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domingo, 13 de outubro de 2024

{Vou por aí} Niall Horan e The Show Tour

domingo, outubro 13, 2024 2
Bora saber como foi o show do irlandês mais fofo da Irlanda. 💚🍀



Era uma manhã comum.

Nunca fui de ouvir a One Direction, não porque não achasse a banda talentosa, mas sim porque ela se lançou numa época muito tumultuada da minha vida. A verdade é que eu parei mesmo para ouvir seus membros durante a pandemia — e fui parar e escutar os trabalhos solos dos meninos, especialmente Harry, Niall e Louis.

Naquela manhã comum, soube que Niall viria ao Brasil. Entrei no site e comprei o ingresso da pista comum, o mais barato, mais longe — deixei os lugares mais perto para as fãs de longa data. Aquele seria o meu primeiro show no Parque Ibirapuera: um momento inusitado em um lugar frequentado desde a infância.

*

Fez calor a semana toda, então não esperava muito a mudança repentina do tempo. Dos 30ºC da véspera, me vi no parque com um casaquinho de lã, encarando cerca de 15ºC. Estava nublado, ventava. Mas isso não era motivo de desânimo — pelo contrário, o clima mais fresco era bom para cantar e dançar sem passar mal com o calor da multidão.

Cheguei no horário da abertura dos portões. Ambas as filas — da pista premium e a minha, da pista comum — estavam longas. Fui sozinha. Eu me sentia a fã mais velha e isso parecia um pouco estranho. Os outros, mais velhos que eu, estavam acompanhando filhos. Eu fui porque acho as músicas do Niall muito bonitas.

As mais novas tinham laços coloridos no cabelo. Camelôs vendiam — não tanto às escondidas — cangas, bandeiras, os tais laços coloridos, botons e polaroids, enquanto tentavam se desviar de fiscais da prefeitura.

*

Quando a fila andou, a entrada foi tranquila. Logo vi as barracas de comida e bebida, bem como a estação de hidratação. Comprei um hamburguer, uma cerveja e uma água. Pedi licença a uma fã simpática e me sentei na outra ponta da mesa de piquenique. Comi feliz. Era uma comida cara, porém gostosa. Depois, fui buscar um local com uma visão boa. Fiquei longe da muvuca, embaixo de uma árvore frondosa, sobre uma raiz, que me deixava um pouquinho mais alta que as pessoas à minha frente. Ao meu lado, um casal de namorados. Acho que ele havia dado o ingresso de presente para ela. Antes do show de abertura, ele lhe perguntou: “Mor, você está feliz?”, ao que ela respondeu com um sorriso e um selinho.

Esqueci a minha canga, então a capa de chuva me serviu de tapete no chão de terra batida. Conforme foi escurecendo, a lua surgiu no céu e as nuvens se dissiparam.

Ao contrário dos outros shows que fui, as fãs do Niall não deram muita abertura aos sorrisinhos dados para o redor, sendo assim, me dividi entre conversar com as amigas no WhatsApp — enquanto ainda havia sinal de celular — e que ler um pouco no app do Kindle, até o início do show de abertura.

*
Clarissa se apresentando. Clique aqui para ver a setlist.


Não conhecia a cantora. Ela, muito jovem, me lembrou o início de carreira da Mallu Magalhães. Clarissa (@clapivara) cantou suas músicas, e foi ótimo conhecê-la e ver seu talento ao vivo. Cantou no gogó, estava muito feliz. Gosto de ver cantores felizes no palco. Ela disse que cresceu ouvindo One Direction e que se sentia honrada de abrir para o Niall. Dava para notar sinceridade e brilho nos olhos. Foi bonito de presenciar.

“Mor, você está feliz?”

“Muito” — o casal agora estava abraçadinho.

*

Niall entrou pontualmente no palco. A primeira pessoa que avistei foi a violinista. Há duas mulheres na banda. O violino trouxe aquele toque irlandês para os palcos que é gostoso de ouvir. Não pude deixar de me lembrar do Bono falando da conexão Irlanda-Brasil nessa hora. De algum modo, a vi ali, de novo, materializado na energia do Niall. Ele estava visivelmente feliz por estar de volta. As fãs estavam lhe abraçando com gritos entusiasmados e olhares carinhosos. Tudo estava se encaminhando pra uma noite perfeita.

E foi.

Achei muito bonito como as fãs fizeram uma gradação: quase um sussurro no set acústico e cantando a plenos pulmões todas as outras músicas.

