domingo, 13 de julho de 2025

Livros que eu comprei n'A Feira do Livro



No post de hoje quero compartilhar quais foram os títulos que comprei na edição de 2025 d'A feira do livro

Como disse neste vlog, não tinha programado comprar muitos livros. A verdade é que me programei para comprar dois e acabei comprando cinco, sendo um deles um presente. 

Aqui, deixo os 4 títulos que passaram a integrar a minha biblioteca. Bora conhecer?




Autoria independente

Wesley e eu, n'A Feira do Livro.


O primeiro título foi do autor maranhense Wesley Moraes. Wesley é poeta, cantor e "gente fina, elegante e sincera". Ele estava conversando com as pessoas e vendendo o livro dele, produzido de forma independente. Além de ser autor, vem de uma família de professores e está se organizando para lançar seu disco. Comprei o livro de poemas Peregrino usado para escrever, que fiz questão que ele autografasse! 😉

Quem quiser conhecer mais do trabalho do autor, basta segui-lo no Instagram: @wes.moraes.




Livro: Peregrino usado para escrever
Autor: Wesley Moraes
Páginas: 46
Editora: publicação do autor
Apresentação: Já perguntaram se eu não fico no tédio / E se é a poesia o remédio, / Que eu uso para me entorpecer.  // Respondi bem rápido e sucinto, / Que o poeta é apenas um ser místico, / Peregrino, usado pra escrever.

Descoberta poética

Adriana Lisboa e Júlia de Carvalho Hansen


Como contei no post passado, no primeiro fim de semana do evento, assisti a uma mesa sobre poesia com a Adriana Lisboa e com a Júlia de Carvalho Hansen. Fiquei encantada pelo trabalho e pelo bom humor da Júlia, com o jeito que ela olha com profundidade visceral pra vida (desde os grandes movimentos como o processo de demência do próprio pai aos pequenos insetos que caminham por aí). Também gosto demais desse misto de poesia e diário. Sendo assim, comprei o livro dela. Este, inclusive, já li. Ano Passado entrou na lista dos meus livros de poemas preferidos. 



Livro: Ano Passado
Autora: Júlia de Carvalho Hansen 
Páginas: 160
Editora: Nós 
Apresentação: O ano passado está sempre se distanciando. Nunca é apenas um. Passa-se um ano e já se torna outro, mais esquecível, nem sempre mais distante. É uma espécie de epíteto dos esquecimentos. O ano passado pode ser o dia anterior, a estação pregressa, pode nem ter acontecido, pode vir-ainda-a-ser. Pode ser “o instante que antecede as coisas”. Neste novo livro, a já consagrada poeta Júlia de Carvalho Hansen diz e desdiz certa ideia de cotidianeidade, a um só tempo tocando o expansivo (os anos, os amores, as tragédias, o país) e o comezinho (também os amores, algumas tragédias, certas noções de país). No entremear delicadíssimo dos versos, chancelados pelo registro diarístico, a autora reivindica a pertinência da atenção à passagem do tempo, ao passo que pontua a chama inapagável do tempo presente: “afinal as tempestades estão cada vez mais severas/ quando não chove os incêndios estão em toda parte/ nós somos os filhos da transição”. Ano passado é o lugar da sutileza e da pungência. Tem a marca do calendário, mas não é contabilizável. Passa, mas não passa nunca, jamais. Lembra persistentemente o leitor: “Você foi ficando vago”. E, ainda assim, o ano passado está aqui, como estamos todos, perenes e para sempre, neste livro marcante, comovente, que veio para permanecer por muitos anos no horizonte da poesia brasileira contemporânea.


Mergulho linguístico 

Meu trabalho — em todas as suas vertentes — é a minha paixão, então eu amo me aperfeiçoar e me aprofundar nele. Desse modo, tinha que ter algum livro relacionado. O da vez é o Na ponta da língua, do Caetano W. Galindo. Ano passado li Latim em Pó e foi uma das minhas leituras preferidas do ano, então, a expectativa para ler o Na ponta da língua é altíssima. 
Eu gosto muito do trabalho do Galindo (ele traduziu os livros da Patti Smith, só para trazer um outro exemplo). Além disso, na interação que tive com ele, ele foi uma pessoa muito gentil. É muito legal saber que somos colegas de profissão 😀

(Um adendo: ele fez a curadoria de uma exposição que está aberta para a visitação lá no Museu da Língua Portuguesa chamada Fala Falar Falares. Ainda não fui, mas quero demais vé-la. As informações, para quem quiser saber mais, estão aqui.)




