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domingo, 16 de julho de 2023

Onde as ruas não têm nomes

domingo, julho 16, 2023 2
Foto que a Dani tirou de mim nas nossas andanças por Brasília.


Sou uma pessoa que gosta de mapas. Nos anos 90, quando os celulares não eram nada smart e as pessoas se viravam com o bom e velho guia de rua, eu ficava com a responsabilidade de ver onde era e como se chegava aos passeios que a turma queria fazer. Os pais das minhas amigas se sentiam aliviados por saberem que havia alguém que era quase uma bússola no nosso grupo. 

Mesmo depois da era da Internet ter se estabelecido, ainda fico com a função de guia e gosto dela. Guardo rápido os caminhos, os nomes das ruas e principalmente a direção em que as coisas estão. Nas viagens, eu continuo responsável pelo Google Maps, porque minhas amigas ainda são capazes de virar “à direita errada”. Talvez seja por tudo isso que eu tenha me sentido um tanto estranha, quando o avião aterrissou no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília. Veja bem, eu estudei o Plano Piloto durante um ano inteiro na minha graduação, sem nunca ter pisado no Distrito Federal. Sei qual é a influência barroca nas ideias do Niemeyer e do Lúcio Costa, então, quando o planejamento da viagem se concretizou, as expectativas de pôr os pés naquele chão estavam bem altas. 

Meu lado escritora, que adora enviar cartões de Natal, já havia me forçado a entrar em contato com o código postal brasiliense, ausente de logradouros — tão supérfluos para o Lúcio Costa: nada de rua, avenida, alameda, travessa. Brasília é trabalhada em código, o restante do mundo que lide com isso. 

— Fê, é só ler como na matemática. Brasília é um plano cartesiano. — Minha amiga insistia enquanto via a minha cara confusa. Segui sem compreender, enquanto acompanhava o carro se movendo no mapa do Waze, ainda perdida nos Qs, Ws, Ls e seus números. 

Naquela noite, resolvi que sairia para comprar o jantar. Descobri uma hamburgueria a 800 metros do hotel, coloquei o meu fone de ouvido e desencanei de ler o endereço. Segui na rua escura e deserta, com a mocinha do Google me dando instruções à moda brasiliense: “vire à direita na casa 38” de uma rua em que as residências não eram numeradas em sequência lógica. Dei uma volta a mais, completamente desnecessária, contudo comprei o meu sanduíche. 

O desafio veio mesmo quando tentei encontrar outra amiga no dia seguinte: 

— Me fala onde te encontrar, pego um Uber a gente se vê lá —, arrisquei em minha ousadia. Recebi o print do celular dela, com a localização: “Shis Qi 11 – s/n bl l lj 6/52. DF”. Cocei a cabeça, respirei fundo e escrevi o endereço no aplicativo. 

Mandei para ela o print com a minha tela do celular com suas seis — sim, SEIS — localizações diferentes do mesmo endereço. Como os brasilienses encontram o lugar exato da mesma quadra, eu não sei. No fim das contas, a Dani acabou indo me buscar, com medo que eu me perdesse na cidade brasileira onde as ruas não têm nome.


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quinta-feira, 23 de junho de 2022

Saiba como foi a mesa que eu participei na FLIG

quinta-feira, junho 23, 2022 10


Eu estava ansiosa. Muito ansiosa. Aquela foi a minha primeira mesa real oficial em um evento literário. Falar sobre literatura é algo que me move. Falar sobre como o meu olhar de pessoa negra atravessa o meu trabalho (seja como escritora, seja como educadora) é sempre algo que me deixa à flor da pele. Ao mesmo tempo que há dor, há emoção e há beleza também.

Abertura da mesa Negritude e Literatura Brasileira, na FLIG.


Como contei para vocês aqui, a mesa de que fui parte estava programada para o último dia da Festa Literária de Guaratinguetá e tinha como tema Negritude e Literatura Brasileira: novos horizontes no cenário literário. Além de mim, fizeram parte da conversa o poeta e romancista Gustavo da Cruz e a produtora de conteúdo digital Camilla Dias. A Camilla mediou a conversa.

Na abertura, a Camilla pontuou as diferenças entre as literaturas afro-brasileira e a negro-brasileira, dizendo que: "a literatura feita por pessoas negras não é uma literatura afro-brasileira. Há discordâncias, mas eu acredito e concordo com o filósofo e pensador Cuti, que diz que a literatura, ela é negro-brasileira." E acrescentou lendo um trecho das próprias palavras de Cuti:

"Denominar de afro a produção literária negro-brasileira, dos que se assumem como negros em seus textos é projetá-la a origem continental dos seus autores, deixando à margem da literatura brasileira, atribuindo principalmente uma desqualificação com base no viés da hierarquização das culturas. Afro-brasileira ou afro-descendente são expressões que induzem discreto retorno à África, afastamento silencioso do âmbito da literatura brasileira, para se fazer de sua vertente negra um mero apêndice da literatura africana. Atrelar a literatura negro-brasileira à literatura africana teria um efeito de referendar o não questionamento da realidade brasileira por esta última. E por último, quanto aos autores, o afro-brasileiro afro-descendente não é necessariamente um negro brasileiro".