“Niall, EU-TE-A-MO! Niall, EU-TE-AMO!” — ele tira o ponto do ouvido — “Niall, EU-TE-A-MO” — ele sorri de mostrar todos os dentes e responde, para a minha surpresa, em português — “Obrigado”.


*

“Mor, você está feliz?”

“Eu não sei como poderia ser mais feliz.” — ele seguia orgulhoso, ela notadamente tinha um sonho realizado.

*

Eu estava feliz também. Valeu a pena ter ido, mesmo que sozinha. O talento do Niall é bonito demais de se presenciar. O amor das fãs é daqueles que revigoriza. Foi uma noite feliz — mesmo tendo que esperar o ônibus por quase uma hora na volta pra casa. Cantei, dancei, chorei, ri e soltei vários "que fofo! Quero levar pra minha casa!". Assim com a Clarissa, a banda, as fãs de desde sempre e o próprio Niall, eu saí do show com um sorriso gigante, com o coração quentinho e com o desejo de mais um.


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domingo, 18 de fevereiro de 2024

{Vou por aí} Parque Severo Gomes, em São Paulo

domingo, fevereiro 18, 2024 30
Vem conhecer o parque Severo Gomes. 💚🌳

Aproveitei o feriado de Carnaval para explorar a cidade e ir visitar um parque que não conhecia. Localizado na Granja Julieta, na região de Santo Amaro, o Parque Severo Gomes faz parte de uma bacia hidrográfica e é cortado pelo Córrego Judas. Esse córrego faz parte do programa Córrego Limpo, que recuperou córregos e áreas de mananciais da cidade.

Na entrada do parque há este banner com o mapa de localização.📌


Apesar de ser um parque pequeno (tem uma área de 34.900 m²), principalmente para quem está habituado a frequentar o Villa-Lobos ou o Ibirapuera, ele não é cheio (como os outros dois) e tem sua área de mata bem preservada. Alí é possível ver espécies da flora e da fauna brasileira (um beija-flor passou por mim, colhendo néctar e batendo suas asas em alta velocidade), bem como chegar próximo ao córrego que o corta. Há plaquinhas informando aos visitantes quais são as espécies de plantas e de animais que estão ali, bem como sobre a bacia hidrográfica em que o parque está localizado.

E também há outro banner explicando sobre a bacia hidrográfica e o córrego Judas.🌊

Córrego Judas.

Dependendo da área em que se está, é possível caminhar em espaços de trilha de mata mais fechada, ou se sentar em alguns dos banquinhos de concreto em áreas mais abertas. 

Trilha de caminhada 🏃

Outro trecho da trilha.🏃

Na entrada ainda há banheiros (eu não entrei para conferir, mas no site da prefeitura há a informação de que os sanitários são com acessibilidade), um pequeno playground para crianças e uma estante com livros de literatura infantil. Há muitos funcionários ao longo do espaço e várias placas de sinalização, de modo que é fácil obter informações, caso necessário. Vi também que eles promovem algumas atividades específicas. No portão havia um banner dizendo que a próxima será uma corrida infantil. O site da prefeitura diz que lá também é ponto de coleta de recicláveis, de óleo de cozinha e de eletrônicos.

Uma das plaquinhas de sinalização de fauna.

Minha visão de quando estava sentada em um dos banquinhos.


O parque está interligado ao parque do Cordeiro e à Avenida Jornalista Roberto Marinho via ciclovia. Então, para quem gosta de pedalar, é uma boa pedida (há bicicletário, para quem for de bicicleta). Além disso, ele está localizado próximo ao centro comercial e ao Mercado Municipal de Santo Amaro. Sendo assim, é possível visitá-lo e depois fazer compras ou ir comer alguma coisa gostosa. Foi o que fiz, já que a minha visita foi relativamente rápida. 

Eu, bem millennial que não sabe fazer pose. 😂😅

É claro que eu tinha que abraçar uma árvore! 🌳


Parque Severo Gomes
Endereço: Rua Pires de Oliveira, 356 - Granja Julieta
Horário de funcionamento: diariamente, das 7h às 19h
Telefone: +55 11 5687-4994
Linhas de ônibus que passam por lá:
6422-10 – V. Cruzeiro – Term. Bandeira
6811-10 – Parque do Lago – Borba Gato
7245-10 – Term. Sto. Amaro – Hosp. das Clínicas
736G-10 – Jd. Ingá – Shopping Morumbi
756A-10 – Jd. Paulo VI – Santo Amaro
5730-10 - Largo São Francisco
5300-10 - Terminal Pq D. Pedro II
Mais informações: site da prefeitura, parque no google maps.

