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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

I am alive at thirty-three

quarta-feira, fevereiro 12, 2020 10
U2 na Joshua Tree Tour, em SP.
Uma porta range. Não sei bem o porquê, mas o barulho me faz lembrar o início de uma das músicas do U2. O som que me sobressai é praticamente a primeira lembrança de Hold me, thrill me, kiss me, kill me. Esse ranger me pega pelas mãos e me toma num assalto. You're a star.

Penso nos dois encontros que tive, nas duas vezes em que pude ver o Edge. Estávamos ali: ele no palco; eu, na plateia. Focados no som, trombávamos um no outro, por meio daquelas ondas. As mesmas que ele via nas praias do sul da França dos anos 90.

The Joshua Tree Tour em São Paulo. Foto: U2.com.

Uma nova década começou. 2020: o ano do Sol, segundo os místicos. Ano de renascer e das novas criações (para criar, busco as minhas origens, mas não alimento as expectativas. Aprendi que a prática é o que importa aqui: trabalho duro, como na execução de um concerto).

A porta range novamente me lembrando do quanto os meus sentidos captam o mundo. Os caminhos se abrindo. Algo eleva a minha alma de uma maneira aparentemente inexplicável. Quero vibrar com o solo de guitarra. Quero viver com a força de quem sabe que está cantando a sua última canção. Hold me, thrill me, kiss me, kill me, performando na minha memória, fazendo as células do meu corpo se balançarem agora tem ao ritmo da bateria.  A voz do Bono seduzindo tal qual o meu desejo, a minha sede do que frutificará por aí. Às vezes sou dor de cabeça. Sempre sou uma estrela. You're a star.

Pergunto-me como pode haver uma conexão universal tão rica, tão profunda, com pessoas de outros fusos, de outras geografias, de outras línguas... It must be art.

(A intuição também é uma resposta.)

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segunda-feira, 17 de abril de 2017

{A música e eu} Vozes, violões, piano e calmaria

segunda-feira, abril 17, 2017 4
Bora ser feliz?

Oi, gente!
O post de hoje é para compartilhar uma das minhas playlists preferidas lá do Spotify: as minhas curtidas na rádio. O fato é que essa lista ficou tão gostosa de se ouvir que não poderia deixar de compartilhar com vocês. 💚

Ando trabalhando tanto no barulho – crianças são uma delícia, mas correm e gritam quase o tempo todo – que tenho buscado um estilo de música mais calminho para relaxar e exercitar a minha criatividade.

Assim cheguei no Passenger, no James Bay, no Hozier, no George Ezra e em todo mundo que fui curtindo lá no Spotify. Então, se você quiser dar aquela relaxada, vem comigo e dá o play!



E você? Tem alguma música que combinaria com essa playlist? Se tiver, deixa o nome aí nos comentários, que eu ouvirei com todo o prazer do mundo! 😉

Beijos e queijos :*
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quarta-feira, 9 de setembro de 2015

A música e eu: God gave me everything

quarta-feira, setembro 09, 2015 8
Capa do single: God gave me everything, com um Mick Jagger divônico!
Clique aqui para ouvir a música no spotify (ou assista aos vídeos logo abaixo).

É engraçado como algumas músicas ficam na minha vida, não importa o que aconteça. Isso acontece com God gave me everything, do (incrível) Mick Jagger. Ele gravou esta canção em 2001, em um álbum chamado Goddess in the Doorway - que tem como parte dos produtores o Lenny Kravitz e o Wyclef Jean e também conta com a participação do Rob Thomas (do Matchbox Twenty).

A primeira vez que eu ouvi God gave me everything foi em um programa desses que passavam videos-clipes aleatórios. A primeira coisa que me chamou a atenção foi o nome da música. Um roqueiro consagrado falando de Deus - e que não era o Bono. Um tanto interessante (para quem não conhecia muito de rock).

Para você que nunca viu um diskman na vida... #velharia

As cores, a tecnologia (diskman provando o quanto estou velha!), a forma psicodélica como as cenas do cotidiano foram filmadas, isso tudo me prendeu. Como não sonhar com um encontro com o Jagger no supermercado ou na lavanderia, depois de ver este vídeo? Como não desejar tê-lo cantando no seu cangote, enquanto você está dançando loucamente na balada? E o que é o Lenny fazendo o seu mini-solo de guitarra? O vídeo é, sem dúvida, divertido - e eu sempre vou amar as dancinhas muito loucas do Mick (se ele pode dançar assim, por que eu não? uahahaha).

