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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

{Resenha} As 79 Luas de Júpiter, de Leidiane Holmedal e Lucila Eliazar Neves

quarta-feira, fevereiro 15, 2023 8
Conheça o livro As 79 luas de Júpiter.


Publicado pela Editora Penalux, As 79 Luas de Júpiter é um livro de poesia escrito a quatro mãos. Além de celebrar a amizade entre as poetas Leidiane Holmedal* e Lucila Eliazar Neves, a obra de estreia de ambas é repleta de um lirismo almagamdo à crônica que se desvela com simples complexidade.

Os poemas são enumerados e não são sinalizados, de modo que uma poeta se funde na outra. Leidiane, com sua vivência de expatriada na Noruega, e Lucila, com seu cotidiano mineiro, se apoderam com profundidade de suas dores, memórias e cotidianos para transformar vida em poesia.


Imagem: divulgação.



Desamor, distância, solidão, nostalgia. As duas poetas mergulham em suas águas internas para se expandir e tocar a todos que as leem. O processo é dilacerante, intenso, provocador. É por meio do mergulho que há a elevação da própria experiência das escritoras e de seus leitores. Esse mergulho é, portanto, feito de mãos dadas. O leitor é conduzido palavra a palavra a encarar sua vida, como se cada verso lhe servisse de espelho: o que você vê quando se encara? O que a vida fez com cada um de nós? 

Falando assim, parece tudo muito difícil. Entretanto, Leidiane e Lucila partem do simples, daquilo que está ao rés do chão, para produzir literatura de alta qualidade e que é, sobretudo, acessível tanto aos leitores costumas de poesia, quanto aos que querem começar a navegar no universo poético.

Ajude as autoras a levarem o As 79 Luas de Júpiter ao Salão do Livro e da Imprensa de Genebra, na Suíça, contribuindo com a Vakinha.

Capa: As 79 luas de Júpiter
Capa.



Livro: As 79 Luas de Júpiter
Autoras: Leidiane Holmedal e Lucila Eliazar Neves
Editora: Penalux
Páginas: 158
Apresentação: Saturno é um planeta ponderado. Júpiter, expansivo. Enquanto Saturno se esforça para manter a realidade dentro das suas margens, controladas; Júpiter é otimista, curioso, justo. Saturno representa o tempo, a sabedoria, a experiência, ancestralidade. Júpiter tem noção do quanto as coisas e circunstâncias são potências em nossas vidas. Neste livro, é possível sentir que a poesia de Lucila Eliazar Neves e Leidiane Holmedal carrega a sensação de compromisso com as palavras, de segurança no que e em como dizer e a responsabilidade, assim como Saturno. Talvez por isso eu tenha sido influenciada pela energia saturnina durante toda a leitura, chegando a confundir o tempo e espaço proposto pelas autoras. Talvez eu tenha sido levada junto com essa energia para uma dimensão onde as possibilidades são mais do que literais: são palpáveis, vívidas, memórias boas de tocar e provar. [...] Dentro dessa dinâmica afetuosa e honesta, há ainda a presença da criança interior, que vez ou outra aparece na leitura como um terceiro olho, alguém que espreita a vivacidade de suas faltas e desejos, alguém que conhece muito bem cada palavra desenhada no papel. Assim como Júpiter e suas 79 luas, esse livro de poesia providencia abundância, equilíbrio, fé, confiança no destino. O senti como um caminho estreito de intuição, curiosidade, coragem e verdade a cada verso. [Elizza Barreto]

*Desde 2022, Leidiane Holmedal assina como Leidiane Bueno.
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quinta-feira, 17 de março de 2022

Convite: Live de lançamento do livro "Um anjo perfumado avisou", de Renata Cabral Gabriel

quinta-feira, março 17, 2022 2



Olá, pessoal!
Escrevo para fazer um convite. Amanhã, 18 de março, farei a mediação do lançamento do livro Um anjo perfumado avisou, da autora Renata Cabral Gabriel. A live será às 19h, no canal da Editora Penalux.