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domingo, 21 de janeiro de 2024

{Vou por aí} Nick Carter e a Who I am tour em São Paulo

domingo, janeiro 21, 2024 17
Vem saber como foi o show do Nick! 💚


Estou devendo alguns relatos dos últimos shows que fui e quero começar contando sobre o último, o do Nick Carter, que aconteceu na quarta-feira, 17 de janeiro, na Audio, em São Paulo. Confesso que quando o Nick anunciou que viria para o Brasil com a turnê Who I am, eu pensei um "vou comprar porque é o Nick", mas não me animei muito com a setlist que sabia que ele estava fazendo.

A proposta desta turnê é, contudo, muito interessante. O repertório é dividido mais ou menos meio a meio: metade são músicas que ele gravou seja em projeto solo, seja com os Backstreet Boys, a outra metade é de covers de músicas que o marcaram ao longo da vida. Essas canções são de grandes nomes como U2, Journey, AC/DC, Bon Jovi, Sting, Tears for fears e são apresentadas de modo intercalado ou, até mesmo, dentro do repertório dele; que nós, fãs, tanto amamos. Como covers não é algo que me deixa muito animada, comprei o ingresso mesmo para matar a saudade dele e para me divertir com as minhas amigas. (SPOILER: eu AMEI o show inteiro, incluindo os covers todos!).

Larger than life 💚



Cheguei lá perto da hora de abrir porque eu já tinha visto o Passenger lá na Audio e sabia que o lugar nem era tão grande. De onde eu o visse, o veria bem. Antes de começar o show, deu tempo de ir ao banheiro, comer alguma coisa, bater papo. Entre essas indas e vindas, avistei a diva, maravilhosa, rainha dessa internet toda, Lia Camargo e fui lá falar com ela. Conversamos um pouco. Falei como amo ser a tia do Fefê e dos gatin' e do quanto acompanho o trabalho dela desde que tudo era mato na internet (quem está aqui há anos deve se lembrar das dolls e do Just Lia). Tiramos 2 fotos. Nenhuma das duas ficou boa, porque claro que eu estava eufórica demais e tremi tudo.

Lia e eu. Foto tremida e feliz. 💚


O show começou, e o Nick fez aquilo que ele sabe fazer: entregar música e diversão de qualidade. É incrível como ele fica feliz tocando com a banda e como isso se reflete no quanto ele se joga no que faz. Na hora que ele subiu no palco, os gritos eram tantos que eu pensei que ficaria meio surda! hahaha It was not my first rodeo, mas fiquei surpresa com a empolgação de todo mundo. Posso dizer que foi uma coisa recíproca. Todos — nós, a banda e o Nick — estávamos muito empolgados por estar ali.


Nick cantando Don't you (forget about me) — do Simple Minds, 
falando com todo mundo e cantando 80's movie
na turnê Who I am, em São Paulo, Brasil.

Eu fiquei surpresa como o show foi simples (sem coreografias e parafernalias), mas MUITO bom! Eu amei os covers todos, em especial, o de Wanted Dead or Alive (do Bon Jovi).  Todo mundo com quem conversei amou o fato de ter mais músicas do Now or Never na setlist. Das dos Backstreet Boys, é incrível como Quit Playing Games até hoje me deixa no mesmo estado de felicidade que eu senti da primeira vez que eu a ouvi lá no fim de 1996/início de 1997. É ouvir os primeiros acordes e já ficar toda arrepiada!

Da esquerda para a direita: Jake, Brogan, Nick e Zoux.


Achei bonitinho ele agradecendo a força que todo mundo deu/está dando para ele no último ano. Para quem não sabe, o Nick é o filho mais velho de cinco irmãos. No final de 2022, ele perdeu o mais novo, Aaron Carter (que também era cantor) e no final de 2023, uma das irmãs do meio, BJ. Em 2012, ele já tinha perdido uma outra irmã, a Leslie. Ou seja, esses últimos anos foram bem difíceis tanto para ele, quanto para a Angel (a outra irmã deles todos). Apesar de ele ter apenas agradecido "pelo apoio nos tempos difíceis", para bom entendedor, meia palavra basta, não é mesmo?

