quinta-feira, 26 de março de 2020

Eu era silenciosa

Una charla con Mafalda en Buenos Aires.
"Eu era silenciosa". A frase de Clarice solta, assim como quem não quer nada em seu volume de crônicas, me pegou de jeito. Logo eu, a nerd faladeira, cuja reclamação era certa nas reuniões de pais e mestres: "A Fernanda, a Fernanda é maravilhosa, mas fala pelos cotovelos...".

Eu era silenciosa. De um silêncio que assustou meus pais. Lá pelas tantas, cresci e não falava. Minha mãe, preocupada, aproveitou a visita à casa de minha avó e colocou o pobre do filhotinho da galinha para piar na minha boca. O pintinho fez "piu" e, com ele, as compotas foram abertas. Magia, superstição ou fé? Não sei. O que posso dizer é que foi assim que a minha vida de tagarela começou.

Eu era silenciosa. Mas depois que abracei quem eu sou, passei a lutar pelas minhas próprias ideias. Dizem por aí que falo alto demais. Talvez fale mesmo. Em um mundo racista e patriarcal, é preciso elevar a voz. Às vezes, ir além: faz-se necessário rugir. 

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16 comentários:

  1. Oi, Fernanda! Excelente o escrito. Crônica perfeita para os tempos modernos. Eu adorei, parabéns. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  2. Oi Fernanda,
    Que texto forte e inspirador! Adorei!
    Feminista do jeito que o mundo precisa. Parabéns!
    beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

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    1. A gente segue na luta, né, Alê?! Uma hora as pessoas irão compreender o quanto a igualdade é necessária.
      Como diria a Chimamanda, sejamos todos feministas!

      Um beijo

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  3. Sim! Precisamos falar. Precisamos ser ouvidas, colocar nossas ideias e projetos na mesa. Como você disse, o mundo vai querer nos impedir de ocupar muitos espaços, mas temos que estar neles. Esse também é o nosso lugar.
    E força a voz das mulheres!

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    1. A voz, a força e a ternura sempre! :)
      Aos poucos, a gente conquista o nosso espaço.

      Um beijo :*

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  4. Eu amei sua postagem, eu era silenciosa quando mais nova, via coisas erradas e não falava ou fazia nada. Ainda bem que amadureci e hoje tenho voz, falo o que deve ser dito e defendo quem precisa de respeito.
    Estou te seguindo de volta.
    Beijos. 
    Diário da Lady

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    1. Oi, Lady!
      Obrigada por seguir.
      Aos poucos a gente garante o nosso lugar no mundo. Acho que manter um blog ajuda muito nisso.
      Seguimos na luta!

      Um beijo :*

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  5. Amei te conhecer um pouquinho mais através dessa poesia. O texto ficou lindo e deu vontade de reler várias vezes.
    Eu já fui silenciosa mas, acho que sou feita de fases, de silêncios e palavras.
    Beijocas.

    https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/

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    1. Oi, Vanessa!
      Equilíbrio é tudo, né?

      Fico feliz que você tenha gostado do texto.

      um beijo :*

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  6. Quando a gente se conhece, conhece as nossas verdades, quem a gente é, não temos medo de gritar para todo mundo ouvir. Isso é uma das experiências mais libertadoras que a gente tem! ❤

    https://www.kailagarcia.com

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  7. Uaaaal que texto!
    Me fez pensar aqui que eu sempre fui mais quietinha, sempre tive dificuldades em expressar minhas opinião e até hoje muitas vezes fico calada pra e não falo o que penso pra não gerar discussões e sei que isso é errado. Como você disse "... é preciso elevar a voz. Às vezes, ir além: faz-se necessário rugir".
    Muito bom!! ♥

    https://www.heyimwiththeband.com.br/

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    1. Ai, amiga, se for necessário, fale!
      Com educação, mas fale!

      Um beijo

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  8. ai, Fê! me identifiquei tanto com o texto, pq eu tbm era/sou silencioso. amo falar diante de íntimos, mas travo diante de quem não tenho tanta liberdade. taí algo que preciso trabalhar...

    e que lindo vc berrar diante das injustiças! tá certinha!!! ❤

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    1. Ai, Adri, acho que isso é algo que a gente vai trabalhando ao longo da vida, né? Como sempre, autoconhecimento é tudo. :D

      A gente tenta berrar quando é preciso.

      Um beijo

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