sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

{Resenha} A queda, de Albert Camus


"Já havia percorrido uns cinquenta metros aproximadamente, quando ouvi um ruido que, apesar da distâncias, me pareceu, no silêncio da noite, de um corpo caindo na água. Parei instintivamente sem me voltar".
Falar de um livro que nos faz pensar em tantos aspectos da nossa vida e da nossa sociedade é uma grande responsabilidade. A queda, de Albert Camus, nos faz refletir no rumo estamos seguindo.


A estrutura narrativa da obra é interessante. O texto nos mostra uma conversa em que o narrador conversa com um senhor sem falas. O monólogo que o Jean-Baptiste trava com o seu interlocutor nos transporta para dentro da obra. Este homem com quem ele conversa pode, muito bem, ser você ou eu.

"A aparência de sucesso, quando se apresenta de certa maneira, é capaz de irritar um santo".
Albert Camus

A queda então é dupla: não é apenas o corpo que cai no rio; mas de Jean-Baptiste que se vê como fruto de uma sociedade em que valores, ética e escrúpulos são distorcidos. Quem é o bonzinho afinal?! Aliás, o que é ser bom?! O que está por trás das atitudes das pessoas?! Todos estes questionamentos se desenrolam nos forçando enveredar por caminhos dos mais simples (como o daquele bom homem que ajuda os cegos a atravessar a rua) até os mais complexos (como a da função de um juiz ou a da falta de coragem de salvar alguém em uma situação de perigo).

Embora curto em tamanho – a obra tem apenas 112 páginas –, A queda é de uma densidade que nos acompanha mesmo depois de findada a leitura. Filosófico, intenso e perturbador, vale a pena ser conhecido e degustado aos poucos, como todo bom encontro que nos leva ao autoconhecimento deve ser.

Livro: A queda
Autor: Albert Camus
Tradução: Valerie Rumjanek
Páginas: 112
Editora: Record
Sinopse: Um advogado francês faz seu exame de consciência num bar de marinheiros, em Amsterdã. O narrador, autodenominado “juiz-penitente”, denuncia a própria natureza humana misturada a um penoso processo de autocrítica. O homem que fala em A queda se entrega a uma confissão calculada.
Mas onde começa a confissão e onde começa a acusação? Ele se isolou do mundo após presenciar o suicídio de uma mulher nas águas turvas do Sena, sem coragem de tentar salvá-la. Camus revela o homem moderno que abandona seus valores e mergulha num vazio existencial. Fundamental para todas as gerações.

6 comentários:

  1. Olá Fê ^^ Te linkei numa tag lá no meu blog Livros e Nerdices!

    Beijos

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  2. Nossa, parece uma daquelas obras que nos faz fechar o livro e pensar sobre a nossa própria personalidade, nossos erros e acertos, e voltar a ler depois. Achei bem interessante a história e nunca tinha ouvido falar do livro...adorei a dica! =)

    Beeijos
    http://planejandoarotina.blogspot.com

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  3. Oi, Fê!
    Eu já havia ouvido falar desse livro, mas não tinha ideia da profundidade da história. Esse é o típico livro que eu amo, e que acredito ser obrigatório.
    Beijos

    Meu Meio Devaneio

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    Respostas
    1. Sô, algo me diz que você iria adorar todos os livros do Camus. Como um bom filósofo, ele nos faz pensar mto sobre nossas próprias atitudes.
      Um arraso!

      Beijos

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