Esse casaco durou uma música, porque é verão. 😂

Vale ainda reservar um parágrafo para a banda que veio com ele. Todos são músicos muito talentosos e muito simpáticos também. Particularmente falando, adorei como eles pensaram e refizeram alguns arranjos (Show me the meaning numa versão rock and roll, Superhero mais animadinha etc.). Para quem quiser conhecer mais dos músicos, a formação da banda é com o Zoux (guitarra, violão, teclados e vocais), o Brogan Dutcher (baixo), o Jake Michel Hayden (bateria) e o Pete Thorn (guitarra e violão).

Da esquerda para a direita: Pete, Jake, Nick e Brogan.
(O que dizer dessa camisa meio Agostinho Carrara, meio Silvio Santos? 😂)


Nick Carter cantando Show me the meaning of being lonely, dos Backstreet Boys, 
conversando com a banda e com a plateia 
(incluindo um trechinho de Oops! I did it again, da Britney Spears) 
e cantando Sharp Dressed Man, do ZZ Top,
 e We've got it goin' on, dos Backstreet Boys, 
na turnê Who I am, em São Paulo, Brasil.


A setlist completa foi: 
1. Intro / Big Trouble
2. Larger Than Life — Backstreet Boys
3. Everybody rules the world  — Tears for fears
4. Sunglasses at night — Corey Hart
5. Get over me — Nick Carter
6. Don't you (forget about me) — Simple Minds
7. 80's movie  — Nick Carter
8. I got you / With or without you — U2
9. Shape of my heart — Backstreet Boys
10. Wanted dead or alive — Bon Jovi
11. 19 in 99 — Nick Carter
12. You shook me all night long — AC/DC / Show me the meaning of being lonely — Backstreet Boys
~ Durante a conversa entre a música anterior e a próxima, teve duas linhas de Oops! I did it again — Britney Spears ~
13. Sharp Dressed Man — ZZ Top / We've got it goin' on — Backstreet Boys
14. Just want you to know — Backstreet Boys
15. I need you tonight — Backstreet Boys / Do I have to cry for you? — Nick Carter
16. Faithfully — Journey
17. Superman — Nick Carter
~ Enquanto ele trocava de roupa, a banda dele tocou Message in a bottle —  do Sting ~
18. Blow your mind — Nick Carter
19. Help me — Nick Carter
20. As long as you love me — Backstreet Boys
21. Quit Playing Games (with my heart) — Backstreet Boys
22. Made for us — Nick Carter
Encore:
23. I want it that way — Backstreet Boys
24. Everybody (backstreet's back) — Backstreet Boys

A guitarra verde veio 💚
(quem acompanhou a compra dela lá no Instagram?)
 e a bandeira do Brasil no palco 😍


Na saída, ainda vi o Flesch e troquei dois dedos de prosa com ele (enquanto todo mundo interrompia para perguntar da Beyonce). Ele também foi muito simpático comigo e com as minhas amigas. Contei pra ele que ele é a única notificação ativa, porque a vida de fã não para. hehehe

Que venham mais shows!😍💚
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quarta-feira, 8 de novembro de 2023

{Fotografia} Pausa para respirar #6

quarta-feira, novembro 08, 2023 18
Pausando as andanças para registrar o que há de bonito por aí. 


A pausa para respirar de hoje é com fotos de uma das minhas muitas idas à Avenida Paulista. Cartão postal da cidade, conhecida como "praia de paulista", a avenida é um dos meus pontos preferidos da cidade.

Caminhar, entrar em livrarias, parar para tomar um café, visitar os diversos museus e galerias de arte, assistir a peças de teatro e stand up, ir ao cinema. Ir a Paulista não tem erro, porque sempre tem algo acessível para todos que possa ser feito.

Caminhos. A vida está nos trilhos?


Desde que me entendo por gente, gosto de andar de metrô. Os motivos são vários: a velocidade, a praticidade, a limpeza, o poder ler enquanto vou, o observar as pessoas, o conversar com desconhecidos... Eu adoro, e acima há um registro disso.

Um poema da Stephanie Borges colado no poste. 


Adoro o fato de que as pessoas espalham poemas por aí. (Será que algum dia verei algum meu colado em algum lugar?) Este é um da escritora e tradutora Stephanie Borges. Vale a pena acompanhar o trabalho dela. Abaixo, o texto em detalhe:

Bonito, não? a @ está clarinha, mas quem fez foi a @pontoemverso.

