quarta-feira, 8 de março de 2023

{Resenha} Quem tem medo do feminismo negro?, de Djamila Ribeiro

Neste 8 de março, que tal se informar como você pode apoiar as mulheres negras no seu dia a dia?

Quem tem medo do feminismo negro?, da escritora e filósofa santista Djamila Ribeiro, é boa porta de entrada para pensar tanto o feminismo, quanto o que é ser negra no contexto brasileiro. A obra é composta por um conjunto de crônicas e artigos publicados pela autora no site da revista CartaCapital entre os anos de 2014 e 2017. 

A crônica é um tipo de texto que, como diria o crítico Antonio Cândido, se dá ao rés do chão, uma vez que coleta no cotidiano situações que conversam com seu leitor. Partindo deste princípio, Djamila Ribeiro é precisa em sua escrita. Em seus textos, ela colhe de acontecimentos não só da sua vida pessoal (como uma viagem que fez à Noruega), mas também de fatos do coletivo que fazem parte da nossa narrativa enquanto nação (vindos das notícias do momento em que os textos foram escritos, a exemplo das mulheres negras expostas como Globeleza, ou de Marcela Temer sendo descrita como "bela, recatada e do lar"). 

Páginas 76 e 77 do livro Quem tem medo do feminismo negro?,
da escritora e filósofa Djamila Ribeiro.

Essas coleções de acontecimentos são úteis tanto à autora e quanto aos leitores; à autora, porque lhe fundamenta o argumento; aos leitores, porque fica fácil de compreender como o racismo e a misoginia são estruturantes da nossa sociedade, bem como a necessidade de combatê-los. Embora os textos apresentem opinião, a Djamila Ribeiro também traz muitas referências teóricas das diversas pensadoras que pensam, ensinam e/ou relacionam a intersecção entre racismo e feminismo. Simone de Beauvoir, Chimamanda Ngozi Adichie, bell hooks, Sueli Carneiro, Alice Walker, Toni Morrison, Grada Kilomba e Conceição Evaristo são algumas das mulheres com quem Djamila conversa e tem seu pensamento entrelaçado. Assim, destaca na prática meios para que esse debate seja fundamentado, não apenas feito de achismos. Ela também explica as ondas do feminismo e traça recordatórios de como o racismo faz parte da formação do Brasil, tudo isso de um modo compreensível a todos. Sem dúvida, a linguagem acessível dos textos e as referências dadas servem de mapa para quem quer se aprofundar mais nessas temáticas ou para dar de presente para aquela pessoa que precisa repensar essas questões tão enraizadas na nossa sociedade.


Capa.

Livro: Quem tem medo do feminismo negro?
Autora: Djamila Ribeiro
Páginas: 120
Editora: Companhia das Letras
Apresentação: Quem tem medo do feminismo negro? reúne um longo ensaio autobiográfico inédito e uma seleção de artigos publicados por Djamila Ribeiro no blog da revista CartaCapital, entre 2014 e 2017. No texto de abertura, a filósofa e militante recupera memórias de seus anos de infância e adolescência para discutir o que chama de "silenciamento", processo de apagamento da personalidade por que passou e que é um dos muitos resultados perniciosos da discriminação. Foi apenas no final da adolescência, ao trabalhar na Casa de Cultura da Mulher Negra, que Djamila entrou em contato com autoras que a fizeram ter orgulho de suas raízes e não mais querer se manter invisível. Desde então, o diálogo com autoras como Chimamanda Ngozi Adichie, bell hooks, Sueli Carneiro, Alice Walker, Toni Morrison e Conceição Evaristo é uma constante.
Muitos textos reagem a situações do cotidiano – o aumento da intolerância às religiões de matriz africana; os ataques a celebridades como Maju ou Serena Williams - a partir das quais Djamila destrincha conceitos como empoderamento feminino ou interseccionalidade. Ela também aborda temas como os limites da mobilização nas redes sociais, as políticas de cotas raciais e as origens do feminismo negro nos Estados Unidos e no Brasil, além de discutir a obra de autoras de referência para o feminismo, como Simone de Beauvoir.


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4 comentários:

  1. Oi Fernanda, ainda não li esse (falha minha), mas sou fã da Djamila, sempre com textos e falas super pertinentes e necessários. Preciso ler! Beijo grande :*

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  2. Oi, querida! Sempre há (sempre haverá) uma infinidade de trabalhos maravilhosos a serem descobertos... Parabéns pelo trabalho de divulgação! Super beijo

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Algumas Observações | Ano 17 | Textos por Fernanda Rodrigues. Tecnologia do Blogger.