segunda-feira, 4 de maio de 2020

Batalhas

Imagem de komahouse por Pixabay.

Neil Gaiman e Amanda Palmer — o casal mais criativo que eu já vi — se separaram. Não aguento mais ver notícias tristes assim. Não bastou que eles terminassem, ele se mudou de país (ela ficou na Nova Zelândia, e ele voltou para a Inglaterra). Fico pensando em quantas estruturas mais o confinamento e o covid-19 vão desmoronar, então, me lembro das tiragens de tarô que vejo no YouTube: a carta da torre sempre aparecendo, ruindo com todas as estruturas, fazendo cair para recomeçar.

Todo fim é um recomeço. O problema é que as vivências estão todas tão incertas que a sensação que me dá é a de que há um espaço entre os dois pontos que antes costumavam unir as pontas de um círculo, um vácuo entre o término e o recomeço, um tempo em suspenso que separa esses dois não-lugares. O incômodo vem justamente de não se saber qual é o tamanho dessa distância, a força e a intensidade de sua duração.

O Paulo Mendes Campos já foi categórico em dizer que “o amor acaba”. Por mais que eu concorde com ele — tudo o que é frágil se desmancha no ar —, não gosto de acreditar nisso. Minha cabeça, na verdade, é uma grande contradição que vive me dizendo que o amor deve ser leve e fácil, mas que a gente deve lutar por ele (e qual luta é leve, meu Deus?). Fico me perguntando se não é por conta dessa minha complexidade tão paradoxal que eu não consigo ter alguém. Ao mesmo tempo, eu sei que não posso — e, sobretudo, não quero! — abrir mão disso. Sou a essência de alegria e tristeza, prosa e poesia, leveza e luta.

Acordei com uma voz que dizia em meu ouvido: “Me amar é a parte mais bonita do meu corpo”. Não sabia bem o que fazer com esse pensamento, que me pareceu tão real e tão bonito, sendo assim, o eternizei no Twitter e aqui. Acredito que esse lance de “me amar” é algo que vem mais de dentro do que de fora. São elaborações que — ao fazerem sentido — reverberam. Quero amar: vou para a luta com leveza.

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10 comentários:

  1. Olá!
    Tudo bem com você? Por aqui tudo bem.
    Acho que o primeiro amor deve ser o próprio e mais importante para que conseguimos aprender amar os outros e de outras formas.
    Beijocas.

    https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/

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    1. Olá, Vanessa.
      Concordo. E justamente por concordar que eu acho que é importante ter clareza no que se quer. Se quer ficar solteiro, fique. Se não quer, que se vá à luta.
      Um beijo :*

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  2. Oi, Feenanda como vai? Belíssimo texto. Insspirador e tocante. Abraço!

    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  3. Não é você que é complexa, é o amor! Tal sentimento existe de várias formas e se destrincha em grande pluralidade, alguns são leves e simples, outros são ferozes e requer uma luta árdua. Quanto a sua duração, pra mim o amor é eterno, desde que ele seja sempre mantido.
    Beijo, Blog Apenas Leite e Pimenta ♥

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    1. Oi, Leslie!
      Acho que a humanidade é complexa. Tanto o amor, quanto eu fazemos parte dela. Não há para onde correr! Então, seguimos.

      Um beijo :*

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  4. Amei sua reflexão sobre isso tudo,sinceramente,2020 têm trago tantas más notícias a respeito de amor,que para todos têm se tornado mais complexo do que já é.
    Beijos
    Vibe Da Maria

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    1. Oi, Maria!
      concordo com você. Mas, como diria a filósofa Shakira: "después de la tormenta sale el sol". Acho que a gente vai sair dessa quarentena sabendo melhor quem a gente é. Isso vai trazer mais clareza para os relacionamentos vindouros também.
      Um beijo :*

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Algumas Observações | Ano 18 | Textos por Fernanda Rodrigues. Tecnologia do Blogger.