Nesse dia, fui à Casa das Rosas para fazer algumas polaroids no jardim (tinha uma tarefa do curso de fotografia). Aproveitei e fiz a foto que segue:


A Casa estava em processo de restauração. Agora reabriu! YAY! Estou doida pra voltar lá e fazer mais fotos do espaço interno e dessa varandinha que ela tem e é uma graça. 😍 Do jardim, registrei uma rosa branca lindíssima: 

A natureza é tão bonita que sempre me espanta de um jeito bom.


Depois de ter feito a tarefa, segui andando:



Todos os caminhos nos levam para casa. 💚

Essas são algumas das minhas fotos. Mais para frente, trago mais cliques de lá.

Agora me conta, você também gosta de fotografar os seus caminhos?

Veja também: outras edições do Pausa para Respirar:
01 ⏯️ 02 ⏯️ 03 ⏯️ 04 ⏯️ 05 ⏯️

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quarta-feira, 9 de agosto de 2023

{Vou por aí | Achados fotográficos} A fotografia habitada de Helena Almeida

quarta-feira, agosto 09, 2023 12
Arte feita por mulheres sempre me anima! (Série Dentro de Mim, de Helena Almeida)


Eu adoro descobrir artistas que não conhecia. Sendo assim, fiquei feliz demais com a surpresa que tive ao visitar o Instituto Moreira Salles de São Paulo e me deparar com a exposição Fotografia Habitada: Antologia de Helena Almeida, 1969-2018, que apresenta o trabalho da fotógrafa e artista portuguesa Helena Almeida.

Nota biográfica sobre a Helena Almeida. O texto está na abertura da exposição.
(Clique na imagem para ampliá-la).


Pintura habitada, 1975, Helena Almeida

Esta moça desconhecida por mim estava realmente concentrada vendo Tela Habitada
(Helena Almeida, 1976). Achei tão bonito que fiz a foto.


Ouve-me, 1979. Obra de Helena Almeida.

Obra Ouve-me, 1979, de Helena Almeida e sua audiodescrição.


As imagens misturam fotografia, pintura, costura, desenho, som e imagem, de modo a provocar os sentidos. O modo como tudo se integra desperta a curiosidade de quem vê cada peça. Me chamou a atenção de que todas as fotos são retratos da artista mesma. Com cada autorretrato, Almeida provoca e questiona seu observador a perceber o sentir. Pensando que muitos destes trabalhos foram feitos numa época de ditadura, em que mulheres não podiam quase nada, o trabalho da artista fica ainda mais potente! Quem não ama uma mulher que quebra as regras em nome da arte?

Saída negra, 1981.
Helena Almeida construiu a peça usando um livro com fio de crina de cavalo e papel translúcido.


A exposição abre com o primeiro trabalho da autora e termina com o último. Então, é interessante andar pelos corredores tendo em mente esta trajetória que é também temporal. Há conjuntos de pequenas imagens e fotografias do tamanho de uma pessoa adulta. Esse contraste também é interessante ao provocar nossas perspectivas.

Tela rosa para vestir, 1969, Helena Almeida e sua versão tátil.

A curadoria é de Isabel Carlos. As obras têm audiodescrição e, algumas delas, uma versão tátil em relevo, de forma a serem acessíveis a todos.

Seduzir, 2002, Helena Almeida.


Para visitar:

Onde: IMS Paulista 
Avenida Paulista, 2424 São Paulo/SP
Próximo às estações Consolação (Linha 2-Verde) e Paulista (linha 4-Amarela)
Tempo em cartaz: de 8/6 a 24/9/2023 
Ingressos: Entrada gratuita
Funcionamento: de terça a domingo e feriados (exceto segunda) das 10h às 20h. 
Última admissão: 30 minutos antes do encerramento. 

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domingo, 16 de julho de 2023

Onde as ruas não têm nomes

domingo, julho 16, 2023 2
Foto que a Dani tirou de mim nas nossas andanças por Brasília.


Sou uma pessoa que gosta de mapas. Nos anos 90, quando os celulares não eram nada smart e as pessoas se viravam com o bom e velho guia de rua, eu ficava com a responsabilidade de ver onde era e como se chegava aos passeios que a turma queria fazer. Os pais das minhas amigas se sentiam aliviados por saberem que havia alguém que era quase uma bússola no nosso grupo. 