Partindo dessa explicação, Camilla nos perguntou sobre a nossa produção, não apenas sobre as feridas que nós e nossos ancestrais carregam (ainda que elas existam e tenhamos tocado nesse assunto também). 

Foi uma honra poder conversar com todos!

Começamos falando um pouco sobre de onde vêm a nossa escrita. De onde vêm as ideias para as nossas escritas. Eu contei um pouco de como a escrita das cartas que minha mãe fazia para os meus avós durante a minha infância (num tempo sem internet, pois sou pré-histórica) me deixou com vontade de escrever e comunicar aquilo que sempre esteve na minha cabeça.

Falamos também sobre o quanto é importante ter referências, do quanto é difícil cavar o nosso espaço, porque muitas vezes as pessoas brancas esperam que escritores negros falem apenas sobre colonização e racismo. Foi ótimo reforçar que há muitas formas de ser uma escritora negra no Brasil e que não quero ter a responsabilidade de representar uma classe tão diversa (e que também acho muito opressor escolher um nome importante da literatura para representar toda a literatura negro-brasileira).

Juliana Maria, a poeta que me emocionou. 😭😍


Ao final, abrimos para perguntas. Uma moça (depois descobri que o nome dela é Juliana) pediu a palavra e disse que queria ler um texto que ela havia escrito enquanto ouvia a nossa fala. Esse foi um momento emocionante porque inspirar a escrita de um texto é sempre uma honra! O texto que ela escreveu diz o seguinte:

Eles esperam que eu fale de dor
E eu quero falar de passarinhos e café
Querem me impor uma identidade
Mais uma das tantas tentativas de desumanização
Porque eu não posso ter vontade, sensibilidade, emoção
É proibido a mulher negra falar de fé
É um absurdo uma mulher negra escrever sobre amor
Eles esperam que minhas palavras sejam navalhas e chibatadas
E eu quero falar do cheiro de mexerica no pé
Se minhas mãos não estivessem atadas
Pela militância que de mim esperam
Eu poderia voar, como passarinhos, mesmo com cor de café
Sem precisar gritar sobre lutas e lutos
Sem esquecer o que é, ser quem sou.

Para continuar lendo o que a Julina escreve, entre em contato com ela via Instagram: @julianissis.

Camilla, Aline, eu e Gustavo.


No fim da mesa aproveitamos para tirar uma foto com a secretária de cultura da cidade, Aline Damásio. Ficamos muito felizes por ver uma mulher negra ocupando um cargo de importância. Isso será sempre um motivo para celebrarmos! 🍻

Com os meus editores, Tonho França e Wilson Gorj.


Aproveito o post para agradecer os meus editores, Tonho França e Wilson Gorj, pelo convite. Ser escritora publicada pela Editora Penalux é sempre um deleite e uma honra. 💙

Esse dia foi lindo e vai ficar para sempre na minha memória. 💚 
Quem quiser ver alguns trechinhos da mesa, basta assistir à playlist abaixo: 



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domingo, 12 de junho de 2022

{Vou por aí} Um final de semana em Guaratinguetá

domingo, junho 12, 2022 12


Como contei para vocês neste poste aqui, fim de semana passado fui a Guaratinguetá participar da Flig, a festa literária da cidade. Hoje quero contar um pouco como foi a viagem e as minhas percepções. 

⚠ ATENÇÃO: Já aviso que vai ser um post bem diário bloguerístico raiz, porque assim me deu vontade. Pegue o seu café e fique comigo até o final!

Esta viagem foi duplamente especial. Primeiro porque foi o meu primeiro evento como uma escritora convidada. Segundo porque eu viajei com a minha amiga-irmã, Carol Vayda, pela primeira vez! YAY!

Carol e eu na FLIG :)


A gente se encontrou no Tietê bem cedo. A Carol é turismóloga e tem um projeto na internet chamado Dúvidas de Viagem (que vocês podem conferir aqui), então ela pôde gravar alguns takes para o conteúdo que ela está montando. A gente também tomou café juntas, o que foi bacana demais!

O trajeto durou mais ou menos 2 horas e meia. Nós fomos tagarelando daqui até lá! 😁

Tudo na cidade é muito perto. A rodoviária do centro. O centro do lugar do evento. Fizemos tudo caminhando, o que foi uma delícia. Ao contrário de São Paulo, que estava bem fria, Guaratinguetá estava com um solzão quente. 


