I Guerra Mundial, cenário de O pacifista. |
"A cor da farda não importa. Todas elas são pardas no escuro".
(Página 101 de O pacifista)
A frase "nem tudo é o que parece" pode resumir a forma brilhante como John Boyne descreve as vidas de Tristan Sadler e William Bacroft. Ambos lutaram na Primeira Guerra Mundial, sendo vítimas da violência que tal conflito gerou; mas cada um lidou com os efeitos disso de forma distinta.
A trama começa quando Tristan viaja até Norwich para se encontrar com Marian, a irmã de seu ex-companheiro de guerra. Embora a viagem tenha apenas um objetivo, entregar as cartas trocadas entre os irmãos à Marian, os planos do ex-soldado sofrem alteações: além de devolver as epístolas, Marian o faz dizer qual fora, de fato, o motivo da morte do irmão. É neste ponto que a narrativa ganha um rumo surpreendente, que faz o leitor confirmar aquilo que já suspeitava desde o começo: John Boyne é um gênio da escrita. Notamos, então, como os pontos de vista podem variar e o quanto as nossas decisões podem ganhar uma proporção que não esperamos.
O livro é singular não apenas pela ideia da história em si, mas pela forma como é narrado, pela maneira como o autor brinca com o tempo, nos levando ao passado e ao passado do passado. Além disso, é notável como os acontecimentos descritos nos servem de espelho para a nossa sociedade. O prazer que se sente com a violência, as perdas das pessoas queridas, as pessoas que têm uma ideologia e não abrem mão delas, o amor versus a obsessão de possuir o ser amado, o viver de aparências, o julgamento alheio, a vergonha e o medo, os valores que carregamos ao longo da vida... Tudo isso aparece de uma forma extraordinária.
Ler O Pacifista nos faz querer entender o que são coragem, amor, amizade, respeito e lealdade afinal? Até que ponto devemos manter o nosso orgulho? Aliás, como podemos definir o que é orgulho? Conhecer esta história nos faz querer redefinir tudo isso, seja nas nossas vidas, seja no rumo em que damos à nossa sociedade leva.
Sem dúvida alguma, este é um livro que merece ser lido.
“Político, pessoal, poderoso... um romance tremendamente questionador, que não se pergunta apenas sobre o que significa ser homem, mas também sobre o que significa ser humano nas circunstâncias extremas da guerra". (Irish Times)
Título: O Pacifista
Título original: The absolutist
Autor: John Boyne
Tradução: Luiz Antônio de Araújo
Páginas: 304
Editora: Companhia das Letras
Sinopse: Inglaterra, setembro de 1919. Tristan Sadler, vinte e um anos, toma o trem de Londres a Norwich para entregar algumas cartas à irmã mais velha de William Bancroft, soldado com quem combateu na Grande Guerra. As cartas, porém, não são o verdadeiro motivo da viagem de Tristan. Ele já não suporta o peso de um segredo que carrega no fundo de sua alma, e está desesperado para se livrar desse fardo, revelando tudo a Marian Bancroft. Resta saber se o antigo combatente terá coragem para tanto. Enquanto reconta os detalhes sombrios de uma guerra que para ele perdeu o sentido, Tristan fala também de sua amizade com Will, desde o campo de treinamento em Aldershot, onde se encontraram pela primeira vez, até o período que passaram juntos nas trincheiras do norte da França. O leitor testemunha o relato de uma relação intensa e complicada, que proporcionou alegrias e descobertas, mas também foi motivo de muita dor e desespero. O pacifista é uma história de amor e de guerra que se insere na tradição do romance Reparação, de Ian McEwan. Nada é o que parece nesta trama envolvente e vigorosa, que revela as consequências de uma vida tragicamente marcada pelo silêncio. Com uma abordagem original e relevante para o nosso tempo, o autor do best-seller internacional O menino do pijama listrado revisita neste romance o universo da guerra, tendo dessa vez como pano de fundo a Primeira Guerra Mundial. Sensível e engenhoso, John Boyne esmiúça um dos capítulos mais traumáticos da história da humanidade pela perspectiva de dois jovens soldados que lutam, acima de tudo, contra a complexidade de suas emoções.
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