi um mês em que eu não segui muito do meu planejamento de vida, o que inclui o blog. Sendo assim, não fiz todos os posts que estão na minha cabeça. Por outro lado, o tempo que passaria escrevendo, cuidei das mudanças visuais por aqui, então meu trabalho de blogueira foi feito. hehehe Em maio, pretendo voltar ao cronograma certinho. O que tivemos por aqui:

Maio começa trazendo a tranquilidade de um feriado. Que o mês siga assim para todos nós. Nos vemos!😉
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domingo, 23 de abril de 2023

Mudanças e a nova identidade visual do Algumas Observações

domingo, abril 23, 2023 6
Foto por saadaamcadde53, via Pixabay


Há algum tempo algo me incomodava. Não sabia exatamente o quê ou seu porquê, mas a ideia que pula de um lado ao outro no trapézio que há na minha cabeça estava inquieta. Esse incômodo ganhou um cheiro, um sabor: o da necessidade da mudança. Entretanto, como se muda algo quando não se sabe bem o que precisa ser mudado ou como realizar essa mudança?

Resolvi voltar para a única pessoa que poderia encontrar esta resposta: eu mesma. O meu desejo de continuar a escrever por aqui e a falta de reconhecimento com a cara deste espaço andavam em dissonância, mas se sou eu que penso cada conteúdo que produzo, tinha que encontrar uma solução. Simples assim.

Resgate da minha essência

O Caminho do Artista, da Julia Cameron.


Resolvi tentar — pela quarta vez — fazer O Caminho do Artista, da Julia Cameron. Em nenhuma das outras três vezes, consegui terminar. Desta, porém, estava (ainda estou!) determinada. Além da cara do blog, havia outras perguntas perambulando no meu cérebro sem respostas. Sendo assim, na primeira semana de março, embarquei nessa jornada.

Voltar-se para dentro numa tentativa de viver uma vida mais produtiva e autoral é sempre muito desafiador. No meu caso, este processo tem me ajudado (estou na semana 9 de 12) a recolher alguns pedaços meus que ficaram no caminho (depois escrevo melhor sobre isso). Esse recolhimento me levou a olhar para a história do blog.

Se você é de casa há muito tempo, sabe que a identidade visual daqui começou bem colorida, divertida, descontraída. Conforme os anos foram passando e a vida acontecendo, eu fui perdendo a cor, ficando mais séria, mais básica, mais preto no branco. Amadureci e o meu site também. O Algumas Observações deixou de ter a leveza que tinha e recebeu a sobriedade da vida adulta.

Nada contra esta sobriedade com seus tons de preto e cinza. O problema, entretanto, é que essa não é a minha essência. Eu gosto do colorido, gosto de gargalhar alto, de gatinhos, de leveza. Ainda que a minha cabeça pense com profundidade em temas complexos, e eu escreva sempre sobre isso, gosto desse eterno montar de quebra-cabeças que é viver.

Sendo assim, resolvi juntar tudo isso e pensar como que a identidade visual nova do Algumas Observações me representa. Olhei o que tive no passado. Pensei no que faz sentido agora, afinal, não tenho mais os 20 que tinha quando abri o site. Reformulei tudo.

Nova Identidade Visual



O cinza escuro, o branco e o verde continuaram, assim como a máquina de escrever. Não me imagino sem eles. Entretanto, a paleta ganhou mais 9 outras cores, que são vistas no menu, nos links e nos novos ícones. Todos eles conversam com o que faço ou com quem sou: a tecnologia e a conectividade, no computador; o caderno e a caneta que, assim como a máquina de escrever, representam a escrita e a criatividade; a câmera fotográfica que é sempre companheira — seja no formato que for; livros — que escrevo e leio, meus ou de outros autores; o café e o chá, sempre prontos e quentinhos; gatinho para representar a Camomila e a Poesia, minhas gatas; balão de conversa com um coração dentro, porque eu busto a afetividade sempre que possível; avião de papel, com viagens concretas e inventadas; dente de leão, a delicadeza da minha flor preferida. As fontes também mudaram, trazendo a força da vida adulta e a intimidade afetuosa.

