domingo, 9 de fevereiro de 2020

Achados fotográficos #13: entrevista com a fotógrafa Leidiane Bueno

Fotos: Leidiane Bueno.
Na postagem de hoje, trazemos mais uma entrevista com uma fotógrafa cheia de talentos. Leidiane Buenos é uma brasileira radicada na Noruega que adora explorar as aventuras que o mundo oferece. Registrar as belezas e os aprendizados faz parte do dia a dia dessa fotógrafa que busca encontrar a linguagem poética no mundo que a cerca.

Foto: Leidiane Bueno.

Algumas Observações: Como a fotografia surgiu na sua vida? O que te fez começar?
Leidiane Bueno: Por toda a minha infância e adolescência sofri bullying. Isso afetou bastante a forma como me enxergava. Eu não tenho muitas fotos de infância e acho que tenho apenas 2 ou 3 da adolescência. Depois de muito trabalhar os meus traumas, comecei a me fotografar, uma forma de terapia que eu mesma me auto impus. Com o passar do tempo comecei a me sentir à vontade. Então comecei a fotografar minha filha. Mas eu comecei a levar isso a sério quando entrei para o curso de Jornalismo e meu professor de Fotografia Jornalística disse que eu tinha olhar fotográfico e que eu deveria seguir esse caminho.

Foto: Leidiane Bueno.

AO: Tem algum fotógrafo que te inspire? Quem é e por que te inspira?
LB: Sebastião Salgado tem trabalhos incríveis. Ultimamente o fotógrafo que mais me inspira é Kasper M. de Thurah (@iamnordic). Ele é de uma sensibilidade impressionante, tanto com a fotografia, quanto com as palavras. É um mix de sensações ver as fotos dele e ler as legendas. Ele é honesto e simples, valoriza pequenos detalhes. Patrícia Schussel (@patchinpixels) também é incrível. Acompanho o perfil dela há anos e é incrível ver a evolução fotográfica e pessoal dela.

AO: Qual é o tema que você mais gosta de fotografar e por quê?
LB: Eu gosto de fotografar quando o momento me faz sentir alguma emoção genuína. Quando eu vejo um lugar bonito, eu tiro uma foto, mas se o lugar não me transmitir emoção, eu não gosto da foto. Eu sou muito ligada à poesia e acho que esse meu lado fotógrafa também é. Eu sou apaixonada por fotografia em preto e branco. Acho poético, é como se eu pudesse enxergar a alma das pessoas ou dos lugares. Eu tenho verdadeira paixão por nus e por landscapes. E esse é o caminho que quero seguir.
Foto: Leidiane Bueno.

AO: Celular, câmera ou os dois?
LB: Apesar da qualidade e funções das câmeras serem melhores, eu fotografo apenas com meu celular. Eu tenho uma câmera com boas lentes, mas eu tenho 3 graus de miopia e astigmatismo e eu nunca consegui me adaptar a câmera por causa dos óculos. Neste ano isso vai mudar, vou começar a usar lentes de contato. Há 6 anos atrás perguntei ao fotógrafo Fábio Kotinda qual a melhor câmera para iniciantes e disse que tirava fotos com meu iPhone. Ele me respondeu “a resolução da câmera do iPhone é muito boa. Você pode fazer fotos incríveis com esse aparelho. A coisa mais importante na fotografia é a luz, se você não tem uma boa luz, ter uma boa câmera não será uma vantagem”.Levei isso pra vida. Haha

Leidiane Bueno e a Catedral de Notre Dame, em Paris.

AO: Qual foi o momento mais feliz que você viveu tirando uma foto e como foi isso? Como foi este momento?
LB: A Catedral de Notre Dame, em Paris. Eu não sou uma pessoa religiosa, mas amo fotografar lugares que representam fé. Isso é sobre história, arquitetura e emoções. Nunca senti nada tão poderoso quanto ver e estar na Notre Dame. Os detalhes arquitetônicos são impressionantes, tão impressionantes que senti vontade de chorar. Me perguntei o porquê de o ser humano ter a sensibilidade tão aguçada a ponto de criar algo como aquilo e mesmo assim ser insensível ao ponto de fazer guerra. Foi a primeira vez que um lugar me fez chorar de emoção por sua beleza. Hoje vivo isso com a Noruega. É o país mais lindo que já vi e não há um dia em que eu acorde, olhe pela janela, vá ao supermercado, veja o pôr do sol ou viaje para alguma cidade no interior que eu não tenha vontade de chorar por causa da beleza do lugar. Fotografar algo que me transmite emoções intensas é gratificante.

