quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

A última dança

quarta-feira, janeiro 29, 2020 6
Imagem de Scott Webb por Pixabay.

(John Mayer)

Pensei que a nossa despedida seria como em um conto de fadas: uma festa bonita em que você, elegante em sua roupa de gala, me tiraria para dançar. Rodopiaríamos ao som de uma música agitada por todo o salão e depois, no "dois pra lá, dois pra cá" terminaríamos agarradinhos. Meu ombro colado no seu peito. Seu coração batendo triste pela nossa desunião.

É claro que tudo aconteceu diferente. Tinha que ser assim, porque eu sou a protagonista deste conto. Eu sou aquela mocinha que foi programada para morrer ou terminar sozinha no final. Aquela que, involuntariamente, recebe os olhares de pena e um "oh" de dó. Nossa história não tem um final feliz, porque ela não é nossa.

Veja bem, aquele dia não foi uma festa. Aquele dia, a última vez em que nos vimos, foi um enterro. Talvez por isso tenha chorado tanto. Não era só a nossa relação que morria. Um pedaço meu era enterrado vivo, junto àquilo que eu julgava ser a nossa breve narrativa.

O jardim era bonito. O luar era bonito. O silêncio era bonito. Na verdade, o silêncio era lindo, porque era a nossa música. A ausência de som que respeitou a minha perda quando você me abraçou. Ao silêncio do luar devo o acolhimento das minhas lágrimas. Você não entendia, eu também não. Mas a minha intuição já me dizia: "não importa o que ele fale, esta é a última dança de vocês dois".

Vivi o luto. Talvez ainda o viva. Entretanto, tantos anos depois, a dor deu espaço a uma nostalgia que me impulsiona. Ainda que eu tenha enterrado um pedaço meu em ti e ainda que eu já não tenha mais aquele brilho no olhar, quero voltar aos salões em que eu sou a rainha de um sentimento puro e profundo. Como poder voltar a acreditar, contudo, ainda é um mistério que, por sorte, o meu lado sherlockiano está disposto a desvendar.

O tema do mês de janeiro de 2020 é "A última dança".
Para saber mais sobre o Projeto Escrita Criativa, clique aqui.

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domingo, 26 de janeiro de 2020

Best-seller

domingo, janeiro 26, 2020 6
Imagem de Yerson Retamal por Pixabay

Do rascunho ao livro
aquela história
tinha tudo para dar certo:

O telefonema,
o encontro,
a fuga para o lugar incrível.

(E as falas,
e as trocas de carícias,
e o silêncio.)

Desejos
incontidos,
incompletos:

Distintos,
Destintos.

No fim das contas,
contudo,
percebeu-se a icógnita
de uma matemática não fecha.

O "nós"
se transfigurou:

Cada um de um lado do sinal
que não é de igual.

Somos um livro bom
com um final difícil de engolir:

Infelicidade é sempre ruim.


Para saber mais sobre o Desafio Criativo, clique aqui.

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quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

{Fotografia} Pausa para respirar #3

quarta-feira, janeiro 22, 2020 6
Do dia em que parei para respirar no Ibirapuera.
Eita, pessoal!
2019 acabou e praticamente mais da metade do mês de janeiro se foi também. Tudo voando na velocidade da luz, não? Muita coisa aconteceu por aqui e eu vou deixar alguns fatos bem aleatórios nesta pausa que fazemos para respirar.

Cartão poético que fiz para a Elizza.
(Quem quiser também, está a venda na loja do blog)


É interessante notar como todas essas mudanças trazem cansaço, mas também trazem aquela sensação de "ready to say I'm glad to be alive".


Dentinho de vampirinha da Poesia.

Primeira selfie e passeio de carro do ano.

Camomila tirando uma soneca.

Clube de Escrita para Mulheres no Clube de Leitura da Livraria Cultura (encontro do livro Redemoinho em Dia Quente, da maravilhosa Jarid Arraes, que está ao meu lado na foto).
Amiga e escritora Elizza Barreto e eu no Clube de Leitura da Livraria Cultura. Nós duas queremos esta estante para gente.
Livraria Cultura, me nota!

