No final do ano passado, aproveitei que tinha acabado de me vacinar com a segunda dose (agora já tomei a terceira) para ir à exposição Constelação Clarice, instalada no Instituto Moreira Salles de São Paulo até 27 de fevereiro deste ano.
Mergulhar no universo artístico sempre é ganhar asas.
Esta mostra tem curadoria de Eucanaã Ferraz e Veronica Stigger (dois estudiosos de literatura) e apresenta ao público as múltiplas facetas de Clarice Lispector. Ali, é possível ver desde documentos pessoais, a manuscritos, pinturas e objetos pessoais da autora. Além disso, também são apresentadas obras de outras mulheres, também artistas visuais, contemporâneas de Clarice (que atuaram principalmente entre as décadas de 1940 e 1970).
As máquinas de escrever de Clarice Lispector e eu. :)
As músicas nos livros de Clarice.
Objetos da casa de Clarice Lispector.
Curriculum Vitae da Clarice Lispector (sim, até ela teve que fazer um CV na vida!)
A exposição é muito bonita e muito interessante. Por conter cerca de 300 itens da vida da autora, ao visitá-la nos sentimos como se estivéssemos visitando a própria Clarice em sua completude: a escritora, a jornalista, a apreciadora de música, a pintora, a viajante, a mãe, a mulher. Nesse sentido, os dois andares em que a mostra está instalada nos serve de aconchego ao universo da autora e aproxima todos os tipos de leitores, desde os apaixonados aos que sempre disseram ter medo de ler Clarice e aos que ainda não mergulharam na obra dela.
Clarice Lispector na praia.
Algumas cadernetas de anotações.
Documentos da Clarice.
Cartas do Carlos Drummond de Andrade para a Clarice Lispector.
Quadros sem títulos — pintados por Clarice Lispector.
Quadros Pássaro da Liberdade e Ao amanhecer — pintados por Clarice Lispector.
Eu, particularmente, fiquei muito emocionada, porque sempre que dou aulas sobre processos criativos ou sobre literatura, mostro aos meus alunos fotos dos manuscritos da autora (como acontece na videoaula abaixo que elaborei com a Aline Caixeta). Vê-los ali, de verdade, me trouxe lágrimas (sou dessas) e me inspirou demais!
Aula sobre a crônica "A morte de uma baleia", lecionada por mim e pela Aline Caixeta.
Manuscrito de A hora da Estrela.
Manuscrito de A hora da Estrela.
Manuscrito de A hora da Estrela.
Antes que alguém venha aqui dizer "ai, mas que letra feia", vale dizer que o livro A hora da Estrela foi o último escrito por Clarice Lispector. Antes disso, ela sobreviveu a um incêndio em que teve a mão queimada. Esse acidente prejudicou muito os movimentos da mão da autora.
Eu embaixo de umas das muitas citações que permeiam as paredes da exposição. Esta, retirada do livro Água viva.
As três imagens acima mostram documentos e fotos de quando a Clarice foi convidada a participar de um congresso de bruxaria, na Colômbia. Ela foi e apresentou um conto chamado "O ovo e a galinha".
Algo que muito me impressionou foi a parede com boa parte dos manuscritos do livro Um sopro de vida. Dá vontade (e eu fiz isso!) de ficar ali lendo palavra por palavra, de levar a versão final e comparar com cada trecho que está ali (isso não fiz, mas fotografei tudo para, quem sabe, fazê-lo um dia).
Manuscritos de Um sopro de vida.
"(Autor) Será que Angela sente que é um personagem? Porque, quanto a mim, sinto de vez em quando que sou o personagem de alguém. É incômodo ser os dois: eu para mim e eu para os outros." Manuscritos de Um sopro de vida.
"Solidão. Dessas solidões em que se quer inventar Deus e não se consegue" Manuscritos de Um sopro de vida.
Neste post eu trouxe uma pequena mostra das mais de 200 fotos que eu tirei da exposição (se você quiser ver mais, diga nos comentários). O post é só para deixar aquela vontadezinha de conferir tudo com os próprios olhos. Se você estiver em São Paulo, visite e me conte o que achou!
Retrato de Clarice Lispector (por Claudia Andujar) e eu superfeliz por estar ali.
Já se você não estiver em São Paulo, ou quiser um spoiler desta lindeza, pode assistir ao vídeo do Instituto Moreira Salles com uma visita guiada pelo curador, Eucanaã Ferraz, pela exposição:
Constelação Clarice
De: 23/10/2021 a 27/2/2022
Quando: Terça a domingo e feriados (exceto segunda) das 10h às 20h. (Última admissão: 30 minutos antes do encerramento.)
