domingo, 8 de dezembro de 2024

{Resenha} O ato criativo: uma forma de ser, de Rick Rubin



Quando a editora Sextante lançou O ato criativo: uma forma de ser, de Rick Rubin, a internet não falava em outra coisa. Eu não sou muito de ler os livros que estão no hype, mas aproveitei uma visita à livraria Martins Fontes para comprar um exemplar e ver se era tudo isso que todo mundo andava dizendo.

O livro é bom, sem dúvida. Penso que é uma excelente porta de entrada para quem nunca leu nada sobre viver uma vida autoral e criativa. Também acredito que pode inspirar quem se vê em uma fase mais dura, de bloqueio criativo. Entretanto, se você for um leitor como eu, que já leu dezenas de livros sobre criatividade e que vê na arte uma forma de devoção, talvez este livro seja mais do mesmo. Embora Rubin seja muito didático e objetivo, ele não me trouxe nenhum conhecimento novo sobre o assunto. Em algumas passagens, inclusive, achei que há outros autores que apresentam determinados pontos de vista de formas melhores do que as dele.

Quando você segura uma peça central do quebra-cabeça e fita a mesa vazia, é difícil saber onde colocá-la. Se o quebra-cabeça estiver completo exceto por essa única peça, você saberá exatamente qual é o lugar reservado a ela. Em geral, o mesmo acontece com a arte. Quanto mais da obra pudermos conhecer, mais fácil será localizar com elegância e clareza os detalhes finais. (Rick Rubin, O ato criativo, página 127)
Início do capítulo sobre sucesso. Página 160, de O ato criativo, de Rick Rubin

Rubin é um produtor musical de sucesso e traz a sua experiência para o livro. Por mais que ele tente falar de outras áreas artísticas (como a escrita, a fotografia etc.), ele ainda se prende mais ao ramo dele de trabalho. Tanto nesse sentido mais prático, quanto no sentido mais espiritual a que ele se refere da criatividade, penso que os livros da Julia Cameron (também publicados no Brasil pela editora Sextante) aprofundam mais esses pontos.

Entre em sintonia com esses sentimentos durante o trabalho criativo. Procure as reações internas. De todas as experiências que surgem no decorrer do processo, tocar o êxtase e permitir que ele guie nossas mãos é a mais profunda e preciosa de todas elas. (Rick Rubin, O ato criativo, página 169)

Talvez esta sensação que senti de falta de aprofundamento de alguns pontos seja fruto da tentativa de cobrir os assuntos mais importantes da vida criativa. Quando olha-se o "Sumário", tem-se uma ideia dos assuntos abordados em cada um dos capítulos que vão desde entrar em sintonia com a fonte, passando por plantar e colher frutos da semente criativa. Ele ainda passa por pontos como o olhar para dentro e o subconsciente, a importância da paciência, o equilíbrio entre o romper com a mesmice, a espontaneidade, ter regras e ser constante, o não competir, o trabalho em equipe, a adaptação, a sinceridade, a harmonia, dentre outros. Entendo que se ele resolvesse aprofundar de fato cada um desses pontos, o livro seria imenso.

Sumário de O ato criativo, de Rick Rubin.

Todas as coisas vivas estão interconectadas e dependem umas das outras para sobreviver. A obra de arte não é diferente. Ela gera entusiasmo em você. Exige sua atenção. E sua atenção é exatamente o necessário para que ela cresça. É uma relação harmônica de dependência mútua. O criador e a criação recorrem um ao outro para prosperar. A vocação do artista é seguir o entusiasmo. Onde há entusiasmo há energia. E onde há energia há luz. (Rick Rubin, O ato criativo, páginas 245-246)

Como disse no princípio, não é um livro ruim, apenas não me entregou toda a expectativa que o buzz da internet criou antes da minha leitura. Se você nunca leu nada sobre criatividade ou quer relembrar algo sobre o assunto, este O ato criativo pode ser um bom ponto de partida.

Capa.


Livro: O ato criativo: uma forma de ser
Título original: The creative act: a way of being
Autor: Rick Rubin
Tradução: Beatriz Medina
Editora: Sextante
Páginas: 288
Apresentação/Sinopse: O lendário produtor musical Rick Rubin é um mestre em ajudar artistas dos mais variados gêneros a se conectarem com a fonte de sua criatividade para descobrir quem são de verdade e o que de melhor têm a oferecer ao mundo.
Ao longo de anos estimulando as pessoas a transcenderem suas limitações e resgatarem esse estado puro de inocência e inspiração dentro de si, Rubin compreendeu que ser artista não tem a ver com criar obras de arte; tem a ver, sim, com uma maneira peculiar de estar no mundo e de se relacionar com ele.
Este livro é uma generosa reflexão que ilumina o caminho do artista e nos convida a seguir por essa estrada – pois a arte e a criatividade estão à disposição de cada um de nós, como um direito de nascença.
“Não importa se estamos produzindo arte formal ou não; todos nós vivemos como artistas. Pelo mero fato de estarmos vivos já podemos nos considerar participantes ativos do processo contínuo de criação. Viver como artista é um modo de estar no mundo. É uma prática de atenção.” – Rick Rubin

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2 comentários:

  1. Oi Fernanda, tudo bem? Ainda não conhecia a obra e por gostar bastante do tema também acabo sendo mais seletiva para não ler mais do mesmo e ficando frustrada. Nada pior do que arrastar uma leitura. Não despertou meu desejo imediato de ler, mas manterei a dica em mente.

    Até breve;
    Helaina (Escritora || Blogueira)
    https://hipercriativa.blogspot.com (Livros, filmes e séries)
    https://universo-invisivel.blogspot.com (Contos, crônicas e afins)

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  2. Também não sou fã de ler livros no hype porque, 99% das vezes, eles não entregam tudo que as redes sociais dizem. Achei interessante a citação sobre o sucesso ter a ver com você e não com os outros: no final das contas, a nossa perspectiva é o que realmente importa.
    Acabei de postar minha wishlist para 2025 - me ajuda com a sua sugestão?
    Bj e fk com Deus
    Nana
    https://procurandoamigosvirtuais.blogspot.com/

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