A plenitude do amadurecimento

Lá estavam eles. Novamente, frente à frente, tentando encontrar uma palavra para ser dita. Os carros passavam, a chuva caía, o tempo arrastava lentamente os ponteiros do relógio. Já eles, bem... Os dois haviam se transportado para o universo paralelo em quem nada mais importa. 

Se olhavam com aquela cara que de "eu não deveria estar aqui, mas estou", que demonstra a verdadeira máxima do velho clichê que diz que "ódio e amor são dois lados da mesma moeda". É claro que eles queriam ser indiferentes um ao outro. É óbvio que não conseguiam. A química, a atração fatal, a ligação cósmica ou seja lá como você queira chamar se fazia tão presente que era capaz de contaminar o bairro todo com a essência da paixão.

Depois de tudo o que viveram juntos; sobretudo, após quase toda uma vida separados, era praticamente impossível encontrar vocábulos. O silêncio transbordava o sentimento, e a linguagem se traduziu na aproximação mútua, no encontro da pele, no confronto dos lábios... O idioma falado era expressado não por palavras, mas pelas línguas que se enroscavam naquelas bocas que tanto se queriam...

Lá estava o desejo. Lá estavam eles. Novamente, frente à frente, contemplando a plenitude do amadurecimento que os permitiram se perdoarem e serem felizes.

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