Livro: Na ponta da Língua
Autor: Caetano W. Galindo
Páginas: 272
Editora: Companhia das Letras
Apresentação: Na ponta da língua não busca ser um mero guia de etimologia. Mais do que ensinar ao leitor a origem das palavras, Caetano W. Galindo -- autor de Latim em pó, êxito de crítica e público -- nos dá as ferramentas para que possamos, também, ser investigadores do nosso português. Tendo o corpo humano como base, numa jornada que vai da cabeça aos pés, Caetano W. Galindo nos ensina os processos históricos que explicam por que nosso pescoço deixou de ser "poscoço" e a ligação inusitada entre o joelho e uma almofada. Enquanto nos divertimos com o humor constante de sua prosa, que corre quase como uma performance cômica, mal notamos que estamos aprendendo os complexos mecanismos que regem as mudanças da língua ao longo dos séculos e os processos ocultos por trás da formação das palavras. Ao final da leitura, nunca mais olharemos um diminutivo "inho" da mesma forma. Uma aula magistral de etimologia sem a menor dor de cabeça -- que, aliás, vem do latim capitia e tem a mesma origem de "chefe".


Aprendizado com a pele

Foto com Lazinho 😍


Eu ainda me lembro do impacto que o Na minha pele me causou, porque foi quando eu estava começando os meus estudos de letramento racial e me entendendo como uma mulher negra. Ali, pela primeira vez, eu notei que algumas experiências que vivi, que julgava ser um problema meu, na verdade não eram exclusivas, eram fruto do racismo estrutural. Mesmo eu não tendo a pele escura, eu venho de uma família interracial e tenho o fenótipo negro (que carrego com orgulho e que me faz honrar cada uma das minhas ancestrais). Aquela dor não era só minha. Era minha, do Lázaro, da Taís e de tantos outros brasileiros. Ao mesmo tempo que foi dolorido, foi libertador. Me senti abraçada por alguém que, finalmente, conseguia não só me entender, mas também colocar em palavras aquele sentimento que me sufocava por anos a fio. 

Dito tudo isso, quando vi que o Lázaro Ramos teria uma mesa e autografaria os livros dele, não tive dúvidas de que queria ouvir o que ele tinha falar e, claro pegar o meu autógrafo (assim como fiz anteriormente com o Na minha pele). 



Livro: Na nossa pele
Autor: Lázaro Ramos 
Páginas: 128
Editora: Objetiva
Apresentação: Em Na nossa pele, um Lázaro mais maduro entrelaça fatos de sua vida íntima com reflexões sobre o ofício de artista e outros temas como as pautas raciais, emancipação e mobilidade social. Ao estabelecer uma ponte com inúmeras outras personalidades negras, mostra como seus pensamentos e ações são forjados numa mesma ancestralidade. Assim, são muitas as vozes que habitam as páginas deste livro. A mais importante delas é a de sua mãe, Célia Maria do Sacramento, que faleceu quando ele tinha apenas dezoito anos. Mais maduro e ciente das complexidades de sua própria história, Lázaro se sente finalmente pronto para compartilhar as memórias da mulher que foi sua maior inspiração.Lázaro também convida seus leitores e leitoras a refletirem sobre a vida e seu lugar no mundo. Partindo da premissa de que não existem respostas simples para questões complexas, acredita que a efetiva conquista da emancipação, a individual e a coletiva, é ainda um enorme desafio. Devemos retomar a aparentemente velha e esquecida ideia de que o melhor caminho é aquele que inclui a equidade, o valor à vida, o respeito às diferenças, o cuidado com o meio ambiente, a proteção à infância e a retomada da alegria -- mas não a alegria que anestesia, e sim a alegria revolucionária, transformadora. Do lançamento de Na minha pele para cá, muita coisa mudou. Foram inúmeras as conquistas, e Lázaro comemora cada uma delas, mas será que a importante e necessária ascensão da população negra já alcançou toda a sua plenitude?

Em resumo...

...eu fiquei feliz demais, porque eu comprei livros de autores brasileiros (ainda saí com 3 dos 4 deles autografados). É legal demais poder movimentar o mercado dos livros lendo os meus contemporâneos. 😀

Agora me conte: você já leu algum desses livros? Quais são os livros que você está lendo por esses dias?


_____________________________________________________________
Gostou deste post?
Então considere se inscrever na Newsletter para receber boletins mensais 
ou me acompanhar nas redes sociais: 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá!

♥ Quer comentar, mas não tem uma conta no Google? Basta alterar para a melhor opção no menu COMENTAR COMO. Se você não tiver uma conta para vincular, escolha a opção Nome/URL e deixe a URL em branco, comentando somente com seu nome.

♥ É muito bom poder ouvir o que você pensa sobre este post. Por favor, se possível, deixe o link do seu site/blog. Ficarei feliz por poder retribuir a sua visita.

♥ Quer saber mais sobre o Algumas Observações? Então, inscreva-se para receber a newsletter: bit.ly/newsletteralgumasobservacoes

♥ Volte sempre! ;)