Aproveito e deixo o meu agradecimento à Ane Venâncio (do Profano Feminino) e à Ayumi Teruya (do Pandinando), que além de trabalharem comigo no Projeto Escrita Criativa, me ajudaram a traduzir as ideias que estavam na minha cabeça em imagens e a avaliar se elas estavam bacanas para quem visita o site.

Mudanças

Muitas mudanças estão acontecendo internamente. E como todo processo pessoal intenso, isso começa a reverberar no externo. Digo começa, porque sou uma "euquipe" e estou fazendo as mudanças —  o que inclui corrigir possíveis erros que apareçam —  na identidade visual aos poucos. Primeiro no blog. Depois, nas redes sociais. De qualquer modo, eu espero que você, que me lê aqui e na newsletter, goste de se sinta acolhido nesta minha nova fase. Aconchego é uma das minhas palavras preferidas e eu espero que você se sinta assim por aqui. 

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quarta-feira, 19 de abril de 2023

Invariável quando existir

quarta-feira, abril 19, 2023 4

Foto de Javier Allegue Barros, via Unsplash.

Haver é um verbo vindo do ventre da esperança que se questiona sobre o infinito expandido na minúcia particular. O que há de vir vai realmente chegar em forma de matéria ou de sorriso?

Haver verte o eco sonoro sincero de quem equilibra pureza e esperança como quem engole as lágrimas do medo para seguir em frente. Adiante, diante do mundo.

Haver é veste da deusa tríplice: Hécate poderosa que tem em si a donzela, a mãe e a anciã, que há e que por haver basta.

Haver é direto, transitando intransferível. Cena tragicômica de quem sente que é transporte de um coração que bate.



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quarta-feira, 5 de abril de 2023

Xingu e o encontro inesperado com a minha tataravó

quarta-feira, abril 05, 2023 5
Imagem: print do site do Instituto Moreira Salles. 
(A legenda da foto diz: "Aldeia Khĩkatxi do povo Khisêtje durante queimada provocada por não indígenas no entorno da Terra Indígena Wawi, parte do Território Indígena do Xingu, 2022. Foto de Renan Suyá/Rede Xingu+")


No último final de semana estive no Instituto Moreira Salles para ver a exposição fotográfica sobre o Xingu. Ao contrário de andar por lá do mesmo modo de sempre, fazendo stories no Instagram para levá-los comigo, me dei a chance de um exercício de presença mais profundo: deixei o celular na bolsa e estive ali, por inteiro.

Segundo consta, minha tataravó era indígena. Dela, a única informação que me chegou é que se casou com um imigrante italiano chamado Lino. Não sei seu nome, porque ela ficou conhecida na família como "a índia". Na época em que fui atrás dessas informações — para um trabalho de artes, na escola — não se falava da violência física, das violações dos direitos das mulheres indígenas, da brutalidade da colonização. Hoje me pergunto: minha tata realmente se casou, será que "casar" é mesmo o verbo? Ou será que ela foi forçada e violentada como aconteceu com a maior parte das mulheres indígenas desde a chegada dos portugueses? Concluo que muito provavelmente ela foi mais uma vítima.

Quem me narrou essa anedota foi minha tia-avó. Uma freira muito simpática que ouvia essas histórias enquanto brincava embaixo da mesa da cozinha na infância. Ela completou: "minha vó, sua tata, contava enquanto cozinhava. Eu não me lembro de muita coisa. Me lembro mais da minha mãe ajudando descascar a mandioca, do cheiro da comida do fogão à lenha, das brincadeiras. O Zezinho era mais velho, acho que ele sabia mais". Zezinho, meu avô, já tinha falecido há alguns anos. Não deu tempo de perguntar a ele. Talvez ele soubesse o nome da minha tata, e ela não tivesse se apagado com a História. Meu tataravô que me perdoe, mas não me importa muito saber o nome do colonizador.

Voltando à minha visita ao IMS, me calei para ouvir. A exposição está dividida em duas salas e, na primeira delas, há muito da produção audiovisual produzida pelos próprios indígenas do Alto do Xingu. Os filmes mostram cerimônias, rituais, arte e cotidiano de diferentes povos e são narrados num misto de português e línguas de cada um deles. Me calei para ouvir. Ouvir seus sons, suas fonéticas tão bonitas. Ouvir seus cantos, seus sonhos, suas lutas.

