Sempre que eu saio de São Paulo, aprendo um pouco sobre como a minha cidade funciona. Foi assim quando estive em Buenos Aires e me assustei com os comércios fechados aos domingos. Foi assim em Poços de Caldas, quando me vi diante de um grupo de pré-adolescentes andando sozinhos na rua de madrugada. E também foi assim em Brasília, quando não encontrei um mísero suco de limão.
Cheguei à capital do Brasil em época de seca. Há cinco meses os brasilienses não viam uma gota de chuva. Foi justamente a falta de umidade e a quentura do cerrado que invocaram o desejo mais profundo do meu verão: uma limonada geladíssima para refrescar o calor intenso.
Logo que entrei no carro, falei para a minha amiga sobre a tal vontade. Ela me levou para almoçar em um restaurante muito bonitinho, com suas mesas embaixo das copas das árvores e uma galera animada, que ouvia Sambô.
— Moço, têm suco de limão?
— Não, só de laranja.
— Então me traz uma água com gás, por favor.
— Quer gelo e limão no copo?
Olhei para a Dani com um ponto de interrogação na cara. Se tinha água e limão, por que não fazer a bendita limonada? Pensei um “isso daria confusão em São Paulo”, mas deixei para lá. Sabia que encontraria meu amigo de infância mais tarde no shopping. Lá mataria a minha vontade. Horas depois, chegamos no Pátio Brasil e, enquanto a Dani comprava um milk-shake, fui até o quiosque ao lado:
— Moça, você vende limonada?
— Não... Acho que só lá em cima, na praça de alimentação.
Liguei para o meu amigo para dizer que estava em busca do suco e que logo o encontraria. Antes disso, rodamos os restaurantes. Nada. Só mundos distintos em que água e limão não se misturam.
Depois de uma volta frustrada no shopping, entramos no restaurante chique, mais afastado dos demais, em que meu amigo estava. Não é possível que aqui não tenha, pensei esperançosa.
Cumprimentos foram e vieram, até que o garçom chegou:
— Mocinho, tem suco de limão?
— Não, tem de laranja. De limão, só soda ou água com gás e limão no copo.
Estava incrédula. Acabei pedindo a água com o limão no copo, para evitar problemas. Mas não podia acreditar como, numa terra tão quente, as pessoas menosprezam a limonada.
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Fê! Amei a forma como contou a sua busca pelo suco de limão. Essa minha eterna professora escreve muito bem! ♥
ResponderExcluirE gente que doido não ter limonada: o que custava? Mas espero que a água com limão tenha matado um pouco a vontade. E quando voltou para SP, conseguiu tomar? Espero que sim! E quando você me visitar aqui no Rio, já sei o que não pode faltar hahaha. :)
Beijos, Carol
www.pequenajornalista.com
Oi, Carol! :)
ExcluirAqui em SP sempre tem! hehehe Inclusive, teve para quando os amigos de Brasília vieram pra SP :)
Estou doida pra te visitar no Rio :)
Um beijo
Isso daria uma boa ouvidoria. Espero que tenha saciado o seu desejo. Eu, particularmente, faço um delicioso suco de limão.
ResponderExcluirBoa semana!
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Até mais, Emerson Garcia
Estava de férias, então não quis brigar! hehehehe
ExcluirConvida pra provar o suco que eu vou! ;)
Beijos
Tenho uma teoria sobre o porque da falta da limonada, mas ela também me parece frágil rs
ResponderExcluirAinda assim, adorei como você contou sobre a limonada que você não tomou em Brasília... A vida deu limões pra eles, mas eles não fizeram limonada, vai entender!
Um beijo! ;)
Conta tudo, amiga! hehehe
ExcluirPois é!
Beijos