AO: O que você acha mais desafiador no universo da fotografia? Como você costuma lidar com este desafio?
LB: O mais desafiador é sobreviver da profissão. A maioria absoluta equilibra a fotografia com outros trabalhos para conseguir pagar as contas, equipamentos e cursos. Eu me equilibro nessa corda também, há momentos em que a gente pensa em desistir, mas fotografar não é algo que fazemos apenas para ganhar dinheiro, a gente faz porque ama.

Foto: Leidiane Bueno.


AO: Você vê a fotografia como um trabalho, como arte ou como a mistura dos dois?
LB: A fotografia é uma arte, tem expressão e quase vida própria. Você pode aprender as técnicas e se tornar realmente bom nisso, mas se você não colocar seus sentimentos em cada clique, você não consegue transmitir sentimentos. Penso que qualquer coisa que você faça bem pode se tornar uma profissão.


AO: Qual é a maior dificuldade em ser fotógrafo?
LB: A vida financeira. É cansativo conciliar um emprego em tempo integral com fotografia.


AO: O que você ainda sonha fotografar?

LB: A Islândia. O país tem beleza natural incrível.


AO: Você consegue mensurar o quanto a sua vida mudou depois que a fotografia passou a ser parte dela?

LB: Eu me tornei mais consciente das minhas emoções e isso me ajuda não apenas no momento de fotografar, mas no meu dia a dia e no meu relacionamento também. Me tornei mais analítica comigo mesma, separando o eu acho que gosto e quero, do que eu realmente faço.

Foto: Leidiane Bueno.

AO: Qual a importância que o Instagram tem na sua vida e qual é a conexão que você tem com as pessoas que gostam e curtem as suas fotos?
LB: O Instagram é minha rede social favorita. Assim como gosto de transmitir minhas emoções através das minhas fotografias, gosto de me emocionar com o olhar de outras pessoas. Há imagens que me fazem querer morar dentro delas. A maioria das pessoas que acompanham o meu trabalho são amigos e colegas. Quando algum fotógrafo famoso diz que meu trabalho é bom, me faz confiante, pois, o reconhecimento é a prova de que estou seguindo o caminho certo. Se um fotógrafo da Vogue curte a sua foto ou diz que você é bom no que faz, você deve se orgulhar disso.

Foto: Leidiane Bueno.

AO: Hoje muita gente deseja levar a fotografia mais a sério. Qual conselho você daria a estas pessoas?
LB: Meu conselho é, fotografe, mesmo que isso não te dê o retorno financeiro que você pensou que daria. É difícil conciliar com outra profissão, mas é gratificante ver a tua sensibilidade emocionando outras pessoas. Fotografias são histórias e sentimentos.

Foto: Leidiane Bueno.

Quer conhecer mais do trabalho da Leidiane Bueno? Dê uma passada lá no perfil profissional que ela mantém no Instagram: @leidbuenophotos.
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6 comentários:

  1. Oi, Fernanda tudo bem? Nossa eu adorei a entrevista, fiquei encantado com as respostas da fotógrafa. A profissão é difícil realmente, principalmente para os iniciantes. As fotos que ela fotografou ficaram incríveis. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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    Respostas
    1. Olá, Luciano!
      Eu também curti bastante poder entrevistar a Leidiane. As respostas dela me pareceram muito lúcidas e conscientes. Gosto de quando o entrevistado é assim.

      :*

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  2. quantas fotos maravilhosas, um olhar desses merece mesmo destaque; adorei conhece-la melhor por aqui com essa entrevista

    www.tofucolorido.com.br
    www.facebook.com/blogtofucolorido

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  3. Quase xará! hehe
    Adorei as fotografias dela, são lindas e bem perfeitas.
    Só de olhar, dá para ver a paixão dela por fotos e coisas belas.
    Beijos. 
    Diário da Lady

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    Respostas
    1. Pois é, menina! Por uma letra que vocês não têm o mesmo nome.
      Adoro essa percepção do mundo que a Leid tem justamente por conta dessa paixão que ela transparece no trabalho.

      Um beijo

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Algumas Observações | Ano 17 | Textos por Fernanda Rodrigues. Tecnologia do Blogger.