segunda-feira, 18 de outubro de 2021

{Resenha} No útero não existe gravidade, de Dia Nobre

Vamos conhecer o livro No útero não existe gravidade?


Escrito por Dia Nobre, No útero não existe gravidade é um livro visceral. Por meio de pequenos contos, a autora faz um resgate da infância dessa eu-narradora que aparece em todas as histórias, numa tentativa de matar e ressignificar a dor.

A obra é dividida em três partes e pelos seus nomes, o leitor já pode ter uma ideia do tom dos textos que estão por vir. São elas: "mamãe é tão divertida, espero que ela morra"; "vi uma gata em um beco, pensei que era um espelho" e "aqui uma encruzilhada. A memória reescreve o passado como um sonho que se derrama para a realidade". A medida que lemos cada uma delas, somos conduzidos a um mergulho no contraste entre vida e morte — seja ela física ou simbólica.

Páginas 34 e 35, com o texto que dá nome ao livro. 
(Clique na imagem para ampliá-la.)


As narrativas transitam entre presente, memória e sonhos e a maior parte delas está associada à alguma forma de violência: o desprezo familiar, às exigências da mãe que sempre duvida da capacidade da filha-narradora, os abusos sexuais sofridos ao longo da vida, a perda da avó, as perdas em geral. Tudo desloca o leitor não só para o universo particular dessa mulher, mas também à provocação de compreender os seus próprios medos, o flerte com a morte, as recusas, os desejos, e — sobretudo — as origens de tudo isso. 

É a partir do despencar nessa profundidade dos acontecimentos que é possível começar a montar o quebra-cabeças que compõe não só a alma desta que se abre para nós, mas também de todas as mulheres que a circundam. A cada sutileza, a dor ganha força até que se arrebente e salte das páginas do livro para se tatuar também na nossa alma.

Capa.


Livro: No útero não existe gravidade 
Autora: Dia Nobre
Editora: Penalux
Páginas: 122
Apresentação: Em seu segundo livro, Dia Nobre desenterra, do mais profundo, às chagas íntimas e sociais das mulheres. Quantas mulheres são esculpidas pelas relações tortuosas com a família e a sociedade. Quantas tentam caber dentro de si mesmas e vão se tornando cada vez menores para que sejam encaixáveis e não deixem à mostra os desejos e o ímpeto de vida, o impulso de morte. Para que os abusos sofridos não sejam feridas visíveis. Dia nos conduz pela vida da mulher que, ainda pequena, aprende a perguntar coisas difíceis. Este livro é talhado por histórias de filhas, mães, avós, mulheres que conheceram o peso de ser mulher muito cedo, que entregaram o fardo nas mãos das inocentes desavisadas e que formam, até hoje, o imaginário capaz de fragmentar uma vida. Apesar disso, ser várias, cada uma dentro de si, até a miúda versão protegida sob tantas camadas, é também recurso de vida. No útero não existe gravidade faz das memórias poesia, transmuta dor em coragem. Decide que o enredo não será interrompido: "me enganar sempre foi uma forma de sobreviver". (Jarid Arraes)


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4 comentários:

  1. Oi Fernanda,

    Achei interessante a premissa, e apesar de gostar mais de uma fantasia, policial ou terror, acho que leria o livro se tivesse oportunidade. Tenho a sensação quase certeza que vou me identificar com alguma das situações expostas no livro.

    Até mais;
    https://hipercriativa.blogspot.com/
    &
    http://universo-invisivel.blogspot.com/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Helaina!
      Vae a pena dar uma chance porque além de o livro ser incrível, é legal sair da zona de conforto vez ou outra, né?!
      Espero que você tenha a chance de lê-lo.

      Um beijo :*

      Excluir

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Algumas Observações | Ano 17 | Textos por Fernanda Rodrigues. Tecnologia do Blogger.