domingo, 17 de abril de 2022

Suco de limão

Duas jarras sobre a mesa com suco de limão dentro. Sobre a imagem, o título da postagem "Suco de Limão"
Foto por Ahmadreza Rezaie, via Unsplash.


Sempre que eu saio de São Paulo, aprendo um pouco sobre como a minha cidade funciona. Foi assim quando estive em Buenos Aires e me assustei com os comércios fechados aos domingos. Foi assim em Poços de Caldas, quando me vi diante de um grupo de pré-adolescentes andando sozinhos na rua de madrugada. E também foi assim em Brasília, quando não encontrei um mísero suco de limão.

Cheguei à capital do Brasil em época de seca. Há cinco meses os brasilienses não viam uma gota de chuva. Foi justamente a falta de umidade e a quentura do cerrado que invocaram o desejo mais profundo do meu verão: uma limonada geladíssima para refrescar o calor intenso.

Logo que entrei no carro, falei para a minha amiga sobre a tal vontade. Ela me levou para almoçar em um restaurante muito bonitinho, com suas mesas embaixo das copas das árvores e uma galera animada, que ouvia Sambô.

— Moço, têm suco de limão?

— Não, só de laranja.

— Então me traz uma água com gás, por favor.

— Quer gelo e limão no copo?

Olhei para a Dani com um ponto de interrogação na cara. Se tinha água e limão, por que não fazer a bendita limonada? Pensei um “isso daria confusão em São Paulo”, mas deixei para lá. Sabia que encontraria meu amigo de infância mais tarde no shopping. Lá mataria a minha vontade. Horas depois, chegamos no Pátio Brasil e, enquanto a Dani comprava um milk-shake, fui até o quiosque ao lado:

— Moça, você vende limonada?

— Não... Acho que só lá em cima, na praça de alimentação.

Liguei para o meu amigo para dizer que estava em busca do suco e que logo o encontraria. Antes disso, rodamos os restaurantes. Nada. Só mundos distintos em que água e limão não se misturam.

Depois de uma volta frustrada no shopping, entramos no restaurante chique, mais afastado dos demais, em que meu amigo estava. Não é possível que aqui não tenha, pensei esperançosa.

Cumprimentos foram e vieram, até que o garçom chegou:

— Mocinho, tem suco de limão?

— Não, tem de laranja. De limão, só soda ou água com gás e limão no copo.

Estava incrédula. Acabei pedindo a água com o limão no copo, para evitar problemas. Mas não podia acreditar como, numa terra tão quente, as pessoas menosprezam a limonada.

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6 comentários:

  1. Fê! Amei a forma como contou a sua busca pelo suco de limão. Essa minha eterna professora escreve muito bem! ♥

    E gente que doido não ter limonada: o que custava? Mas espero que a água com limão tenha matado um pouco a vontade. E quando voltou para SP, conseguiu tomar? Espero que sim! E quando você me visitar aqui no Rio, já sei o que não pode faltar hahaha. :)

    Beijos, Carol
    www.pequenajornalista.com

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    Respostas
    1. Oi, Carol! :)

      Aqui em SP sempre tem! hehehe Inclusive, teve para quando os amigos de Brasília vieram pra SP :)
      Estou doida pra te visitar no Rio :)

      Um beijo

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  2. Isso daria uma boa ouvidoria. Espero que tenha saciado o seu desejo. Eu, particularmente, faço um delicioso suco de limão.

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está de volta com muitos posts e novidades! Não deixe de conferir!

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    Até mais, Emerson Garcia

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    Respostas
    1. Estava de férias, então não quis brigar! hehehehe
      Convida pra provar o suco que eu vou! ;)

      Beijos

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  3. Tenho uma teoria sobre o porque da falta da limonada, mas ela também me parece frágil rs

    Ainda assim, adorei como você contou sobre a limonada que você não tomou em Brasília... A vida deu limões pra eles, mas eles não fizeram limonada, vai entender!

    Um beijo! ;)

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Algumas Observações | Ano 17 | Textos por Fernanda Rodrigues. Tecnologia do Blogger.