Seguem abaixo as informações do livro.





Livro: Um anjo perfumado avisou
Autora: Renata Cabral Gabriel
Editora: Penalux
Páginas: 116
Apresentação: Um anjo perfumado avisou é a coletânea de estreia de Renata Cabral Gabriel. A poesia presente em sua obra é um grande carvalho ancião, suas ramificações crescem da memória em versos que contam lutas e dores ancestrais, chamados antepassados, atravessando com palavras o tempo e trazendo para a atualidade os aprendizados do antes: “e então, o tempo de onde eu sou / o tempo para que sou / o tempo do que estou / no vento / é o tempo donde o medo voa / um medo que o vento ecoa / um vento que atordoa / o peito que ressoa / numa lástima / passagem bifurcada e tênue / entre o eu e o meu.”. Apesar de esta ser sua obra de estreia, Renata escreve como uma autora vetusta, com a sensibilidade necessária para fazer com que Um anjo perfumado seja repleto de imagens fortes e profundas capazes de envolver o leitor em sua poderosa poesia. [Mariana Galhardo]

Esperamos por vocês!

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quarta-feira, 21 de julho de 2021

{Vamos falar sobre escrita?} Entrevista com a escritora Camila Dió

quarta-feira, julho 21, 2021 8
Vamos conhecer o trabalho da escritora Camila Dió? VAMOS!

Como vocês sabem, eu adoro bater papo com as pessoas. Quando elas são escritoras, então! :) Aí é que o dedo de prosa fica bom. No primeiro semestre eu tive a chance de mediar o lançamento do livro Quando Versos Gotejo, da escritora Camila Dió. Na oportunidade, pedi a ela que respondesse a uma entrevista aqui para o blog, para que todos pudessem conhecer mais do trabalho dela. É este o post que vocês irão conferir agora. Vamos lá?!


Livro de estreia de Camila Dió, Não Escrevo Poemas de Amor.


Algumas Observações: Camila, gostaria que você comentasse um pouco como foi o seu despertar para a escrita. Você sempre soube que seria escritora ou isso foi um processo de descoberta? Você tinha a escrita como um passatempo? Se sim, como foi para você deixar de ver a escrita como um hobby e passar a vê-la como um trabalho?
Camila Dió: A vida tem sido, de certa maneira, surpreendente. Meu encontro com a escrita se deu em idade muito tenra e ao longo do meu caminhar foram aparecendo pistas do que e a que eu deveria ou não me dedicar, com o que eu teria mais afinidades ou não. É certo que meu percurso sempre se localizou em meio às artes de modo geral e sempre fui muito criativa. A criatividade, essa potência de vida, sempre me movimentou e ocupou uma parte notória em minha forma de experimentar, refletir, observar e experienciar o mundo e com a escrita não é diferente. Portanto, assim como as demais coisas, foi um processo de descoberta, algumas das quais não acontecem por acaso, como foi o inspirador encontro que tive com minha máquina de escrever e que me motivou a voltar à escrita depois de anos sem fazê-lo.

Podem inclusive conferir essa história em forma de crônica (A incrível máquina de fazer escritores) que publiquei na revista literária bit.ly/revistamargeal no link: https://sites.google.com/view/margeal/prosas-e-versos#h.4j15f5p7jea, da qual sou colunista.

Há pouco tempo atrás sequer imaginava que publicaria um livro, sequer dois, três ou quatro (dois sendo gestados no momento), mas sempre fui de escrever, embora com alguns intervalos. Tinha a escrita como um hobby, uma forma de me expressar.

Passar a vê-la como um trabalho é de certa forma gostoso, pois exige um compromisso comigo mesma para poder concretizar as ideias e é uma experiência magnífica dar corpo á isso, colocar o trabalho efetivamente no espaço e espalhá-lo pelo mundo. A gente vai criando relações com outros escritores, formando uma rede intelectual, compartilhando textos e publicações, explorando veículos de comunicação. É interessantíssimo.