Ficamos hospedadas no Hotel Kafé, que fica praticamente em frente à igreja matriz. Guaratinguetá é a cidade de Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro. Além disso, é coladinha com Aparecida. Então, o turismo religioso é bem forte. Depois de almoçarmos no Minuano (pense num bacalhau delicioso!) e de uma fatia de bolo na Sodiê, fomos até a casa que abriga um museu para o Frei Galvão.

O espaço é mantido pelos familiares do santo e conta a vida e as obras do Frei. É possível ver peças importantes — desde fotos aos pedaços do tronco da árvore onde ele dava aulas de catequese e dos ossos do santo — além de detalhes sobre os milagres que permitiram que ele fosse canonizado.

Igreja matriz.


A igreja matriz também é bem bonita. Grande e cheia de afrescos coloridos. Lá é possível falar com o padre e pegaras famosas pílulas milagrosas do Frei.

Por volta das três da tarde de sábado tudo fecha. São pouquíssimas as lojas que permanecem abertas. O comércio só reabre na segunda-feira de manhã. 

Pôsteres no restaurante Esperança.

Pessoa que não entende nada de cinema olha encantada para a parede do restaurante. 😂


Jantamos e almoçamos no dia seguinte num restaurante muito bonito chamado Esperança. Além de ter pizzas e buffet maravilhosos, o ambiente é todo decorado com pôsteres de filmes de diferentes épocas, o que confere um charme para o local. Assim como fizemos com o museu e com a igreja, também fomos ao restaurante caminhando.

Polaroid do jantar. :)


Por causa da minha participação no evento (assunto para o próximo post), acabei não conhecendo as trilhas ou indo ver a localização onde encontraram a estátua de Nossa Senhora Aparecida — que também fazem parte do turismo local.

Fica aí um motivo para voltar. E vocês, já foram até Guaratinguetá?
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domingo, 17 de abril de 2022

Suco de limão

domingo, abril 17, 2022 6
Duas jarras sobre a mesa com suco de limão dentro. Sobre a imagem, o título da postagem "Suco de Limão"
Foto por Ahmadreza Rezaie, via Unsplash.


Sempre que eu saio de São Paulo, aprendo um pouco sobre como a minha cidade funciona. Foi assim quando estive em Buenos Aires e me assustei com os comércios fechados aos domingos. Foi assim em Poços de Caldas, quando me vi diante de um grupo de pré-adolescentes andando sozinhos na rua de madrugada. E também foi assim em Brasília, quando não encontrei um mísero suco de limão.

Cheguei à capital do Brasil em época de seca. Há cinco meses os brasilienses não viam uma gota de chuva. Foi justamente a falta de umidade e a quentura do cerrado que invocaram o desejo mais profundo do meu verão: uma limonada geladíssima para refrescar o calor intenso.

Logo que entrei no carro, falei para a minha amiga sobre a tal vontade. Ela me levou para almoçar em um restaurante muito bonitinho, com suas mesas embaixo das copas das árvores e uma galera animada, que ouvia Sambô.

— Moço, têm suco de limão?

— Não, só de laranja.

— Então me traz uma água com gás, por favor.

— Quer gelo e limão no copo?

Olhei para a Dani com um ponto de interrogação na cara. Se tinha água e limão, por que não fazer a bendita limonada? Pensei um “isso daria confusão em São Paulo”, mas deixei para lá. Sabia que encontraria meu amigo de infância mais tarde no shopping. Lá mataria a minha vontade. Horas depois, chegamos no Pátio Brasil e, enquanto a Dani comprava um milk-shake, fui até o quiosque ao lado:

— Moça, você vende limonada?

— Não... Acho que só lá em cima, na praça de alimentação.

Liguei para o meu amigo para dizer que estava em busca do suco e que logo o encontraria. Antes disso, rodamos os restaurantes. Nada. Só mundos distintos em que água e limão não se misturam.

Depois de uma volta frustrada no shopping, entramos no restaurante chique, mais afastado dos demais, em que meu amigo estava. Não é possível que aqui não tenha, pensei esperançosa.

Cumprimentos foram e vieram, até que o garçom chegou:

— Mocinho, tem suco de limão?

— Não, tem de laranja. De limão, só soda ou água com gás e limão no copo.

Estava incrédula. Acabei pedindo a água com o limão no copo, para evitar problemas. Mas não podia acreditar como, numa terra tão quente, as pessoas menosprezam a limonada.

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terça-feira, 20 de agosto de 2019

{Vou por aí} Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba | BEDA agosto/2019 #20

terça-feira, agosto 20, 2019 4
Museu Oscar Niemeyer.
Um dos passeios interessantíssimos que eu fiz quando estive em Curitiba foi a visita ao Museu Oscar Niemeyer (MON), conhecido popularmente como Museu do Olho.

