domingo, 17 de novembro de 2013

Preguicinha


Domingo, dia oficial da preguiça, trouxe as tais chuvas previstas para os dias anteriores que, até então, não havia chegado ainda. A música dos pingos na janela me fez não querer sair da cama, para aproveitar melhor o abraço caloroso do edredon que me envolvia. Fechei os olhos e, em meio a esta preguicinha danada de boa, lembrei-me de você.

Seu rosto surgiu tímido em meio à aglomeração de pessoas reunidas na sala do meu sonho, e sua expressão assustada quando me viu foi engraçada. A verdade é sempre esta: teme aquele que deve. Você é devedor, à medida que roubara o meu coração, partira esta pequena caixa de carregar sentimentos em pedaços, devolvendo-me tal peça faltando uma parte. Até hoje me viro sem ela, por isso a minha face esboçou um sorriso de satisfação ao ver o seu terror.

O devaneio continuou. Pelo o que eu entendi, trabalhávamos juntos, e eu era uma espécie de coordenadora que resolve todos os pepinos. Você, em sua pólo azul marinho, olhava-me com uma pontada de admiração e outra de despeito. Como que uma pessoa que eu abandonou poderia se virar tão bem? Acho que isso martelava na sua cabeça, porque seu rosto estava introspectivo. Do que lhe conheço, sabia que este ar de "ser ou não ser" estava relacionado a como sorria e encantava a todos. Seu olhar acompanhando cada milímetro dos meus movimentos não negava.

O fato é que eu me sentia feliz como o sol brilhando no verão. Era uma rainha em meio a todos e como tal, assumi o meu reinado sem culpa, sem medo, apenas com aquele friozinho bom na barriga de quem se sente responsável por algo. Veio o momento em que dirigi-lhe a palavra olhando nos seus olhos negros com uma noite sem luar e a revelação surgiu como um relâmpago: ali estava uma página virada de minha vida. Página incrivelmente boa, gigantescamente dolorosa, repleta de aprendizados, mas virada e acabada com um belíssimo ponto final. Sorri por perceber que não havia mais a necessidade de esbravejar o abandono, de encontrar os culpados, de explicação... 

Abri os olhos, espreguicei-me. Definitivamente, havia começado o dia bem.

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17 comentários:

  1. Wow, que delicia de conto.
    Sabe, eu tb adoro quando eu me dou conta que coisas doolorosas ficaram para trás, foram pro passado. E nque terminaram de uma forma que eu não preciso mais me preocupar, sim isso definitivamente faz o dia, a vida ficar muito bem^^

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    1. É sempre bom percebermos o quanto evoluímos, não é?!

      Um beijo!

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  2. Estava louca para ler esse texto, mas não havia conseguido pelo celular rs...
    E que dia EXCELENTE!!
    Adorei! Me ajudou a me enxergar como sou hoje...
    Beijos

    Meu Meio Devaneio

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    1. Ele é fruto, literalmente, de um sonho que tive.
      Fico feliz que tenha te ajudado, Sô! :D

      Um beijo!

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  3. Que lindo esse conto!

    osdetalhesdeumavida.blogspot.com

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  4. Ah, adorei esse conto! Tão leve, tão positivo!

    Beijos,
    www.miragemreal.com

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  5. Seu blog é tão gostoso de ler.
    Adorei o misto de sensações.
    O mix de abandono, solidão, reflexão e amor me fazem lembrar o frio, o aconchego e essas coisas gostosas da vida.
    Amei o post. Alias, o layout do seu blog é lindo :)
    Beijos, boa noite!
    Carolina Maia
    www.carolinamaia.com - www.facebook.com/reinventingstars
    Blog de moda, decoração, unhas, opinião masculina, academia, alimentação, entrevistas e ideias criativas.

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    1. Oi Carol!
      Então, o layout foi feito por mim. Simples, mas funcional! hehehe
      Obrigada pelos elogios!
      Aconchego é um sentimento intrinsecamente ligado ao amor!

      um beijo!

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  6. Muito bom, adorei!! Me fez refletir :)

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  7. Muito bom, adorei!! Me fez refletir...Bjs!!

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    1. Rê, fico feliz que meus textos causem algum tipo de reflexão! :)
      Obrigada pelo feedback!

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