Chegamos ao post que vai contar como foi o meu terceiro dia na Flipop 2019. Para ler sobre os outros dias, clique na parte 1 aqui e na parte 2 aqui. Domingo amanheceu bem frio e eu estava bem cansada, então resolvi descansar um pouco mais e não ir à mesa da escritora canadense Kristen Ciccarelli, como estava nos meus planos. Sendo assim, assisti a apenas duas mesas.
Domingo
A volta das comédias românticas
Bruna Miranda, Clara Alves, Olivia Pilar, Vitor Martins e Mayra Sigwalt, na mesa A volta das comédias românticas.
A mesa composta pelos escritores Clara Alves, Olívia Pilar e Vitor Martins teve moderação da Bruna Miranda e Mayra Sigwalt, que estavam gravando um episódio do podcast Wine about it.
"Não é clichê o que não é pra todo mundo. Se é só para um grupo, não é clichê, é privilégio". (Bruna Miranda)
A conversa se deu em torno da vivência de cada escritor com as comédias românticas — o que envolve, basicamente, toda a filmografia da Julia Roberts. Vitor Martins comentou que ele tem uma relação bem afetiva com esse tipo de narrativa, porque assistia aos filmes com a mãe dele durante a adolescência. Já a Olívia Pilar se declarou a romântica do grupo, a que é apaixonada por todos os clichês, tendo 100% de influência das comédias românticas nos livros dela. Tanto a Clara Alves, quanto o Vitor Martins se autodeclararam fãs da Meg Cabot (quem nunca?) e veem influência do jeito dela de narrar.
"Só porque o clichê foi escrito um milhão de vezes não significa que foi escrito certo". (Vitor Martins)
A partir daí, os autores passaram a discutir o que há de diferente das comédias românticas de agora para as escritas/filmadas nos anos 80/90/00. Notou-se, então, que as novas comédias românticas são histórias de amor com clichês que dão voz para outros personagens e que ter essas cenas de clichês, com personagens que não são ouvidos, na verdade não é clichê. Muitas das pessoas que fazem partes de grupos de minorias nunca tiveram a oportunidade de viver esses clichês por conta da sociedade preconceituosa em que estão inseridas, sendo assim, ter a representatividade (e a esperança!) em um livro é fundamental, primordial, importantíssimo.
"A literatura hoje é muito rato de laboratório do cinema". (Vitor Martins)
Criar comédias românticas com pessoas que sempre estiveram à margem da sociedade é também gerar oportunidades de levar essas narrativas para outras formas de comunicar. Atualmente o cinema tem a sua produção muito pautada pela literatura, o que ajuda a dar voz a diferentes tipos de personagens também na telona.
O futuro é negro: o afrofuturismo no Brasil e no mundo
Ale Santos, Fabio Kabral e Petê Rissatti, na mesa O futuro é negro: o afrofuturismo no Brasil e no mundo.
Acabei mudando de ideia na última hora e resolvendo assistir à mesa sobre afrofuturismo, com o Ale Santos e Fabio Kabral sob a mediação do Petê Rissatti. Primeiro, porque eu sigo o Ale e o Kabral há algum tempo; segundo porque eu tenho refletido muito sobre as minhas origens indígena/africanas; terceiro, porque quis sair da minha zona de conforto (do que costumo ler e escrever). Valeu muito a investida.
“O afrofuturismo lida com aquele que é considerado o outro”. (Fabio Kabral)
A mesa começou com a discussão sobre o que é o afrofuturismo e se este termo comporta toda a produção que é feita atualmente. De um modo geral, para o Ale afrofuturismo é o movimento que usa as perspectivas negras para falar de política e cultura nos textos de ficção científica. Já Kabral relatou que começou a escrever, depois conheceu o termo e percebeu que se encaixava nele. Para ele, o afrofuturismo promove o protagonismo de autores e personagens negros nas narrativas de ficção-científica ou ficção fantástica. É primordial que esses textos sejam afrocentrados, ou seja, que além de personagens negros, tenham a perspectiva africana. Escrever textos afrofuturistas é uma maneira de imaginar futuros possíveis por meio das lentes de culturas negras.
Os escritores ressaltaram, entretanto, que o afrofuturismo não se limita apenas à literatura. Ele se apresenta em outras artes, como a moda, a música, o cinema, as ilustrações. Tanto o Ale, quanto o Kabral e o Petê veem que o afrofuturismo como o rompimento da barreira que a branquitude criou. Hoje a arte afrofuturista chegou ao popular e está sendo absorvida pelo público que consome o que é mainstream.
Para finalizar, os autores deixaram algumas referências para que pudéssemos procurar depois. São elas:
Cinema:Pantera Negra (Disney/BuenaVista, 2018) e A gente se vê ontem (Netflix, 2019);
Música: o jazzista Sun Ra e a playlist Afrofuturismo Kabral (no YouYube ou no Spotify);
Equipe Seguinte: Diana, Gabi, Nathália e Antonio, no encerramento da Flipop 2019.
O encerramento da Flipop contou com a equipe da Seguinte se despedindo e relembrando a informação dada na abertura: em breve eles enviarão na newsletter (e divulgarão nas redes sociais da editora) as informações do primeiro Clipop: o Concurso de Literatura Pop, da Editora Seguinte. Então, se você for escritor, já vá preparando o seu manuscrito que a hora é agora! ;)
Confira o vídeo feito pela Editora Seguinte que mostra um resumão do evento.
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Fernanda Rodrigues é uma paulistana apaixonada por gatos e café. Atualmente é professora de escrita literária, escritora, revisora, preparadora de textos, leitora crítica, assistente literária, palestrante e cofundadora do Projeto Escrita Criativa. De formação, é especialista em Docência em Literatura e Humanidades (FMU) e em Formação de Escritores e Produção e Crítica de Textos Literários (ISE Vera Cruz), além de ser bacharel e licenciada em Letras — Português/Inglês (USJT) e pós-graduanda em Psicopedagogia (Universidade Anhembi-Morumbi). É autora dos livros de poesia A Intermitência das Coisas: sobre o que há entre o vazio e o caos (2019) e Rasgos dentro da minha própria pele (2022), ambos publicados pela Editora Litteralux (antiga Penalux), de La intermitencia de las cosas: sobre lo que hay entre el vacío y el caos (2024), publicado pela Caravana Editorial e do didático Narrativas Digitais: narro, logo existo! Registrar o meu mundo e construir histórias (2021), lançado pela Fundação Telefônica Vivo. É 3º lugar no Prêmio SESC Crônicas Rubem Braga (2017) e tem textos em diversas antologias. Também escreve no site Algumas Observações, no ar desde junho de 2006. Mais aqui.
Desde 24 de novembro de 2013, as imagens do Algumas Observações são de minha autoria. Anteriormente, as que aparecem nas postagens eram meramente ilustrativas. Na maior parte das vezes, elas foram retiradas do Google Imagens, do We ♥ It e/ou do Tumblr. Evidentemente, sempre que eu sei quem é o autor, dou os devidos créditos. Entretanto, se você viu alguma imagem de sua autoria, por favor, deixe um comentário ou entre em contato avisando para ser creditado ou ter sua imagem substituída. ;)
Visitas
Algumas Observações | Ano 18 | Textos por Fernanda Rodrigues. Tecnologia do Blogger.
Só os livros nos livram.
ResponderExcluirGK
Ainda bem! :) ;)
ExcluirBeijos
Que venha FLIPOP2020! Abraços!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com
QUE VENHA! :)
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