sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Vamos bienalizar?

Imagem: Bienal do Livro SP

Bienalizar. (v.) 1. frequentar uma bienal. 2. Ir à Bienal Internacional do Livro, sucumbindo às tentações de enfrentar longas filas, as de pagar micos na frente dos autores, as de gastar todo o dinheiro que tem e que não tem, as de sair carregado de sacolas e, claro, as de ter que criar uma explicação convincente sobre aonde colocar mais livros para ser dada com quem mora com você. 3. Usufruir da oportunidade de conhecer os seus autores preferidos, se divertir em meio aos amigos e/ou familiares e registrar tudo para postar no próprio blog e redes sociais.
Exemplos: Eu bienalizo sempre em São Paulo. / Passei o dia todo bienalizando hoje! / Vou bienalizar na companhia das minhas melhores amigas. / Não vejo a hora de bienalizar em 2016.
Fonte: Dicionário de Algumas Observações dos Leitores Anônimos
Organização: Fernanda Rodrigues

Sou uma bienalizadora de carteirinha desde que comecei a andar por aí com as próprias pernas e a pagar meus gastos com o meu próprio dinheiro. Primeiro, pelo amor incondicional que sinto por livros novos. Segundo, porque escrevi por anos em um blog literário. Terceiro, pela minha veia de escritora (que, até então, estava com vergonha de se assumir). Bienalizo com carteirinha e uma vontade tão contagiante, que faço as pessoas ao meu redor quererem enfrentar toda a maratona de filas e autógrafos junto comigo.

É claro que não tenho mais os mesmos 20 anos (hello, 30!) e o pique já não é mais o mesmo. E é claro que o evento mudou muito nas últimas edições. Há quem critique a edição que está chegando por ter como principais atrações youtubers que publicaram mais por moda do que por vocação literária. Eu vou deixar para opinar quando o evento começar, na semana que vem, em 26 de agosto. Por hora, voltei-me para dentro, pensando nos marcos que todos estes eventos me trouxeram.

2008. Eu estava cursando o primeiro ano do curso de Letras, o grande sonho da minha vida. Descobria a grande discussão entre gramáticos e linguistas e, por que não dizer, dos gramáticos entre si. Tentava tirar alguma conclusão sobre a forma como os países de língua portuguesa conduziam o tão polêmico acordo ortográfico. Me esforçava ainda mais para tentar compreender todas as mudanças, principalmente as sobre o hífen, que foram infernais. Neste contexto, saí correndo do trabalho, rumo à palestra no Salão das Ideias. Lá, encontrei pela primeira vez um imortal da Academia Brasileira de Letras, o professor, gramático e filólogo Evanildo Bechara (e descobri que ele não era tão ferrenho quanto pintavam). Na mesma mesa, também debatendo um professor português renomado, cujo o nome não me lembro, e Ataliba de Castilho, um dos maiores linguistas brasileiro. Depois da palestra, corri atrás de Bechara, que gentilmente, autografou um livro meu.

Daquela Bienal, entretanto, ficou-me o gosto feliz de conhecer o Ziraldo. Como não amar aquele menino de cabelo de algodão? Não tinha como ser melhor! Ele também autografou o meu exemplar de O menino da Lua e, ao meu ouvir dizendo o quanto sou sua fã, apertou a minha bochecha. Mais fofo, impossível.

2010 foi corrido. Dessa vez, voltei ao estande da Melhoramentos, para ver o Ziraldo novamente. Mais uma vez, ele apertou a minha bochecha ao me cumprimentar. Vê-lo já começava a se tornar uma tradição para mim. Foi neste ano que eu pude trabalhar pela primeira vez como correspondente para o blog literário em que escrevia na época. 

2012 foi a minha bienalização mais difícil. Estava de coração partido, sofrendo por um dos caras que mais amei na vida. Não tive ânimo para muita coisa, mas não poderia deixar de ter o meu apertão de bochechas do menino de cabelo de algodão. Não sei exatamente o porquê de o Ziraldo gostar tanto de fazer isso comigo, mas aceito feliz. Ele é um querido!

2014 foi a primeira bienal que fui sozinha, sem amigos ou rolos. Ainda não estava feliz por completo, mas estava contente por conseguir voltar a caminhar com as minhas próprias pernas, sem depender de alguém. Lá conheci a Virgínia e tive a chance de me abrir para os autores nacionais. Esta experiência de dar chances ao autores não muito conhecidos me rendeu boas descobertas, como o livro Cartas à Amélia, do Pedro Costi. Peguei muitas filas - fui uma das primeiras para ver o Ziraldo, de novo! - e consegui comprar algumas encomendas para as amigas que moram longe. 

Ainda tenho alguns destes livros na minha lista de leitura, mas a gente sempre dá um jeito, porque a biblioteca aqui é como coração de mãe: sempre cabe mais um.

2016 chegou cheio de expectativas. Até o ano passado, tinha muitos planos felizes, que hoje me fazem rir, porque não irão se concretizar (pelo menos, não comigo!), mas creio que voltei ao espírito sonhador de 2008 e isso é muito bom. É claro que hoje, mais madura e consciente do processo literário, não vou aceitar qualquer bombardeio de marketing sem critérios. Sei que não é qualquer obra que passa pelo meu crivo de leitora, mas bienalizar tem um espírito muito bom, que sempre deve ser vivido. Em um país de não-leitores, é incrível poder estar em um espaço tão lotado e tão diverso culturalmente, em que todos estão ali, apaixonado por este objeto mágico, cheio de palavras, que nos transporta para outras fronteiras, sejam elas geográficas ou psicológicas.

Que venha a 24ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo! Que ela ajude a formar novos leitores e que marque a vida de todos eles, como as edições anteriores marcaram a minha. Afinal, bienalizar é incrível!

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8 comentários:

  1. Gostei do termo "bienalizar"! Adoraria bienalizar, mas acho que estou falida esse ano kkkk Aproveite muito e conte tudo!
    Bj e fk c Deus
    Nana
    http://nanaeosamigosvirtuais.blogspot.com

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    1. Falida não nego, compro livros o quanto puder! uahsuhasuhashu

      Pode deixar que falarei sobre a bienal aqui! :D

      Beijos!

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  2. Sempre tive vontade de ir a essas bienais, mas moro no interior e bom, a crise ta braba. Mas espero q você vá e se divorta bastante. Vai ter tradição esse ano? Amo ziraldo.
    Um abraço.
    http://julietincrisis.blogspot.com

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    1. Espero que tenha tradição, porque se não tiver, ficarei triste! uahahahahah

      Beijos,

      Algumas Observações

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  3. Fê, eu passei rapidinho pela Bienal de 2012, mas estava tão cansada e não tinha me planejado nada, então não aproveitei! Na de 2014 não fui e esse ano com as coisas da viagem, me esqueci completamente da bienal! QUE VERGONHAAA! hahaha. vou dar uma olhada e ver se consigo passar por lá. Esses dias o facebook me lembrou da Bienal de 2012 com a minha foto com o ingresso, que saudade!

    Adorei sua história de amor com a bienal e o Ziraldo que é um ídolo! Que seja mágica sua bienalização deste ano!

    Um beijo!

    Inventando Assunto

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    1. Oi, Line!
      Se você for, me avisa pra gente se ver! ♥

      Beijinhos!

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  4. Amei sua iniciativa! ❤

    www.kailagarcia.com

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Algumas Observações | Ano 17 | Textos por Fernanda Rodrigues. Tecnologia do Blogger.