Mesmo depois da era da Internet ter se estabelecido, ainda fico com a função de guia e gosto dela. Guardo rápido os caminhos, os nomes das ruas e principalmente a direção em que as coisas estão. Nas viagens, eu continuo responsável pelo Google Maps, porque minhas amigas ainda são capazes de virar “à direita errada”. Talvez seja por tudo isso que eu tenha me sentido um tanto estranha, quando o avião aterrissou no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília. Veja bem, eu estudei o Plano Piloto durante um ano inteiro na minha graduação, sem nunca ter pisado no Distrito Federal. Sei qual é a influência barroca nas ideias do Niemeyer e do Lúcio Costa, então, quando o planejamento da viagem se concretizou, as expectativas de pôr os pés naquele chão estavam bem altas. 

Meu lado escritora, que adora enviar cartões de Natal, já havia me forçado a entrar em contato com o código postal brasiliense, ausente de logradouros — tão supérfluos para o Lúcio Costa: nada de rua, avenida, alameda, travessa. Brasília é trabalhada em código, o restante do mundo que lide com isso. 

— Fê, é só ler como na matemática. Brasília é um plano cartesiano. — Minha amiga insistia enquanto via a minha cara confusa. Segui sem compreender, enquanto acompanhava o carro se movendo no mapa do Waze, ainda perdida nos Qs, Ws, Ls e seus números. 

Naquela noite, resolvi que sairia para comprar o jantar. Descobri uma hamburgueria a 800 metros do hotel, coloquei o meu fone de ouvido e desencanei de ler o endereço. Segui na rua escura e deserta, com a mocinha do Google me dando instruções à moda brasiliense: “vire à direita na casa 38” de uma rua em que as residências não eram numeradas em sequência lógica. Dei uma volta a mais, completamente desnecessária, contudo comprei o meu sanduíche. 

O desafio veio mesmo quando tentei encontrar outra amiga no dia seguinte: 

— Me fala onde te encontrar, pego um Uber a gente se vê lá —, arrisquei em minha ousadia. Recebi o print do celular dela, com a localização: “Shis Qi 11 – s/n bl l lj 6/52. DF”. Cocei a cabeça, respirei fundo e escrevi o endereço no aplicativo. 

Mandei para ela o print com a minha tela do celular com suas seis — sim, SEIS — localizações diferentes do mesmo endereço. Como os brasilienses encontram o lugar exato da mesma quadra, eu não sei. No fim das contas, a Dani acabou indo me buscar, com medo que eu me perdesse na cidade brasileira onde as ruas não têm nome.


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quarta-feira, 5 de abril de 2023

Xingu e o encontro inesperado com a minha tataravó

quarta-feira, abril 05, 2023 7
Imagem: print do site do Instituto Moreira Salles. 
(A legenda da foto diz: "Aldeia Khĩkatxi do povo Khisêtje durante queimada provocada por não indígenas no entorno da Terra Indígena Wawi, parte do Território Indígena do Xingu, 2022. Foto de Renan Suyá/Rede Xingu+")


No último final de semana estive no Instituto Moreira Salles para ver a exposição fotográfica sobre o Xingu. Ao contrário de andar por lá do mesmo modo de sempre, fazendo stories no Instagram para levá-los comigo, me dei a chance de um exercício de presença mais profundo: deixei o celular na bolsa e estive ali, por inteiro.

Segundo consta, minha tataravó era indígena. Dela, a única informação que me chegou é que se casou com um imigrante italiano chamado Lino. Não sei seu nome, porque ela ficou conhecida na família como "a índia". Na época em que fui atrás dessas informações — para um trabalho de artes, na escola — não se falava da violência física, das violações dos direitos das mulheres indígenas, da brutalidade da colonização. Hoje me pergunto: minha tata realmente se casou, será que "casar" é mesmo o verbo? Ou será que ela foi forçada e violentada como aconteceu com a maior parte das mulheres indígenas desde a chegada dos portugueses? Concluo que muito provavelmente ela foi mais uma vítima.

Quem me narrou essa anedota foi minha tia-avó. Uma freira muito simpática que ouvia essas histórias enquanto brincava embaixo da mesa da cozinha na infância. Ela completou: "minha vó, sua tata, contava enquanto cozinhava. Eu não me lembro de muita coisa. Me lembro mais da minha mãe ajudando descascar a mandioca, do cheiro da comida do fogão à lenha, das brincadeiras. O Zezinho era mais velho, acho que ele sabia mais". Zezinho, meu avô, já tinha falecido há alguns anos. Não deu tempo de perguntar a ele. Talvez ele soubesse o nome da minha tata, e ela não tivesse se apagado com a História. Meu tataravô que me perdoe, mas não me importa muito saber o nome do colonizador.

