domingo, 14 de fevereiro de 2021

{Resenha} Moedor de carne, de Eduardo Lisboa

Resenha do livro Moedor de Carne, do escritor e arquiteto Eduardo Lisboa.


Moedor de Carne, de Eduardo Lisboa, é um livro que apresenta breves narrativas que vão do cotidiano ao absurdo. Os contos do livro partem muitas vezes de situações do dia a dia e levam seus personagens a adotarem atitudes que beiram à performance ou ao irracional. 

É interessante notar como essa irracionalidade nos provoca, enquanto leitores. Será que teríamos as mesmas atitudes desses personagens se não tivéssemos que vestir as diversas máscaras que a sociedade nos impõe? Será que seria confortável agir de acordo com a própria vontade, como muitos dos personagens do livro agem? O será que o que é visto como excêntrico e performático, na verdade é o normal? Ou não? Ser assim seria instaurar o caos?

Moedor de carne, de Eduardo Lisboa, páginas 30 e 31.
(Clique para ampliar.)

As múltiplas narrativas apresentadas em o Moedor de Carne são provocativas justamente porque elas partem da crueza do cotidiano: um encontro, uma carona, uma lembrança da escola, um amor que se foi ou que deseja regressar, uma ida a um provador de loja. Tempo e espaço que pode ser de qualquer leitor que conviva com o ir e vir movimentado da urbe.

A composição do livro remete, de algum modo à cidade e à essa movimentação dos personagens nela. Cada texto e cada ilustração (com seus traços e curvas secos) compõem a obra são como uma das peças deste grande quebra-cabeça que brinca com o interno dos lares e o externo do transitar no mundo.

Ler esse livro é se aventurar na simplicidade da provocação que todos estes desconfortos nos apresenta.

Capa


Livro: Moedor de Carne
Autor: Eduardo Lisboa
Páginas: 118
Editora: Humana Letra
Apresentação: Moedor de Carne é uma coletânea de 64 contos escritos por Eduardo Lisboa, com ilustrações do próprio autor. Os personagens que habitam e narram os contos interagem com as situações banais do cotidiano de forma performática e às vezes absurda. Fazem isso com naturalidade e tédio. Alguns moram sozinhos em apartamentos, sentem falta de alguém, querem uma motinha com franjas coloridas no guidão ou gostam do cheiro de fumaça. Outros querem companhia para dividir como faxinam a casa, como aprenderam a falar francês ou como fazer um barquinho de papel. O leitor adquire intimidade e imerge nesse conjunto de particularidades que ao longo da leitura vai se moldando e fazendo sentido.
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4 comentários:

  1. Oi, Fernanda. Como vai? Particularmente eu adoro livros de contos, sendo este retratado sobre a crueza do cotidiano, me animo ainda mais em lê-lo. Que bom que gostou da leitura. Sua resenha está ótima. Adorei. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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    Respostas
    1. Oi, Luciano!
      Me parece o tipo de livro que você iria gostar mesmo. Tem cotidiano, tem uma dose de fantástico/absurdo. É legal :)

      Um beijo

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  2. Respostas
    1. It's a very nice reading (you can read the English version. It's called "Meat Grinder").

      ;)

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