Camila Dió e sua máquina de escrever.


AO: Como é a sua rotina de trabalho com a escrita? Você estabelece metas para si mesma, tem algum ritual ou mania na hora de escrever? Se sim, quais? Além disso, você tem outras ocupações profissionais além da escrita? Se sim, como concilia as duas profissões?
CD: Tenho escrito espontaneamente quase todos os dias, mas ultimamente sem grandes cobranças, embora, como disse anteriormente, eu tenha um compromisso comigo mesma.
Estudo para escrever, então depois do meu processo de escrita minha mesa de trabalho fica um caos total de papelada, rabiscos, livros, canetas, marcadores. Não sei se isso é ou não uma mania, mas preciso colocá-la em ordem sempre antes de começar a trabalhar. É também uma forma de me organizar mentalmente.
Sim, tenho outras ocupações profissionais além da escrita. Sou artista plástica e artesã, tenho uma marca de produtos artesanais em macramê que vocês podem conferir na página do Instagram @de.no.em.no.
Para mim não é difícil conciliar as duas coisas. Normalmente escrevo poesia durante o início da manhã e durante a tarde me dedico a outras atividades artísticas. Estou também me aventurando pelo universos dos contos (isso é novidade) e normalmente o faço à noite.

AO: Você tem alguma formação literária, estuda por conta própria ou escreve de maneira intuitiva? Como é o seu processo de busca por aprimoramento profissional?
CD: Sim, sou formada em Artes Visuais e estudante de Letras no momento. Tanto estudo quanto escrevo de maneira intuitiva é para mim um fazer em que essas duas coisas entram em simbiose. Estou sempre buscando aprimoramento profissional, buscando cursos e estudando muito por conta própria. Lendo bastante conteúdo literário também, como uma forma de fruição e também aprendizado.

AO: Ainda falando sobre o seu processo de criação, quais são os desafios diários de ser escritor? (Como você lida com a procrastinação? Com medo de não corresponder às expectativas? Às vezes bate aquela sensação de insegurança, sensação de não ser boa o bastante? Como você vence os bloqueios criativos de modo geral?)
CD: A parte de criação flui muito naturalmente por mim. Só é problemático quando passo longos períodos longe da escrita, aí demoro a pegar no tranco. Fazendo um adendo, para mim um dos maiores desafios de ser escritora são algumas questões para além do processo criativo: ganhar visibilidade e conquistar o engajamento e o interesse do público. Não é uma tarefa fácil e requer um esforço que vai além da escrita. Ou seja, por mais que você escreva bem e tenha um bom trabalho, a falta de visibilidade pode ser a morte de um escritor. Digo no sentido profissional. Se a intenção for apenas escrever por hobby, isso não tem tanta importância.
Normalmente não procrastino para escrever. O medo de não corresponder as expectativas existe, ainda mais depois de publicar um primeiro livro que as pessoas tenham gostado. Mas lido com isso da minha própria maneira, tranquila. Não passo por essa sensação de não me sentir boa o bastante, essa questão é muito subjetiva. Ser boa segundo qual parâmetro?
Sou bem exigente comigo mesma, mas não deixo isso interferir muito no meu processo, porque representa um atraso de vida. A escrita para mim tem que ser instigante e de alguma forma prazerosa, mesmo que trate de assuntos dolorosos ou sérios. Portanto deixo esse tipo de sentimento de fora para não me causar entraves e bloqueios. Quando as ideias não surgem naturalmente utilizo técnicas de desbloqueio criativo, que já utilizava quando era apenas artista e que são facilmente transferíveis de um campo para o outro. Em breve oferecerei pequenos cursos disso inclusive, por meio do meu instagram @camila.dio.poemas.