Voltando à minha visita ao IMS, me calei para ouvir. A exposição está dividida em duas salas e, na primeira delas, há muito da produção audiovisual produzida pelos próprios indígenas do Alto do Xingu. Os filmes mostram cerimônias, rituais, arte e cotidiano de diferentes povos e são narrados num misto de português e línguas de cada um deles. Me calei para ouvir. Ouvir seus sons, suas fonéticas tão bonitas. Ouvir seus cantos, seus sonhos, suas lutas.

A cada filme, a importância da conexão: o cinema na aldeia que tem popularidade apenas quando o filme é lá produzido, as histórias registradas em livros de literatura infantil, os jogos em realidade virtual que ensinam cada um que por ali passa a conhecer seu território e preservar fauna e a flora existes, as fotografias que denunciam o avanço do agronegócio, rolo compressor por onde passa, derrubando matas, queimando tudo, poluindo os rios. Calei para ouvir, para me conectar com essa ansiosa busca pela minha ancestralidade perdida, para refletir como eu — da minha brutal insignificância urbana — posso fazer algo (nem que seja votando em que quer ver a floresta em pé).

A segunda sala traz trabalhos de não indígenas que foram importantes para garantir que brasileiros e pessoas do mundo pudessem saber mais sobre quem são os verdadeiros donos desta terra numa época em que a tecnologia não era rápida e muito menos havia internet. Ali, além de fotografias dos icônicos irmãos Villas-Bôas, de Alice Brill, de Henri Ballot, de José Medeiros e de Maureen Bisilliat, há uma parede com retratos de muitos líderes indígenas, a exemplo do cacique Raoni — figura tão importante de momentos históricos que vão desde a promulgação da constituição de 1988 à passagem da faixa presidencial ao Lula, no início deste ano — e uma nota que eu considero importante: o destaque ao aumento de lideranças de mulheres indígenas na luta pelos direitos de seus povos.

O que mais me chamou a atenção, contudo, é o trabalho primoroso que o IMS tem feito para identificar as pessoas retratadas nas antigas imagens. Há um painel na exposição em que as legendas originais foram refeitas, passando de algo genérico para os nomes próprios dos retratados. Alguns desses registros têm mais ou menos a minha idade e, diz as informações, os esforços estão sendo para continuar a identificar um número cada vez maior de pessoas.

Ler as duas legendas (a genérica e antiga versus a precisa e atualizada), lado a lado com as imagens, me emocionou de um jeito que tive que me segurar para não chorar dentro do museu. No fundo, pensando agora enquanto escrevo, o Instituto Moreira Salles fez aquilo que eu gostaria de ter feito na minha adolescência: ele deu identidade, deu nome, deu direitos. O IMS honrou essas pessoas, assim como eu gostaria de ter honrado a minha tataravó, assim como até hoje eu gostaria de saber seu nome e o nome de seu povo.

Apesar de acompanhar a situação dos povos originários e de seguir vários indígenas nas redes sociais, há tempos não pensava na minha tata. De certo modo, estar ali foi me ver de frente a esta incógnita do meu passado. Saí do museu movida por uma inquietação que ainda não sei nomear e por uma insatisfação que me fez dizer à minha irmã que preciso voltar ali de novo. Preciso ver e ouvir todos aqueles filmes com ainda mais calma. Preciso processar essa angústia por ver pessoas tão sábias e fortes tendo seus direitos violados por apenas querem o equilíbrio entre a nossa pequenez humana e a grandiosidade da natureza, por apenas quererem existir.

Para quem estiver em São Paulo, Xingu: Contatos vai até o dia 09 de abril. O Instituto Moreira Salles está localizado na Avenida Paulista, n°2424, próximo à estação Consolação (Linha 2-Verde), e funciona de terça a domingo, das 10h às 20h. Além dessa exposição é possível ver outras, ir ao cinema e visitar a belíssima biblioteca. As exposições são gratuitas.

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quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

{Vou por aí} Lenine e a turnê Rizoma em São Paulo

quarta-feira, janeiro 25, 2023 18
Que show mais lindo!


