E eis que eu estou aqui novamente, na angústia de escrever e apagar e rescrever este post mais de uma vez. Poderia culpar conta da crise de enxaqueca que me acompanhou ao longo da semana ou o projeto grande de trabalho que tem me tirado o sono. Mas não. De novo, não. A razão do fazer e desfazer perpassa por outros caminhos.
Algumas pausas são mais necessárias que outras. Não há como mergulhar fundo sem o equipamento adequado. No caso da palavra, ela só é ouvida se houver fôlego e silêncio. No meio de uma explosão, ficará para sempre perdida. Talvez seja isso: tenho explodido para dentro. Como o eremita, busco fôlego na luz do mar do meu casulo. Sonhos me mandam sinais. Anoto tudo que lembro no meu diário, numa tentativa de descobrir ali a passagem secreta que me desague numa ilha paradisíaca. O problema é que não quero ser ilha, meu desejo é de continente! Terra firme depois de tantas moléculas de H²O... Isso é mais uma das minhas contradições.
Os encontros literários, mesmo que através de uma tela, me levam cada vez mais a perceber as minhas fragilidades. Meus calcanhares de Aquiles (assim mesmo, no plural) são mais fortes do que eu. Noto o quanto é cansativo lutar contra o moinho submerso e carcomido por águas que sempre mudam de direção e aparecem arrastando tudo para os lugares mais inusitados. Por algum tempo, desisto.
Até agora escrevi sobre marés hiperbólicas, repletas de incertezas e da aspiração do ser mais. Contraditoriamente foi justamente essa pressão de ser gente que não me permitiu ser eu. Como quase tudo na vida, a escrita me é âncora pesada e distante: há responsabilidade em parir algo para o mundo — mesmo que seja um pequeno post para um blog insignificante. Será que estou contribuindo?
No fundo, parei
momentaneamente de olhar para trás e de
tomar cafés com os amigos. Parei de publicar textos para tentar entender como lidar com essa pressão em meus ouvidos. Nesse impasse de represar e transbordar, minhas palavras nadam no meu útero. Não há ar nos meus pulmões, mas paro de lutar contra a minha angústia. No meio desse maremoto todo, mesmo sem saber nadar, eu continuo tentando dar minhas braçadas.
_____________________________________________________________
Oi, Fernanda! O texto tocou-me imensamente, por vezes sinto-me assim também. Já pensei em desistir de tanta coisa em minha vida, inclusive do meu blogue, que tanto amo. Desejo-lne força e perseverança em sua jornada. Amei o texto. Abraço,
ResponderExcluirTudo é cíclico. Então o lance é respirar e continuar seguindo, não?!
ExcluirEspero que você fique bem também. :)
So pretty❤
ResponderExcluirThank you! <3
ExcluirAgora você me deixou sem palavras.
ResponderExcluirEu costumo ler no meu dia a dia textos objetivos. Portanto este texto me deixou angustiado.
No início eu entendi sobre o quanto foi árduo começar escrever o texto, mas depois as palavras se tornaram confusas e a objetividade se diluíu.
Espero que sua intensão tenha sido criar esta angústia no leitor. Caso contrário me diga qual foi o seu objetivo ao criar esse texto.
Um abraço.
arquitetoversatil.com
Oi, Rafael!
ExcluirObrigada por se dispor a ler meu texto, mesmo ele sendo diferente do que você está acostumado.
Quanto ao significado, ele é o que é. O modo como você o sentiu não está errado (assim como as diferentes percepções dos outros leitores também não estão).
Espero que você volte por aqui mais vezes!
Um beijo :*
Oi Fê! Escrevi justamente sobre o sofrimento que é escrever no meu blog ontem e concordo com você. Nessa pressão de ser mais, terminamos muitas vezes sem nem tentar e guardando pra nós tantas coisas (boas e ruins). Lindo texto! Um beijo!
ResponderExcluirPois é, menina. Essa pressão está acabando com as pessoas, cada um a seu modo!
ExcluirEspero que possamos sobreviver.
Beijos :*
As crises de enxaqueca também tem esse efeito em mim!
ResponderExcluirBjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube
Espero que você fique bem! :)
ExcluirOi Fernanda, tudo bem?
ResponderExcluirAcho que se não fosse o compromisso que eu combinei comigo mesma, talvez já tivesse parado de publicar. Escrever é muito prazeroso, mas ao mesmo tempo solitário demais às vezes. O silêncio às vezes é ensurdecedor. Pausas são muito necessárias nessas horas. Escrevo para me encontrar e não me perder de vez.
Adorei o seu texto e a reflexão que gerou em mim! <3
Beijos;
Mente Hipercriativa | Universo Invisível
Eu que amei a sua reflexão a partir do meu texto! :)
ExcluirUau! Que texto incrível. Por vezes esses momentos de pausa são muito importantes.
ResponderExcluirBoa semana!
Jovem Jornalista
Instagram
Até mais, Emerson Garcia
Demais! :)
ExcluirBeijos :*
Você sempre agrega! Tudo o que a gente coloca no mundo agrega. Às vezes a gente te que ser um pouco irresponsável mesmo e fazer porque quer e pronto, pensar mais na gente do que nos outros (não sei se entendi certo, se estiver falando merda perdão).
ResponderExcluirExplodir pra dentro é algo que bem entendo...
E, por último, pausas são muito importantes!
Beijo!
Oi, Liv!
ExcluirO texto é o que é. :) Sua interpretação também é válida. :)
Beijos e obrigada pelo carinho :*
Oi, Fê! Eu tenho me sentido assim ultimamente também... Quero escrever, mas parece que existe uma parede gigante na minha frente me impedindo de seguir em frente. Eu sei que eu posso escalar e continuar a caminhada, mesmo cansada, mas apenas a ideia desse esforço me deixa cansada. Estou tentando retomar o blog há meses, mas a verdade é que me sinto enferrujada com as palavras agora. Vou tentar retormar aos pouquinhos, mas não tem sido fácil. Espero que a gente encontre o ritmo certo para continuar com as braçadas... Força aí! Beijos
ResponderExcluirFernanda Ene
https://www.confabulando.com.br
Ai, Fê, é ir aos pouquinhos, né?! :)
ExcluirO importante é a gente se respeitar e não parar.
Espero que você fique bem.
Um beijo :*