quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Conheça o Meu Trampo Plus: entrevista com a blogueira e influenciadora digital Carol Vayda | BEDA agosto/2019 #22

Foto por Marvin Meyer via Unsplash.
Quem me segue lá no Instagram viu que, em julho, eu participei como palestrante da primeira edição do projeto Meu Trampo Plus. Esta experiência para mim foi incrível; mas, mais do que ouvir de mim, eu queria que vocês conhecessem o projeto da sua idealizadora. Sendo assim, convidei a Carol Vayda para uma entrevista aqui no blog. Vamos saber mais?

Meu Trampo +.

Algumas Observações: Gostaria que você contasse um pouco do que é o Meu Trampo Plus e de onde surgiu a ideia de criar um evento como esse.
Carol Vayda: O Meu Trampo Plus surgiu da minha necessidade, como blogueira, de fazer algo além de postar looks do dia. Durante uma treinamento com outros influenciadores, vi que pauta maior ainda era autoestima, looks do dia, se olhar no espelho e se sentir bonita… não existia uma conversa sobre a gordofobia corporativa que, imagino, boa parte daquelas pessoas sofriam ou sofreram em algum momento da vida e também não se davam conta. Semanas depois resolvi fazer uma enquete em meus stories sobre o tema e vi que não poderia não falar sobre isso e não fazer alguma coisa.
O projeto tem como objetivo qualificar e mostrar novas perspectivas profissionais para pessoas gordas. A princípio com cursos e vivências e, com o tempo, auxiliando em colocações em vagas de trabalho.

AO: Nesse sentido, como a sua experiência como gorda e sua trajetória pessoal de vida influenciam no trabalho que você desenvolve seja no Meu Trampo Plus, seja como influenciadora digital?
CV: Ser gorda pra mim sempre foi um problema, e só consegui entender que não havia nada de errado em não ser magra depois de muito lutar contra a balança e apoiar discursos gordofóbicos. Sempre vivi na pele a gordofobia, pressão estética e todo o tipo de discriminação com o meu peso e fiquei quieta - tanto que tudo isso me renderam crises de pânico e ansiedade. Com o tempo (e com muita informação) consegui me enxergar como uma mulher capaz, linda, inteligente E gorda. Foi a informação que me trouxe para a luz. Hoje, como criadora de conteúdo digital, tenho o poder de levar conhecimento e compartilhar experiências para pessoas que talvez ainda estejam nas trevas. O Meu Trampo Plus nasceu para criar conexões e também ser um catalisador de experiências e criador de conexões, levando informação, bem estar e segurança para as pessoas gordas.

Registro de parte da minha oficina, em um momento de significação do eu no grupo.

AO: Você considera o seu trabalho na internet é voltado apenas às pessoas gordas? Por quê?
CV: Mais ou menos. Obviamente que o meu alcance entre pessoas gordas é maior, por enfrentarmos as mesmas dificuldades, mas cada dia mais tenho alcançado pessoas que não são gordas. Recentemente uma amiga me contou que estava compartilhando meu conteúdo com grupos de pessoas magras e que eles começaram a conversar sobre como a sociedade odeia a pessoa gorda. Isso pra mim foi mágico - além de uma grande prova de amizade. Angela Davis disse que “não basta não ser racista, devemos ser antirracistas”, acredito que este posicionamento de encaixa para qualquer tipo de discriminação.

Palestrantes da primeira edição do Meu Trampo+.
Da esquerda para direita: Jennifer Nascimento, Bia Lombardi, eu, Carol Vayda, Gabi Menezes e Mari Clamarroca

AO: Voltando a falar especificamente do Meu Trampo Plus, como foi o processo de escolha dos parceiros do projeto?
CV: Ahhhh minhas parceiras <3
Primeiramente, a escolha das palestrantes foi pensando no conteúdo que gostaria que os participantes tivessem acesso. Mas, no fundo, a escolha foi por posicionamento perante as causas das minorias. Queria muito que o time fosse composto de pessoas que fossem bem sucedidas em suas atividades profissionais, referências, além de apaixonadas por pessoas. Não poderia ter sido tão certeira! 
O conteúdo das palestras se complementaram, criaram um ambiente acolhedor e ainda proporcionou experiências individuais nas participantes. Isso foi incrível! 


AO: E como foi a escolha dos participantes? Teve algum critério em específico?
CV: Definitivamente foi a parte mais difícil do processo! 
Tive que ser prática e, primeiramente, considerar quem morava menos longe do local do evento. Com isso, dividi as vagas de forma que conseguisse atender pessoas negras, mães-solo, pessoas LGBTQI+, pessoas com e sem experiência profissional e, também, priorizar quem não estava trabalhando. O mais lindo deste processo foi ver que 100% das inscrições foram feitas por mulheres! 

AO: Quais são os próximos passos do Meu Trampo Plus? 
CV: Dominar o mundo, óbvio! hahahha
A primeira turma ainda não encerrou, temos mais três encontros entre a nossa psicóloga e nossas participantes. Mas, a próxima edição já está no forno e em breve abriremos turmas! 

AO: E quais são os seus outros projetos futuros?
CV: Até o final do ano, esperamos abrir turmas para empreendedores, profissionais de áreas pontuais e cursos pagos - para conseguir atender, também, quem está trabalhando e pode investir uma graninha na sua carreira. Agora, para o ano que vem, estamos sonhando com algumas parcerias com RH e, quem sabe um podcast sobre carreiras...

AO: O que você, como pessoa gorda, gostaria que a sociedade entendesse de uma vez por todas?
CV: Que ser gordo não é um problema e ponto. Ser gordo não significa ser doente, preguiçoso, esfomeado e coitado. Ser gordo é apenas uma característica física como ser magro, por exemplo.

Palestrantes e participantes da primeira edição do Meu Trampo Plus.

AO: Quem quiser conhecer mais do seu trabalho como influenciadora digital e o que você desenvolve no Meu Trampo Plus pode te acompanhar de qual forma?
CV: Quem quiser acompanhar de perto o projeto, basta nos seguir no instagram.com/meutrampoplus que tudo acontece primeiro por lá. Agora, quem quiser falar sobre amor próprio, autoestima, rolêzinhos plus size e moda, pode me seguir no instagram.com/carolvayda e acessar o www.carolvayda.com.br

AO: Por fim, mas não menos importante, deixe o seu recado para os leitores do Algumas Observações.
CV: Comecem suas próprias revoluções! Fazer o que a gente ama é o maior ato transformação e rebeldia que podemos praticar! Acreditem naquilo que te faz bem que o mundo vai começar a girar a seu favor! <3

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4 comentários:

  1. Oi, Fernanda! Parabéns pela entrevista é importante haver essa inclusão social nos âmbitos da sociedade. Existe um preconceito muito grande no Brasil, especialmente nos principais centros urbanos com quem é obeso. Adorei, forte abraço!

    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com

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    Respostas
    1. São pequenos passos que mudam uma sociedade inteira!

      um beijo :*

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  2. Toda vez que vejo meu homenzinho neste blog é pq fiz algo certo. Obrigada por me apoiar em todas as minhas loucuras.❤

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Algumas Observações | Ano 17 | Textos por Fernanda Rodrigues. Tecnologia do Blogger.