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Que os caminhos sejam flores. |
Se eu pudesse, passaria por você de modo casual. Sabe aqueles encontros despretensiosamente premeditados? Seria um assim. Eu estaria usando o meu vestido florido, com os cabelos soltos, a máquina fotográfica à tira colo. Você estaria de mãos dadas com a sua namorada e faria uma cara confusa, de espanto. Por que eu ali, depois de tanto tempo? Por que logo eu, para te forçar sacudir a poeira do esquecimento?
Faria um pequeno meneio com a cabeça. Discreto, porém vívido. Uma fração de segundos que não sairia mais da sua cabeça. Sua namorada iria ficar um pouco confusa, perguntaria um "quem é ela?" por entre os dentes. Você, na falta de resposta melhor, diria um "não sei", numa clara tentativa de mudar de assunto. De fato, não sabe mesmo.
Você não sabe como eu tive que lidar com as minhas dores depois que você se decidiu por ela. Você não sabe das manobras que tive que fazer para parecer feliz, mesmo estando aos pedaços. Você não sabe o que foi ter que sair da cama, quando queria me enterrar viva. Você não sabe do esforço que eu fiz, não para esquecer o que vivemos, mas para me reerguer com os pedaços que sobraram disso. Construir um castelo a partir de cacos de vidro. Você não sabe o quanto as mãos sangram quando a vida nos força a fazer uma coisa dessas...
O tempo e suas transformações. A vida e seus ensinamentos: o momento do nosso reencontro. Eu estaria usando o meu vestido florido e o meu melhor sorriso (discreto, porém vívido), mas você não me reconheceria. Não sou mais aquela que se deixa assustar com a grandeza da sua intelectualidade, com a fragilidade da minha poesia. Você captaria a minha força ao me ver sorrir. Sutil mudança poderosa.
Seguiríamos por caminhos opostos. Você tentando entender o que aconteceu no último minuto. Eu, com a certeza de que o pior já passou, desejando o melhor para o mundo.
Este texto faz parte do Projeto Escrita Criativa, que reúne escritores e blogueiros para colocarem no “papel” suas ideias. Quem quiser conhecer mais, acesse a página ou o grupo do projeto. Lá há a lista de todos os blogs participantes. O tema da blogagem coletiva de setembro era "Se eu pudesse...".
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Se EU pudesse, apagaria tudo para não precisar sentir qualquer coisa depois de sobreviver ao passado.
ResponderExcluirwww.carolvayda.com.br
Apagar o que vivemos é apagar o que somos. Não é assim que se lida com as coisas, Sis. A gente tem que encarar de frente, porque qto mais rápido fazemos isso, mais rápido superamos tbm! :D
ExcluirBeijos,
Fê
Que lindo Fer! Quanto sentimento no seu texto, dá para sentir exatamente o que o texto fala, parece que ele conversa com você enquanto lê!
ResponderExcluirSimplesmente amei!
Ayu, que feliz por você ter gostado!
ExcluirÀs vezes a gente se deixa levar por um sentimento sem saber para onde ele vai, até que ele nasce em um texto e se desprende da gente! :)
Essa é a mágica de transformar a dor em literatura ♥
Beijos,
Fê
Ah, se eu pudesse!! Que texto mais sincero. Tirei um print pra ler sempre. É muito real.
ResponderExcluirAbraços!
Ai, que linda você! ♥
ExcluirSempre fico com o coração quentinho quando alguém diz que gosta do que escrevo a ponto de printar/salvar. :D
É muito bom quando acontece uma identificação assim!
Beijos e muito obrigada pelo carinho,
Fê
Corações em pedaços que se reerguem blindados.
ResponderExcluirAmo seus textos.
Um abraço.http://julietincrisis.blogspot.com.br/
Se reerguem blindados ou, ao menos, tentam!
ExcluirObrigada pelo carinho!
Beijos,
Fê
Lindo Fê! Senti cada palavra!
ResponderExcluirParabéns!
Beijos
Oi, Boo!
ExcluirFeliz por ter gostado e por ter conseguido transmitir o sentimento que queria! :D
Beijos,
Fê