Museu visto de fora. Foto Mari Malfacini.

Projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, o MON abriga cerca de 7 mil obras de peças nas áreas das artes visuais, da arquitetura e do design, elaboradas por nomes importantes como Alfredo Andersen, João Turin, Theodoro De Bona, Miguel Bakun, Guido Viaro, Helena Wong, Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Oscar Niemeyer, Ianelli, Caribé, Tomie Ohtake, Andy Warhol, Di Cavalcanti, Francisco Brennand, entre outros.

Vista panorâmica de um dos espaços de exposição. Clique sobre a imagem para ampliá-la.
Maquete da Catedral Metropolitana de Brasilia, também projetada pelo Oscar Niemeyer.

Quem conhece as obras do Niemeyer sabe que ele era o arquiteto que gostava de contrastar retas e curvas. Este conceito não deixa de estar presente no museu que leva o seu nome. Lá, tudo foi pensado seguindo esses parâmetros.

Conversa de arquiteto. Texto de Oscar Niemeyer no museu que leva o nome dele.


Eu fique bastante impressionada com a variedade das instalações e com a organização espacial/arquitetônica do local. O prédio principal contém vários andares interligados por rampas e elevadores. Já o anexo (Olho), tem 30 metros de altura e é composto por quatro pavimentos. O acesso ao Olho é feito por um corredor no subterrâneo do museu. Além da área que abriga as exposições, o museu também tem uma loja de souvenirs e um café.

Túnel de acesso ao prédio anexo (Olho) do museu.
Sessão: Artistas do nosso acervo. Foto: Mari Malfacini.
Artistas do nosso museu. Foto: Mari Malfacini.

Foto: Mari Malfacini.

Lembrando também que o MON possui guada-volumes. Então é possível você turistar pela cidade e passar pelo museu sem ficar carregando bolsas e mochilas.

Museu Oscar Niemeyer

Endereço: Rua Marechal Hermes, 999 – Centro Cí́vico / CEP 80530-230 – Curitiba/PR
Telefone: 55 41 3350-4400
Funcionamento: de Terça a Domingo das 10h às 18h (acesso às salas até às 17h30)
Ingressos: R$ 20,00 (inteira); R$ 10,00 (meia-entrada para professores e estudantes com identificação; doadores de sangue; pessoas com deficiência; titulares da ID Jovem; portadores de câncer com documento comprovatório). Vendas na bilheteria ou clicando aqui.
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segunda-feira, 15 de julho de 2019

{Vou por aí} Relato de viagem literária: FLIP 2019

segunda-feira, julho 15, 2019 28
Paraty, Rio de Janeiro.
"O que me fez escrever foi o desejo de compreensão do mundo".
(Conceição Evaristo, 12 de julho de 2019, Casa Tag, FLIP)

"A literatura trata do que é a confusão das nossas vidas".
(Eliana Cardoso, 13 de julho de 2019, Casa Livre & Santa Rita de Cássia, FLIP)

Sabe quando você decide algo de última hora, se joga e só vai? Foi assim com a minha primeira vez na FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty). Resolvi viajar na terça de manhã, aos quarenta e cinco do segundo tempo, quando uma amiga disse que tinha uma vaga sobrando na hospedagem em que ela iria ficar, que não era longe do centro histórico e que não estava tão cara.

Paraty: pense numa cidade linda! :)

Corri com tudo o que era preciso adiantar de projeto de trabalho, fiz a minha mala, coloquei os meus livros para vender na mochila e parti na quinta de manhã para Paraty, sem ter muita certeza do que fazer. Além de não ter dado tempo de pesquisar da programação (um milhão de coisas pipocando na minha timeline, porque um milhão de amigos participaram tanto da programação oficial, quanto da extra-oficial, tudo ao mesmo tempo!), também acabei não pesquisando sobre a cidade e entendendo como ela funciona.

Antonio Prata e Djamila Ribeiro, na mesa Incorretamente Políticos, realizada na Casa Folha.

Na chegada, encontrei a Aline e entrei na fila com ela para ver a mesa Incorretamente Políticos, promovida pela Casa Folha, com a Djamila Ribeiro e o Antonio Prata. Costumo brincar que o meu eu-cronista sempre vai buscar respirar o mesmo ar que o Antonio Prata, para a inspiração literária vir. Já a Djamila me instiga de outro jeito, como mulher negra que conseguiu acessar um espaço que é tão preconceituoso e de difícil entrada para todos nós, negros, que é a academia. Ouvi-la, sobretudo, me dá forças para continuar a caminhada. 

