Férias, ternura e ser emocionado
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Imagem por rud0070, via Pixabay. |
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Imagem por rud0070, via Pixabay. |
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Fotos feitas por mim, no Centro Cultural São Paulo. |
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Aquele em que o blog fez 18. 💖 |
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Vem saber das novidades! |
Junho é um mês muito especial para mim, porque eu abro o mês relembrando o lançamento do meu primeiro livro, A Intermitência das Coisas: sobre o que há entre o vazio e o caos, e fecho o mês comemorando o aniversário do meu blog, o Algumas Observações.
Como neste sábado, 08 de junho, eu celebro 5 anos de A Intermitência das Coisas, resolvi separar 5 curiosidades sobre o livro para compartilhar com vocês.
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Com os meus editores, Tonho França e Wilson Gorj, da Editora Penalux. |
O começo do A Intermitência foi um pouco caótico e sem pretensão.
Eu abri um arquivo de Word em que resolvi escrever um poema por dia. Depois de um
tempo, somei a alguns textos que havia escrito para uma disciplina da pós-graduação (Formação de escritores).
Foi apenas com esse conjunto que eu notei que havia um embrião de livro eu poderia
ser trabalhado.
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Parte dos muitos abraços que recebi no evento de lançamento do livro. |
Depois de mostrar o embrião de livro para a Ane Venâncio e para a Ayumi Teruya, minhas amigas com quem tive a honra de cofundar o Projeto Escrita Criativa, elas vieram com este ponto importante: são poemas sobre a intermitência. Algo que fica entre o vazio e o caos, o caos e o vazio. Me senti representada. Essa é, de fato, a essência da obra. Sendo assim, não foi tão difícil bater o martelo para o nome do conjunto de poemas.
Ao longo dos anos uma pergunta que eu sempre ouço é: Para quem
é o poema "Você" (página 21). Bem, a verdade é ele é o único poema que eu realmente considero
com essa temática de amor, mas ele surgiu de um exercício da pós-graduação que pedia
que a gente escrevesse um retrato. Eu escrevi um retrato de alguém que admiro de
forma artística, mas o tom saiu diferente. Gostei, não mexi no tom e aqui estamos
com os versos no livro.
Até escrever o livro,
eu nunca tinha parado para refletir sobre qual é o tema predominante na minha escrita ou
como ela se apresenta para o mundo. Juntar textos curtos (sejam eles contos, crônicas
ou poemas) em um livro, coloca seu autor para pensar nas unidades temáticas que
irão compor o trabalho. E como a minha cabeça ama pensar, levei isso para a vida.
Eu notei que meus textos, independentemente do livro, fazem esse ping-pong: vazio x caos; vida x morte; existência x produtividade; amor x desamor; natureza x intervenção humana; etc.; etc.; etc. Então, meu ponto agora tem sido como explorar essa minha grande temática de modos diferentes.
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Autografando no lançamento. |
Há um pouco mais de um ano, eu assinei um contrato com uma editora brasileira que também publica/vende na Argentina. O livro já era para ter saído, houve um pequeno atraso, mas eu ainda tenho fé que dê certo. (Na conversa que tive brevemente com o editor, nessa semana que passou, ele disse que vai dar.)
Ter um livro em español sempre foi um sonho, que eu espero que se realize em breve! Portanto, fiquem de olho nas novidades.
Playlist com leituras dos poemas, imagens do lançamento, live de 2 anos do livro, etc.
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O que você encontra neste livro. |
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Capa. |
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Foto de Jakob Owens, via Unsplash. |
Sou covarde até para a morte.
O lugar em que aprendi a jogar xadrez, em que retornei para celebrar o meu aniversário de trinta anos, não existe mais. Soube quando quis voltar lá e, simplesmente, fui impedida: portas e janelas fechadas. Nenhum José para, sequer, perguntar “e agora?”. O que fazer quando os lugares das memórias afetivas se vão? O aniversário de 30 foi um dos mais divertidos, isso porque foi simples. Também foi o ano em que ganhei balões. Aos 30 anos, foi a primeira vez que ganhei balões. Quase uma década depois ainda me emociono com a singeleza do gesto: uma tentativa simbólica do desejo de uma amiga-irmã de me ver a voar alto, de me ver indo longe. Já daquela partida, me lembro muito pouco. A lógica do jogo (de tabuleiro e do amoroso) nunca fez sentido na minha cabeça. Demorei para vencer (ganhei na quinta ou sexta partida), perdi no amor. Rebaixei na vida.