Sigamos! Que o restante do mês seja produtivo e feliz.
Beijos e queijos!
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domingo, 19 de janeiro de 2020

5 canais no YouTube para aperfeiçoar o inglês aperfeiçoando a vida

domingo, janeiro 19, 2020 12
Imagem de StockSnap por Pixabay.
Oi, pessoal!
Vira e mexe alguém me pergunta como estudar inglês sem gastar muito. Normalmente, a resposta que eu dou depende muito de quem perguntou (porque eu busco uma estratégia que tenha a ver com o perfil da pessoa), mas hoje eu quero contar um pouco de como eu tenho feito para estudar.

Desde o final do ano passado para cá eu venho buscando atividades e estudos que me ajudem a viver uma vida com propósito. Não sou uma pessoa que gosta de luxo, mas que quer ter uma jornada tranquila e causar um impacto positivo não apenas na vida que vivo, mas também na das pessoas que me cercam. Sendo assim, passei a procurar sobre esse conteúdo no Youtube. Fico ouvindo os vídeos enquanto lavo a louça ou organizo as minhas coisas (férias, sempre tão maravilhosas!) e aproveito para refletir sobre a minha própria caminhada. São esses canais/vídeos que eu quero compartilhar no post de hoje.

Se expôr ao máximo à língua que queremos aprender é um dos melhores meios de internalizá-la. Quanto mais ouvimos em seus diferentes sotaques e ritmos (como acontece com as sugestões abaixo), mais nos sentimos preparados para as diversas situações que a vida pode nos oferecer. Sendo assim, se a sua meta para 2020 é estudar mais inglês, o conteúdo abaixo pode ajudar nesse sentido.

MuchelleB

O primeiro canal que quero compartilhar é o da Muchelle B. Ela é australiana e fala bem rápido, mas os vídeos dela têm a opção de legenda no YouTube. O que me chama atenção no trabalho da Muchelle é o fato de ela ser muito prática. Isso ajuda muito para quem não sabe muito bem por onde começar e precisa de um caminho. Abaixo deixo o vídeo em quem ela dá dicas de como melhorar o planejamento semanal (vou testar o que ela faz e depois conto para vocês se funcionou por aqui):




Lavendaire

O segundo canal que eu tenho acompanhado bastante é o Lavendaire, da Aileen. Ela se define como empreendedora e "artist of life". O que gosto bastante da Aileen é que além de compartilhar como ela se organiza, ela também mostra o conteúdo da vida pessoal dentro desta organização (o que funcionou ou não e o porquê). Dos vídeos que eu vi, este (abaixo) é um dos que mais gostei. Foi interessante porque eu tenho algumas amigas que também acompanham a Aileen, então pudemos conversar sobre tudo isso que envolve as técnicas que ela usa e sobre os nossos sonhos. Eu fiz esse exercício que ela cita no fim do vídeo (Current me x Future me). Estou doida para chegar no fim do ano e ver o que funcionou ou não.




Professional Wild Child

De todos os Youtubers desta lista, a que eu acompanho há mais tempo é a Zöe. Ela é dos Países Baixos e trabalha como nômade digital, então sempre traz alguma coisa sobre o lugar em que está no momento. Abaixo, um vídeo que ela gravou com o pai dela. Ele tem 70 anos e deu algumas recomendações sobre o que ele aprendeu ao longo da vida.



Matt D'Avella

O que gosto no Matt é que ele busca experimentar coisas que o tire da zona de conforto. O canal dele é cheio de "tentei tal hábito por tanto tempo" e ele costuma ser muito sincero no que funciona e no que não. O vídeo abaixo é um trecho de uma entrevista que ele fez, falando sobre ter menos coisas e mais espaço (físico, mental e na agenda) para viver uma vida mais plena.



Nathaniel Drew

O Nathaniel tem um estilo parecido com o do Matt no que diz respeito ao minimalismo e a tentar hábitos que quebrem a rotina. Gosto do slogan (?) do canal dele: In Search of Mental Clarity. Isso ressoa comigo, porque eu também estou nesta busca. Abaixo deixo o vídeo em que ele tentou vivenciar a rotina (insana) do Leonardo da Vinci, porque gosto disso de tentar o que os grandes mestres já fizeam.



Se vocês quiserem que eu traga mais conteúdos de estudo/aprendizado aqui para o blog, me avisem nos comentários. ;)
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quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

{Resenha} O ano do macaco, de Patti Smith

quarta-feira, janeiro 15, 2020 2
Imagem: Facebook da Patti Smith.
Assim como aconteceu com Devoção (o primeiro livro que li de Patti Smith), O ano do macaco me fisgou. Na obra a autora narra, de modo muito peculiar, seu 2016: o ano do macaco no horóscopo chinês. 365 dias que levaram consigo duas pessoas importantes da vida da autora, que foi marcado pela eleição de Donald Trump à presidência dos EUA, que trouxe o aniversário de 70 anos da escritora que também é ícone da música.