Caramba que sensacional!! Eu acho a Clarice Lispector incrível, que legal ter ido numa exposição dela. Eu iria amar, tenha certeza que foi um passeio super legal. Sobre ter vergonha de tirar fotos, muitas vezes eu tenho, mas estando com meu namorado ou amigas eu não ligo muito não. Hoje em dia tirar fotos em público é tão normal, eu pelo menos sempre vejo as pessoas tirando fotos etc na rua, esses dias tinha uma menina no shopping gravando um vídeo sozinha, admirei! Outra coisa que ajuda a não ter vergonha é pensar que as pessoas que estão te observando daqui 5 minutos nem vão mais lembrar quem você! :)
Minha linda eu amei demais ver que já tomou a terceira dose e que conseguiu sair. Amei o passeio que você fez e visitar exposições é maravilhoso, a exposição estava linda e mesmo por trás da máscara deu pra ver que estava sorrindo e feliz. Beijos.
Van, sorri demais mesmo! :) Sobre a vacina, se vacinar é saúde individual e coletiva, mas também é resistir a um governo que se ver ok com tantas mortes.
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Fernanda Rodrigues é uma paulistana apaixonada por gatos e café. Atualmente é professora de escrita literária, escritora, revisora, preparadora de textos, leitora crítica, assistente literária, palestrante e cofundadora do Projeto Escrita Criativa. De formação, é especialista em Docência em Literatura e Humanidades (FMU) e em Formação de Escritores e Produção e Crítica de Textos Literários (ISE Vera Cruz), além de ser bacharel e licenciada em Letras — Português/Inglês (USJT) e pós-graduanda em Psicopedagogia (Universidade Anhembi-Morumbi). É autora dos livros de poesia A Intermitência das Coisas: sobre o que há entre o vazio e o caos (2019) e Rasgos dentro da minha própria pele (2022), ambos publicados pela Editora Litteralux (antiga Penalux), de La intermitencia de las cosas: sobre lo que hay entre el vacío y el caos (2024), publicado pela Caravana Editorial e do didático Narrativas Digitais: narro, logo existo! Registrar o meu mundo e construir histórias (2021), lançado pela Fundação Telefônica Vivo. É 3º lugar no Prêmio SESC Crônicas Rubem Braga (2017) e tem textos em diversas antologias. Também escreve no site Algumas Observações, no ar desde junho de 2006. Mais aqui.
Desde 24 de novembro de 2013, as imagens do Algumas Observações são de minha autoria. Anteriormente, as que aparecem nas postagens eram meramente ilustrativas. Na maior parte das vezes, elas foram retiradas do Google Imagens, do We ♥ It e/ou do Tumblr. Evidentemente, sempre que eu sei quem é o autor, dou os devidos créditos. Entretanto, se você viu alguma imagem de sua autoria, por favor, deixe um comentário ou entre em contato avisando para ser creditado ou ter sua imagem substituída. ;)
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Algumas Observações | Ano 17 | Textos por Fernanda Rodrigues. Tecnologia do Blogger.
Caramba que sensacional!!
ResponderExcluirEu acho a Clarice Lispector incrível, que legal ter ido numa exposição dela.
Eu iria amar, tenha certeza que foi um passeio super legal.
Sobre ter vergonha de tirar fotos, muitas vezes eu tenho, mas estando com meu namorado ou amigas eu não ligo muito não. Hoje em dia tirar fotos em público é tão normal, eu pelo menos sempre vejo as pessoas tirando fotos etc na rua, esses dias tinha uma menina no shopping gravando um vídeo sozinha, admirei!
Outra coisa que ajuda a não ter vergonha é pensar que as pessoas que estão te observando daqui 5 minutos nem vão mais lembrar quem você! :)
https://www.heyimwiththeband.com.br/
Eu acho que essa exposição deveria rodar o Brasil! É linda e necessária <3
ExcluirFaz sentido isso de "não vão lembrar mesmo" aushausuas
Beijo!
Minha linda eu amei demais ver que já tomou a terceira dose e que conseguiu sair. Amei o passeio que você fez e visitar exposições é maravilhoso, a exposição estava linda e mesmo por trás da máscara deu pra ver que estava sorrindo e feliz.
ResponderExcluirBeijos.
https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/
Van, sorri demais mesmo! :)
ExcluirSobre a vacina, se vacinar é saúde individual e coletiva, mas também é resistir a um governo que se ver ok com tantas mortes.
Beijos