terça-feira, 7 de julho de 2009

Cuando nadie me ve, puedo ser o no ser...

A veces me elevo, doy mil volteretas
A veces me encierro tras puertas abiertas
A veces te cuento por qué este silencio
Y es que a veces soy tuyo y a veces del viento...
(Cuando Nadie me Ve - Alejandro Sanz)


Tenho pensado muito sobre tudo o que venho vivido. No final do ano passado, concluí que 2008 havia sido um ano cheio de dificuldades e de aprendizados. Dele, saí mais forte e mais flexível também. Amadureci de fato.

2009 começou, e mais mudanças vieram. Pessoas chegaram, pessoas se mudaram, pessoas se foram... E isso tudo resultou em mais aprendizado para essa blogueira que vos escreve.
Os que me conhecem de outros carnavais sabem o quanto eu me apego fácil às pessoas e o quanto eu odeio despedidas. Acho que todos os encontros e desencontros dos últimos dias (é amiga que vai trabalhar em outro pólo, é ídolo que morre, é reencontro com as amigas de infância, amizades que nascem...) me deixaram reflexiva...

(...)

A vida é mesmo feita de momentos únicos. Hoje, ao ver as últimas homenagens ao Michael Jackson, fiquei pensando em como a gente “só dá valor quando perde”... E perdemos sem perceber. Perdemos a chance de dizer o quanto gostamos (ou não) de quem está ao nosso redor...
Fiquei pensando em como poder fazer isso. Como valorizar, como demonstrar aquilo que sinto pelas pessoas que me são tão especiais?! Minha família, meus amigos, meus professores, meus colegas de trabalho, meus educandos... Cada pessoa que torna a minha vida uma eterna escola em que aprender é necessário... Ainda não encontrei uma resposta...

(...)

De tempos em tempos sempre entro naquela crise de “o que eu estou fazendo por mim? o que estou fazendo pelo mundo?”. Acho que as férias têm me ajudado a refletir, a investir – mais uma vez – na busca por essa resposta (mais uma que não encontrei ainda).

Em um de seus contos, o escritor moçambicano, Mia Couto, diz: “...chorar é um abrir do peito. O pranto é o consumar de duas viagens: da lágrima para a luz e do homem para uma maior humanidade. Afinal, a pessoa não vem à luz logo em pranto? O choro não é a nossa primeira voz?”*

Foi ao ler este conto que percebi o que tenho feito por mim. Tenho sido mais humana. 2009 foi o ano em que eu chorei. Chorei o reencontro e a despedida. E me espantei por isso, porque sempre fui “a durona”. Por ser a mais velha, sempre me senti na responsabilidade de “segurar a onda” e dar o meu ombro amigo. Fazendo isso, acabava por esconder meus sentimentos. (Hoje o faço, mas de outra forma...)

No ano passado, comecei uma viagem de redescobrimento de mim mesma. Ao me despedir da Lari (minha amiga da Bahia que veio pra cá), chorei. Aliás, chorei como uma criança. Não me importei pelo fato de estar no terminal rodoviário da Barra Funda, que esse terminal estava lotado de gente, que meus amigos estavam rindo de mim (enquanto admiravam o fato de eu estar chorando). Chorei sem pudor, o choro sentido da saudade que viria e que se estenderia por mais um ano – até o próximo encontro.

Ao me despedir da Joyce, não consegui falar, só chorava. Foi a primeira vez que as pessoas que trabalham comigo me viram chorando. Acho que eles não esperavam. Todas as vezes que me emocionava, segurava o choro... Todavia, desta vez foi diferente, chorei...

Durante os últimos tempos, aprendi que não basta ser sincera apenas com as palavras, mas que as atitudes também têm o seu valor. Tenho certeza que as meninas só tiveram real dimensão do quanto elas são importantes pra mim, quando elas sentiram essa importância ao me ver chorar...

Aliás, outra coisa que não muda em mim é essa sinceridade. Às vezes a Evelyn diz que eu sou super sincera e que isso machuca... Mas essa é uma idéia que nasceu comigo, que me é intrínseca: antes alguém que diga uma verdade que doa, do que uma mentira que afague. Sou assim com as pessoas e gosto que elas sejam assim comigo também...

Te escribo desde los centros de mi propia existencia
Donde nacen las ansias, la infinita esencia

Hay cosas muy tuyas que yo no comprendo

Y hay cosas tan mias, pero es que yo no las veo

Supongo que pienso que yo no las tengo

No entiendo mi vida, se encienden los versos

Que a oscuras te puedo, lo siento no acierto

No enciendas las luces que tengo desnudos,

El alma y el cuerpo...
(Cuando Nadie me Ve - Alejandro Sanz)

_____
COUTO, Mia. Os Machos Lacrimosos. In: O fio das missangas. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. Página 110.

3 comentários:

  1. Oi Fê, então a vida é assim mesmo. Me identifiquei bastante com o seu post. 2009 tem sido o ano das perdas pra mim (pelo menos até agora foram todas materiais) e eu tenho levados tombos diários, mas nessas horas a única coisa que podemos fazer é levantar e seguir em frente.
    Desculpa pelo comentário tosco.
    Bjux!!!

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  2. Fê,
    me faço a mesma pergunta(sobre como valorizar as pessoas à nossaa volta)...o outras como 'porque eu não percebo a importância desses seres que estão ao meu lado e que compartilham de sua vida comigo agora, nesse momento?''porque esse maldito vício que temos de perceber quando já é quase tarde demais?'
    isso parece tão intrínseco, tão imutável...
    Enfim,

    Abraço pra tu!

    ResponderExcluir

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