O livro é uma mistura de fatos reais, de sonhos e pura ficção. Ao contrário do que acontece em Devoção, essa miscelânea não tem fronteira clara. Pelo contrário, em O Ano do Macaco, não importa a fronteira de cada uma dessas fontes que compõe a história, é justamente o borrão que faz da narrativa intrigante. O leitor caminha ávido pela imaginação e pela biografia da autora, sem querer desvendar esse mistério, porque há outro maior: a própria vida o que a cerca.

Capa da versão estrangeira de O Ano do Macaco.
Como é possível ver mais abaixo, a capa brasileira (de Fabio Uehara) manteve a essência da versão em inglês.
Imagem: Facebook da Patti Smith.

"De manhã, bebi dois copos de água mineral, fiz uns ovos mexidos com cebolinha e comi em pé. Contei o dinheiro, pus um mapa no bolso, enchi uma garrafa d'água e enrolei uns pãezinhos doces num pano. Era o Ano do Macaco e eu havia me transportado para um novo território, numa estrada sem sombras sob um sol molecular". (página 64)

O Ano do Macaco é escrito com uma linguagem própria, poética. Poética não só no sentido das imagens que constrói, mas no modo de captar o mundo. E de lidar com ele. Como comemorar o aniversário quando se vê a vida dos dois melhores amigos - o músico e produtor Sandy Pearlman e a o escritor Sam Shepard - se esvaindo? Como lidar com o planeta ficando cada vez mais conservador? Uma saída talvez seja experimentar o presente (seja ele uma noite do sono, o restaurante preferido ou uma carona com um casal excêntrico). É isso que faz com que Patti atravesse 2016: ela carrega e transmite uma melancolia misturada a uma pequena dose de esperança. É isso que faz o leitor se afeiçoar tanto à sua obra.

Livro: O Ano do Macaco

Autora: Patti Smitt
Tradução: Camila von Holdefer
Páginas: 168
Editora: Companhia das Letras
Apresentação: Em O ano do Macaco acompanhamos uma Patti Smith prestes a completar setenta anos e precisando lidar com a perda de dois amigos queridos – seu mentor, o músico Sandy Pearlman, e seu referencial artístico da vida toda, o escritor e dramaturgo Sam Shepard. O ano é 2016. Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos e Patti, na estrada, atravessa o país fazendo shows, deixando-se levar por sonhos e delírios, adentrando a bruma de uma espécie de mundo das maravilhas muito particular, onde a lógica do tempo não existe e os mortos podem falar. Nessas memórias, a autora do aclamado Só garotos nos leva por uma delicada e surreal jornada ao coração de um dos períodos mais turbulentos de sua trajetória.
Livro no skoob. | Livro no goodreads.

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domingo, 12 de janeiro de 2020

Para onde vão os nossos bytes depois que a gente morre?

domingo, janeiro 12, 2020 8

Acordo antes do despertador. Pela luz que atravessa a cortina da pequena janela, sinto que não sou a única: o Sol já está de pé. A estrela mais importante da estação despertara cedíssimo, com o canto do bem-te-vi. A ave, por sua vez, resiste cantando na antena do vizinho mesmo tendo as minhas gatas a observá-lo.

Acordo, porém não sei se me desperto. Apenas sinto: natureza me diz muito do meu futuro. Raízes que voam, que se deixam levar pela corrente de ar quente. Raízes que vagueiam de forma planejada. Sou árvore, mas também sou águia. Sou águia e, também, guia.

Continuo na cama. Desafios, eles pipocam na minha mente acelerada antes que possa controlá-los. Na rapidez, pego o celular e rolo a infinita tela do Instagram. Se a vida não é infinita, para onde vão os nossos bytes depois que a gente morre?

Coloco o celular de lado e as minhas mortes rondam meus pensamentos. Não a derradeira, que fará meu coração parar de bater e meu cérebro parar de enviar seus impulsos neuronais, não. Penso na morte que nasce das pequenas coisas. O quanto de mim morreu ontem? O que sobreviverá de mim para o amanhã? Nascer e morrer. Cada verbo numa ponta do tempo de vida, mas tão interligados em suas oposições...