O importante é se manter em movimento. Subo a rua até a avenida, procuro outro lugar tranquilo para tomar um café e escrever. Peço um croissant e um café no maior tamanho possível. Os planos eram sentar, rever o eterno projeto do NaNoWriMo e retomar de onde parei. Continuar em movimento, mesmo sem planos, mesmo sem saber para onde ir. Contudo, minha cabeça fervilha mais do que antes, mais do que nunca. Por isso, esta crônica.
Como o croissaint na velocidade de quem não quer ser engolida pelo mundo, mesmo sendo atropelada constantemente por ele. À minha frente, um casal. Ela sem as sapatilhas; ele conversando e massageando um dos pés dela sob a mesa. Há amor e cumplicidade. Será que eles já perderam alguma partida de xadrez pelo menos alguma vez na vida?
Leio textos sobre Clarice e me pergunto se ela encontrou, afinal, a paz na palavra. A procura se findou com o último texto escrito, no ponto final de sua morte ou ainda continua? Quando eu olho para frente, não tenho mais perspectiva. Queria me tornar uma senhora feliz e entusiasmada, mas sigo aqui, uma jovem no fim da década balzaquiana com ar amargurado, que não sabe qual é o seu lugar no mundo. Será que há um lugar que caiba este latifúndio?
Durante a semana tive conversas duras. O mundo não é mais o mesmo. Tudo está morrendo. Ao mesmo tempo, o mundo continua sendo mundo. Se eu pegar os textos do meu poeta favorito, escritos há praticamente um século, lerei poemas, contos e crônicas sobre guerras e destruição da natureza. Todas as notícias da semana afirmam que nada sobra de novo no front.
Uma dupla se senta ao meu lado. Elas não param de falar sobre o assunto da minha fobia. Estou passando mal só de ouvi-las e não trouxe os fones de ouvido. Tento abstrair. Não quero ter que mudar de lugar, não quero ser rude. Sei que rugir sem motivo aparente é loucura, mas minha vontade é a de enlouquecer de vez, de morrer de vez, de acabar com tudo.
Um amigo me diz que isso é estar vivo, que a humanidade veio para se autodestruir, que é da nossa natureza, que não há jeito de fugir da essência que a nossa espécie traz em seu DNA. Minha psicóloga diz que é uma fase, que tudo vai passar, que é preciso erguer a cabeça, que esperança é fundamental, que vê potencial em mim e em tantas outras pessoas a quem ela atende, que tenho que tomar cuidado para não absrver o que não é meu. Mas a verdade é que cidades são arrasadas. Tudo morre numa velocidade assustadora. E eu não acredito em mais nada. Não me lembro mais das regras lógicas do jogo.
Questiono se Deus ou qualquer outra força maior existe(m). Retiro a culpa de Lilith e de Eva. Elas, mulheres como eu, feitas de barro frágil, obrigadas a carregarem o peso do pecado do mundo, o peso da ausência de perfeição. Retiro a culpa delas, como gostaria de fazer com as minhas. Refaço os caminhos do passado repetindo a mim mesma que eu fiz o meu melhor com as informações que eu tinha. Que eu estou fazendo o meu melhor com o que tenho hoje. Há uma fera que quer sair. Eu a prendo enjaulada. Há luta, há desgaste. Ela vaza pelos meus poros, heroina em sua própria jornada.
Enxaqueca.
Me forço a escrever mesmo assim, mesmo sabendo que estou me repetindo, porque hoje ouço demais para penetrar no reino das palavras. É preciso surdez para adentrar a este reino. A surdez da entrega que me falta. Me forço e me repito, porque também busco algo que não sei o que é. Me forço, por isso escrevo, mesmo sabendo que as portas do reino estão fechadas. Ouvi de um aluno do ensino médio que textos tristes são os melhores. (Não queria escrever coisas tristes, mas talvez essa seja uma das poucas coisas que sei fazer bem.) Concordo com ele e continuo. Me mantenho em movimento. Isso é importante. Me mantenho em movimento mesmo quando não sinto o movimento.
