segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Distrações

Penso na fantástica aventura desventurada da minha vida com um ar distante de quem assiste a um filme sem prestar muita atenção ao som e à imagem. Como pode tudo mudar tão rapidamente?! Em um instante, estamos todos juntos: comemos e bebemos juntos; rimos e choramos juntos... No instante seguinte, não resta mais nada além da solidão...

Aquela noite vagueia janela adentro e me lembra como é doloroso estar só. Sim, estar só é muito mais doloroso do que ser só. Quando se é só, conforma-se com um estado permanente, com a condição que lhe é imposta. Quando se está só, a coisa muda de figura. Quando se está só, tem-se que acostumar-se com o inadaptável. A dor invade-lhe o peito de uma forma que não se conta, apenas lhe leva a um nocaute profundo.

Houve momentos felizes. E é justamente esse o problema, este maldito verbo no pretérito perfeito indicando o acabado... Quando a perfeição acaba, ela era realmente perfeita?! Não sei. Hoje, enquanto tento me reerguer deste nocaute recebido da vida, penso se realmente aquilo que nomeio, tão saudosamente, por “momentos felizes” eram momentos felizes...

A Dor me puxa pelas mãos como se dissesse: Cresça e apareça. Eu tento resistir, renegar, espernear contra esta nova condição de “estar só”. No fundo sei que, como uma criança indefesa, meu medo é que o “estar só” se transforme em um impiedoso “ser só”. Tenho medo. Tenho medo e assumo isso. Assumo porque sei que assumi-lo é a melhor forma de enfrentá-lo.

Resolvo sofrer. Entrelaço minhas mãos com as mãos da Dor. Se for este o preço que devo pagar, pagá-lo-ei calada. Sei que um dia, aquela noite densa que insistentemente me visita um dia irá para outras terras distantes e que o sol voltará a brilhar. Neste dia, estarei crescida...

2 comentários:

  1. Fê!

    Seu texto me emocionou de uma forma que não sei explicar....

    Acredito que eu esteja passando por isso, e assim, a emoção bate.

    Como vc escreve bem! Continue assim! Emocionando com suas palavras.

    bjos

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  2. Nossa, me identifiquei muito com seu post. Apesar dos amigos presentes, me sinto so pq meu amor esta por perto mas nao quer estar comigo. Bjs e fik com Deus.

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Algumas Observações | Ano 17 | Textos por Fernanda Rodrigues. Tecnologia do Blogger.