Minhas raízes sussurram a minha essência. Meus sonhos me empurram para o céu. O horizonte é o limite, mas por que ele é tão distante? O calor do sol me aquece, mas também me queima. Já quanto ao bem-te-vi, bem, ele continua cantando, sem pensar.

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terça-feira, 7 de janeiro de 2020

{Vamos falar sobre escrita?} Entrevista com o escritor Felipe Nani

terça-feira, janeiro 07, 2020 18
Vamos falar sobre escrita com o escritor Felipe Nani? ;)
Olá, pessoal!
No primeiro post da Vamos falar sobre escrita? de 2020, eu trago para vocês a entrevista com o escritor Felipe Nani, autor do recém-lançado Insânia. Nesta conversa, falamos não apenas da obra, mas também sobre o processo criativo do escritor e como ele vê o mercado literário.  Quer saber como foi? Então, confira abaixo!

Algumas Observações: Comente um pouco como foi o seu despertar para a escrita. Em qual momento você passou a se intitular escritor? Como foi para você deixar de ver a escrita como um hobby e passar a vê-la como um trabalho?
Felipe Nani: Em primeiro lugar, obrigado por abrir esse espaço para que eu fale um pouco mais sobre o meu trabalho e também obrigado pela disposição em ajudar. É com atitudes assim que nós fortalecemos nosso campo literário e artístico.
Desde muito novinho estive conectado à arte e suas formas, embora sempre houvesse uma grande resistência para que eu não praticasse ou exercesse nada voltado a esse segmento, no sentido de que, na minha realidade, como a de muitos, o caminho de fazer um curso profissionalizante em uma área tecnológica ou que tenha consolidação no mercado de trabalho é o caminho “certo” a ser seguido. Isso foi (ainda é) um fator determinante para que eu transitasse pelas beiradas em alguns segmentos artísticos. Comecei com a música, que me levou a escrever minhas primeiras poesias, isso eu tinha mais ou menos 9 anos de idade. Depois migrei para o desenho de HQ, onde comecei a rascunhar as minhas primeiras estórias de super-heróis. Como eu comentei, foi um momento em que tive que caminhar pelas beiradas, nada muito a sério, então entrei no ramo da indústria de energia elétrica e deixei de lado tudo referente a arte, isso com 14 anos. Por um acaso da vida, em um churrasco encontrei um amigo e começamos a falar sobre cinema, eu tinha 18 anos e naquele dia, e decidimos entrar em uma escola de teatro. Foi onde me reconectei com a arte, comigo mesmo e percebi que sou um artista. Nesse meio tempo atuei em cerca de 10 montagens teatrais. Foi no teatro, imerso em um processo criativo onde nós, atores e atrizes, por indicação da direção, éramos produtores da nossa própria dramaturgia, que veio a vontade de escrever e escrever. Essa foi a brecha para que eu voltasse a rascunhar estórias, crônicas e poesias, e passei a produzir os meus próprios textos como ator. Foi um momento extremamente importante para que eu entendesse que dentro de qualquer forma de arte que eu estiver, serei um contador de estórias, um criador de metáforas. Foi também um momento muito bonito onde percebi que não adiantava ficar sufocando meu sonho em um emprego em uma área que não me contemplava como ser humano. Fiquei um bom tempo para reunir um dinheiro para que hoje eu tenha uma folguinha para me dedicar a escrita.

Felipe Nani, autor de Insânia.

AO: Como é a sua rotina de trabalho com a escrita? Você estabelece metas para si mesmo? Você tem outras ocupações profissionais além da escrita? Se sim, como concilia os dois?
FN: Normalmente eu escrevo pela manhã, assim que acordo. Estabeleço um cronograma e horários para que eu também não fique apenas na escrita, já que também tenho outras atribuições. Sou estudante de Game Design e atualmente estou trabalhando como designer e redator freelance para que eu consiga ter uma renda para manter e consolidar o meu sonho de ser escritor. Eu basicamente tenho o meu cronograma e uma tabela de horários onde tenho que ter disciplina para cumprir.

