Há dois anos, em um oito de junho, lancei meu primeiro livro, A Intermitência das Coisas: sobre o que há entre o vazio e o caos, pela Editora Penalux. Na época, eu era uma escritora que estava tentando se entender não só como artista, mas também como pessoa.
Foto do lançamento, por Patricia Rodrigues.
Depois de lançado o livro, fiz um processo intenso de divulgação e o deixei na prateleira. Foi apenas agora, com mais distância de todo o processo de escrita e do nascimento da obra, que eu parei para reler o livro como um todo. E que processo interessante!
Há autores que buscam se distanciarem o máximo de suas obras. Eu nunca fiz parte desse grupo. Primeiro porque acredito que tudo aquilo que uma pessoa escreve passa pelo olhar de seu autor — esteja isso ficcionado ou não. Segundo, porque eu faço ficção — mesmo dentro dos versos — muito baseada no que me move, no que me atravessa causando alguma reflexão, sentimento bom ou desconforto.
Um dos marcadores de página do livro, com o poema "Maravilhamento" (página 14). Foto por Anna Carolina Ribeiro.
Pensando nisso, ainda sou a mesma autora que escreveu o A Intermitência das Coisas. Aliás, continuo na corda bamba entre o vazio e o caos, e talvez este seja um tema que seguirá como mote da literatura que produzo. Também continuo ser solitário em meio a tantas gentes — como versei na primeira estrofe de "Visão". Nesse sentido, é curioso como a primeira obra é a impressão digital da nossa arte no mundo.
Criadora e criatura — dois anos depois. 💙
Por outro lado, não sou mais a mesma, ainda que "Bato" e "Sentença" (abaixo) sejam um prenúncio de como escrever me mantinha e ainda me mantém viva. A Fernanda que escreveu A Intermitência das Coisas estava acuada e ferida, carregando dores e se culpando — como o eu-lírico dos poemas "Escolhas" e "Escolhas 2" nos conta. Olhando hoje, estas feridas já cicatrizaram. E, observando já com os olhos da distância, posso dizer que o evento de lançamento teve muito a ver com isso. Que ironia escrever sobre tanta dor e receber tanto amor em troca. Sem dúvida alguma, esse foi o dia em que mais me senti honrada e amada na vida. Sou muito grata por todos que estiveram ao meu lado.
Um dos poemas do livro A Intermitência das Coisas.
Faz frio e nada melhor do que ler um livro de poesias em uma tarde gelada. Fiz a releitura como se me dedicasse a uma obra escrita por outras pessoas. Foi bom. É sempre bom revisitar o próprio processo criativo. Em termos de estilo, há poemas que eu faria de outro jeito, por puro amadurecimento do modo com que vejo a construção do texto poético hoje. Em termos de conteúdo, há dor, mas também há esperança e uma dose de inocência que sempre me acompanharam e que continuam me agradando.
É bacana poder olhar para uma publicação e se orgulhar dela. Que sorte a minha!
💙💙💙
Para ver a live que fiz comentando tudo isso e lendo alguns dos poemas do livro, acesse o IGTV ou aperte o play:
Para ver a playlist completa do livro, acesse aqui.
Deve ser muito interessante essa experiência de ler seu próprio livro um tempo depois... Muito bacana isso de você falar que é mesma pessoa, mas ao mesmo tempo não é. Curiosa pra ler seu livro um dia :)
♥ Quer comentar, mas não tem uma conta no Google? Basta alterar para a melhor opção no menu COMENTAR COMO. Se você não tiver uma conta para vincular, escolha a opção Nome/URL e deixe a URL em branco, comentando somente com seu nome.
♥ É muito bom poder ouvir o que você pensa sobre este post. Por favor, se possível, deixe o link do seu site/blog. Ficarei feliz por poder retribuir a sua visita.
♥ Quer saber mais sobre o Algumas Observações? Então, inscreva-se para receber a newsletter: bit.ly/newsletteralgumasobservacoes
Fernanda Rodrigues é uma paulistana apaixonada por gatos e café. Atualmente é professora de escrita literária, escritora, revisora, preparadora de textos, leitora crítica, assistente literária, palestrante e cofundadora do Projeto Escrita Criativa. De formação, é especialista em Docência em Literatura e Humanidades (FMU) e em Formação de Escritores e Produção e Crítica de Textos Literários (ISE Vera Cruz), além de ser bacharel e licenciada em Letras — Português/Inglês (USJT) e pós-graduanda em Psicopedagogia (Universidade Anhembi-Morumbi). É autora dos livros de poesia A Intermitência das Coisas: sobre o que há entre o vazio e o caos (2019) e Rasgos dentro da minha própria pele (2022), ambos publicados pela Editora Litteralux (antiga Penalux), de La intermitencia de las cosas: sobre lo que hay entre el vacío y el caos (2024), publicado pela Caravana Editorial e do didático Narrativas Digitais: narro, logo existo! Registrar o meu mundo e construir histórias (2021), lançado pela Fundação Telefônica Vivo. É 3º lugar no Prêmio SESC Crônicas Rubem Braga (2017) e tem textos em diversas antologias. Também escreve no site Algumas Observações, no ar desde junho de 2006. Mais aqui.
Desde 24 de novembro de 2013, as imagens do Algumas Observações são de minha autoria. Anteriormente, as que aparecem nas postagens eram meramente ilustrativas. Na maior parte das vezes, elas foram retiradas do Google Imagens, do We ♥ It e/ou do Tumblr. Evidentemente, sempre que eu sei quem é o autor, dou os devidos créditos. Entretanto, se você viu alguma imagem de sua autoria, por favor, deixe um comentário ou entre em contato avisando para ser creditado ou ter sua imagem substituída. ;)
Visitas
Algumas Observações | Ano 17 | Textos por Fernanda Rodrigues. Tecnologia do Blogger.
Parabéns pelo trabalho, querida. Que muitas portas se abram por meio desse projeto.
ResponderExcluirBoa semana!
Jovem Jornalista
Instagram
Até mais, Emerson Garcia
Muito obrigada :)
ExcluirDeve ser muito interessante essa experiência de ler seu próprio livro um tempo depois...
ResponderExcluirMuito bacana isso de você falar que é mesma pessoa, mas ao mesmo tempo não é.
Curiosa pra ler seu livro um dia :)
https://www.heyimwiththeband.com.br/
A essência não muda :)
ExcluirFico feliz que você queira lê-lo.
um beijo :*