AO: Continuando com o processo criativo, escrever — e publicar — na pandemia muda alguma coisa na criação e lançamento de um livro?
CD: Não sei responder essa pergunta ao certo porque sou uma autora “da pandemia” lancei os dois livros vivenciando esse quadro, momento que marcará a humanidade para sempre e que é muito, digamos, específico. Quanto à criação, já posso comparar algo. Comecei essa empreitada mais séria um ano antes desse momento histórico e posso dizer que entre escrever anteriormente a pandemia e depois o que mudou foi o tempo de introspecção em casa, que aumentou. O que de certa maneira é bom, mas em contrapartida reduziu o tempo de contato com o mundo exterior, que me serviu muito como material de escrita. Então existem essas duas questões.
Lançar um livro neste momento tem vantagens e desvantagens. Antes disso tudo acontecer tive oportunidade de presenciar alguns lançamentos de livros presenciais. E é outro universo, coisa que eu almejava muito... Pois você tem ali o contato direto com o leitor, recita poemas, vende muito mais e é uma comemoração, uma festa, uma realização. Antes de lançar meu primeiro livro planejei muito esse momento, mas veio o balde de água fria e questões seríssimas e péssimas com relação a saúde pública e o governo, acontecendo ao mesmo tempo.
Fazer o lançamento pela internet foi o meio que achamos de nos adaptarmos à situação e que funciona de alguma forma, atingindo um público que talvez não atingiria em um contato mais pessoal, como pessoas de outras cidades e estados por exemplo.

Camila Dió e seus dois livros: Não escrevo poemas de amor e Quando versos gotejo.

AO: Você tem dois livros publicados (Não Escrevo poemas de Amor e o recém-lançado Quando Versos Gotejo, ambos pela Editora Penalux). Como foi o processo de escrita desses livros?
CD: O processo de escrita desses dois livros foi bem diferente, mas mais ou menos concomitante. Com o primeiro livro a escrita se deu da seguinte forma: Embora durante a adolescência passasse grande parte do tempo escrevendo, durante a minha primeira graduação  Artes Visuais  não escrevi nada além de coisas relacionadas ao curso. Tampouco li poesia que é o tipo de literatura que mais consumo no momento. Fiquei cerca de cinco anos sem escrever literariamente. Um tempo depois do curso, me dedicando a outras coisas, motivada pela inspiração surgida após meu encontro com minha máquina de escrever, retornei ao hábito da escrita gradual e lentamente. Apenas pelo prazer que isso me proporciona, motivada pelo desejo de me expressar criativamente por meio da escrita.
Isso por volta de 2016. Em 2017 e 2018 passei por um longo interstício. Em 2019 me voltei novamente à escrita e decidi fazer Letras. O que foi decisivo na minha ainda pequena carreira de escritora. Nesse mesmo ano passei a escrever freneticamente, o que me proporcionou material suficiente para publicar (juntando todos os poemas desde 2016)
Então o primeiro livro Não escrevo poemas de amor surgiu assim. Em meio aos textos desse primeiro livro, existiam alguns haicais que por bem a editora decidiu deixar de fora dessa obra. Mas eram poucos. Como gostei muito da experiência de publicar e com o advento da pandemia, confinada em casa devido ao momento, decidi pegar esses trabalhos e dar continuidade à eles. Assim surgiu o segundo livro Quando versos gotejo.