As amigas que estavam ao meu lado vão embora; o casal fofo à minha frente, também. Encaro a tela em branco. Fico sem ideias. Jogo “Chagall" no Google para ver as pinturas que tanto impressionaram Clarice. A leveza é tamanha que, em um dos quadros, a mulher flutua. Sinto vontade de pintar. Me lembro do pacote fechado de aquarela que tenho em casa, mas tenho dúvidas sobre o quanto possível fazer arte quando não se tem um teto todo para chamar de seu.
Tudo morre numa velocidade assustadora. A maré cheia é devastadora de sonhos.
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As três cofundadoras do Projeto Escrita Criativa: Ayumi Teruya, Ane Venâncio e eu. Inscreava-se aqui. |
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Foto de Stijn Swinnen, via Unsplash. |
Em tempos tão bélicos, a busca vira luta, batalha em trincheiras sem garantias de vencedores ou perdedores. Acordos diplomáticos são lançados ao vendaval catártico e, sem que se pense duas vezes, me vejo atirada ao chão. Balas perfuram o meu corpo violentamente, e tudo o que eu desejo é o pleonasmo de um fim que, de fato, se finde. O caos está longe de ser criativo. O desejo está longe de trazer tesão. Dor. Apenas a dor do medo. Apenas o medo da dor. Minha mente quer estancar tudo isso, mas meu corpo fora atingido. Soldier down, honey. Soldier down. É impossível me mover. É impossível pedir ajuda. Minha voz não sai, e mesmo que saísse, ninguém a escutaria. A esta altura, é improvável qualquer mísero movimento. Meus músculos não respondem mais ao comando do meu cérebro. Mesmo que respondessem, seria inútil. Meu cérebro desistiu de tudo. Melhor dizendo, meu cérebro desistiu de mim. Minhas sinapses estão exaustas de tanto lutar. Mais balas me atingem. Elas são cada vez mais velozes. Eu estou no chão. Eu continuo no chão. Meus pulmões se movem: o ar não vem. O vazio não se preenche do meu sangue: as minhas vísceras não se espalham. O fim não se finda. Balas seguem me atingindo. Há desespero na falta de explicação. Até a loucura seria uma alternativa mais simples. Corpo quente no solo frio. Tento mudar de estratégia: agora são bombas e mais bombas. Ninguém procura por ninguém: não há melhores amigos, tampouco desconhecidos, advogados, líderes espirituais, familiares ou qualquer quem que valha. Nunca houve coerência nos atos bélicos. Não há meios de descomplicar o confronto. Marte segue orbitando o Sol. Morro, entretanto continuo viva. Continuo viva.
Talvez, se eu tiver alguma espécie de sorte, os escombros se transformem em adubo.
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Vem conhecer o parque Severo Gomes. 💚🌳 |
Na entrada do parque há este banner com o mapa de localização.📌 |
E também há outro banner explicando sobre a bacia hidrográfica e o córrego Judas.🌊 |
Córrego Judas. |
Trilha de caminhada 🏃 |
Outro trecho da trilha.🏃 |
Uma das plaquinhas de sinalização de fauna. |
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Minha visão de quando estava sentada em um dos banquinhos. |
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Eu, bem millennial que não sabe fazer pose. 😂😅 |
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É claro que eu tinha que abraçar uma árvore! 🌳 |
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A gentileza mora no delicado do acaso. |
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Imagem por Francesco Ungaro, via Pexels. |
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Este texto nasceu da proposta de escrita do Projeto Escrita Criativa, cujo tema é: as palavras que ninguém diz. Para conhecer mais do Projeto, clique aqui. |
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Vem saber como foi o show do Nick! 💚 |
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Larger than life 💚 |
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Lia e eu. Foto tremida e feliz. 💚 |
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Da esquerda para a direita: Jake, Brogan, Nick e Zoux. |
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Esse casaco durou uma música, porque é verão. 😂 |
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Da esquerda para a direita: Pete, Jake, Nick e Brogan. (O que dizer dessa camisa meio Agostinho Carrara, meio Silvio Santos? 😂) |
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A guitarra verde veio 💚 (quem acompanhou a compra dela lá no Instagram?) e a bandeira do Brasil no palco 😍 |