domingo, 11 de julho de 2010

As vozes do Metrô

Linha Vermelha - Metrô de São Paulo
Tenho uma rotina: assim como muitos, trabalho ao longo do dia e estudo à noite. Mas entre idas e vindas, gasto três horas do meu dia cruzando a cidade, passo três horas do meu dia no metrô. Por andar sempre nos mesmos horários, alguns rostos já são familiares: mulheres e homens que vão e vêm cansados após um dia de trabalho intenso, pessoas que oscilam entre uma leitura e um cochilo... Contudo, há algo que – embora, para muitos, passe desapercebido – sempre muda: as vozes do metrô!

Ouvir o anúncio da próxima estação sempre me faz imaginar quem está por trás daquela voz: será novo, velho, experiente na profissão ou um novato?! É casado, com filhos? Solteiro? Como será o seu rosto?!

Muitas vezes, ao embarcar, estou perdida em meus pensamentos até que a voz profere alguma mensagem. Certa vez, retornava para casa, quando ouvi a voz de galã dizer: “Próxima estação: São Joaquim”. O som que saiu dos auto-falantes era grave, sedutor... Se o dono daquela voz for tão bonito quanto ela, é um pecado o fato de ele trabalhar no subterrâneo de São Paulo e não nas telinhas da tevê!

Há vozes tímidas, em sua maioria feminina, que me fazem pensar que a condutora do trem é novata no trabalho e, por isso, tem vergonha de falar para o público... Ah! Não posso deixar de mencionar que, em raríssimas ocasiões, temos a presença de vozes com sotaques no metrô paulistano! Sim, já tive a honra de ouvir um “Prrrrróxxxima issstação, Braiiis”, que me trouxe à mente lembranças da Cidade Maravilhosa.

Atualmente, o governo está atualizando os trens da cidade. Mais novos e com ar condicionado, os novos veículos dão mais conforto à população. Todavia, a voz para todos eles é programada como aquelas que ouvimos nos aeroportos. É a tecnologia, alguns dizem. Para mim, entretanto, é apenas o lamento de não ter a oportunidade de ouvir as vozes do metrô.

Um comentário:

  1. Profundo isso. Nasci em sampa e fiquei lá por 21 anos, me lembrei muito desses tempos quando li o seu texto, e realmente nunca tinha pensado nisso. Sempre pensava em muitas coisas no metrô. Sempre gostei mais do metrô do que de ônibus. Acho que porque o metrô sempre me lembrou o underground. Pessoas sempre melancólicas. Ficava imaginando não as vozes dos trens, mas ficava pensando naqueles rostos. Sempre pessoas cabisbaixas. ai ai ai. quem sabe eu volte para essa rotina. kkkkk

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Algumas Observações | Ano 18 | Textos por Fernanda Rodrigues. Tecnologia do Blogger.