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Perambule. |
Sábado passado, no bairro do Bixiga, o escritor Fabrício Corsaletti lançou mais um livro de crônicas, (que inclui pequenos poemas e poemas em prosa), o
Perambule. Eu fui ao evento — além de ser um excelente cronista, o Fabrício também foi meu professor — e voltei para casa empolgadíssima com a leitura.
De fato, a obra não decepciona. Ela reúne textos publicados pelo autor na revista sãopaulo e no caderno Turismo (ambos do jornal Folha de S. Paulo), na revista Serafina e alguns outros ainda inéditos ao público. As histórias, como uma boa crônica que se preze, dão a sensação de conversa de bar. É como se estivéssemos ali, cara a cara com o autor, discutindo aquela filosofia — um tanto barata, um tanto existencial.
Ao virar de cada página o autor nos leva a um lugar distinto — ora físico, ora sentimental, ora os dois — fazendo do livro uma jornada. Perambulamos, como sugere o título, pelas ruas paulistanas, por Santo Anastácio (cidade natal do Corsaletti), além de darmos um pulo em um bar no Rio de Janeiro e de caminharmos pelo centro mexicano e pelos canais de Amsterdã.
O que mais me chama a atenção, sem dúvida, é a complexidade que o Corsaletti traduz em simplicidade em cada texto. O limiar entre crônica e lírica é borrado por uma simbiose tão exata que nós, leitores, só conseguimos imaginar cada crônica, cada poema, exatamente do jeito com que eles foram concebidos. Se de um lado há uma certa ingenuidade — a exemplo de “Baldinho” — que contagia; um humor refinado — em todas as ideias de como ficar rico —; uma melancolia tocante nas crônicas que retratam a família — "Droneiro", “Confissão” e “Corte” demonstram bem o que digo —; de outro, há a denúncia social que chega de mansinho e surpreende com um soco no estômago do leitor. A corrupção (“Brasília”), a diferença entre as classes (“Aniversário”) e a nossa relação com o meio ambiente (“Paisagem”) têm um espaço significativo no livro — não pela quantidade de textos com a mesma temática, mas pela qualidade com que cada crônica apresenta cada tema.
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Dedicatória :) |
Além de tudo isso, Perambule é um praticamente um guia aleatório de cultura. Nele, o leitor acaba recebendo algumas referências, seja a música de Amy Winehouse, as rotas viagem e, claro, os inúmeros bares da Liberdade, Augusta, Faria Lima, Copacabana e afins. (Quem não sente vontade de jogar todos os nomes no google para saber se eles são reais ou não, que atire a primeira pedra.)
Fabrício Corsaletti é um flâuner de mão cheia e, no fundo, Perambule representa muito bem essa errância na qual todos nós vivemos de certo modo. Encontramos nas palavras do autor o desamparo, a póetica, o sentimento de rir de si mesmo numa tentativa de se perder para se encontrar. É justamente isso que faz Perambule ser o que é: tão maravilhoso.
Livro: Perambule
Autor: Fabrício Corsaletti
Gênero: crônica
Coleção Nova Prosa
Páginas: 160
Sinopse: "Filho de Rubem Braga com Sam Shepard", crava Gregorio Duvivier na orelha deste livro. A afirmação não é fora de propósito. Se a prosa de Fabrício Corsaletti vive impregnada do humor e do lirismo do primeiro, também partilha da errância e do desamparo do segundo. Vem daí a sede de movimento que impele os personagens inesquecíveis deste Perambule, reunião de sessenta textos recentes, em que o autor alterna crônicas longas com poemas em prosa e em verso, crônicas curtas e microcontos.
Andarilho convicto - como fica claro na estupenda crônica de abertura, "Paterson" -, Corsaletti inventa nestas páginas os mais variados trajetos, cruzando ruas de São Paulo, Rio, Paris ou Amsterdã, sobrevoando de drone sua cidade natal, no interior paulista, ou explorando o vasto mundo através do Google Earth, palmilhando o asfalto das metrópoles ou as estradas de terra batida da infância. O que importa, como diz o famoso poema de Blas de Otero, é "Sair/ Deste cárcere espaçoso e triste,/ Aliviar os rios e os sóis,/ Sair, sair para o ar livre, para o ar".
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Oh, mulher!!! Você me deu mesmo vontade de ler o Perambule. Faz tanto tempo (coloca tempo nisso aí) que não me dou o direito de ler nada além de romances e apostilas. Nem sei quando foi o último livro de crônicas que comprei.
ResponderExcluirAdorável a sua resenha como tudo em você, claro!
Oi, Faah!
ExcluirCrônica e poesia são os suspiros na minha rotina. São os gêneros que me mantêm sã. ♥
Obrigada pelo elogio à minha resenha e a mim. :)
Beijos :*
Que delícia! Eu AMO livros de crônicas, sou apaixonada pelos livros da Martha Medeiros, nunca li nada do Fabrício Corsaletti que eu me lembre agora... Fiquei curiosa para ler Perambule, parece envolvente e ao mesmo tempo tão leve, gracioso... Amei sua resenha! Beijokas ;)
ResponderExcluirOi, Natz!
ExcluirÉ muito bacana encontrar pessoas que leem crônicas por aqui. Costumo brincar que leitores de crônicas - e cronistas, claros - são boas pessoas! hehehe
Espero que você tenha a chance de ler não apenas o Perambule, mas os outros livros do Corsaletti também.
Beijos
Olá, Fê.
ResponderExcluirÉ tão bom ler algo que nos agrada e não nos decepciona. Eu particularmente não sou muito de ler crônicas, mas para quem gosta, é uma excelente dica de leitura.
Prefácio
Crônicas são maravilhosas, você deveria dar uma chance!
ExcluirBeijos
Nossa, que interessante sua experiência e a resenha. Não sou muito fã desse tipo de leitura, gosto de dar uma olhada vez ou outra e pra ser sincera gosto no começo e depois pego um certo "rancinho" hehe... Aconteceu com Martha Medeiros e Fabrício Carpinejar (que eu gostava bastante em 2008, 2009). Não sei o que acontece!
ResponderExcluir❤
Beijos
Brilho de Aluguel
Oi, Thayse.
ExcluirEu realmente acredito que livros de crônicas — assim como os de poemas — são para serem degustados. Diferentemente de romances, a gente deve ler crônicas aos poucos, desfrutando de cada história. Talvez, o que você precise é ler se dando tempo.
Beijos
Oi, Fernanda! Achei muito interessante! Gosto desse tipo de leitura! Obrigada pela dica! ;)
ResponderExcluirbeijos!
https://ludantasmusica.blogspot.com.br
:) Espero que você consiga ler este livro um dia! :)
ExcluirBeijos
Parece um livro bem interessante. É sempre bom ler um pouco de crônica.
ResponderExcluirBjus!
galerafashion.com
Sempre é um respiro na vida literária :)
ExcluirBeijos
Infelizmente não tenho tido tempo para livros, mas preciso de voltar a esse hábito!
ResponderExcluirNão conheço, mas já me convenceu por falar na Amy Winehouse! :)
Muito obrigada pelo comentário.
Beijos
Automatic Destiny
Oi, Rosana!
ExcluirAcho que o livro de crônicas ajuda bastante a voltar ao hábito de ler, porque as histórias são curtas e independentes. :)
E eu que agradeço por você comentar aqui ;)
Beijos
parece ser bem interessante, apesar de eu não ser muito fã de crônicas! :)
ResponderExcluirDê uma chance a elas, você irá gostar! :)
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