Jagger limpinho, lavando as roupas felizes.

Naquela época, o meu inglês ainda era parco, e minha internet ainda era discada. Então, passava horas na frente da TV tentando ver o vídeo de novo na esperança de tentar entender o que ele dizia. O sotaque britânico do Jagger era um mistério - principalmente para alguém que sempre ouvia o dirty pop americano -, mas não desistia. O tempo passou, novas músicas surgiram; entretanto a frase "God gave me everything I want" nunca saiu da minha cabeça.

É engraçada esta relação musical que a gente desenvolve com algumas canções. No meu caso, passei um período um tanto longo sem ouvir esta música, até que 2015 chegou. Posso dizer que este tem sido um grande ano. Muitas conquistas, muitas realizações, muitos projetos. E lá apareceu a voz de Mick cantando no invisível DJ da minha cabeça. Desta vez, 14 anos depois, consegui entender o que ele cantava e fiquei feliz.



O legal da arte é que cada um a recebe da forma que melhor entende. Para mim, God gave me everything é uma música que fala sobre a felicidade das pequenas coisas, que é sentida e que pode ser compartilhada. Ele começa com um:

You can see it in a clear blue sky Você pode ver isso em um céu claro e azul
You can see it in a woman's eyes Você pode ver isso nos olhos de uma mulher
You can hear it in your baby's cries Você pode ouvir isso no choro do seu bebê
You can hear it in your lover's sighs Você pode ouvir isso no suspiro do seu amor
You can touch it in a grain of sand Você pode tocar isso no grão de areia
Yeah hold it right there Sim, segure isso aí
In the palm of your hand  Nas palmas da sua mão
Feel it 'round you everyday Sinta isso te rodeando todo o dia
And hear what I've got to say E escute o que tenho a dizer

Solo do Lenny Kravitz em meio a uma garagem (?)

Você já parou para pensar no famoso clichê que diz que a felicidade está nas pequenas coisas? A gente pode senti-la em todos os lugares, se nos condicionarmos a isso. 2015 tem sido o ano em que venho tentando cada vez mais tirar o bom do ruim, a estar aberta mesmo quando tive o coração partido, a receber as pequenas alegrias como se fossem grandes triunfos (porque elas realmente o são). Como todos os seres humanos, há dias em que esta filosofia não dá muito certo; contudo, o que eu tenho percebido é que, quanto mais a gente exercita e se esforça nisso, mais isso dá certo. 2015 teve um fevereiro realmente para esquecer (e que terminou lindo!) e, de muito ruim, só. Preciso dizer mais?

O refrão, por sua vez, continua com um:

God gave me everything I want Deus me deu tudo o que quero
Come on Venha
I'll give it all to you Eu lhe darei tudo

Eu já falei isso nas postagens ao longo deste ano e acho que os 3 versos resumem bem: felicidade compartilhada é felicidade multiplicada (o mesmo vale para a fé, para a esperança). Embora não frequente igrejas, acredito muito em Deus e acho que meu 2015 está sendo incrível porque Ele tem permitido. E se eu compartilhar este bem que tenho recebido e tornar o dia a dia de quem está ao meu redor mais feliz (ou menos doloroso de alguma forma), eu me sentirei melhor e mais feliz! Logo, este ciclo de God gave me everything se repetirá ao infinito e além, atingindo mais e mais pessoas. Ser grato, o mundo precisa mais disso.

Imagens do vídeo, com o Jagger baladeiro cantando no cangote. #jáquero

Se a primeira estrofe traz dicas e o refrão, a filosofia, é na segunda estrofe que temos uma espécie de testemunho, a prova de que isto dá certo:

I saw it in the midnight sun Eu vi isso no sol da meia-noite
And I felt it in the race I won E eu senti isso na corrida que ganhei
And I hear it in the windy storm E ouvi isso no tempestade de vento
And I feel it in the icy dawn E senti isso na madrugada gelada
And I smell it in the wine I taste E senti o gosto disso no vinho que provei
And I see it in my father's face E vi isso na face do meu pai
And I hear it in a symphony E ouvi isso numa sinfonia
And I feel it in the love E senti isso no amor 
You show for me que você me mostrou


Apresentação do Mick com o Lenny no MTV Music Awards de 2001.

