Ilustração feita por mim, para o curso de Arte. |
Tenho apenas duas mãos
estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.
Os camaradas não disseram
que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis.
As pessoas dizem que tudo passa e ficará bem; e, por mais que eu saiba disso, bate aquele desânimo de ver a vida seguindo um rumo que eu simplesmente não queria, não sonhei e não esperava. O desejo é cada vez mais raro. A guerra interna matou tudo: vontade, inspiração, força, luta...
Acabo me dispersando... Será que há alguém lá fora, um ombro amigo, para me abraçar, para me perdoar?!
Quando os corpos passarem,
eu ficarei sozinho
desfiando a recordação
do sineiro, da viúva e do microscopista
que habitavam a barraca
e não foram encontrados
ao amanhecer
esse amanhecer
mais noite que a noite.
A solidão faz da noite mais negra.
Quero amanhecer... Mas não consigo.
Essa combinação de Drummond e do desenho me despertou um sentimento lúgrube...E isso não foi ruim...Foi intenso. Gostei...
ResponderExcluirAaaaaaah!
ExcluirVindo de você, me sinto feliz! :D
Bom que gostou! :D
:o que lindo! e que triste! os poemas de Drummond são parte de mim e por isso ele é o meu poeta preferido! Guerras internas são sempre desgastantes, mais e a bandeira branca? como funciona pra você?
ResponderExcluirBandeira branca é algo traduzido por "O poeta é um fingidor..." :)
ExcluirBeijos!
Lindo texto, tu tem um dom pra escrever e transmitir sentimentos profundos na gente sabia?! Me identifiquei demais com alguns trechos, e a ilustração ficou liinda demais!
ResponderExcluirBeijos
http://planejandoarotina.blogspot.com
Feliz por você ter se identificado :D
ExcluirÉ sempre muito bom quando isso acontece!
Um beijo!