Foto por Josh Sorenson, via Pexels. |
Meio do show. Meio da música. Meio da solidão. Click. Foi ali que Ana, a fã que dançava sozinha no lugar mais longínquo do estádio compreendeu. Não há fim sem começo, não há começo sem fim. O ditado popular é clichê, mas deve ser verdadeiro por algum motivo. Há tempos ela não se sentia daquele jeito, emocionada, leve, feliz. Algo imperceptível pairava no ar. Algo que não era possível ser visto ou explicado com palavras, mas que estava ali. Como definir o indefinível?
Ana dançava conforme a música no sentido literal e figurado. Sozinha há tantos anos, feliz apesar de tudo. Click. Solidão se converte mesmo em solitude? Isso não é só mais uma coisa da moda? A cerveja acabara no copo, a canção triste abria alas para aquela sobre viver na gentileza. Outro clichê... ou não?
Quando começa é porque algo acabou: o sonho, a espera, a dor. Muitas coisas tinham se findado na vida de Ana. Mas onde estava o tal recomeço afinal? Entre dois mundos. A suspensão a mantinha num estado de “agora vai” sem ir. Até aquela noite. Até aquela música. Até aquele cantor com cavanhaque de cafajeste de novela mexicana se divertindo. Até ela perceber que ela era a sua melhor companhia.
Meio do show. Meio da música. Imersão em arte. Queria gravar cada minuto do que estava sentindo na memória. O arrepio, o cantar até ficar rouca, o sorriso cúmplice vindo das pessoas desconhecidas ao seu redor. O uníssono em coreografia e vibração. Ana manteve o celular na bolsa. Desligado. Quanto mais offline estava, mais aquela adrenalina lhe invadia. Era bom poder ser ela mesma. Ela podia ser ela mesma, não podia?
Onde tudo termina, algo começa. Foi no meio do show que finalmente o sentimento veio. Sozinha, imersa, satisfeita, Ana se viu como tatu finalmente saindo da toca.
|
Gostou deste post?
Me identifiquei.
ResponderExcluirE vou participar do projeto. :)
Até mais!
Beijos ❤️
@ledasbueno
WATERMELON CURLY
Vem pro Projeto! A gente ama de mais os seus textos :)
Excluir