Exatamente como eu tenho levado a minha vida: felicidade nas pequenas vivências diárias. Celebração nas pequenas conquistas. "Crazy you said it's all in your head" ("Louco, você disse, está tudo na sua cabeça"), pode até ser, mas assim, sou feliz! 
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domingo, 9 de agosto de 2009

A música e eu: Veraneio Vascaína

domingo, agosto 09, 2009 3
Posso dizer que há músicas que me trazem a boca o sabor da infância, da minha época de filha única... Muitas delas fazem parte do cenário das bandas de rock brasuca dos anos 80 - que sobreviveram em minha casa até meados dos 90 -, e que eram ouvidas constantemente por meu pai.

Quando me pego relembrando esses bons tempos, lembro-me claramente daquele apartamento minúsculo; eu usando um vestido cheio de frufrus (sabem como é, né?! Coisas de primeira filha de um casal que queria MUITO ter uma menina... =P); minha mãe fazendo pizza caseira na cozinha e meu pai ouvindo música na sala. Eu dançava alegremente – tropeçando em meus próprios pés e nas almofadas que espalhava pelo chão. Dançava um ritmo que entrava pelos meus ouvidos e me fazia sacudir... Dançava uma música que mal conseguia cantar e que muito menos entendia o significado. Dançava Veraneio Vascaína.

Era pequena. Não sabia. Não entendia. Só fui compreender depois. Só depois entendi a grandiosidade do Renato Russo e do Flávio Lemos – compositores da canção. Só depois entendi o que era a repressão e a ditadura e o porquê do primeiro LP da minha banda preferida ter sido censurado... Só depois fui entender o porquê de o meu pai gostar tanto desta música.

O tempo passou e meu pai passou a ouvir outros estilos musicais. Passei um bom tempo sem ouvir Capital Inicial (eles também passaram a fazer outras coisas... deram um tempo, voltaram depois! – graças a Deus!), até que eles voltaram, lançaram o Atrás dos Olhos, e aquele sentimento de “conheço esses caras” me trouxe felicidade.

Mais feliz ainda fiquei quando ganhei do meu pai o Capital Inicial – Acústico MTV. Lembro-me bem que eu fiquei um tempão no pé dele para que ele me desse esse cd de presente (não trabalhava na época.... dependia do dinheiro dele) e que ele sempre me dizia (para me provocar):
- Pára com isso! Passaram 20 anos e eles continuam cantando as mesmas músicas!

Ele me provocava, mas ele mesmo não aguentou.
Era uma noite de agosto, quando ele virou pra mim e disse:
- Comprei parte do seu presente de aniversário. Você quer agora ou daqui a um mês?!
- Quero agora!
- Então toma...
- AAAAAAAAAAAAAAAH!!!!!!!!!!!!!! O CD DO CAPITAAAAAAAAALLLLLLLLLLLL!!!!!

Abri o cd, corri para o rádio e não pensei duas vezes: corri até a faixa nº 13. Sim, ela, Veraneio Vascaína!
Ouvi cada acorde apreciando o gosto da minha infância e tentando entender como deve ter sido viver com “fogo em cima, é melhor sair da frente / tanto faz, ninguém se importa se você é inocente”...

Lembro-me, então, de um dia: estava, mais uma vez, na sala de casa. Meu pai mudava de canal na televisão até que eu ouvi aquela voz tão familiar. Era o Capital Inicial em um programa da TV Cultura. Era o Dinho falando sobre o LP ter sido censurado, por causa de Veraneio Vascaína, e de toda a repressão que havia na época em que eles lançaram o álbum... “assassinos armados, uniformizados / Veraneio vascaína, vem dobrando a esquina”...

E por causa da grandiosidade do Renato e do Flávio (e de seus companheiros), o Capital acabou gravando o MTV Especial Aborto Elétrico. E lá estava ela novamente. Nessa época, dava aulas de informática e cidadania e, em uma dessas aulas, os educandos mais velhos estavam contando para os mais jovens como era a época da ditadura. Aproveitei a chance e ilustrei um pouco do que era dito com a canção. O espírito da época estava ali: a letra revolucionária e o ritmo Punk Rock.

Até hoje, os carros de polícia aqui de São Paulo são “preto, branco, cinza e vermelho”. Até hoje, há pessoas que com uma arma na mão, botam fogo no país (e algumas delas sabem que “não vai ter problema”)... E eu lamento tudo isso. Lamento a corrupção, a censura, os Malufs e Sarneys da vida... E lamento também que não haja mais músicas que protestem como Varaneio Vascaína faz tão brilhantemente.

