domingo, 12 de janeiro de 2020

Para onde vão os nossos bytes depois que a gente morre?


Acordo antes do despertador. Pela luz que atravessa a cortina da pequena janela, sinto que não sou a única: o Sol já está de pé. A estrela mais importante da estação despertara cedíssimo, com o canto do bem-te-vi. A ave, por sua vez, resiste cantando na antena do vizinho mesmo tendo as minhas gatas a observá-lo.

Acordo, porém não sei se me desperto. Apenas sinto: natureza me diz muito do meu futuro. Raízes que voam, que se deixam levar pela corrente de ar quente. Raízes que vagueiam de forma planejada. Sou árvore, mas também sou águia. Sou águia e, também, guia.

Continuo na cama. Desafios, eles pipocam na minha mente acelerada antes que possa controlá-los. Na rapidez, pego o celular e rolo a infinita tela do Instagram. Se a vida não é infinita, para onde vão os nossos bytes depois que a gente morre?

Coloco o celular de lado e as minhas mortes rondam meus pensamentos. Não a derradeira, que fará meu coração parar de bater e meu cérebro parar de enviar seus impulsos neuronais, não. Penso na morte que nasce das pequenas coisas. O quanto de mim morreu ontem? O que sobreviverá de mim para o amanhã? Nascer e morrer. Cada verbo numa ponta do tempo de vida, mas tão interligados em suas oposições...

Minhas raízes sussurram a minha essência. Meus sonhos me empurram para o céu. O horizonte é o limite, mas por que ele é tão distante? O calor do sol me aquece, mas também me queima. Já quanto ao bem-te-vi, bem, ele continua cantando, sem pensar.

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8 comentários:

  1. Que lindo seu texto, enquanto lia senti uma paz tão grande dentro de mim, depois de um dia meio exaustivo.
    Tem horas que nem percebemos as coisas simples da vida como o amanhecer, a luz solar, os passarinhos cantando... porém, tudo fica despercebido quando colocamos as mãos no celular. Estou até tentando cortar esse mal hábito de querer olhar celular toda a hora e aproveitar as coisas naturais da vida, que são lindas e únicas.
    Beijos. 
    Diário da Lady

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    1. Oi, Leidi!
      Acho que encontrar esse desafio entre vida offline e celular como extensão do próprio corpo é um dos maiores desafios do nosso século.
      Estou nessa jornada tbm.

      Fico feliz que você tenha gostado do texto.

      Um beijo

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  2. Achei o post tão lindo, incrivelmente deu uma paz em ler o último paragrafo

    ___________

    - Conhece meu cantinho? Te encontro lá, hein?

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    1. Oi, Jac!
      Fico feliz por ter te trazido um pouco de paz. :)

      Um beijo

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  3. Eu amei tanto esse texto que vou indicá-lo no meu próximo 5 dicas! Estava procurando algo para colocar na parte do Para Ler e senti aqui a emoção que queria sentir quando encontrasse o texto!

    A gente nasce e sabe que a vida é finita. O caminho que construímos entre o nascer e o morrer é conjugação do verbo viver!

    Adorei!

    Um beijo!

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    1. Oi, Line!
      Quanta honra!
      Fico feliz que você tenha gostado tanto a ponto de indicar ;)
      Obrigada pelo feedback e pelo carinho.

      Um beijo

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  4. Lindo seu texto! Achei engraçado o contraste da sua rotina com a do Bem-te-vi. Enquanto a ave só acorda e segue a vida, fazendo o que ela faz (seja lá o que ela faz o dia todo) sem muito drama, você acorda, reflete, abre instagram, pensa.. tudo antes de levantar da cama. Atitudes muito complexas mesmo se tratando de algo muito simples como acordar e começar o dia. Nós humanos somos bichinhos muito complexos rs

    Beijos!
    Serenar

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    1. Oi, Marina! :)
      Obrigada por comentar em um post mais antigo. Ser humano é complexo, mas vale a pena, não?! :)

      Um beijo

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