AO: Você tem alguma formação literária, estuda por conta própria ou escreve de maneira intuitiva? Como é o seu processo de busca por aprimoramento profissional?
FN: O Insânia foi um romance que veio de forma totalmente intuitiva, eu não sabia sequer o que era uma estrutura de 3 atos. Foi um experimento que surgiu de um sonho (pesadelo). Naquele dia acordei de madrugada fazendo anotações e dizendo para eu mesmo “Eu preciso escrever esse sonho”. Assim surgiu um romance. O Insânia veio em um momento em que as emoções provocadas pelo teatro estavam pulsantes, e eu estava consumindo muita literatura e dramaturgia. Só após terminar o livro que percebi que eu precisava me “profissionalizar”, no sentido de que eu precisava entender mais sobre os processos de escrita e sobre o que a teoria poderia me ajudar para que as minhas próximas estórias sejam melhores. Eu não acredito que é necessário o conhecimento teórico ou ser um acadêmico para ser um escritor, mas toda teoria que é aprendida com certeza ajuda a concatenar o caos criativo, que é extremamente importante para a criação artística.
Nessa busca por estudar mais a fundo, fiz diversos cursos de roteiro e de como contar estórias. Fiz curso com o André Vianco, Nano Fregonese, Thiago Fogaça e por aí vai. Fora os livros clássicos de roteiro e também sobre psicologia, que me deu uma base muito legal de como entender melhor a mente humana.

Felipe Nani no lançamento do seu livro, Insânia.

AO: Ainda falando sobre o seu processo de criação, quais são os desafios diários de ser escritor? (Como você lida com a procrastinação? Com medo de não corresponder às expectativas? Às vezes bate aquela sensação de insegurança, sensação de não ser bom o bastante? Como você vence os bloqueios criativos de modo geral?)
FN: O maior desafio que enfrento é uma cobrança minha para comigo mesmo. Todos os dias vêm aquelas questões: “Será que vou conseguir viver de escrever?”, “Será que o Insânia vai vingar?”, “Será que terei que voltar a trabalhar em uma área que eu não gosto apenas pelo salário?”, “Tenho que fazer um novo livro o quanto antes”. São pensamentos que minam a minha energia e que acabam gerando esse medo do amanhã. O que me faz voltar a pôr os pés no chão é entender que esse é um processo árduo e que exige muito trabalho. Sempre que me vem essas crises, que também são normais, eu penso que tenho que transformar o medo em trabalho, em possibilidades de fazer acontecer. Minimizar o máximo que eu posso o depender da “sorte”.

AO: Falando do texto em si, o que você mais gosta de escrever? Como funciona o seu processo de pré-publicação dos seus escritos e o que você acha importante fazer antes de soltar um texto no mundo?
FN: A primeira coisa é ler, reler e reler mais uma vez. Só me sinto seguro de mostrar algo quando tenho a sensação de que eu gostaria de ler aquilo que escrevi. Após isso eu mando para os meus amigos mais íntimos e minha parceira, a Lídia, são aquelas pessoas especiais que falam sem receios quando está “ruim” e fazem apontamentos construtivos. Eu os chamo de meus leitores beta. Depois eu volto, lapido mais um pouco e deixo reservado para que um dia eu publique. Aprendi que apagar também é escrever.

AO: Quantos livros você tem publicados? Você pode falar um pouco sobre as suas obras?
FN: Por enquanto publiquei apenas o Insânia, que vou deixar a sinopse e mais informações sobre a obra logo na sequência [Ver no final da entrevista]. Ah, e estou me planejando para publicar minhas poesias e crônicas em um blog, mas isso é um projeto para um futuro próximo.

AO: Qual é o papel das redes sociais para o seu trabalho de escritor? Como é a sua interação com seus leitores na Internet?
FN: Acredito que para novos escritores e escritoras as redes sociais são imprescindíveis para que os projetos deem certo. É um campo onde encurta drasticamente os espaços e intermédios que haveriam sem ela. Pelo menos, no meu caso, sem as redes sociais, o Insânia nem estaria engatinhando como está hoje. Construir uma audiência e uma conexão com seguidores/leitores é a única maneira, ao meu ver, de levar o oficio de ser escritor para frente nos dias de hoje. As formas de se conectar e de se relacionar estão muito diferentes de dez, vinte anos atrás, então devemos nos atentar e aproveitar o lado positivo que essas mudanças fornecem e nos atentar com o lado negativo é intrínseco a questão virtual e superficial que permeia o campo das redes sociais. É claro, não deixando de lado que é muito importante participar de eventos, conversar com as pessoas e passar o livro de mão e mão.

