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Foto de JT, via Unsplash. |
Terra seca. Frutos ao vento. Sol na cabeça. Sede. Fome.
Palavras ganhando o mundo. O oco, o vazio. Loucura. Infertilidade. Estado de
quase morte que não mata, devora. Depois do caos, o vazio. Ciclo de yin e yang
sem fim. Conto meses, dias, horas, minutos e segundos. Vejo os bem-te-vis
cantarem. Sinto o verdejar querer desistir da clorofila. É verão, mas faz frio.
Chuva, trovão e vento sendo sinais?
O período de travessia é truncado. Há cansaço do trabalho de
parto. Há cansaço dos cuidados de um recém-nascido. Há orgulho também. Quem
dá luz — a sementes, bichos, livros — conhece as dores e os prazeres. Contudo, esse espaço
entre dois mundos que há entre o fim e o começo é escorregadio. Nem
sempre é possível dar conta da vida, das ideias, do coração. Como já diria o
poeta: “E agora, José?”.
Me forço a, pelo menos, procurar palavras. No meu tempo, mas
me forço. Saio farejando o mundo, um passo após o outro, numa tentativa de voltar. Voltar
para onde? À gênese de tudo: uma ideia que seja, um sentimento que baste. Sinto
muito e se tudo é bastante, nada sobra. Pedras sobre pedras desmoronam no
aqui e no agora. Sou estrangeira às minhas lembranças. Me agarro às dores do
mundo. Dizem que um dia isso passa. Eu professo: Será?
Se fosse Pandora, ao menos me restaria uma esperança. Não sou. A terra segue seca. Meus frutos seguem ao vento. Minha garganta arranha na aridez. Transito na estéril incógnita.
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Tocante!
ResponderExcluirUau! Adorei! Belas palavras, que nos levam a mais profunda reflexão.
ResponderExcluirBoa semana!
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Até mais, Emerson Garcia
Ótimo texto, menina! Adorei! Apesar de curtinho, é bastante reflexivo.
ResponderExcluirBjks!
Mundinho da Hanna
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