quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

{Resenha} A visita cruel do Tempo, de Jennifer Egan

Capa
"Caminhões passavam nas pontes. A noite aveludada em seus ouvidos. E o zumbido, sempre aquele mesmo zumbido, que talvez, no final das contas, não fosse um eco, mas sim o barulho do tempo que passa".

Ler A Visita Cruel do Tempo, de Jennifer Egan, é inferir sobre as relações estabelecidas entre as pessoas. Como o que eu faço tem efeito na vida de outrem? Mais do que isso, quais são os impactos das atitudes – minhas e dos outros – no que sou, no que vivo e no mundo ao meu redor?

Esta reflexão surge desde a leitura sensorial que fazemos da capa. A ilustração, de Rafael Coutinho, nos remete aos quadros de Picasso, fazendo com que pensemos nas marcas do tempo: linhas podem ser vistas como trajetórias que se encontram, se interrompem, se misturam, se reúnem e se despedem umas das outras. Os vários olhos, rostos, dedos e bocas – todos enrugados –, contêm marcas, máculas, e indicam que a obra não tem um único personagem central. O tempo, mencionado no título, é o senhor-mestre que comanda as várias narrativas que compõe a história múltipla criada por Jennifer Egan. A inscrição retirada do Los Angeles Times não está ali à toa, A Visita Cruel do Tempo é mesmo “O melhor livro que você terá nas mãos”.

Passando a falar da estrutura da obra, Egan faz de nós, leitores, espectadores de uma história composta por várias micro narrativas interligadas (que formam os 13 capítulos). Esta composição me fez pensar: como ela terminará o livro? Este é um mistério que só se desvenda – belissimamente, diga-se de passagem – nas últimas linhas. A narrativa começa com a história de uma Sasha no início de sua vida adulta como assistente de Bennie Salazar, um executivo da indústria musical. A partir disso, a autora nos mostra a sua genialidade, dando a cada capítulo um ponto de vista diferenciado, com narrador de idade, década e geração próprias, brincando com as idas e vindas do tempo e com as conexões interpessoais de cada protagonista.

Falando assim, pode parecer confuso, mas isso é justamente o que nos faz querer devorar cada pormenor da trama: a narrativa torna-se ela própria um elemento surpresa, pois não sabemos quem será o próximo a contar a sua surpreendente história. Aqui vale uma nota interessante: todos os personagens têm uma ligação entre si. Por isso, o livro nos faz ponderar sobre as relações humanas. A decisão tomada na história de cada um impacta positiva ou negativamente na vida do outro, ainda que os capítulos sejam autossuficientes. A maneira como tudo é descrito me leva a pensar que A visita cruel do tempo é um forte candidato a ser adaptado para o cinema, pois daria um belíssimo filme.

Quem me conhece sabe o quanto sou criteriosa quando o assunto é best seller. Normalmente, nunca acho as obras que se tornam populares demais “tudo isso” que todos falam, todavia, A visita cruel do tempo me surpreendeu positivamente e me fez pensar que não é à toa que a obra foi uma das vencedoras do prêmio Pulitzer. Esta é uma leitura que, definitivamente, entrou para a lista das minhas preferidas e que recomendo a todos.

“É essa a realidade, não é? 
Vinte anos depois, a sua beleza já 
foi para o lixo, especialmente 
quando arrancaram fora metade 
das suas entranhas. 
O tempo é cruel, não é? 
Não é assim que se diz?”

Livro: A Visita Cruel do Tempo
Título original: A visit from the goon squad
Autora: Jennifer Egan
Tradução: Fernanda Abreu
Gênero: Romance americano
Editora: Intrínseca
Sinopse: Bennie Salazar é um executivo da indústria musical. Ex-integrante de uma banda de punk, ele foi o responsável pela descoberta e pelo sucesso dos Conduits, cujo guitarrista, Bosco, fazia com que Iggy Pop parecesse tranquilo no palco. Jules Jones é um repórter de celebridades preso por atacar uma atriz durante uma entrevista e vê na última — e suicida — turnê de Bosco a oportunidade de reerguer a própria carreira. Jules é irmão de Stephanie, casada com Bennie, que teve como mentor Lou, um produtor musical viciado em cocaína e em garotinhas. Sasha é a assistente cleptomaníaca de Bennie, e seu passado desregrado e seu futuro estruturado parecem tão desconexos quanto as tramas dos muitos personagens que compõem esta história sobre música, sobrevivência e a suscetibilidade humana sob as garras do tempo.



15 comentários:

  1. Seguindo,pode me seguii :)
    Vou assita seu blog todo diia
    ele é mt divoo
    kisses
    One-teens.blogspot.com

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  2. Ótima resenha, esse livro parece bacana.
    Aguardo sua visitinha no meu blog, beijos.
    http://an0itecer.blogspot.com.br/

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    1. Obrigada pelo elogio!
      O livro é muito bacana mesmo!

      Um beijo,

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  3. Nao sabia que esselivro se tratava desse assunto, curti bastante, sabia? Ainda mais porque nao sabia da historia - historias interligadas em 13 capitulos, interessante... Amei sua resenha parabéns! ^^
    Sim!
    Muuuuito mara C;
    Pâm
    http://interruptedreamer.blogspot.com.br/

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    1. Pâm,
      a estrutura deste livro é genial!
      E a Egan falando de como ela teve a ideia, é incrível! :D

      Obrigada pelos elogios!
      Fiquei feliz por ter gostado!

      Um beijo,

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  4. Eu adorei a resenha. É uma daquelas que dá vontade de comprar logo o livro pra ler.
    Beijão

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  5. Parece ser bem interessante, lendo sua resenha. Irei procurar pela Nobel da minha cidade. Gostei mesmo!

    http://cappuccinoeaconta.blogspot.com.br
    Faz uma visita?
    @PriscilaFrr

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    1. Priscila,
      Fico feliz que você vá procurá-lo!
      Tenho certeza que será uma ótima leitura!

      Um beijo,

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  6. Ótima resenha, o livro parece ser legal!
    space-sweet-girl.blogspot.com.br

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  7. Fiquei morreeendo de vontade de ler! Você indicou, e agora com a resenha, pronto! :P

    Respondendo a sua pergunta, feita há muito tempo.. só agora tive tempo pra me dedicar melhor e responder aos comentários no blog.. você perguntou como faço pra comer daquilo que não gosto. Pois então.. eu gosto de quase tudo. Quase tudo meeesmo! E então, não tenho tanta dificuldade. Mas, você pode pensar em alternativas. Formas diferentes de preparar os legumes. Em sopas, em sopas daquelas batidas.. ou até, souflês de legumes que não tenham a massa gordurosa, temperos e acompanhamentos fazer toda a diferença nos pratos! :)

    ;*

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  8. Ai Bi!
    Obrigada por responder! :D
    Vou tentar estas alternativas sim!

    E, quanto ao livro, certeza que você vai amar!

    Um beijo!

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  9. Estou morrendo de vontade de ler esse livro, só lí coisa boa sobre ele :) No começo não havia gostado da capa, mas depois de analisar um pouco eu acabei gostando haha :P

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    1. Leia porque é incrível!
      E a capa é mais linda ao vivo do que no computador! ;)

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