Aquilo se tornara um ritual diário: acordava, ajeitava meu quarto e ia para a cozinha tomar café da manhã. A essa hora, ele aparecia. Pousava na antena do vizinho, de forma que tinha toda a visão do que eu fazia: via-me esquentando o leite no micro-ondas, pegando uma fatia de pão de forma no armário, retirando a xícara do aparelho, passando manteiga na fatia de pão...
Ele observava a tudo discretamente, até que sentia a necessidade de ser visto. Do alto da antena, enchia o peito e cantava:
- Bem-ti-vi! Bem-te-vi!
Eu, então me levantava de minha cadeira e saía no quintal para vê-lo:
- Oi, querido! Você já chegou?!
- Bem-te-vi! Bem-te-vi! – ele respondia animado.
- Como estão as coisas?! – dizia sorrindo – Quer pão?!
- Bem-te-vi! Bem-te-vi!
Não me lembro ao certo quando aquele Bem-te-vi começou a me visitar, só sei que ele me fazia muito bem. Era ótimo ter contato com a natureza, ainda mais vivendo em uma selva de pedras como São Paulo. Sem contar que o fato das visitas se tornarem diárias, me fez sentir especial de alguma forma. Era tão bom saber que aquele serzinho de peito amarelo vinha me visitar, sem exigir absolutamente nada em troca...
- Bem-te-vi! – ele cantava!
- Bem-te-vi! – eu assobiava.
Então, ele voava.
E eu... Bem, eu ficava a esperar a visita do dia seguinte.
Q fofa sua companhia d manha...ainda mais em sampa...Bjs e fik com Deus.
ResponderExcluir