terça-feira, 26 de abril de 2022

{Resenha} A fúria das coisas rubras, de Amália Morgado

Conheça o livro A fúria das coisas rubras, de Amália Morgado.

A fúria das coisas rubras, de Amália Morgado, é um livro muito reflexivo sobre o papel do eu lírico no mundo. Como esse sujeito poético contribui? Como ele reage com o que vê ou com o que lhe chega? Como lida com o que já fora vivido? Enquanto o leitor realiza este encontro com cada um de seus versos, ele também é provocado a pensar em tudo isso em relação à própria vida.

Há uma busca constante desse eu lírico, um desejo de traçar “rabiscos de novas histórias”, como é dito no poema “Efêmero”; de dar adeus a tudo o que não faz mais sentido, como em “You were here”; de encontrar respostas, como o versado em “Ecos” e em “Contornos”. Há ainda um mergulho intenso, um resgate de memórias numa tentativa de compor um quebra-cabeças há tempos fragmentado. É o caso de “1989”, que relata como era “a criança, como um bambu tenro” e de “Tudo, agora”, que apresenta ao leitor uma relação de mãe que sabe ler a alma da filha.

Ilustração e poema "Teares", páginas 46 e 47 do livro
A fúria das coisas rubras, de Amália Morgado.

Se ao mesmo tempo a poeta nos entrega poemas extremamente metafísicos, ela também foi capaz de transformar o cotidiano em poesia, como se pinçasse os acontecimentos mais banais para lhes dar o grau de importância que eles merecem. Um exemplo disso está no poema “Ouro Preto”, em que o eu lírico reflete sobre a vida e a morte a partir de um simples desejo: “Eu quis tirar uma foto em um cemitério”, diz o verso de abertura. Verso este contrariado pela sequência: “Disseram-me ‘que horror’, ‘quanta morbidez’, / ‘tenha respeito’”. É justamente esse eu lírico que separa seus próprios desejos dos da maioria das pessoas que nos coloca em um espaço de indagação constante.

Como visto na imagem acima, o livro também apresenta algumas ilustrações que tornam o texto ainda mais potente em seu significado. É nesse despir furioso, por meio de uma poética tão visualmente intensa, que Amália Morgado ganha seu leitor.

Capa do livro A Fúria das Coisas Rubras, de Amália Morgado.
Capa.

Livro: A Fúria das Coisas Rubras
Autora: Amália Morgado
Gênero: Poesia
Editora: Persona
Páginas: 60
Apresentação: Não venha atrás de mansidão e paz de espírito. Não é aqui que você encontrará o conforto das máscaras mais convenientes. Apenas tenha coragem, aqui. Sim, foi através dos poemas de Amália Morgado que fui colocado diante da própria toxicidade démodé de um macho cis latino de meia idade, totalmente anacrônico, e em inevitáveis vias de extinção. Apenas leia. Tudo. Essas linhas não são à toa, elas são, cada uma delas, cicatrizes “violáceas, ora violentas, ora violetas”.Somente sob a “Fúria das coisas rubras”, lugar de poemas líquidos, vítreos, mordazes, e com cortes surpreendentemente afiados da realidade íntima feminina descerrada (e não apenas feminina, diga-se de passagem... surpreenda-se!), que você estará diante de seus próprios nós cegos, encarnados, mas travestidos de laços de fita. Suas poesias são como rosas de um carmim magnético que cheiram a sangue, e também memória. Amália Morgado não pede licença ao apresentar uma coletânea de poemas totalmente nus, providos de cor, cheiro e gosto. A Fúria das Coisas Rubras é um banquete antropofágico que Amália Morgado faz de suas próprias memórias, um desafio sensorial que nos obriga a revisitarmos profundamente as próprias vísceras até encontramos... pérolas. Talvez... mas rubras, vermelhas e retintas! Apenas tenha coragem, aqui. Alexandre Meira – Escritor
_____________________________________________________________
Gostou deste post?
Então considere se inscrever na Newsletter para receber boletins mensais 
ou me acompanhar nas redes sociais: 

10 comentários:

  1. Gosto de livros, principalmente os de poesia, que têm ilustrações complementando os poemas. Acho que dá um toque a mais. Interessante a premissa do livro, deu vontade de ler.

    ResponderExcluir
  2. Oi, Fernanda. Como vai? Livros poéticos muito me agrada, este aí parece ótimo. Fiquei curioso para lê-lo. Abraço!

    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  3. Eu estou em uma vibe de ler contos, mas confesso que poemas faz tempo que não leio. Adorei a indicação amiga!

    www.vivendosentimentos.com.br

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ler poesia vez ou outra ajuda a arejar a cabeça. Eu gosto muito. :)
      Beijos :*

      Excluir
  4. Olá, Fernanda!
    Gosto demais de livros de poesia! Sempre encontro vários mundos por ali! Parece-me que esse da Amália Morgado me fará alçar lindos voos! srsr


    Grata pela dica, grande abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Se você gosta de poesia, provavelmente vai amar! Depois que ler, me conta o que achou :)

      Excluir
  5. Olá Fernanda,
    Acredito que esse livro não deva ser apenas lido, mas degustado, pois me parece mesmo que ele traz ótimas reflexões ao leitor.
    Beijo, Blog Apenas Leite e Pimenta ♥

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Leslie! Isso mesmo! :D
      Espero que você possa lê-lo em breve.
      Um beijo

      Excluir

Olá!

♥ Quer comentar, mas não tem uma conta no Google? Basta alterar para a melhor opção no menu COMENTAR COMO. Se você não tiver uma conta para vincular, escolha a opção Nome/URL e deixe a URL em branco, comentando somente com seu nome.

♥ É muito bom poder ouvir o que você pensa sobre este post. Por favor, se possível, deixe o link do seu site/blog. Ficarei feliz por poder retribuir a sua visita.

♥ Quer saber mais sobre o Algumas Observações? Então, inscreva-se para receber a newsletter: bit.ly/newsletteralgumasobservacoes

♥ Volte sempre! ;)

Algumas Observações | Ano 17 | Textos por Fernanda Rodrigues. Tecnologia do Blogger.