Virei o ano dizendo para a minha melhor amiga o quanto eu queria ver um show do Lenine. Quem me conhece mais de perto sabe que ele é um dos artistas brasileiros que eu mais admiro. Além de ser uma pessoa incrível, Lenine é um poeta de mão cheia, que tem apreço genuíno pela língua portuguesa e que tem umas sacadas maravilhosas nas letras que compõe. Sendo assim, eu fiquei radiante quando soube que ele faria 3 shows da turnê Rizoma no SESC Pompeia.

Estava tão ansiosa que abri o site para comprar os ingressos cedo. Na hora em que as vendas foram abertas, aquele sofrimento de fã de saber que tudo estava acabando rápido. Não consegui um ingresso na beira do palco como gosto, mas o teatro do SESC não é tão grande, então a visibilidade foi boa. E é aquilo: não importa o lugar, ver o Lenine sempre vale a pena.

Esse foi o primeiro show que fui com a minha irmã e a gente curtiu bastante. Foi bem diferente do primeiro que vi dele, porque foi no teatro e todo mundo tinha que ficar sentado. Recomendo ver o Lenine com espaço pra dançar, porque o show dele é cheio de músicas que faz com que a gente queira mexer o esqueleto. hehehe


Turnê Rizoma, SESC Pompeia, 21 de janeiro de 2023.


A Rizoma é uma turnê muito bonita. No palco, Lenine e o músico Bruno Giorgi (que também é filho dele e tão talentoso quanto o pai) passam pelos maiores sucesso da carreira do cantor — o que, no meu caso, evocou muitas memórias afetivas. Aliás, por falar em memórias, Lenine fez questão de dizer o quanto o espaço do SESC Pompeia é especial para ele e o quanto ele estava feliz por estar ali naquele palco. Ele também relembrou sobre como se sentiu só durante a pandemia e agradeceu a todos que assistiram às lives que ele fez. É uma pena que eu não tenha podido responder, mas o fato é que as tais lives foram parte importante da minha saúde mental durante 2020 e 2021. Cada uma delas me ajudou a não perder as esperanças de vê-lo de novo nos palcos, de estar de novo em uma plateia, de sentir a arte sendo absorvida por cada um dos meus poros, de ter a vida acontecendo.


Que honra é dividir o mesmo espaço-tempo com alguém como Lenine! QUE HONRA!


Estava ansiosa por ouvir uma das minhas músicas preferidas da vida, e ela foi a terceira de um setlist de mais de 20 canções. "Castanho" tem uma letra com muito do que eu acredito na vida, porque ninguém chega aonde chega sozinho. No caso de Lenine, isso não está só nos versos da música, mas também na vida: ele fez questão de agradecer a cada uma das pessoas envolvidas na turnê, desde as pessoas que cuidam dos instrumentos, do som e da iluminação, até os parceiros nas composições das letras das canções. 

Canções da minha dor
Canções do meu pesar
Canções do meu amor
Canções do meu amar
Quem agora é distante
Para não dizer
O que eu sou
Eu sou em par
Não cheguei
Não cheguei sozinho, não não
(Castanho, de Lenine)

 

Bruno e Lenine.


Pai e filho ainda nos brindaram com uma música nova. Assim, do nada, no meio do show. Preciso dizer o quanto amei? Já estou doida pelo próximo trabalho dele (que eu não faço ideia quando vem, porque ele não mencionou). 

Setlist do show que fui.


A única coisa ruim é que ao meu lado tinha uma mulher que não parava de gritar "Paciência" (o que é uma ironia, já que a única coisa que ela não tinha era justamente a tal da paciência). Ela passou 90% do show no WhatsApp e gritando "Paciência" (incluindo quando ele disse que iria cantar a música nova). Eu já estava me estressando (com a luz do celular dela e com a chatice também). Ela pagou pra ver um show, não para escolher o setlist personalizado. Lenine canta o que ele quiser, oras! Eu sei que eu já estava com vergonha alheia da criatura, ainda mais porque eu já meio que imaginava que ele deixaria "Paciência" por último (ele fez isso no outro show que eu fui e nas lives durante a pandemia), então me segurei pra não pedir para mulher deixar de ser chata. Sério, não seja essa pessoa que atrapalha o show alheio.

Bruno Giorgi e Lenine


De qualquer forma, nada estraga uma noite vendo um dos melhores cantores, compositores, músicos, ativistas, pessoas que este país tem. Nada! Agora, não vejo a hora de poder vê-lo de novo. 😉

Para saber mais:


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