A cada filme, a importância da conexão: o cinema na aldeia que tem popularidade apenas quando o filme é lá produzido, as histórias registradas em livros de literatura infantil, os jogos em realidade virtual que ensinam cada um que por ali passa a conhecer seu território e preservar fauna e a flora existes, as fotografias que denunciam o avanço do agronegócio, rolo compressor por onde passa, derrubando matas, queimando tudo, poluindo os rios. Calei para ouvir, para me conectar com essa ansiosa busca pela minha ancestralidade perdida, para refletir como eu — da minha brutal insignificância urbana — posso fazer algo (nem que seja votando em que quer ver a floresta em pé).

A segunda sala traz trabalhos de não indígenas que foram importantes para garantir que brasileiros e pessoas do mundo pudessem saber mais sobre quem são os verdadeiros donos desta terra numa época em que a tecnologia não era rápida e muito menos havia internet. Ali, além de fotografias dos icônicos irmãos Villas-Bôas, de Alice Brill, de Henri Ballot, de José Medeiros e de Maureen Bisilliat, há uma parede com retratos de muitos líderes indígenas, a exemplo do cacique Raoni — figura tão importante de momentos históricos que vão desde a promulgação da constituição de 1988 à passagem da faixa presidencial ao Lula, no início deste ano — e uma nota que eu considero importante: o destaque ao aumento de lideranças de mulheres indígenas na luta pelos direitos de seus povos.

O que mais me chamou a atenção, contudo, é o trabalho primoroso que o IMS tem feito para identificar as pessoas retratadas nas antigas imagens. Há um painel na exposição em que as legendas originais foram refeitas, passando de algo genérico para os nomes próprios dos retratados. Alguns desses registros têm mais ou menos a minha idade e, diz as informações, os esforços estão sendo para continuar a identificar um número cada vez maior de pessoas.

Ler as duas legendas (a genérica e antiga versus a precisa e atualizada), lado a lado com as imagens, me emocionou de um jeito que tive que me segurar para não chorar dentro do museu. No fundo, pensando agora enquanto escrevo, o Instituto Moreira Salles fez aquilo que eu gostaria de ter feito na minha adolescência: ele deu identidade, deu nome, deu direitos. O IMS honrou essas pessoas, assim como eu gostaria de ter honrado a minha tataravó, assim como até hoje eu gostaria de saber seu nome e o nome de seu povo.

Apesar de acompanhar a situação dos povos originários e de seguir vários indígenas nas redes sociais, há tempos não pensava na minha tata. De certo modo, estar ali foi me ver de frente a esta incógnita do meu passado. Saí do museu movida por uma inquietação que ainda não sei nomear e por uma insatisfação que me fez dizer à minha irmã que preciso voltar ali de novo. Preciso ver e ouvir todos aqueles filmes com ainda mais calma. Preciso processar essa angústia por ver pessoas tão sábias e fortes tendo seus direitos violados por apenas querem o equilíbrio entre a nossa pequenez humana e a grandiosidade da natureza, por apenas quererem existir.

Para quem estiver em São Paulo, Xingu: Contatos vai até o dia 09 de abril. O Instituto Moreira Salles está localizado na Avenida Paulista, n°2424, próximo à estação Consolação (Linha 2-Verde), e funciona de terça a domingo, das 10h às 20h. Além dessa exposição é possível ver outras, ir ao cinema e visitar a belíssima biblioteca. As exposições são gratuitas.

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domingo, 2 de abril de 2023

Canal de transmissão do Algumas Observações no Instagram

domingo, abril 02, 2023 4
Foto de Benyamin Bohlouli, via Unsplash.


Oi, gente!
O post de hoje é mais um recadinho do que qualquer outra coisa. O Instagram liberou uma função nova há pouco tempo chamada "Canais de Transmissão". Algumas pessoas já têm acesso, outras não. Isso é bem aleatório, porque é assim que as coisas funcionam naquela rede. Como já liberaram para mim, criei o Canal do Algumas Observações por lá.

Como funciona?