O politicamente correto é um assunto que abrange complexidade com o advento das redes sociais. No Brasil, ser correto às normas  [racistas, homofóbicas etc.] não é ser correto. O recalque volta como sintoma. A eficácia do termo "politicamente correto" está enfraquecida dos dois lados, porque [esse termo] é mal visto. É uma maquiagem e um tapume contra o discurso de ódio. [Me pergunto] há uma solução? 
(anotações sobre a reflexão trazida pelo Antônio Prata) 

A Casa Folha estava lotada, e eu achei um pouco ruim a disposição dos convidados e do público, mas deu para ouvir e anotar bastante coisa, então foi válido mesmo assim.

Lugar de fala é diferente de representatividade. A representatividade é importante. Todo mundo é localizado socialmente. O homem branco não está acostumado a se localizar socialmente. O que significa fazer parte de um lugar em que tudo gira em torno do privilégio? Lugar de fala é, portanto, uma postura ética. As consciências dos lugares sociais são um processo de construção de empatia. O processo é doloroso, é incômodo, porque muitas vezes você se vê no lugar de opressor e tem que repensar as próprias atitudes.
(anotações sobre a reflexão trazida pela Djamila Ribeiro) 

Stéfhanie, do blog Nosso Relicário, e eu em frente ao projeto Ocupa Beauvoir.

Depois, voltei à Casa da Porta Amarela para comer algo e, sem querer, acabei conhecendo a Stéfhanie, do blog Nosso Relicário. A gente já se lia há algum tempo, então foi legal demais tê-la conhecido e me inteirar do clube de leitura que ela modera (vamos!). Foi com a Sté que eu fui a minha volta de reconhecimento pela cidade. A ideia era ver uma mesa da Natalia Timberman, no barco da FLIPEI, mas a programação se atrasou. Então fomos tomar um café, o que foi bacana, porque a nossa mesinha virou um mini ponto de encontro: primeiro, apresentei a Sté para a Jarid Arraes; segundo porque encontrei a Fernanda, uma professora amiga minha, que não via há uns 10 anos, pelo menos.

Nesse ponto, cheguei à conclusão que estar na FLIP é como viver longos dias de festa em que todos os seus amigos estão juntos. Tem coisa melhor que isso?

Socorro Acioli e Noemi Jaffe, na Casa Tag.

No dia seguinte dormi até um pouco mais tarde e acabei pegando metade da mesa da Noemi Jaffe com a Socorro Acioli na Casa Tag. Vi da janela mesmo (a casa estava lotada) e fiquei bem contente porque consegui perguntar a Socorro se ela virá à Flipop desse ano deu alívio saber que ela vem e que vou poder ouvi-la com mais calma de novo

O conselho dado por ambas escritoras é leia muito. Leia tanto obras de outros escritores, quanto o seu próprio texto, para trabalhar a reescrita. Para Noemi, é importante que o autor brasileiro conheça a Literatura Brasileira desde os primórdios até o que é produzido na contemporaneidade. Só assim: lendo e reescrevendo, que é possível se tornar um bom escritor. Já a Socorro acrescentou que é importante saber qual é a história que só você pode contar no lugar de seguir o que está na onda da vez do mercado editorial. 
(anotações sobre as falas de Socorro Acioli e Noemi Jaffe)


Mel Duarte abrindo a mesa com a Conceição Evaristo e Jarid Arraes. 

À tarde, voltei a Casa Tag  e, enquanto estava na fila para ver a Jarid mediando a mesa com a Conceição Evaristo, vi a performance feita na rua pelas escritoras do Slam das Minas RJ. Os poemas declamados foram tão impactantes que vale a pena passar no Instagram delas e ver os destaques "flip 2019".

Voltando à Jarid e à Conceição, o que dizer desse encontro? Ao estar entre autoras negras me sinto como se fizesse parte de uma grande família (e faço, não?). Momentos como esse é sempre viver dentro de um eterno abraço. Tão maravilhoso! Conceição disse que "foram os nossos que legitimaram a nossa voz", a fala dela endossa esse sentimento tão bom de ver alguém com tanta sabedoria compartilhando o que sabe (de literatura, de militância e de vida) com o público que estava ali presente.

Conceição Evaristo e Jarid Arraes autografando na Casa Tag.
'O discurso literário pretende mostrar o rosto de uma nação'. A literatura deve ser, portanto, completa em termos de representantes e vivências. A FLIP muda o rosto porque nós reivindicamos. (...) Nós sempre falamos, mas há vozes que falam mais alto que nós'. A autoria negra só chega à universidade com mais veemência a partir das afirmações, com acesso do público negro às universidades. Isso tem relação com as disputas de narrativa e com o medo com que nos colocamos. (...) Sendo assim, 'o nosso texto não pode ficar dentro do nosso limite. O texto de outro escritor faz parte da literatura brasileira, como o nosso [de autoria negra também faz]'. (...) 'O texto de autoria negra mostra um Brasil que as pessoas não querem ver. (...) A gente não quer colocar no branco um sentimento de culpabilidade, mas sim de responsabilidade, porque ainda são as pessoas brancas que estão no comando'.
(anotações sobre a reflexão trazida pela Conceição Evaristo) 

Retrato que fiz da americana Kristen Roupenian.

