quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Impossibilidades

Foto por Bruno van der Kraan, via Unsplash.

No hibridismo entre poesia e jornalismo nasce uma crônica. O problema, talvez, seja que estou longe de ser jornalista — além de ouvir, gosto igualmente de falar. E, embora seja poeta, não ando flanando por aí. Tem sido difícil coletar miudezas.

Desde que terminei a grande faxina, tenho vivido no meu quarto. Durmo, acordo, trabalho, estudo e me exercito entre as quatro paredes e sua pequena janela. É difícil tirar grandes narrativas dessa rotina.

Já se foi um semestre inteiro de quarentena. Seis meses, alguns dias e um aniversário em casa. Meu carrinho da montanha russa das emoções continua em seu looping star eterno de alternância entre dias incríveis e terríveis. De qualquer forma, sigo.

Às vezes penso no futuro. Como seremos nós no final de tudo isso? Digo o final real e falo em um nós coletivo. Como seremos daqui alguns anos, depois que a população mundial for vacinada e o planeta estiver ainda mais quente (por conta dos biomas cada vez mais destruídos) e os sistemas econômicos atuais em ruínas? 

O dito popular afirma que em pouco tempo "muita água corre por debaixo de uma ponte". Resta saber qual é o estado dessa água. (A sensação que tenho é de que há cada vez mais lodo. É impossível ver o fundo.)

A vida muda o tempo todo. E eu, que tenho tentado sair do quarto ao menos para ver os telejornais na sala, hoje pulei esse momento. A falta da verdade me dói. Eu não vivo no mesmo país que foi descrito na reunião da ONU.

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12 comentários:

  1. Oi, Fernanda como vai? Excelente o texto, pois gera uma reflexão importantíssima para todos nós! O que será da humanidade quando tudo isto cessar? Será que aprenderemos? Ou continuaremos a definhar neste mundo cada vez mais famigerado por nossa incapacidade de cuidar do que nos foi dado pela Criação? Prefiro crer na primeira opção, embora às vezes a Realidade me mostra o contrário, infelizmente. Adorei o escrito, parabéns! Fique bem. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com

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    1. Acho que, se a gente não tentar ver o copo meio cheio, a gente pira, não?!
      Espero que tudo fique bem no final.
      Fico feliz que tenha gostado do texto!
      Um beijo

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  2. Incrível seu desabafo. Realmente o mundo está mudando muito com essa pandemia. Espero que saiamos ilesos de tudo isso e aprendamos a viver o novo normal que nos está imposto.

    Bom fim de semana!

    Jovem Jornalista
    Instagram

    Até mais, Emerson Garcia

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    1. Acho que ninguém vai sair ileso, mas que podemos sair mais maduros e cheios de aprendizados. O desafio é esse (além, claro, de sobreviver).
      Um beijo!

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  3. Oi Fernanda,
    Bela reflexão!
    Para mim, esse tempo está servindo para ver direitinho quem se importa com os outros, e quem só pensa no próprio umbigo. Mesmo com tantos problemas vejo gente cooperando para o grupo enquanto outros insistem em tentar convencer de não vale à pena ter empatia. A conta uma hora vai chegar. Na verdade já estamos pagando uma parcela.

    Até mais;
    Mente Hipercriativa & Universo Invisível

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    1. Helaina, eu super concordo com você: uma hora a conta vai chegar. Tudo o que a gente planta, a gente colhe e bem colhido.
      Por isso mesmo que eu tomo tanto cuidado com o que ando plantando.
      Um beijo!

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  4. Uma coisa tenho certeza Fe o tempo passa rápido...

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  5. Uau!! Que texto.
    Estou somente no meu quarto e não saio tanto para sala, mas ando muito tempo na cozinha.
    Difícil continuar a rotina de exercícios, esse mês foi bem intenso pra mim, uma montanha russa de emoções mas, é normal.
    Não sei se consigo enxergar a água o lodo está cada vez mais espesso e só basta esperar e fazer a nossa parte.
    Beijos.


    https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/

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    1. Oi, Vanessa!
      É respirar e tentar viver o hoje. Se a gente olha para trás e vê quanto tempo já se foi, dá agonia. Se a gente olha pra frente, ainda não vê o fim do túnel. É tentar focar no hoje e seguir vivendo.
      Um beijo

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  6. Ai Fernanda, tem sido difícil, mas seguimos! Esse texto me faz voltar ao questionamento que vem me assolando: como vai ser o futuro? Sou tão otimista que vivo acreditando que tem saída, mas dentro desse meu otimismo sempre tem alguns momentos de dúvida. Elas estão cada vez mais constantes. Está sendo difícil manter o otimismo, mas tento manter pra continuar agindo positivo!

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    1. Essa quarentena tem sido uma montanha russa de emoções mesmo!
      Eu total te entendo.
      O lance é a gente fazer a nossa parte e torcer pra dar certo.

      Um beijo!

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Algumas Observações | Ano 17 | Textos por Fernanda Rodrigues. Tecnologia do Blogger.