*Nota: achei esse texto perdido nos rascunhos do blog há um bom tempo.
Resolvi publicá-lo; porque ainda que boa parte da minha opinião tenha mudado,
continuo achando que cada um deve cuidar da sua vida.
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Would you call me a saint or a sinner?
Would you love me a loser or a winner? |
Voltei para casa meio de bode, depois de me encontrar com alguns amigos que não via há algum tempo. É engraçado como as pessoas criam expectativas sobre as outras, como elas transformam a nossa vida em um roteiro incrível e esperam que a gente cumpra o papel a que elas nos designou.
A primeira vez que isso aconteceu comigo de forma marcante foi no fim da adolescência. Sempre que penso em quando a minha amizade com a minha melhor amiga da época ruiu, me vem à mente aquela tarde em que ela tentou - em vão - em convencer a prestar FUVEST. Eu não queria fazer USP, ela achava que eu tinha tudo para dar certo lá. No fim das contas, encerramos o assunto com ela frustrada por eu não tentar, e comigo frustrada por ela não me entender. O meu curso de Letras na USP era um sonho dela, não meu (e o mais irônico nessa história toda é que ela mesma não cursou a graduação em universidade pública).
Agora, por certo, o roteiro era outro, mais parecido com aqueles versinhos que as crianças cantam em inglês: *"...First comes love. / Then comes marriage. / Then comes baby in the baby carriage...". Por isso, a decepção veio quando eu disse que, neste momento, não me vejo em um relacionamento. Depois de todas as interjeições possíveis, um dos amigos me solta um "mas o amor tão é bonito" - que insinuou que eu estou amarga por não sair para procurar alguém. O que ele não entende é que eu concordo com ele: o amor é, sim, lindo; mas há várias formas de amar que não seja estar em um relacionamento amoroso. E que não, não acho que eu preciso estar com alguém para ser feliz.
Ando meio de saco cheio das pessoas me dizendo que eu sou "para casar", de ter que convencê-las de que as frustrações delas são porque elas roteirizaram a minha vida, não eu. Que me desculpem os desinformados, eu não sou para casar, eu sou para ser aquilo que eu quiser. Então, acho melhor todo mundo começar a criar expectativas e planejar a própria vida, em vez de querer fazer isso com a minha.
Pelo bem de todos e felicidade geral da nossa amizade, digo ao povo que eu já sei cuidar do meu nariz.
*A tradução literal da música é "...Primeiro vem o amor. / Depois o casamento. / Então vem o bebê no carrinho de bebê...".
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Oi, Fernanda! Muito bom o seu ponto de vista, e concordo plenamente com ele. Geralmente algumas pessoas( às vezes a maioria delas, para não dizer todas) querem que a gente faça o que elas querem e não o que a gente quer. É super complicado lidar com essas situações corriqueiras na maioria das vezes. Eu sou um exemplo vivo dessas experiências traumatizantes de minha existência até aqui. Já desfiz muitas amizades por causa desse tipo de inconviência nos relacionamentos humanos, e você tem razão ao proferir que, ninguém eu digo absolutamente ninguém tem de obrigatoriamente estar em um relacionamento amoroso para ser feliz. Não se pode ser feliz, ou estar feliz sozinho? É claro que é legal ter uma companhia a quem você possa dividir as experiências boas e ruins da existência, mas nem sempre isso é possível. Adorei o seu post, um forte abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com
Lidar com todas essas relações é um processo mesmo. a gente tem que refletir muito se vale a pena.
ExcluirObrigada pelas palavras e pelo comentário.
Oi, Fernanda! Primeira vez aqui no seu blog e já gostei muitíssimo dele!
ResponderExcluirAchei o texto incrível! Espero um dia poder viver num mundo onde as pessoas parem de querer achar o que é melhor pra gente. Já rompi amizades também (recentemente inclusive) porque estavam querendo se meter demais na minha vida. Os únicos responsáveis pelas nossas escolhas e destino, somos nós mesmos ♥
Estante Bibliográfica
Oi, Laura!
ExcluirFico feliz que você tenha gostado do Algumas Observações e espero que você volte em breve. :)
Sobre amizades que se quebram, infelizmente isso é algo que, em um momento ou em outro vai acontecer na vida.
Espero que as pessoas aprendam a lidar com as próprias vidas no lugar de cuidar das alheias.
Um beijo
É tão ruim viver em torno do que os outros esperam de nós, né? Isso limita a nossa coragem para viver como quisemos. É importante respeitar as vontades do outro, os gostos e desejos do outro. Ninguém comanda a vida de ninguém.
ResponderExcluirhttps://www.kailagarcia.com
Sim, Kaila!
ExcluirÉ importante que a gente respeite o espaço de cada um.
Um beijo :*