AO: Falando especificamente do seu livro mais recente, na abertura de Quando Versos Gotejo, você fala que gosta do atrevimento de gotejar. Queria que você explorasse para os leitores do blog essa ideia de atrevimento. O que, para você, é ser poeta e como esse atrevimento te moveu a escrever o Quando versos Gotejo?
CD: Ser poeta é, movida pela paixão de expressar o que a alma e o universo almejam, ou mesmo necessitam, doar parte de si aos outros.
Ler e escrever são atos tão simples, mas ao mesmo tempo tão extraordinariamente revolucionários! O atrevimento já começa com o fato de ser uma escritora. Que é uma área de atuação muitas vezes desvalorizada financeiramente e é predominantemente dominada por homens, os quais ganham maiores destaques e oportunidades de fala. Embora essa realidade esteja mudando.
E quanto a alguns tipos de poemas, são regidos por certas formalidades estruturais e inclusive temáticas muito bem definidas, que é o caso do haicai que se exprime de forma tão sintética e ao mesmo tempo tão bela. É ao que me refiro quanto a gotejar. Me disseram um dia que alguns dos meus poemas não obedeciam algumas dessas formalidades e embora eu tenha pesquisado sobre o assunto, decidi mesmo assim mantê-los. Esse livro me deu a oportunidade de experimentar esse tipo de poema. E partindo dessa premissa e liberdade de criação, e de que sou ainda pouco experiente, mas ainda sim atrevida e carrego comigo certa tempestuosidade, sempre tive em mente que era de fato uma experimentação e que não havia nada do que me envergonhar ou excluir apenas por serem diferentes, pois eles fazem parte do meu processo. Se um dia minha carreira de alguma forma repercutir, quero mesmo que saibam que entre meus poemas existiram aqueles considerados inadequados e que mesmo assim segui em frente. Minha opinião, partindo de minha vivência, é que o mundo carece de mais ousadia.
O que diabos  com o perdão da palavra  foi realizado sem um pouco de ousadia?

Camila Dió, seus livros e suas leituras.


AO: Ao escrever o Quando versos gotejo, você se apropriou da estrutura do haicai. Queria que você falasse um pouco como você chegou nesse formato/estrutura para o livro e como/se a literatura asiática te influenciou de alguma forma.
CD: Conheci o haicai por meio do Leminski. Foi minha primeira referência, depois Alice Ruiz, Millôr, entre outros. Sempre fui muito dada à poesia brasileira. Quando comecei a escrever procurei por Bashô que é o grande mestre desse tipo de poema no Oriente. Então de alguma forma me influenciou, mas confesso que foi no meio do caminho e da ignorância é uma pedra. Só fui entender o haicai de fato quando decidi conceber o livro, o que foi escrito antes era bastante cru nesse sentido. Tinha um conhecimento superficial que fui amadurecendo aos poucos e ainda está em processo de amadurecimento.


AO: Nesse livro nota-se uma grande influência dos modernistas: sua epígrafe traz um trecho do Drummond (e há um poema na página 34 que faz intertexto com “a flor e a náusea”), já em outros dois textos você cita que leu Leminski e a Alice Ruiz (ambos poetas que escreveram haicais), em outro relembra explicitamente os haicais do Millor Fernandes. Como é essa sua ligação com o cânone brasileiro e até que ponto ele te atravessa nesse livro?
CD: Antes de cursar Letras não tinha conhecimento algum de poesia contemporânea, e antes de me enveredar e usar ativamente as redes sociais nesse sentido, sequer tinha acesso. Então, o cânone certamente influenciou o meu trabalho de alguma maneira.

AO: Além da citação dos autores brasileiros, você vai fundo em alguns elementos culturais do nosso folclore, a exemplos do Curupira, da Caipora, do Boto, da Cuca e da Iara. O quanto foi importante trazer essa brasilidade para um texto que, como já dissemos, faz uso da estrutura japonesa do haicai?
CD: Considero importante trazer elementos da nossa cultura para a nossa poesia, quando digo nossa, falo brasileira. Porque é de uma riqueza inigualável e por vezes é relegada aos porões da escrita e quando tratada é grande parte das vezes apenas em literatura infantil. E esses elementos folclóricos são ricos e interessantes com suas origens tão variadas. O folclore sempre permeou a minha mente durante principalmente a infância então resolvi trazê-la para a minha fase adulta e expressá-la para que não nos esqueçamos de nossas origens. É uma forma de resgatar o contato do adulto com o folclore brasileiro. É um elemento que faz parte de ser humano, e que une “crença” que é algo humano aos elementos da natureza.