Quem tem Telegram (agora também existe essa função no WhatsApp, mas o Telegram foi pioneiro), já está acostumado. Basicamente, na aba das DMs, há um espaço para enviar e receber mensagens. Ali, posso mandar, para um grupo de pessoas, mensagens de textos, de voz, fotos, vídeos e links. Quem recebe não consegue responder, mas tem acesso ao conteúdo postado. Não é um chat, porque só eu posso escrever, mas é uma boa forma de você receber conteúdo sem se dar o trabalho de ir atrás dele.

Como participar

💬O link está entre os balões 😉💬


Se você já tiver acesso à ferramenta, basta clicar neste link para ter acesso ao canal de transmissão. A participação no meu canal é gratuita (parece que há formas de criadores de conteúdo monetizarem com isso, mas não é o meu caso). O link também aparece no meu perfil para quem o Instagram já liberou os canais de transmissão.

O que eu compartilho por lá

Já foi conferir esse feed incrível?


Essa ferramenta é muito nova, então ainda estou experimentando formatos. Basicamente, sabe aquele link rapidinho de algo bacana que a gente viu e que gostaria que alguém soubesse? Ou o link de uma atualização daqui ou do Projeto Escrita Criativa? Um concurso literário, uma chamada de publicação aberta que parece bacana? Uma leitura bonita? Pois são essas as coisas que têm ido para o Canal do Algumas Observações. Aleatoriedades que eu amo. 

Mas o spam?

Assim como faço com a newsletter, evito ficar enchendo a caixa de entrada/DMs de todo mundo a todo momento. Eu odeio que façam isso comigo e tomo esse cuidado com vocês também. Então, seria muito bacana pra mim se você puder participar de mais uma forma de eu me comunicar com vocês.


Próximos passos

Gostaria de ouvir o que vocês gostariam que eu compartilhasse por lá. Tem um tema específico que vocês queriam que eu focasse? Deixa aqui nos comentários que eu já vou me pôr a pensar.

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quarta-feira, 29 de março de 2023

Retrô mensal #17: março/2023

quarta-feira, março 29, 2023 6
Dá pra acreditar que o terceiro mês do ano se foi?


Descanso e recuperação, assim foi o meu mês de março. Das quatro semanas do mês, passei três delas doente. Então, resolvi não brigar com isso. Nessas horas, a melhor coisa que posso fazer é ser amiga do meu corpo, não inimiga dele. 

Trabalhei o suficiente. Descansei bastante. Cumpri os propósitos que tinha de fazer O Caminho do Artista, mas falhei na missão de fazer os encontros nas semanas em que estive doente. Consegui escrever todos os dias do mês, mesmo doente. Isso me orgulha. 

Retrô de boa:

Eu lá na news da Bruna Corrêa. :)

  • Voltei a produzir conteúdo educacional para a Altissia (vai ao ar em breve). Adoro fazer esses freelas e estar em contato com pessoas do mundo inteiro;
  • Planejei um curso inteiro de escrita de crônicas. Em breve, novidades;
  • Tenho uma aluna nova, que é uma mulher que admiro muito: bem-vinda, Rê Vitrola (saiba sobre aulas comigo aqui);
  • Comecei o programa da Julia Cameron, O Caminho do Artista, e tive vários insights;
  • Terminei o primeiro caderno do ano;
  • Fiz um curso maravilhoso sobre literatura e identidade, com o Valmir Luis Saldanha da Silva (Via Casa Guilherme de Almeida);
  • Participei da newsletter da Bruna Corrêa falando sobre meu novo livro, Rasgos dentro da minha própria pele. Vocês podem ouvir a entrevista clicando aqui (aproveitem para se inscrever na news da Bru);
  • Finalmente organizei os fixados do meu perfil no Instagram e consegui explicar tudo o que faço profissionalmente. hehehe. Acho que eu consegui achar um jeito de falar de trabalho e de vida pessoal ao mesmo tempo no meu perfil e isso tem me deixado bem feliz, porque é algo que eu sempre quis fazer e não tinha achado como. Agora está bonito, está agradável e, o que considero o principal, está estimulando a minha criatividade! 
  • Fui ver comédia de stand up pela primeira vez e AMEI o show do André Assunção
  • Consegui reencontrar duas amigas queridas e ganhei presente de uma delas. <3

Retrô pra melhorar:

  • Minha imunidade hehehe. Sério, não aguento mais ficar doente. Acho que melhorar isso vai me dar mais energia para conseguir tocar as outras áreas da vida.
  • Outra coisa que me chateou foi ter que adiar o sarau de outono. Eu queria ter feito na troca de estações, mas não rolou, porque fiquei doente bem nessas semanas.

