Foto de Stijn Swinnen, via Unsplash. |
Em tempos tão bélicos, a busca vira luta, batalha em trincheiras sem garantias de vencedores ou perdedores. Acordos diplomáticos são lançados ao vendaval catártico e, sem que se pense duas vezes, me vejo atirada ao chão. Balas perfuram o meu corpo violentamente, e tudo o que eu desejo é o pleonasmo de um fim que, de fato, se finde. O caos está longe de ser criativo. O desejo está longe de trazer tesão. Dor. Apenas a dor do medo. Apenas o medo da dor. Minha mente quer estancar tudo isso, mas meu corpo fora atingido. Soldier down, honey. Soldier down. É impossível me mover. É impossível pedir ajuda. Minha voz não sai, e mesmo que saísse, ninguém a escutaria. A esta altura, é improvável qualquer mísero movimento. Meus músculos não respondem mais ao comando do meu cérebro. Mesmo que respondessem, seria inútil. Meu cérebro desistiu de tudo. Melhor dizendo, meu cérebro desistiu de mim. Minhas sinapses estão exaustas de tanto lutar. Mais balas me atingem. Elas são cada vez mais velozes. Eu estou no chão. Eu continuo no chão. Meus pulmões se movem: o ar não vem. O vazio não se preenche do meu sangue: as minhas vísceras não se espalham. O fim não se finda. Balas seguem me atingindo. Há desespero na falta de explicação. Até a loucura seria uma alternativa mais simples. Corpo quente no solo frio. Tento mudar de estratégia: agora são bombas e mais bombas. Ninguém procura por ninguém: não há melhores amigos, tampouco desconhecidos, advogados, líderes espirituais, familiares ou qualquer quem que valha. Nunca houve coerência nos atos bélicos. Não há meios de descomplicar o confronto. Marte segue orbitando o Sol. Morro, entretanto continuo viva. Continuo viva.
Talvez, se eu tiver alguma espécie de sorte, os escombros se transformem em adubo.
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É assustador como cada vez mais a gente sente que tá sozinho. Que tempos são esses onde estamos cada vez mais conectados, mas ao mesmo tempo parece que não existem tantas conexões. Estranho demais.
ResponderExcluirMuito bonita a forma como você consegue falar de muitas coisas em um único texto.
Um beijo, Fê!
Às vezes acho que as pessoas têm medo de conexões mais profundas. Mas não aprofundar as conexões dá uma insatisfação tremenda.
ExcluirUm beijo
como me identifiquei com a sua crônica, Fê.
ResponderExcluirpor aqui os últimos dias não foram muito fáceis depois de uma crise de ansiedade. ainda estou me recuperando, mas o sentimento é bem parecido com o q vc escreveu. aquela sensação de puxar o ar e sentir dificuldade, as tentativas de fugir dos pensamentos/medo e eles continuarem aprisionando...
mas a gnt segue (res)insistindo... há sempre um novo amanhã pra tentarmos novamente. e que hoje seja melhor q ontem. amém?!
bj!
Não me venha com desculpa - Adriel Christian
Adri, eu espero que você fique bem. Esses últimos dias não foram fáceis e, para seguir em frente, é preciso ter fôlego, né?
ExcluirQue abril seja melhor.
um beijo carinhoso
De uma profundidade tamanha e sem igual esse texto. Obrigado por compartilhar.
ResponderExcluirBoa semana!
O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!
Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia
Eu que agradeço a leitura! :)
ExcluirGostei do seu texto, ótimo para reflexão. Estamos cada vez mais sozinhos, enfrentando nossos medos e dores em silêncio. Tudo muito triste.
ResponderExcluirBjus!!!
galerafashion.com
Obrigada pela leitura :)
ExcluirSeu artigo foi excelente! Aprendi muito com ele. Vou mantê-lo em meus favoritos para consultar sempre que precisar.
ResponderExcluirtutorial como configurar o snaptube
Obrigada por ler e por favoritar.
ExcluirCada um vive sua batalha e, cada vez, podemos contar menos com os outros. No final, é só você e Deus mesmo - e quer melhor companhia?
ResponderExcluirTem post novo - espero vc!
Bj e fk c Deus
Nana - procurandoamigosvirtuais.blogspot.com
:) Pois é! Cada um vai encontrando o seu próprio caminho!
ExcluirBeijo :*
Oi Fernanda, muito bom texto. Consegui sentir a agonia enquanto lia. Essa sensação de desamparo e desesperança é devastadora.
ResponderExcluirAté breve;
Te espero nos meus blogs!
Helaina (Escritora || Blogueira)
https://hipercriativa.blogspot.com (Livros, filmes e séries)
https://universo-invisivel.blogspot.com (Contos, crônicas e afins)
É mesmo. Mesmo respirando, mesmo tentando, só que conhece sabe como é!
ExcluirUm beijo e obrigada pelo comentário
Adorei seu texto!
ResponderExcluirBeijos!
She
feliz por você ter gostaado!
ExcluirBeijos :*
Olá,
ResponderExcluirEsse texto conseguiu e muito me atingir, pois sinto parte do momento que estou aí.
Muitas sensações solitárias, um grito no escuro, mas talvez eu seja msm culpa, não sei. Só cansei de reclamar, não resolve nada :(
Nada é mais como antes mesmo.
até mais,
Canto Cultzíneo
Oi, Nana!
ExcluirComo alguém que escreveu deste lugar, eu sinto muito que você se sinta assim também. Espero que as coisas fiquem bem em breve por aí.
Um beijo e obrigada por comentar <3