segunda-feira, 22 de julho de 2013

[Resenha] O Manual da Bruxa para Cozinhar Crianças, Keith McGowan

Uma mãe leal à ciência. Um irmão mais velho leal à irmã mais nova. Um cão leal à sua dona. Uma madrasta leal às suas origens. Se há uma palavra para descrever O Manual da Bruxa para Cozinhar Crianças, esta palavra é lealdade.

A história escrita por Keith McGowan começa com um pequeno trecho do diário da malvada e poderosa bruxa Fay Holladerry, cuja primeira sentença é categórica: “Adoro crianças. Quero dizer, adoro comê-las”. Contudo, surpreendentemente mesmo é como ela consegue suas iguarias. Em suas próprias palavras, “...eu as obtenho da maneira mais tradicional. Com os pais, é claro. Você ficaria surpreso em saber quantos pais já apareceram no meu esconderijo trazendo seus filhos a reboque”. 

Assim acontece com Sol, um menino de onze anos, e sua irmã Connie, de oito. Eles e seus pais se mudaram para Schoneberg, depois daquilo que Sol chamaria de “O dia terrível...”. Para as crianças, aquela seria uma tentativa de recomeço. Para os pais, uma forma mais fácil de “doá-los” para Holladerry.

A partir daí, a trama se desenvolve em uma narrativa envolvente e engraçada, que mostra como os pequenos lidam com suas frustrações, medos e diferenças. Enquanto Sol é totalmente dedicado à ciência – sendo apelidado de cientista rouco pelos colegas da antiga escola – Connie tem um amor incondicional pelos animais. Essas características, juntas, ajudarão as crianças a lutarem contra a bruxa e a perspectiva de se tornarem o prato principal da feiticeira.

Embora seja um romance voltado ao público infanto-juvenil, O Manual da Bruxa para Cozinhar Crianças nos faz pensar em muitas coisas, a principal delas diz respeito à forma como os adultos tratam as crianças. Logo no prólogo do livro, Holladerry diz:
“Alguns dos seus pais disse recentemente uma das seguintes frases: ‘estou chegando ao limite da minha paciência’, ‘Cansei do seu comportamento’ ou, a mais importante de todas: ‘Não aguento mais’?
Se as respostas para essas perguntas forem Sim, Não, Muitas Vezes e Sim, então é melhor você pensar em mudar o seu jeito de ser”.

A bruxa faz um alerta aos pequenos, porque estes são os sinais que levam os pais a lhe entregar seus filhos. O que seria Holladerry então? Uma das interpretações possíveis: a falta de paciência dos pais que, de uma forma ou de outra, gera um trauma em seus filhos (ninguém, seja criança ou adulto, gosta de ouvir essas frases. Se repetidas muitas vezes, elas machucam de verdade).

Gostoso, divertido, bem humorado, reflexivo, aventureiro. Assim é O Manual da Bruxa para Cozinhar Crianças, uma ótima companhia para crianças e adultos!

Livro: O Manual da Bruxa para Cozinhar Crianças
Autora: Keith McGowan
Ilustrações: Yoko Tanaka
Tradução: Augusto Pacheco Calil
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 184
Sinopse: "Adoro crianças. Quero dizer, adoro comê-las." O prólogo deste livro avisa: essa é uma história de bruxa que come criancinhas. Saudosa dos velhos tempos, da floresta e principalmente do "método tradicional" de capturar crianças - por intermédio dos pais -, a bruxa Holaderry se apresenta descrevendo grandes feitos e sua nova condição. Adaptada à cidade, ela promove passeios infantis, idas ao cinema e possui uma legião de ajudantes (humanos) que facilitam seu trabalho. Com inúmeras referências ao clássico dos irmãos Grimm, este romance juvenil pode ser lido como uma homenagem, ou mesmo uma continuação, de João e Maria. Apesar de, aqui, serem motivos banais que alavancam a decisão dos pais de se livrar dos próprios filhos (uma nota vermelha na escola, uma traquinagem, um banheiro ocupado), a narrativa não deixa dúvidas: Holaderry é aquela mesma criatura que tentou papar os dois jovens na história dos irmãos Grimm, lá no tempo do Era Uma Vez. Um livro engraçado e ao mesmo tempo assustador, com gosto de clássico mas permeado por uma troça inusitada, para fazer rir e gelar a espinha, tudo ao mesmo tempo.

18 comentários:

  1. Eu adoro livros desse gênero, vou tentar baixar em pdf :3 haha
    Beijão, destemidagarota.blogspot.com.

    ResponderExcluir
  2. Amora eu adorei o título!Parece ser bem interessante!
    Deixei uma Tag pra você lá no meu blog, Passa lá!
    Beijos,
    http://escritoraabeirados30.blogspot.com.br/2013/07/tag-conhecendo-o-blog.html

    ResponderExcluir
  3. Ai que legal. Amei. Quero ler esse livro now! *-*
    Beijinhos.

    beggar-fashion.blogspot.com

    ResponderExcluir
  4. Que fofo!
    adoro livros assim, "inocentes" de certa forma.
    bj

    ResponderExcluir
  5. Nossa, pelo título parece ser, sei lá... Faltou até a palavra rs
    Gatinha estou atualizando o canal do youtube com vídeos, visite e se gostar se inscreva. Beijinhos.
    Canal: https://www.youtube.com/user/isabelyrogrigues
    Blog: http://fasesdegarota.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  6. Aaaah estou doida pra ler esse livro!
    Não conhecia e me apaixonei pela sua resenha, Fê.
    Que droga, acho que vou ter que pular alguns livros da lista, rs.

    Beijão

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Vi, este livro estava na parte de psicologia lá na biblioteca.
      Então, acho que você iria gostar mesmo!

      Um beijo!

      Excluir
  7. Não conhecia, mas adorei a sua resenha.
    Adoro ler e vou colocar na minha lista! ;)

    Beijinhos!

    http://christinacorrea.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que bom que gostou da resenha!
      Espero que você curta o livro! :D

      Um beijo!

      Excluir
  8. Não conhecia o livro, mas adorei a tua resenha! *O*
    Deve ser massa!
    :*

    http://meualecrimdourado.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  9. Apesar de não gostar muito do estilo infanto-juvenil, amei a sua resenha.
    Me deu uma sensação de nostalgia boa, não sei explicar.
    Gostei! Quero ler!!

    Beijinhos

    www.meumeiodevaneio.com.br

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu espero que você leia e goste!
      Livros para crianças são lindos e eu amo!

      Beijos!

      Excluir

Olá!

♥ Quer comentar, mas não tem uma conta no Google? Basta alterar para a melhor opção no menu COMENTAR COMO. Se você não tiver uma conta para vincular, escolha a opção Nome/URL e deixe a URL em branco, comentando somente com seu nome.

♥ É muito bom poder ouvir o que você pensa sobre este post. Por favor, se possível, deixe o link do seu site/blog. Ficarei feliz por poder retribuir a sua visita.

♥ Quer saber mais sobre o Algumas Observações? Então, inscreva-se para receber a newsletter: bit.ly/newsletteralgumasobservacoes

♥ Volte sempre! ;)

Algumas Observações | Ano 17 | Textos por Fernanda Rodrigues. Tecnologia do Blogger.