Permaneci na Casa Tag para ver a mesa seguinte, com a escritora americana Kristen Roupenian, autora do livro Cat Person e outros contos. Foi interessante demais para mim, que estou conectada a tantos escritores nacionais, entender como funciona o processo criativo de alguém que tem outra origem e vive outra cultura. Além de ser simpática ao extremo, Kristen relatou como lida com timidez em ter os seus textos lidos por tantas pessoas ao redor do mundo e como cria as suas narrativas. 

A questão é 'O que fazer com o desconforto? Como leitora, eu gosto de me sentir desconfortável'. Portanto, o processo criativo se dá a partir de algo ou de uma situação que instiga, que provoca, não a partir de um tema específico. Há histórias que nascem das duas formas: mais estruturadas, planejadas (mesmo que seja um planejamento apenas mental) e outras surgem de modo mais espontâneo. 
(anotações da fala da autora Kristen Roupenian) 

Estava tão fan girl que não tirei foto com a Lili.
Segue a dedicatória cheia de amor que ela me fez, deste livro que já estou devorando. 

Saindo da Kristen, fui tomar café com a Aline. Depois disso, voltei à Casa da Porta Amarela e lá conheci a Liliane Prata, que autografou o seu lançamento mais recente para mim, O mundo que habita em nós. Eu dei um exemplar do meu A Intermitência das Coisas para ela. Esse foi, sem dúvida alguma, o meu momento fan girl da FLIP, porque eu acompanho a Lili há muito tempo e foi legal dizer a ela o quanto tenho curtido o podcast (Proibido Fritar Pastel) e o quanto ainda estou impactada pelo episódio de estreia sobre o nada (ouçam e tirem as suas próprias conclusões!).

Talita Taliberti, do KDP, a escritora Eliana Cardoso e a editora Janaina Senna, da Nova Fronteira.

O meu terceiro dia de FLIP, começou na Casa Libre e Sta. Rita de Cássia, com a mesa da Eliana Cardoso, vencedora da 3ª edição do Prêmio Kindle de Literatura e a Janaina Senna, editora da Nova Fronteira. Eliana venceu a premiação com o romance Dama de Paus, que narra um assassinato e um suicídio numa cidade fictícia do noroeste de Minas Gerais. 

Durante a mesa, Janaina contou como funciona o processo de seleção da obras do Prêmio Kindle desde a inscrição no KDP até a publicação da obra (inscrições para o prêmio deste ano entre 15 de agosto a 15 de outubro, saiba mais aqui). Já a Eliana compartilhou de forma muito fofa como é o processo de escrita dela e o que é preciso para ganhar a premiação. 


Na ficção, a ideia nasce mais desordenada, por isso é importante ter um arco narrativo. Também é necessário estar aberto às críticas dos leitores e dos editores e ler, ler muito.  Aceitar o que o editor diz e fazer os cortes e adaptações necessários são impressindíveis para tornar o livro melhor. Indicação de leitura: O tempo envelhece depressa, de Antonio Tabucchi.
(anotações sobre a fala da escritora Eliana Cardoso) 

Poesia em outras margens, com Flávia Péret e Dennis Radünz.

Uma pausa para o almoço e, depois disso, caminhadinha com direito a sorvete e fotos pela cidade na companhia da Sté. Foi nessa voltinha que acabamos entrando no SESC (Unidade Santa Rita), e vendo o café literário "Poesia em outras margens", com Dennis Radünz e Flávia Péret. Pensem na grata surpresa. A Flávia, além de poeta, dá aulas de escrita criativa e vê-la compartilhando os seus conhecimentos como docente me trouxe muitas ideias para as oficinas de escrita criativa que eu leciono. Já o Dennis estabeleceu o paralelo entre a literatura e as outras formas de arte.

"Poesia tem muito mais relação com artes visuais, com música, do que com literatura, com muitas aspas na palavra literatura. (...) Quando a gente está falando de poesia ou de artes visuais, a gente está falando de política". 
 (Fala de Dennis Radünz sobre o fazer poético) 

Praia do Pontal, Paraty, Rio de Janeiro.
Já era o meio da tarde quando eu resolvi descansar um pouco. Estava exausta, cada amigo estava com uma programação diferente, e eu percebi que não conseguiria mais acompanhar nada de tão cansada. Então fiz o melhor que podia: caminhei até a praia, me sentei em uma das pedras, e passei boa parte da tarde contemplando a natureza. Há tempos não fazia algo assim e me reconectar com a essência foi ótimo para me reenergizar.

