sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O anjo do arcanjo


Era tarde da noite, quando ligou a velha vitrola. A agulha percorria um disco de blues, enquanto Miguel olhava a chuva que caía atrás da janela. 

A casa estava escura, e ele desejava a pele morena de Angélica ali. Sua memória percorreu cada centímetro daquele corpo e farejou todo o seu cheiro. Embora Angélica fosse como o seu nome: totalmente angelical, ela - e só ela - tinha o poder de enfeitiçar o pobre Miguel - que, àquela altura, já estava mais embriagado pela força de sua memória do que pelo vinho que bebericava.

Sentiu necessidade de mover-se. O disco na vitrola pedia que seu dono o virasse para que continuasse dando o tom necessário àquela melancolia. Miguel, contudo, passou pela vitrola decidido: abriu a porta, atravessou o corredor, tocou a campainha e, instantes depois, quando aquela mulher sonolenta e com cabelos desgrenhados abriu a porta, teve a certeza de que tinha a visão do Éden. 

- Você me desculpa? - ele disse com o olhar perdido e a voz confessa.

Ela apenas sorriu, fazendo um sinal para que ele entrasse. Foi assim que Miguel conquistou o Paraíso.

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10 comentários:

  1. Que gracinha de texto! Queria que todo homem fosse assim, que não conseguisse dormir quando tivesse feito algo que tivesse magoado a mulher...

    http://priesmaltes.blogspot.com.br

    Beijinhos da Pri!

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  2. Parece que consigo imaginar tudo o que veio depois *-*

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  3. Ai que lindo!!! Ele se martirizando e a felicidade ali tão próxima, de uma forma ou de outra!
    Adorei a escolha das suas palavras!
    Beijos

    Meu Meio Devaneio

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    Respostas
    1. A vida é assim, Sô!
      Às vezes a felicidade mora ao lado e a gente nem vê! :)

      :*

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  4. Que texto fofo. ^^
    Beijos

    marinaalessandra.blogspot.com
    Twitter: @mariinaale
    Instagram: mariinaalessandra

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