AO: Como você vê o mercado editorial para os novos autores? Quais são os principais desafios para quem quer publicar?
FN: Ainda é um mundo muito novo para mim. Cada dia estou aprendendo uma coisa nova. Acredito que estou conhecendo os maiores desafios, que é o de fazer o livro chegar até as pessoas e de que as pessoas ao redor encarem o ato de escrever um livro e produzir conteúdo literário é um trabalho que precisa ser remunerado, como qualquer outro. Como autor independente e desconhecido é muito difícil que as pessoas apoiem ou se interessem pelo trabalho. Para a pré-venda do Insânia fiz um projeto no Catarse para cobrir os gastos que tive com a publicação, que não foi nada barato e tirei do meu bolso para realizar. Nesse período de campanha, pude ter o feeling de muitas situações que rondam esse meio literário e alguns até similares com o das outras formas de arte. Como por exemplo em que as pessoas estão muito mais interessadas em criticar tecnicamente do que de fato consumir a estória. Também existe o lado de não entender que escrever um livro é um trabalho, que necessita de tempo e dinheiro para que vingue e se sustente. Acredito que precisamos abrir formas de diálogo para que esteja mais claro que as manifestações artísticas, deslocadas do eixo industrial e convencional de se ter uma fonte de renda, é sim um trabalho. Quando eu fazia teatro, dedicava o meu dinheiro e tempo em estudos e ensaios, no momento de apresentar as pessoas pediam ingresso gratuito para assistir as peças. A mesma coisa aconteceu e acontece com o livro. Ninguém é obrigado a consumir a arte de ninguém, mas precisamos evidenciar essa questão que barra o crescimento dos artistas, para que haja um campo de maior respeito e disponibilidade para que artistas sobrevivam do seu ofício.

AO: Quais são seus projetos futuros?
FN: Bom, eu tenho um projeto de ensaios, que venho escrevendo faz algum tempo, mas não sei se está no momento de lançar, acredito que eu tenho que viver mais, construir um público com romances antes de eu lançá-lo. Estou em um processo de criação de um romance novo já faz 1 ano e posso adiantar que ele está um pouco pesado, estou pesquisando formas de deixar a leitura menos chocante e mais densa, não será um terror ou horror, é um livro de suspense/thriller e estou muito ansioso para terminá-lo, mesmo sabendo que é um processo árduo e que exige muita persistência e paciência.

AO: Deixe o seu recado para os leitores do Algumas Observações.
FN: O recado que eu gostaria de deixar é: Obrigado por ter lido essa entrevista até aqui. Obrigado, Fernanda, pelo espaço cedido. Me acompanhem nas redes sociais, pois é só o começo da minha carreira como escritor. Nós, apaixonados por literatura, vamos olhar com mais carinho ao redor, pois há muita gente bacana produzindo coisas legais por aí, não falo necessariamente de mim. É só entrar nos projetos de financiamento coletivo ou ir em feiras de autores independentes, tem muito material lindo e de qualidade sendo feito. Vamos dar uma chance para os artistas independentes e novos que estão por aí precisando do nosso apoio.

→ Para acompanhar o trabalho do Felipe Nani, acesse o Instagram do autor clicando aqui ou lhe escreva no e-mail contato.felipenani@gmail.com.

Sobre o Insânia

Criação do livro

Significado de Insânia:
1. Condição de insano; demência ou delírio;
2. Ausência de juízo; imprudência ou insensatez.
(Etm. do latim: insanĭa)

Por quê, Insânia? Insânia é um substantivo que transita entre um quadro patológico, como insanidade e demência. Insânia contempla também um estado psicofísico, oriundo do campo das escolhas, como a imprudência e a insensatez.

Escolhas, patologias. E o que acontece quando essas escolhas parecem não serem realmente escolhas? E sim, um arrastar de braços, feito pelas mãos duras de algo que está além da compreensão necessária para que sequer possa ser enfrentado as claras, sem a névoa intensa do mistério.
E se fosse você convidado pela floresta a se aventurar em seu interior denso e desconhecido?
Para isso, escolhi o Parque Anhanguera para ser palco do Insânia, pois ele fez parte de minha infância. Onde a vida teceu muitos momentos bons, mas em contrapartida, deixou em mim um grande receio do que há dentro daquela mata fechada, com diversos pontos perigosos, que em qualquer caminhada um pouco mais desatenta, poderia fazer facilmente eu me perder dentro dessa imensidão e sabe-se lá o que poderia acontecer. Existem boatos e histórias tenebrosas de pessoas que se perderam lá dentro.