AO: Ainda falando sobre temas: a natureza é muito frequente no seu livro, seja pelos elementos (como o mar, a mata, a chuva, a lua), seja pelos ciclos (as estações do ano). Como você a ligação da poesia com a natureza, já que os leitores andam cada vez mais urbanos e desconectados com esse sistema mais natural?
CD: É comum no haicai abordar esses assuntos, mas também estão muito presentes no meu trabalho de modo geral. Poetas do mundo inteiro falam sobre a lua, o mar, as flores. Embora vivamos uma realidade tão desconectada da natureza, é nela que buscamos refúgio em momentos de estresse, por exemplo. É dela que retiramos nossos alimentos, seus ciclos regem a forma como nos vestimos, o que comemos e por onde andamos. Então não estamos assim tão distantes, embora essa proximidade não seja tão grande quanto eu gostaria. A poesia aproxima o leitor das paisagens da natureza e seus elementos, faz a imaginação voar por lá, pousar e fazer morada, mesmo nos centros mais urbanos.

AO: Algo que eu gosto muito em Quando Versos Gotejo é que você consegue fazer provocações no leitor a partir de perguntas e de temas do cotidiano. Em alguns momentos, você abre uma brecha para assuntos que exigem muito do leitor atual, como no poema sobre o Brasil (p.21) ou os sobre política (p. 51, 71 e 79). Como você espera que essas provocações cheguem aos seus leitores?
CD: Gosto de promover reflexões. Como autora gosto de pensar que sou multifacetada e que se eu me permito tratar de tantos assuntos  dar forma, beleza a eles  porque não levar para o público questões relevantes para a sociedade? Penso que a leitura é também uma forma de continuação. Um poema não termina após a lido, ele reverbera e o leitor dá continuidade por meio de seus pensamentos, por isso acho importante as questões da atualidade, da realidade que por vezes são injustas ou cruéis. É algo que realmente mereça atenção, embora como poeta pense que tudo, até o menor grão de poeira pousado na mesa da sala é um assunto digno de ser retratado em poesia .

AO: O humor também é presente no Quando Versos Gotejo. Como você vê o papel do riso no gênero poético?
CD: Vez ou outra sinto que o riso é relegado às margens da poesia. Mas acho importante a presença dele ali para temperar as coisas. A poesia não precisa ser tão séria assim, acho que existe espaço ali para todos os tipos de humores e é o que torna tudo muito mais interessante. Sou uma pessoa bem-humorada e o riso faz parte do meu dia-a-dia então resolvi colocá-lo no papel também e oferecê-lo aos leitores. Por que não o faria?

AO: Falando do projeto gráfico de Quando Versos Gotejo, como foi o processo de ilustração e feitura da capa?
CD: Embora também desenhe, eu queria muito com a ilustração do livro, a visão de outra pessoa sobre os poemas. Devido a minha formação, tenho muitos amigos na área. Cecília Viana é uma dessas pessoas e executou esse trabalho lindamente. Escolhi os poemas e dei total liberdade a ela no processo de criação, pontuando uma coisa ou outra no final do processo, mas sem grandes mudanças. Quanto a capa, a Penalux escolheu uma dessas ilustrações e a utilizou. A capa foi realizada a partir do trabalho da Cecília pela Karina Tenório que também fez um excelente e belo trabalho de edição. Sou imensamente grata à elas.