No Algumas Observações:

Carinha nova da minha newsletter. Se inscreve para receber! Escrevo uma vez por mês.


O mês foi cheio de posts incríveis, e eu estou muito feliz por ter conseguido manter a consistência na produção de conteúdo apesar dos percalços. Eu sei que falei sobre isso no mês passado, mas a questão é que eu luto muito para não deixar o blog. Além disso, em março rolou a volta da newsletter. Eu estou feliz demais de poder mandar um texto inédito no e-mail para cada inscrito. (Você pode receber se inscrevendo aqui.)

Que o outono traga bons ventos para todos nós.🍂

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domingo, 26 de março de 2023

{Resenha} Nos poros do espelho, de Mariana Maiante

domingo, março 26, 2023 0
Vem conhecer o livro da Mari! 💙


Em um mundo dual, uma poesia que abriga a possibilidade do "e": amor e desamor, morte e vida, casa e mundo, paz e caos. Assim é o Nos poros do espelho, livro de estreia de Mariana Maiante. O mais interessante é que essa amplitude de possibilidade é abrigada no mais ínfimo do dia a dia: no poro que reflete a nossa realidade, no poro da moldura estruturante do espelho.

Poemas "Vamos deixar tudo acertado" e "Por causa de você, menina", nas páginas 56 e 57,
do livro Nos poros do espelho, de Mariana Maiante.


Ao mergulhar na singularidade do dia a dia, a poética de Mariana Maiante nos provoca a olhar o mundo com a profundidade madura da vida adulta e com o olhar curioso da primeira infância, de modo que nós, leitores, paramos para refletir sobre nossa própria vida: é possível sempre se redescobrir.

Ao relatar a volta para o lar, as plantas na casa, um dia de sol, as lembranças e os sonhos conhecemos o universo interno desse eu lírico tão complexo. Já ao retratar as ruas, o mar, as canções, o porvir, os versos ganham um tom de crônica, uma vez que temos o olhar do eu poético que flana pelo mundo. Assim, os poemas de Nos poros do espelho ganham com facilidade o coração de seu leitor.

Poemas "O dobro das cebolas" e "Processos", nas páginas 32 e 33,
do livro Nos poros do espelho, de Mariana Maiante.


Apesar de retratar o cotidiano, mergulhar nos poros do nosso próprio espelho exige coragem. Ao ler o livro de Mariana Maiante, temos não só esse incentivo, mas também uma poeta que nos pega pela mão e, com sua potência, nos acompanha até o outro lado. 

Capa.


Livro: Nos poros do espelho
Autora: Mariana Maiante
Editora: Penalux
Páginas: 92
Sinopse/Apresentação: Há uma pitada de cronista que flana na poesia de Maiante: o interno (do sono, dos pensamentos, das memórias, do solitário, das plantas da casa) e o externo (das ruas, do mar, das músicas, das relações, do porvir) se entrelaçam nos apontando o que há de mais genuíno, o que se é de fato — não apenas o que se tem ou que se perdeu. Aliás, é tocante perceber como as perdas solidificam o que compõe esse espelho: não há apagamento de seu poro ou tentativa de conserto, mas a exposição dele como construção de uma identidade marcante e sólida. Cada verso, cada poema, cada vivência são únicos e devem ser — mesmo que a seu modo — celebrados como tal. Em um mundo cada vez mais dado a extremos, encontramos no eu lírico de Mariana Maiante a possibilidade do “e”. Amor e desamor, morte e vida, casa e mundo, paz e caos. Tudo convive, porque tudo tem permissão para passar pelo Poro do Espelho. Como poeta, Mariana foi capaz de se desnudar e encarar esta jornada. Agora, fica o convite para que o leitor também se transporte e se encontre refletido neste caminho de versos repleto de possibilidades. 
Compre o livro com a autora, via Instagram: @mari_maiante.
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Algumas Observações | Ano 17 | Textos por Fernanda Rodrigues. Tecnologia do Blogger.