Insânia é uma obra composta de muitas premissas, muitas perguntas, e as respostas são o fragmentar da realidade a partir de um ponto de vista, que é o de Otávio. A infante aventura e curiosidade foi o maior dos chamados que colocou Otávio e seus amigos na direção dos piores de seus pesadelos. Descobriram que fora o pior, a partir do momento em que a dor não parou ao abrirem os olhos. O que resta é a dúvida de que se realmente tudo isso fora mesmo uma escolha feita por cada um.

Sinopse da obra

Dois garotos disputam uma corrida de bicicleta no parque da cidade. Otávio, que está liderando, é surpreendido com o ataque de uma ave misteriosa que o tira da pista, fazendo-o cair dentro da floresta. Ele e seu amigo Caíque, envolvidos pelo medo e mistério da floresta, descobrem uma cabana que até então ninguém havia descoberto.
Esse encontro curioso com o desconhecido desperta pesadelos cruéis que parecem tomar forma física além da imaginação de Otávio. Apavorado e sem explicações, é convencido pelos amigos de escola a investigarem juntos o que de fato existe dentro dessa cabana e qual os limites de seus sonhos. Será tudo uma brincadeira fruto de sua mente ou realmente os jovens estão brincando com o fogo do sobrenatural?

→ Para comprar o seu exemplar de Insânia e recebê-lo com dedicatória e marca-páginas personalizado, clique aqui ou entre em contato direto com o autor via Instagram. Para comprar no formato e-book, clique aqui.

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domingo, 5 de janeiro de 2020

2020 e as minhas metas (conscientes)

domingo, janeiro 05, 2020 30
Não estava nos planos fazer um post sobre metas, mas aqui vaí.
Hoje choveu por quase todo o dia. Gosto da chuva porque ela me traz tédio. O tédio, por sua vez, me faz pensar: o que me faz ter um dia bom, um mês ótimo, um ano incrível? A primeira palavra que me vem é tranquilidade. Foi com esse sentimento em mente — e com tudo o que vi de planejamento do ano no YouTube — que tracei as minhas metas para os próximos anos.

Ter a mente tranquila, para mim, envolve vários aspectos (que eu coloquei na Roda da Vida que eu fiz no dia 1º), que precisam estar em equilíbrio. Sendo assim, busquei ter ao menos um objetivo de curto prazo (para 2020) para cada área. Organizar o micro para refletir na composição do meu eu. Minha lista de metas para o ano ficou assim:

1. Equilíbrio emocional: continuar na terapia e voltar a meditar;
2. Saúde e disposição: fazer o Pilates e incluir alguma outra atividade física na rotina;
3. Desenvolvimento intelectual: terminar a pós, definir um projeto de mestrado, aprender mais sobre finanças, voltar a estudar inglês e alemão;
4. Realização e propósito: fazer um bom ano no trabalho, dar aulas de escrita criativa e inspirar pessoas a criarem;
5. Recursos financeiros: comprar apenas o necessário, guardar dinheiro;
6. Projetos: terminar o meu próximo livro, voltar a trabalhar com afinco no Projeto Escrita Criativa;
7. Família: impor limites de modo gentil (eu sei que eu sou bruta);
8. Amor: colocar a cara ao sol (ninguém vai me conhecer se eu continuar enfurnada em casa);
9. Vida social e amigos: quero cuidar mais das minhas amizades porque eu fui muito relapsa com os meus amigos nos últimos dois anos;
10. Hobbies e diversão: ir ao teatro mais vezes, celebrar o meu aniversário, (aprender a) andar de bicicleta;
11. Plenitude: fazer os meus encontros com o artista; equilibrar trabalho e outras áreas da vida;
12. Espiritualidade: meditar, escrever no diário, prestar atenção nas sincronicidades e ouvir a minha voz interior.

O lema para o meu ano é Coragem. Sei que estou repetindo o mesmo de dois anos atrás (dois ou três? Não me lembro), mas me lembrar de ter coragem me ajuda a levantar a cabeça, trazer para 2020 apenas o que for importante e a enfrentar tudo o que for preciso daqui até 31 de dezembro.

Definição de Coragem, do Dicionário Houaiss (clique para ampliar).

E você? Muitas expectativas, planos e trabalho para 2020? Me conta nos comentários! ;)
Beijos e queijos! :*
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Algumas Observações | Ano 17 | Textos por Fernanda Rodrigues. Tecnologia do Blogger.