Sarau no barco Embarque na Poesia

Tinha planejado mais um sarau e uma mesa para o sábado à noite, entretanto, o frio me pegou de um jeito que, mesmo de casaco, comecei a passar mal. Fiquei triste de ter que sair no meio do sarau, porque três amigos meus estavam apresentando os seus poemas, mas senti que tinha que respeitar o meu corpo. Sendo assim, voltei, tomei um banho quente, depois fui comer e dormir para aguentar a viagem de volta no dia seguinte.


Admirando a cria o A Intermitência das Coisas em Paraty.
(📷: Stéfhanie Fanticeli)

Apesar de inesperada, a minha primeira Flip foi bacana. Ainda que não tenha ido com o propósito de vender os meus livros, consegui fazer algumas vendas, o que me deixou feliz por ter feito parte do evento também como autora. Ao voltar para casa, vi que a lista dos livros mais vendidos foi composta por negros e indígenas em sua maioria, o que é um marco para o mercado editorial brasileiro. Além de ser uma conquista e tanto para todos nós, dá orgulho de ter uma amiga ali no meio!

Enfim, a Flip foi um bom presente de férias. Agora, que venha a edição do ano que vem!

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Ah! Para quem quiser ver boa parte desses momentos, acesse os stories do meu Instagram, no destaque FLIP 2019
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sábado, 4 de maio de 2019

{Vou por aí | Vamos falar sobre escrita?} Flipoços 2019 - Parte 2

sábado, maio 04, 2019 45
Cerimônia oficial de abertura do Flipoços 2019.
Clique aqui para ler a parte 1.

Quem foi Júlio Cortázar?

Sérgio Monteiro e Emílio Fraia.
(Foto: Aline Caixeta)

Na sequência do primeiro dia de Flipoços, assistimos à mesa sobre a nova edição do famoso livro de Júlio Cortázar, intitulado O Jogo da Amarelinha. Quem contou sobre o processo de edição foi o Emílio Fraia, editor da obra que sairá em breve pela nossa parceira, a Companhia das Letras. 


O bate-papo foi muito interessante porque tanto o Emilio, quanto o mediador, Sérgio Montero, traçaram um panorama cronológico de como a literatura do Cortázar se construiu, até que ele chegasse na genialidade que encontramos em O Jogo da Amarelinha. Para quem não conhece, este romance trouxe uma inovação que até hoje chama a atenção: o leitor pode ler o livro na ordem em que os capítulos foram escritos ou seguir as instruções ao final de cada capítulo, de modo a fazer uma leitura não-linear do romance. Sendo assim, o leitor tem no mesmo livro múltiplas possibilidades de interagir com a obra.


Emilio Fraia comentando o impacto da publicação do livro O Jogo da Amarelinha, de Júlio Cortazar.
(Vídeo: Aline Caixeta)

A conversa entre os especialistas na literatura do Cortázar também enveredou pelas influências. Vimos o quanto o argentino se inspirou em grandes nomes da literatura mundial, a exemplo de Marllamé, James Joyce, Edgar Allan Poe e do brasileiro Haroldo de Campos; e como foi mestre de escritores contemporâneos, como Alejando Zambra e Roberto Bolaño.

Clique aqui para saber mais sobre as obras do Júlio Cortázar 
que a Companhia das Letras publicará aqui no Brasil.

Los grandes poetas del tango

Patrono do Flipoços 2019: Jorge Schwartz.
À noite, migramos da arena cultural para o teatro da Urca, com o objetivo de ver a cerimônia oficial de abertura do evento. Nela, vimos a fala do patrono deste ano, Jorge Schwartz e as premiações do Escritor Sulfuroso (Ramiro Canedo de Carvalho), da Escritora Sem Fronteiras (Katia Gerlach). Após as formalidades, tivemos o privilégio de prestigiar o trabalho do cantor brasileiro argentino, Lucas Cozzani, e da maestrina, Valderez Medina Ferreira, que apresentaram o espetáculo Los grandes poetas del tango.


O show apresentou a trajetória do gênero musical mais famoso na Argentina, a partir das letras de músicas mais famosas de Carlos Gardel e Astor Piazzola. Ali, o público pôde conhecer letras escritas em parcerias com autores famosos a exemplo de Pablo Neruda e Jorge Luiz Borges.