O que não é lamentável, no entanto, é o prazer que sinto ao ouvir Veraneio Vascaína, uma das músicas que me abriu as portas para o bom e velho rock’n’roll e que gerou em mim um amor incondicional por aquela que eu julgo ser a melhor banda existente neste país: o Capital Inicial!

Bem, vou finalizar esta postagem por aqui.
Para vocês deixo a versão do DVD Capital Inicial Ao Vivo Multishow gravada em Brasília. Sim, exatamente em frente ao lugar que a censurou.
Para o Capital Inicial, deixo o meu agradecimento – não só por essa música, mas por todas as outras. Obrigada por ser uma das bandas que me iniciaram no rock!



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Letra da música aqui.

terça-feira, 28 de julho de 2009

A música e eu: Beautiful Day

terça-feira, julho 28, 2009 5

Não sei explicar ao certo como foi o meu primeiro contato com Beautiful Day do U2... Mas lembro-me exatamente da sensação que invadiu a minha alma - aquela batida seguia o ritmo de meu coração até o momento em que o Bono começou: “The heart is a bloom, shoots up through stony ground / But there's no room, no space to rent in this town / You're out of luck and the reason that you had to care / The traffic is stuck and you're not moving anywhere. (…)”

Foi nesse momento que eu pensei “meu Deus! Que azar!” (e morri com a pronúncia do “luck” do Bono – é lindo a forma que ele fala as palavras que terminam em “ck”).

Continuei prestando atenção na letra – a má sorte vivida pelo eu-lírico chamou-me a atenção – até que veio o refrão, e eu percebi que, na realidade, a música nada mais é do que uma mensagem de otimismo. Tudo está desabando ao seu redor e você apenas pensa: “It's a beautiful day, the sky falls / And you feel like it's a beautiful day” - isso só podia ter vindo do U2...

A música prosseguia tocando e meu coração permanecia seguindo as batidas do Larry Mullen Jr., enquanto meu corpo se mexia aos sons do baixo perfeito do Adam Clayton e da poderosa guitarra do The Edge, e minha mente viajava na letra cantada pelo Bono... Mais uma vez, algo me chamou – ainda mais – atenção: “Touch me, take me to that other place / Teach me, I know I'm not a hopeless case” – dois versos: o primeiro extremamente sexy e ao mesmo tempo angustiado; o segundo... O segundo é a última cartada, todavia, é uma cartada cheia de esperanças.

Algum tempo se passou desde a primeira vez que ouvi Beautiful Day... Eu estava triste. Tudo estava dando errado. Sabe aqueles dias em que você só pensa: “queria morrer”?! Pois é, era um dia desses que eu vivia. Tranquei-me no quarto. Liguei o rádio. O locutor, então, disse:
- Agora eu vou tocar pra vocês Beautiful Day, do U2.

Aumentei o volume – deixei no último. As batidas, a guitarra, o baixo, aquela voz que gritava... Tudo entrava pelos meus ouvidos – e saia por minha boca, que também berrava! Berrava e chorava...
A música acabou. Senti-me leve.

No making off do vídeo dessa música, o Bono diz que Beautiful Day “é sobre um homem que perde tudo e não desiste”, Jonas Akerland – o diretor do vídeo – completa dizendo que eles filmaram “o ego alternativo do Bono, um tipo de cara que perdeu tudo, mas que ainda vive feliz”...

E assim tem sido desde que o U2 lançou o All That You Can’t Leave Behind – álbum que, segundo o Adam, traz letras menos poéticas e mais reais.

Se é menos poético, não sei, contudo é muito real... Para mim é real, pois é incrível como essa música aparece nos piores momentos da minha vida, me dá um tapa na cara e me diz: “What you don't have you don't need it now / What you don't know you can feel it somehow”...

E é por isso que eu escrevi este texto. Esse é o real motivo... Quando eu estou quase desistindo, Beautiful Day aparece (seja na TV, no rádio, na internet, na música ambiente do supermercado), para me lembrar que eu não sou um caso perdido...

“After the flood all the colours came out…
It was a beautiful day”



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Letra da música, aqui e tradução, aqui.
Making off do vídeo, aqui e vídeo, aqui.