sábado, 25 de dezembro de 2021

A vida é feita de momentos agridoces

A vida é feita de momentos agridoces.
(Foto tirada no Conjunto Nacional, em São Paulo.)

Hoje eu acordei melancólica, neste espaço tempo entre o passado e o futuro — que não é presente. Me recordei da época em que minha família ainda comemorava o Natal e me pergunto onde isso se perdeu. Será que se perdeu?

Ainda antes de sair da cama, alimento meu novo hábito das manhãs de sábado e leio a crônica do Fuks. Fuks foi meu professor e, embora ele não saiba, é muito importante para mim. Fico com as palavras dele na cabeça. A gente nunca está sozinho, mesmo quando está sozinho — há uma capsula interna que "guarda a memória dos toques alheios que alguma vez recebeu", ele diz. Esse é um conceito bom de se ter em mente nos momentos agridoces. A vida é feita de momentos agridoces.


Passo a manhã brincando com as gatas no quintal. Vê-las correndo atrás do ratinho de brinquedo me faz sorrir e me relembra que alguns sonhos demoram para se concretizar, mas acontecem.


Bono no Simon Christimas Busk.

No computador, Bono cantando Running to Stand Still na Saint Patrick’s Cathedral. Essa é a música que gosto de ouvir quando estou triste. Há um contraste entre ouvi-la na felicidade. Ele toca gaita e me transporta à infância e a um antigo desejo. Ainda há tempo? Há a possibilidade do encontro?

Reflito no impacto que as pessoas deixaram em mim. Reflito sobre o impacto que tenho na vida dos outros. Ser amor, exemplo, paz, abrigo, generosidade, amplitude, conhecimento. Será que já fui dor e melancolia para alguém? Será que é possível passar uma vida sem fazer mal a outras pessoas?


Penso no impacto de uma década, no Natal sem duendes ou magia, no quanto eu venho lutando para ressignificar essa data que havia morrido em suas decorações vazias de um coração partido. Não compreendo muito bem o porquê de tentar entender tudo isso agora, mas como Alice sigo, adentro à toca do coelho. 


No WhatsApp muitos votos de Feliz Natal. No Instagram, fotos de reunião de família. Na minha revisão anual, a pergunta derradeira: “Você é feliz?”. O que é ser feliz? Talvez o Natal venha para lembrar justamente isso: ressignificar é importante. Ressignificar não só os laços de amizade e fraternidade, mas também as dores, as mágoas, as angústias, as esperanças. 


Natal é tempo de reaprender a viver. Não à toa, apesar dos pesares, essa continua sendo a minha data preferida do ano.

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12 comentários:

  1. Eu adorei a crônica, Fernanda! Essa data do ano é maravilhosa e serve para lembrarmos que deve ser em família, e não apenas cliques para ficar bom nas redes sociais.

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    1. Pois é, Jade! Eu adoro fotografia, mas ando tão de saco cheio de ficar postando absolutamente tudo.
      É preciso ser mais reflexivo no porquê do registro.
      Obrigada pelo comentário :)

      Beijos

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  2. Respostas
    1. Obrigada pelas palavras! :)
      Fico feliz por você ter gostado! :)

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  3. essa reflexão me tocou de tantas formas, Fê.

    o Natal sempre foi uma das minhas datas preferidas, mas com o tempo foi perdendo a cor, a graça... minha família deixou de se encontrar, colocando outros encontros como prioridade. depois que perdemos o meu avó no ano passado, esse ano tudo foi diferente.

    resolvemos nos reunir e, apesar de fisicamente meu vó não estar ali, sentimos a presença dele. e foi lindo.

    ressiginificar e não desistir, às vezes, pode ser bom.


    bj!

    Não me venha com desculpa - Adriel Christian

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    1. Pois é. Sempre dá pra ressignificar, não?! :)

      Sempre.

      Um beijo :*

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  4. Também gosto muito dessa data e de estar em família!

    Boa semana e Feliz Ano Novo!

    O JOVEM JORNALISTA está de volta! Não deixe de conferir os novos posts.

    Jovem Jornalista
    Instagram

    Até mais, Emerson Garcia

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  5. Ressignificar é uma palavra importante demais, né. A gente tinha sempre que levar ela com a gente, mesmo sendo difícil de colocar em prática. E é bom demais quando a gente percebe que amigos também podem ser família, e eu tenho certeza que você tem muitos amigos-família. Beijo!

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    1. ´Pois é. Esse é um lembrete que levo: sempre é possível ressignificar.
      Porque às vezes bate um desânimo gigante...
      Beijo :*

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  6. Oi Fernanda, tudo bem?
    Natal é realmente uma época que leva a reflexão. Ainda gosto da data apesar de minha visão sobre ela e os eventos terem mudado. Pelo que já percebi, minha fé no nascimento de Jesus não vai deixar o encantamento e a esperança que ela tem desaparecer, não importa minha idade. Além disso, minha família que ainda se reúne para comemorar ajuda bastante. No mais, gosto muito do dourado, verde e vermelho que se espalha por vários locais.

    Um excelente 2022 para você!
    Mente Hipercriativa | Universo Invisível

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