AO: Você publica vários textos seus no Instagram. Então, gostaria de saber qual é a sua visão sobre o papel das redes sociais para a carreira do escritor. Além disso quero aproveitar para perguntar por onde/como as pessoas podem entrar em contato com você?
CD: Hoje as redes sociais são muito importantes para que o escritor tenha visibilidade, possa falar de seu trabalho, compartilhar textos, promover reflexões e interagir com o público, principalmente na nossa atual realidade de pandemia. As redes sociais aproximam o público e outros canais de divulgação do profissional. Faz você entrar em contato com outros profissionais da área e ter mais contato com o mercado editorial além estabelecer relações e se fazer conhecido e conhecer outros escritores.
As pessoas podem entrar em contato comigo pelo Instagram @camiladiopoemas e também por meio do e-mail camila.dio.poemas@gmail.com. 

Camila Dió e suas leituras.


AO: Quais conselhos você daria para uma escritora em começo de carreira?
CD: Busque, corra atrás, procure outros escritores, converse com pessoas do meio, tire suas dúvidas com coragem e ousadia. Confie em si mesma, compartilhe os textos com amigos, peça a opinião deles e não tenha vergonha ou medo. Estude e leia muito, procure saber a trajetória de vida dos escritores conhecidos. procure gente com quem você se identifique literariamente e converse. Deixe o mundo e as emoções te inspirarem que assim você irá cada vez mais longe, mas principalmente não duvide de si e acredite em suas ideias.

AO: Quais são os seus planos futuros? Já pensa em um próximo projeto?
CD: Gostaria muito de continuar escrevendo e abrir o meu leque de possibilidades literárias. Me dedicar à escrita é uma paixão que provavelmente levarei comigo a vida toda e se eu puder compartilhá-la, tiver oportunidade de lançá-la ao mundo, é o que irei fazer até meu último suspiro.

AO: Deixe o seu recado para os leitores do Algumas Observações.
CD: Fernanda, primeiramente gostaria de agradecer pelo espaço para falar sobre o meu trabalho e parabenizá-la pelo blog lindíssimo e organizado! Excelente entrevista é sempre um prazer falar com você.
O recado que deixo aos leitores é: deem oportunidade a literatura contemporânea, conheçam os autores, converse com eles e se você escreve e tiver alguma dúvida sobre como publicar e se lançar no mercado editorial, sinta-se totalmente à vontade para me procurar sou totalmente aberta. Um grande abraço e obrigada!

Para ver como foi o lançamento de Quando Versos Gotejo, aperte o play: 

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sábado, 23 de março de 2019

Vou publicar o meu primeiro livro!

sábado, março 23, 2019 47
O meu sorrisão é uma amostra da minha felicidade.
(Foto: Carol Vayda)

Oi, pessoal!
Tudo bem? 

Pensem em alguém que não está se cabendo de tanta felicidade! Quem é assinante da newsletter, recebeu a notícia em primeira mão, na última quinta-feira. Agora, tenho a honra em dizer aqui também: vou publicar o meu primeiro livro!

No início do ano, procurei algumas editoras com um único intuito: fazer com que o A intermitência das Coisas: sobre o que há entre o vazio e o caos chegasse até vocês, meus leitores tão queridos. No início do mês meu manuscrito foi aceito pela Editora Penalux, casa editoral que faz um trabalho de edição fantástico, com a qual me identifico.

Olha que linda a cartinha que eu recebi do Tonho França e da equipe da Penalux!

O livro, que reúne cerca de 50 poesias, sairá ainda no primeiro semestre. Sendo assim, ainda teremos muitos posts sobre ele por aqui. Ah! Nem preciso dizer que a hastag #AintermitenciadasCoisas já está no ar nas redes sociais, preciso? Esse também é um dos meios de acompanhar tudo o que vai rolar até o lançamento.

Aproveito ainda para perguntar: o que vocês querem saber tanto do processo de escrita, quanto dos caminhos de editoração? Deixem as perguntas aí nos comentários que logo eu faço post contando tudo! Minha vontade é aprender com este processo para compartilhar com quem também quer ser publicado.

Espero poder ver o rostinho de cada um de vocês no evento de lançamento!

Beijos e queijos intermitentes :*
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