Autor e Personagem: um jogo de espelhos

Felippe Barbosa e Luís A. Delgado.
"O livro é a nossa rebelião interna".
(Felippe Barbosa)

No dia seguinte, foi a vez de pegar a palestra sobre literatura e escrita, com os escritores Felippe Barbosa e Luís A. Delgado, sob mediação da agência literária Aspas e Vírgulas. Nela, os escritores compartilharam dos seus processos criativos, dizendo como se organizam para a elaboração das narrativas por eles escritas.



Super bacana, não é mesmo? Para saber o que está rolando, em tempo real, acesse o meu perfil no Instagram, @fe_notavel, e veja o destaque Flipoços 19. 😉

Nas próximas postagens, conto mais do que vi e vivi nesses dias poços-caldenses.
Beijos e queijos! :*
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quinta-feira, 2 de maio de 2019

{Vou por aí | Vamos falar sobre escrita?} Flipoços 2019 - Parte 1

quinta-feira, maio 02, 2019 3
Flipoços 2019
O calendário de festivais e feiras literários foi aberto no dia 27 de abril, com o Flipoços 2019. Estive lá no primeiro fim de semana do evento e vim aqui contar tudo para vocês! Afinal, tem algo melhor do que viajar para uma cidade muito amor, como é Poços de Caldas, e ainda respirar literatura 24 horas por dia?

Assim como em 2017, dividi a viagem com a minha amiga e também escritora, Aline Caixeta (você pode conhecer o trabalho dela, acessando o Recanto da Prosa). Nós fomos como imprensa e chegamos à cidade um dia antes do evento começar.

Este ano, o tema do evento é Literatura sem Fronteiras. A ideia principal é exaltar não apenas a literatura brasileira, mas conectar os leitores com o que é produzido na América Latina, tornando o Flipoços um grande point de latinidade. Sendo assim, o símbolo escolhido para representar essa conexão foi a borboleta monarca, espécie presente em todo o globo.

O tema deste ano é Literatura Sem Fronteiras.

Encontrão dos Autores Sulfurosos

Escritores poços-caldenses.

O dia começou com o já tradicional Encontrão dos Autores Sulfurosos, que contou com a presença de mais de 20 autores poços-caldenses e teve como moderador o escritor Tadeu Rodrigues. A mesa começou com a exibição do documentário Café de Feijão Andu, produzido pela professora doutora Beatriz Sales da Silva, sobre a dona Flora, matriarca da comunidade indígena Xucurus Kariris.

Comunidade indígena Xucuru Kariri e professora Beatriz Sales da Silva.

A princípio, a ideia era que a professora Beatriz explicasse um pouco sobre o documentário e o livro escrito por ela, sobre o projeto. Entretanto, a comunidade indígena resolveu fazer um canto de agradecimento ao trabalho por ela desenvolvido e isso foi emocionante demais!

Depois, eu pude ver a minha amiga e companheira de Editora Penalux, Beatriz Aquino, falando sobre os seus dois livros: Apneia e A Savana e Eu.

Beatriz Aquino e eu. 




Literatura Sem Fronteiras — Encontro entre poetas

Encontro entre os poetas Calí Boreaz e Tadeu Rodrigues.

"A poesia mora no espanto". 
(Calí Boreaz)

O período da tarde foi do jeito que eu AMO! Repleto de poesia! Na arena cultural, vi a poeta portuguesa Calí Boreaz conversando com o poços-caldense Tadeu Rodrigues. Foi interessante perceber como a poesia é canal para mudar as narrativas em tempos de pressa. Nesse sentido, a Calí contou como a escrita poética teve a função de ajudá-la a compreender a vivência do exílio, e como o exílio é sempre um lugar de erro, um não-lugar.

"O poeta está no lugar de erro, porque o mundo está frio".
(Tadeu Rodrigues)

Nesse sentido, o Tadeu Rodrigues complementou essa ideia concordando que o poeta vive no lugar de erro, uma vez que a poesia é um gênero que vai na contramão da correria e desumanidade presentes no nosso cotidiano.



Os autores também fizeram as leituras de alguns dos poemas de seus lançamentos: Outono Azul a Sul (Calí Boreaz) e  A Utilidade do Rascunho (Tadeu Rodrigues).

As leituras começaram com a Calí Boreaz lendo (com o sotaque português maravilhoso!) "Para se ler no inverno", do Tadeu Rodrigues:



Depois, o Tadeu leu "Fortaleza", da Calí Boreaz:



Por fim, cada um leu um poema de autoria própria: Calí Boreaz declamou "Efeito Kahlo Kuleshov", já o Tadeu leu "Som".





Por fim, os autores autografaram os seus livros e conversaram com os leitores.

Quer saber mais, sem ter que esperar? Acesse o meu perfil no Instagram, @fe_notavel, e veja o destaque Flipoços 19. 😉

Nas próximas postagens, conto mais do que vi e vivi nesses dias poços-caldenses. 
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