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Das venturas escondidas no pó do tempo ⌛ |
Em 2022, não fiz uma retrospectiva dos principais acontecimentos do meu ano. Foram muitos. Morri e renasci tantas vezes que couberam décadas e décadas dentro dos 12 meses. Sou grata ao que me trouxe até aqui, mas o cansaço e a exaustão me venceram de tal maneira que antes de olhar para trás ou para frente, precisei fincar os dois pés no chão e sentir o que vem por dentro.
Cavucar as entranhas é um modo interessante de saber se já estamos prontos para ir para a próxima fase. Mais do que apenas olhar os dias no calendário ou constatar fatos, uma pergunta ronda o ar nesse período de transição que vai da última quinzena do ano às duas primeiras semanas de janeiro: como eu me sinto afinal?
Já fui cobrada por parecer fria demais. Já fui cobrada por ser sentimental demais. Hoje sou cobrada por ser profunda demais. O fato é que gosto de entender o cerne dos meus sentimentos e lutar contra isso me maltrata mais do que me ajuda. Para ser borboleta é preciso ser meleca dentro de casulo antes. Eu gosto de viver esse processo.
Como eu me sinto em relação a tudo isso? Essa é uma pergunta que me leva a caminhos instigantes. Esperançosamente instigantes. De modo paradoxal, é dessa busca vocabular, da procura de uma resposta concisa, que nasce o meu planejamento de 2023. Esperançosa — essa é a palavra-semente. Ter esperança é o que me faz continuar tentando.
Numa faxina aprofundada em armários e guarda-roupas separo roupas para doar. Houve uma Fernanda que vestiu e curtiu a vida com peças que hoje não fazem mais sentido. Infantil, séria, monocromática, magra, formal demais, informal de menos, muito jovem. Muitas vidas vividas dentro de um espaço-tempo que se foi e que abre espaço para o porvir.
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Que seja um ano de gentilezas 💗💙 |
Existe uma infinidade de coisas que cabem na palavra futuro, incluindo o passado. Por isso, a surpresa veio ao reencontrar o velho espelho nas fotos analógicas da infância: com menos de um ano, meu mini-eu brincando com um gato; sendo uma bebê tranquila sobre a cama, com uma boina de artista; na mesma época, mas no verão, deitada na grama do Ibirapuera; anos depois, escrevendo letras no presente de dia das mães que pedia um desenho. O quanto da minha infância é prenúncio da minha essência adulta! Mais do que qualquer livro de psicologia, meu passado me jogou na cara o presente. Aliás, mais do que isso: meu passado me empurrou no abismo do futuro. Mas onde o olhar da beleza da vida foi parar, afinal? Esse eco me atingiu com a força de quem não tem resposta — talvez nunca as encontre —, mas continua procurando.
Em tempos tão turbulentos, a exaustão devora a boniteza, consome tudo o que há de mais singelo e nos cega. Que em 2023 estejamos menos cansados e mais atentos a essa essência que deseja brindar a gratidão de um futuro cheio de amor.
Vai mais uma crônica? Segue a sugestão: "Sobre cactos, vampiros e unicórnios".
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Sensacional, Fer. Compartilho das impressões e sensações. Obrigada por esse acolhimento em forma de identificação. Ju
ResponderExcluirJu, que carinho é ter seu comentário aqui. Depois de 2 anos tão complexos, a gente tem que se acolher, não é?
ExcluirQue seja um ano lindo por aí <3
Nossa Fer, muito isso de ser necessário olhar pra dentro antes de olhar pra frente ou ficar analisando o que passou. É bom também te ver esperançosa depois de um ano que foi tão intenso.
ResponderExcluirEsse momento do ano é sobre isso mesmo, se reencontrar, se entender e descobrir o que precisamos antes de olhar para o que queremos.
Feliz Ano Novo.
Um beijo e um abraço apertado.
Ai, amiga, tem hora que a gente tem que parar e dar uma respirada, né?
ResponderExcluirEspero que a gente consiga se ver pra matar a saudade e conversar sobre esses mergulhos. :)
Um beijo
Que bom que está aqui para contar essas histórias. Que seja um ano marcante e inesquecível.
ResponderExcluirBoa semana!
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Até mais, Emerson Garcia
Para nós! :)
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